Rali da Suécia: Um triste recorde para o WRC

Por a 6 Fevereiro 2020 14:07

Por José Luís Abreu

O aquecimento global que tem ‘baralhado’ a meteorologia um pouco por todo o mundo, e o Rali da Suécia está a ser vítima dessa situação. A prova vai realizar-se, mas na caravana do WRC os receios são fundados…

Não é novidade na história da prova, provavelmente esta é uma situação que se irá repetir, mantendo-se a insistência em realizar o Rali da Suécia na zona em que se disputa atualmente. Nos últimos três ralis da Suécia, só um deles se realizou em ‘perfeitas’ condições invernais.

Era bom o Promotor olhar para esta questão atentamente. Ou mudar a prova mais para norte ou levá-la para… o Canadá!

Esta edição da prova vai ficar na história dos 47 anos do Mundial de Ralis como o evento mais curto da história desde a sua criação em 1973, ficando ainda por saber ‘até onde’ irá esse recorde que para já pertence à mesma prova de 2016, que teve somente 226.48 Km, depois de terem sido anulados 9 dos 21 troços previstos. Caso o Rali da Austrália 2019 se tivesse realizado (e não cancelado como acabou por ser) teria batido o recorde por muito, já que esteve previsto realizarem-se apenas 94 Km de especiais, devido aos fogos que assolaram a Austrália em novembro e dezembro passados.

A falta de neve nos troços – há especiais que mais parecem o Rali da Finlândia – levou a FIA, o Promotor do WRC e os organizadores da prova a alterarem por completo o desenho do evento, anulando oito especiais.

Contudo, e como a meteorologia está em permanente evolução, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer com a prova.

Para já, está confirmada a realização do evento.

Tal como já sucedeu em 2016 – com a decisão a ser tomada durante a prova – desta feita e após inspeção da FIA foi decidido que o Rali da Suécia se realiza com menos oito troços do que o previsto, e apenas com 180 km de especiais cronometradas.

Depois de temperaturas anormalmente quentes na região de Värmland na Suécia bem como do outro lado da fronteira, na Noruega, o delegado desportivo da FIA para os Ralis, Timo Rautiainen, juntamente com o seu cunhado Marcus Gronholm, inspecionaram os troços, e chegou-se a um consenso. O rali terá ação competitiva em todos os quatro dias, conforme originalmente programado, mas com um itinerário fortemente modificado. É ponto assente, que será atribuída a totalidade dos pontos para o campeonato.

O rali arranca na noite de quinta-feira com a tradicional cerimónia de partida na pista de cavalos de Karlstad. Na sexta-feira os concorrentes rodam nos troços noruegueses de Hof-Finnskog e Finnskogen bem como em Nyckelvattnet, já do lado da Suécia. O dia ficará completo pelo troço de Torsby Sprint. O sábado terá um percurso idêntico ao de sexta-feira, sendo que duas passagens pelo troço de Likenas completarão o evento, no domingo.

A segunda passagem será a Power Stage: “É fantástico poder confirmar que o Rali Suécia vai avançar”, disse o CEO do evento, Glenn Olsson. “Muitas pessoas trabalharam muito para que pudéssemos chegar a este ponto, e estou também muito feliz pelos adeptos, telespectadores e concorrentes, pois vão poder desfrutar de uma das provas mais espetaculares do WRC. Vamos receber os adeptos nas florestas, como planeado”, disse.

Esta é a versão “politicamente correta”. Mas há muitas questões no ar e não é difícil perceber que o Rali da Suécia ainda pode viver muitos problemas. Eliminaram os troços de sábado (vão repetir os de sexta-feira). E se os troços ficam muito danificados, como poderá ser o dia de sábado?

Utilizar pneus com pregos com pouco gelo e neve danifica seriamente as estradas. Já aconteceu no passado.

O problema não passa só pela falta de neve, já que as velocidades que se atingem nesta prova com neve, são elevadas, imagine-se, sem…

E se o tempo aquece ainda mais? Por outro lado, se nevar muito, anularam-se troços para nada, se o tempo aquece, a neve que resta vai derreter e não terá valido também de nada cancelar alguns troços pois nenhum vai estar ‘próprio para consumo’.

Este é claramente um caso em constante desenvolvimento que ninguém sabe bem como vai acabar.

Quando este caso ‘rebentou’, muita gente se questionou, porque não se fazia um rali de terra? Porque seria um pesadelo logístico para a Michelin e também porque não haveria um pneu perfeito. Continua a haver zonas de gelo, onde seriam precisos pregos. Sem detalharmos demasiado, travar-se-ia duma espécie de ‘Monte Carlo 2’, mas sem a prévia preparação da Michelin e das equipas. O que somaria problemas à questão.

Convém recordar que em 2016, foram anulados 31.6% da quilometragem do Rali da Suécia, colocando-o na história do Mundial de Ralis como o mais curto de sempre (226.48 Km). Já houve eventos com percentagens maiores de percurso competitivo anulado, por exemplo a Argentina 2007, quando violentas tempestades impediram a caravana de rumar de Buenos Aires para Villa Carlos Paz, ‘anulando’ 33.5% do percurso (248.26 km realizados). A Córsega de 2015 também foi bem afetada, com 26.3% dos troços cancelados, na Jordânia 2011 houve atrasos na chegada dos carros, devido a problemas de segurança na zona, causando 22.1% de anulações. Na China em 1999, perdeu-se 17.1% do evento. É algo que ciclicamente, acontece. Vamos esperar para ver…

PROGRAMA (revisto, não há horário)

Quinta-Feira, 13 Fevereiro

Shake Skalla (7.21 Km)

SS1 Super Special Stage Karlstad, (1.90 Km)

Sexta-Feira, 14 Fevereiro

SS2 Hof-Finnskog 1 (Noruega, 21.26 Km)

SS3 Finnskogen 1 (Noruega, 20.68 Km)

SS4 Nyckelvattnet 1 (18.94 Km)

SS5 Torsby Sprint 1 (2.80 Km)

Sábado, 15 de Fevereiro

SS6 Hof-Finnskog 2 (Noruega, 21.26 Km)

SS7 Finnskogen 2 (Noruega, 20.68 Km)

SS8 Nyckelvattnet 2 (18.94 Km)

SS9 Torsby Sprint 2 (2.80 Km)

Domingo, 16 Fevereiro

SS10 Likenäs 1, (21.19 Km)

SS11 Likenäs 2 (Power Stage, 21.19 Km)

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