Momentos do ano no WRC

Por a 28 Novembro 2022 12:35

O Mundial de Ralis de 2022 teve vários acontecimentos marcantes durante o ano, que não se cingiram somente às vitórias e derrotas, mas também a momentos históricos, efemérides, acidentes e mesmo momentos dramáticos com grandes sustos. Vamos recordar os principais do ano…

O Acidente de Adrien Fourmaux

Foi assustador! Quem viu em direto pelo WRC All, ou estava no local ao vivo, assustou-se fortemente tal não foi a saída de estrada de Adrien Fourmaux/Alexandre Coria que capotaram o Ford Puma Rally1 no início do segundo dia do Rali de Monte Carlo, numa acidente ‘feio’, mas que felizmente não trouxe consequências físicas para a dupla. O francês saiu em frente numa curva, bateu no morro do lado direito e capotou por cima dos ralis, com o carro a cair num precipício e imobilizou-se cerca de 30 metros mais abaixo. O carro ficou muito destruído e tudo começou ali a correr mal para Fourmaux, que se arrisca a ficar sem lugar para 2023.

Sébastien Loeb vence Rali de Monte Carlo

Sébastien Loeb/Isabelle Galmiche (Ford Puma Rally1), venceram o Rali de Monte Carlo, batendo Sébastien Ogier depois duma bela luta. Quando lhe perguntaram qual o segredo, a resposta foi rápida: “Andar depressa!”. O habitual no génio francês do volante…e dos pedais.

Sébastien Loeb chegou do Dakar onde conquistou um pódio e ‘saltou’ para o Ford Puma Rally1, e foi o melhor neste arranque de nova era nos ralis. É verdade que todos começavam do zero, com os novos carros, mas este foi mais um enorme feito para Loeb, que juntou a muitos que teve na sua carreira de mais de duas décadas, e que ainda está longe de terminar.

PowerStage de Rovanperä no Rali da Croácia

“Não podia ter andado mais depressa”! Todos os que vimos pelo WRC All Live, percebemos! Que momento fantástico, que fantástica exibição do jovem piloto naqueles quilómetros em que tinha de dar tudo por tudo, depois de ter perdido um avanço de 28.4s na antepenúltima especial por causa da chuva, caindo para segundo a 1.4s de Ott Tanak, batendo-o no último troço por 5.7s. Para que se perceba como os dois homens andaram neste troço, o terceiro classificado na PowerStage, Elfyn Evans, ficou a…21.9s. Em 14.09 Km!

Rovanperä tornou-se o mais jovem de sempre a vencer o Rali de Portugal

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) venceram pela terceira vez consecutiva, mesmo quando se pensava que a sua ordem na estrada em Portugal seria um óbice muito forte.

No final do primeiro dia, já era claro qual era a tendência da prova, que se confirmou, tornando-se no mais jovem de sempre a vencer a prova portuguesa do WRC.

Fez um excelente trabalho sexta-feira a abrir a estrada em piso de terra, e com três vitórias nas últimas três provas passou a ter uma vantagem de 46 pontos no campeonato antes do Rali da Sardenha. O título era cada vez mais uma forte probabilidade, como se confirmou bem antes do campeonato terminar.

O erro de Sébastien Loeb no Rali de Portugal

Ver Sébastien Loeb a bater num troço, pouco metros depois de arrancar é que inacreditável, mas foi o que sucedeu ao francês no troço na Lousã, ainda no asfalto: “o erro mais estúpido que já cometi nos ralis”, disse depois, sobre o sucedido. E mais, dois dias de prova, dois abandonos de Sébastien Loeb e Isabelle Galmiche. Depois de terem batido logo no início da segunda passagem pela Lousã, no segundo dia a dupla francesa ficou novamente de fora, em Cabeceiras de Basto, devido a problemas com o turbo do Ford Puma Rally1. Lideravam a prova quando arrancaram para o troço da Lousã. Tudo se passou devido a um conjunto de três coisas: pneus duros, ainda frios, sobre asfalto (início da PE era em asfalto), e por fim o boost híbrido que todos utilizam no arranque para os troços. Tudo junto, surpreendeu o francês que não evitou o forte toque: “Comemos a poeira hoje”, escreveu nas suas redes sociais.

