Rali de Monte Carlo de 1972: a extraordinária importância de uma vitória

Por a 24 Janeiro 2024 11:32

Há cerca de 50 anos os tempos eram outros a todos os níveis, histórias que se passaram no desporto automóvel na altura são absolutamente impensáveis hoje em dia, e por isso o que se passou no Rali de Monte Carlo de 1972, merece ser contado.

As estatísticas ‘dizem’ que Sandro Munari Sandro, num Lancia Fulvia 1.6 Coupé HF venceu a prova com 10m50s de avanço para Gérard Larrousse (Porsche 911 S 2.4) e 14m40s para Rauno Aaltonen (Datsun 240Z) mas a importância desse triunfo foi muito significativa para a Lancia.

Foi o mítico Cesare Fiorio que nos contou a história: “Quando ganhámos o Monte Carlo de 72, sabíamos que o tínhamos conseguido porque havia neve. Em condições normais, era difícil andar à frente dos nossos adversários mas, devido às condições em que a prova se realizou e porque tínhamos bons pilotos e uma boa equipa, conseguimos fazer frente aos Porsche e aos Alpine em todas as classificativas.

A vitória teve uma enorme importância para a equipa mas teve também um enorme impacto para a Lancia e para a vida de muita gente.

Semanas antes, a 31 de dezembro de 71, a Lancia fechara a linha de produção do Fulvia mandando para casa uma boa parte dos seus operários. Mas, logo após a vitória no Monte de Carlo, surgiram milhares de encomendas e a marca retomou a produção do Fulvia chamando de volta os operários que haviam ficado sem emprego. Foi um acontecimento muito especial. Graças a esse triunfo, a produção do Fulvia foi prolongada por cinco anos”.

Hoje em dia é totalmente impossível algo semelhante suceder. Nesse tempo a relação sentimental do condutor com o automóvel era maior, para muitos os carros eram objetos de luxo e status, inicialmente reservados a uma pequena elite, os condutores sentiam-se privilegiados por poderem conduzir um automóvel, e muitas vezes tinham um forte sentido de ligação ao seu carro, mas essa relação sentimental foi mudando e a relação com o carro tornou-se mais funcional, e os condutores começaram a dar mais importância a factores como a fiabilidade, o desempenho e a economia de combustível. O que sucedeu neste caso também mostra a ligação do povo ao desporto automóvel, na altura eram muito menos as áreas em que as pessoas se podiam divertir, especialmente no desporto e os ralis estavam a chegar a um patamar em que não estão agora.

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