Quando os pilotos do WRC trocaram de equipa – e ganharam!

Por a 14 Janeiro 2024 10:50

Este ano houve uma mudança importante entre equipas do WRC, e apesar de ser um regresso, é sempre um desafio. Ott Tanak regressa à Hyundai e nele vai estar colocada muita da atenção quanto à luta pelo título, já que não só o estónio foi o único que nas últimas duas décadas se conseguiu intrometer no longo domínio francês de Sébastien Loeb e Sébastien Ogier, até que estes ’monstros’ passaram a correr em part-time, abrindo caminho a dois títulos seguidos de Kalle Rovanpera, que este ano de 2024 vai também correr em part-time.

Por isso, será interessante ver o que consegue fazer Ott Tanak na Hyundai, e para isso recordamos o passado do WRC quando após trocas de equipas, nomes como Didier Auriol, Carlos Sainz, Tommi Mäkinen, Marcus Grönholm e Sébastien Loeb, tiveram sucesso.

Didier Auriol: Monte-Carlo 1993

Didier Auriol conquistou 11 vitórias para a Lancia entre 1989 e 1992, mas isso não foi suficiente para o impedir de sair para a Toyota, que tinha acabado de ganhar o título de pilotos com Carlos Sainz. Auriol substituiu o espanhol na equipa em 1993, essencialmente trocando de lugar com “El Matador”.

Auriol foi para a primeira ronda da época no Mónaco como um dos favoritos, apesar do pouco tempo passado no seu Celica antes do início da primeira etapa. O francês manteve a liderança sobre o Ford Escort Cosworth de François Delecour por apenas dois segundos à entrada para a última etapa, mas uma condução arrebatadora levou-o a vencer por 13 segundos e a conquistar a sua terceira vitória em Monte Carlo. Até deu alguma polémica pois muitos acharam que ‘aquele’ motor ganhou vida do dia para a noite…

Carlos Sainz: Monte-Carlo 1998

Carlos Sainz regressou à Toyota depois de ter celebrado dois títulos de campeão com a equipa no início da década. Em 1998, a equipa japonesa estreou o seu novo Corolla em Monte Carlo, antes de mais uma tentativa de conquistar o título.

A consistência do espanhol levou-o a conquistar a sua terceira vitória no principado e, apesar de ter vencido apenas um troço no seu caminho para o máximo de pontos, conseguiu uma vitória confortável de 40 segundos sobre o companheiro de equipa Juha Kankkunen. O pior foi no RAC, no último rali do ano…

Harri Rovanperä: Suécia 2001

Harri Rovanperä lutou por oportunidades no início da sua carreira no WRC. O tempo na SEAT e as saídas em privados renderam apenas dois pódios em sete épocas, mas em 2001 a Peugeot deu ao finlandês a oportunidade de partilhar uma época com Gilles Panizzi.

Rovanperä conduziu com perícia e precisão para dominar as estradas geladas do Rali da Suécia, vencendo dois troços – e conseguiu a vitória – por quase meio minuto na sua estreia na Peugeot. Apesar de ter 15 pódios na carreira, esta foi a sua única vez no degrau mais alto da tribuna. Tendo em conta que o seu filho, Kalle Rovanperä, nasceu em 1 de outubro de 2000, a sua contribuição para a história do Mundial de Ralis estava dada, mas nem ele nem ninguém ainda sabia. Agora sabemos…

Tommi Mäkinen: Monte-Carlo 2002

Tommi Mäkinen venceu quatro campeonatos do mundo com a Mitsubishi, uma parceria que lhe valeu 22 vitórias em sete épocas. Mas, depois de um 2001 mais difícil, o finlandês mudou-se para a Subaru.

Mäkinen conquistou duas vitórias em troços e estava a caminho de terminar o Rali de Monte Carlo na segunda posição, atrás do Citroën de Sebastien Loeb. No entanto, a vitória do francês foi-lhe retirada quatro dias após o final do rali, quando recebeu uma penalização de dois minutos por uma mudança incorreta de pneus.

A perda de Loeb foi o ganho de Mäkinen, que venceu na estreia pela sua nova equipa e se tornou, na altura, o piloto do WRC mais bem sucedido da história. Acabaria por ser o seu 24º e último triunfo ao mais alto nível desportivo, cimentando uma carreira incrível. O contributo que deu para relançar a Toyota no WRC, em 2017, foi notável e a história tem-no comprovado todos os anos…

Marcus Grönholm: Monte-Carlo 2006

Marcus Grönholm teve um enorme sucesso ao longo de sete épocas com a Peugeot, incluindo dois títulos de campeão do mundo no início do novo milénio. Mas depois de vencer apenas duas vezes em 2005, o finlandês tomou a decisão de se juntar à rejuvenescida Ford World Rally Team.

E ele e o copiloto Timo Rautiainen obtiveram uma vitória dominante para começar a época em grande estilo, batendo Sébastien Loeb na vitória em Monte-Carlo por mais de um minuto, marcando a primeira vitória da Ford em mais de dois anos e a primeira vitória de Gronholm no asfalto.

Sébastien Ogier: Monte-Carlo 2017

Já tetracampeão do mundo, Sébastien Ogier estava à procura de um volante após a saída da Volkswagen dos ralis no final de 2016 e depois de ter o WRC 2017 pronto para correr…

Quatro títulos consecutivos deram ao francês primazia na escolha, e a decisão foi rumar à equipa M-Sport Ford de Malcolm Wilson – uma equipa que não ganhava um rali desde 2012. Ogier, como é habitual, esteve em brasa durante o Rallye Monte Carlo, prova de abertura da época. Conseguiu três vitórias em troços no seu Fiesta WRC, a caminho de uma vitória emocionante, para si, e especialmente para Malcolm Wilson. O ano seria de sonho. Mas Malcolm Wilson merece pelo que faz nos ralis há décadas….

Sébastien Loeb: Monte-Carlo 2022

O nove vezes campeão do mundo Sebastien Loeb regressou ao WRC em 2022 com a M-Sport num calendário selecionado de provas e não podia ter começado da melhor maneira. A equipa tinha lutado pelo sucesso desde que o seu grande rival Ogier (de Loeb) saiu em 2018, mas apesar de mais de um ano afastado do desporto e de ter completado 47 anos, Loeb estava em boa forma com o novíssimo Ford Puma Rally1.

Seis vitórias em troços levaram-no à Wolf Power Stage com Sébastien Ogier a menos de 10 segundos de distância, depois de ter liderado boa parte da prova e sofrido com um furo, mas Loeb e a copiloto Isabelle Galmiche aguentaram bem a pressão e venceram – a sua primeira vitória no WRC e a 80ª de Loeb – tornando-se o francês o piloto mais velho da história a vencer ao mais alto nível nos ralis.

Portanto, se quiser dar sequência a este ‘tipo’ de história, Ott Tanak tem que vencer com a Hyundai em Monte Carlo. Nas últimas 14 edições da prova a contar para o WRC, só Thierry Neuville impediu que fossem Sébastien Loeb ou Sébastien Ogier a vencer o Rali de Monte Carlo. Será a vez de Ott Tanak?

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