Rali da Sardenha: Primeira vitória de Ott Tänak em 16 meses

“Foi bom ter um fim-de-semana como este” disse Ott Tanak no final do Rali da Sardenha, que venceu juntamente com Martin Jarveoja no Hyundai i20 N Rally1, regressando aos triunfos pela primeira vez em 16 meses. Depois de um começo de campeonato terrível, com problemas atrás de problemas, o triunfo na sardenha foi o primeiro forte sinal que a Hyundai estava a trabalhar bem para recuperar o tempo perdido. O teste após Portugal foi decisivo e ficou ali mostrado que a Hyundai perdeu aqueles campeonatos muito antes de começar a competição.

Primeira vitória do ano para a Hyundai

Outra pessoa muito contente era Julien Moncet, Director da Hyundai: “é um impulso para toda a equipa, de que precisávamos”. Foi a primeira vitória da Hyundai na temporada e um grande impulso para toda a equipa que realmente precisava, pois tanto trabalho naqueles meses, alguma vez havia de dar frutos. Ainda assim, quanto às áreas que eram necessárias melhorias: “Eu diria todas. Queremos melhorar a todos os níveis. Sabemos, antes de mais nada, que precisamos de melhorar a fiabilidade geral.”, Mas ainda demorou a recuperar o tempo perdido.

Rali Safari: Maxine Wahome, 28 anos depois de Isolde Holderied

Depois de Isolde Holderied ter ganho o Grupo N no Rali de Sanremo de 1994, foram precisos passar 28 anos para uma mulher voltar a vencer uma prova de suporte no Mundial de Ralis. Chama-se Maxine Wahome, guiou um Ford Fiesta Rally3 e esteve entre os três sobreviventes que terminaram o Rali Safari na sua competição: “Estou realmente sem palavras”, disse na altura. “Muito entusiasmada por ter conseguido e por ter ganho a classe WRC3 pela primeira vez, a primeira dama a ganhá-la”, começou por dizer a jovem queniana, que correu pela primeira vez no Rali Safari de 2021.

Rali Safari: M-Sport/Ford de mal a pior

Malcolm Wilson, mítico líder da M-Sport estava absolutamente atónito no final do 1º dia de prova no Rali Safari. Pouco, poderia estar a correr pior em 2022. Drama atrás de drama, abandonos atrás de abandono! No Quénia, a equipa até começou bem o primeiro troço a ‘sério’ do rali, com quatro carros no top 6, ter depois tido um conjunto incrível de incidentes que mudaram muito a tabela de classificação no final da PE2. Malcolm Wilson revelou não se lembrar de ter ‘perdido’, todos os seus carros numa prova do WRC, num único dia. Infelizmente para ele, as coisas não mudaram muito até ao final do rali.

Malcolm Wilson: “vais guiar amanhã, mas vais tu arranjá-lo…”

Adrien Fourmaux e Gus Greensmith tiraram o fato de competição habitual, vestiram-se de mecânicos da M-Sport, e trabalharam nos seus carros, depois de ambos terem abandonado o Rali Safari no sábado de manhã, Adrien Fourmaux devido a danos na suspensão do Puma e Gus Greensmith, por ter capotado. Com os carros algo danificados, se quisessem regressar no domingo, tinham que eles próprios arranjar os carros. Toda a ajuda foi bem vinda assistência da M-Sport.

