WRC 2022: Manter o nível de espetáculo… mas diminuir os custos

Por a 18 Março 2020 10:25

Por José Luís Abreu

FOTOS @World/André Lavadinho/C. Lopéz

O Mundial de Ralis vai ter novas regras em 2022, e a ideia passa por diminuir drasticamente os custos sem que isso influa no espetáculo que os adeptos já se habituaram, especialmente com esta nova era de World Rally Car nascida em 2017. Não vai ser fácil, já que diminuir custos significa menos qualidade dos carros e essa irá refletir-se no cronómetro.

Mas a luta é mesmo essa. Descobrir a fórmula certa…

Richard Millener disse recentemente: “Os pilotos do WRC não gostam dos novos regulamentos? Também não são eles que pagam…”

Quando se ficaram a conhecer as linhas gerais das novas regras do WRC para 2022 e se percebeu que de algum modo vai haver algum retrocesso em termos tecnológicos de modo a travar e tentar reduzir esses custos, já houve pilotos a insurgirem-se contra a questão sendo a voz mais ativa a de Thierry Neuville que disse mesmo ter dúvidas se quer continuar a pilotar em 2022 quando esses novos carros virem a luz do dia.

Há muito que Malcolm Wilson apregoa aos sete ventos que a escalada de custos ameaça a disciplina. Andrea Adamo é de opinião que os regulamentos anteriores foram feitos por engenheiros e não houve controlo nenhum e o que se pretende é um regulamento que sejam os gestores das equipas a falar e a tomar decisões: “Eu estou à-vontade, pois sou um engenheiro e quando era apenas engenheiro, era a favor de gastar o mais possível (risos), mas agora que sou gestor vejo as coisas de outra forma e sei, claramente, como controlar as coisas.”

Não vamos ter carros muito diferentes, o que queremos para 2022 é que se mantenham, exteriormente, muito semelhantes ao que temos hoje, pois precisamos de ter carros com aspeto agressivo e musculado para transmitir a paixão e a adrenalina aos espetadores e na parte mecânica, precisamos de cortar algumas coisas que são caríssimas e que quem está na berma da estrada não faz a mínima ideia que o carro tem. Por exemplo, ninguém sabe que a válvula que controla o diferencial custa mais de 5.500 euros/cada e eu tenho duas no i20 WRC.

Se não estiveram lá e o carro for espetacular na mesma, poupei uma série de dinheiro. E digo mais, se o carro não tiver o veio de transmissão especial que custa 15 mil euros, ninguém vai dar por isso. Não faz sentido. É preciso que os carros sejam espetaculares, façam barulho e desde que a minha mãe não perceba a diferença… estamos safos! Se todos gastamos menos dinheiro, podemos ter três carros oficiais, mais três carros semioficiais e alguns privados, tal como sucedia nos anos 80 e 90. Hoje isso é quase impossível e só pilotos do médio oriente têm dinheiro para comprar e manter um WRC”. Como se percebe, Andrea Adamo, apoia os Rally 1.

Richard Millener , diretor da M-Sport, já calculava que os pilotos não achassem muita graça aos novos regulamentos, mas: “Sem querer parecer rude para nenhum dos pilotos, não são eles que financiam o programa. Neste momento, existem sistemas hidráulicos no carro que custam cerca de 50.000€ e podemos continuar a ter ralis emocionantes e um produto que as pessoas querem ver e participar sem esse nível de custos. Quando se olha para a Fórmula E, quase basta decorar a carroçaria e correr. Não queremos ir por esse caminho, o WRC sempre exigirá engenharia especializada e o produto de showroom do fabricante, mas temos de manter a competição acessível para atingir a meta de quatro ou cinco construtores, embora provavelmente isso não vá acontecer nos próximos dois ou três anos. Mas é o caminho certo a ser seguido”, disse Millener ao Motorsport.com.

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