Foi o próprio Malcolm Wilson que revelou aos pilotos, francês e inglês, o que iam fazer. Fourmaux revelou o que Wilson lhe disse: “vais guiar amanhã, mas vais tu arranjá-lo…”, revelou o francês. Foi uma espécie de ‘castigo simpático’, uma lição que lhes deu Malcolm Wilson…

Rali da Bélgica: Terceira vitória de Tanak

Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) venceram o Rali da Bélgica, naquela que foi a sua terceira vitória do ano, mostrando uma Hyundai bem diferente da que começou o campeonato.

Foram duas vitórias consecutivas, na Finlândia e depois na Bélgica: “Sabíamos que no shakedown podíamos ter uma boa ideia, basicamente, trouxemos algumas opções, mas não estávamos a planear trocá-las devido a problemas de fiabilidade. Mas tivemos de trocar. No final foi bom o suficiente, habituei-me e adaptei-me.”

Rali da Bélgica: Neuville e Tanak trocaram ‘mimos’

As coisas aqueceram entre Thierry Neuville e Ott Tanak. Pouco tempo antes a preocupação de ambos era com a fiabilidade dos carros, a Hyundai atuou sobre isso e as coisas estavam bem melhor. No final da manhã do segundo dia de prova, Thierry Neuville duvidou dos problemas de Ott Tanak “não tenho bem a certeza se Ott tem problemas. Penso que se o Ott tem problemas então eu só tenho três cilindros no motor!”

Depois, veio o azar do belga na PE15, em que saiu de estrada e desistiu e no final do dia Ott Tänak ‘devolveu’ a graçola: “Como ele [Neuville] disse antes, provavelmente não tenho um problema. É uma pena o que aconteceu, mas penso que dentro da equipa não deveríamos lutar uns com os outros, deveríamos lutar com as outras equipas. Não sei o que ele estava a pensar”, disse Tanak, explicando mais tarde que falou com Neuville acerca do ‘bate-boca’ na imprensa: “foram ‘mind games’.! Ele queria ganhar em casa, era importante para ele, por isso não fez diferença nenhuma para mim”

Rali da Bélgica: Mais um acidente para Craig Breen

O período ‘negro’ de Craig Breen continuou na Bélgica! Depois do seu acidente no Rali da Finlândia em que foi fortemente criticado pelo seu chefe de Equipa, Richard Millener, colocaram-lhe ainda mais pressão numa prova em que se sabia à partida que poderia obter um bom resultado, pois era dos poucos ralis que conhecia bem e tinha disputado várias vezes. Mas foi tudo ainda bem pior. Frente esquerda na Estónia, direita na Finlândia e um capotanço em Ypres na Bélgica.

Rali da Grécia: finalmente um triunfo de Thierry Neuville

“a velocidade estava lá e a fiabilidade também”. Foi o que Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) precisavam para vencer o Rali da Grécia, depois duma prova em que a Hyundai dominou por completo ao colocar três carros no pódio: “Já passou muito tempo desde Espanha no ano passado, não temos estado no degrau superior do pódio e também não houve muitos pódios, e é verdade que pareceu uma eternidade. Portanto, é uma boa sensação estar de volta. É a minha 16ª vitória no WRC, fizemos um 1-2-3 como equipa, consegui-lo é espantoso.”

Rali da Grécia: tri da Hyundai

Foi um rali histórico para a Hyundai. Um 1-2-3 nunca tinha sido alcançado pela equipa no WRC: “É uma sensação incrível para toda a equipa. Não tínhamos alcançado um resultado destes desde que estamos no WRC, 2014, por isso é muito agradável. Se olharmos para o início da época em que estávamos realmente a lutar, para dizer o mínimo. Estávamos obviamente atrasados no desenvolvimento, mas tinha a certeza de só nos faltava tempo. Foi muito, muito agradável, incrível. Outra página do nosso livro de história”, disse Juliem Moncet.

Rali da Nova Zelândia: Rovanperä Campeão, Finlândia outra vez

“Foi uma longa pausa desde que a Finlândia teve um Campeão Mundial”. Vinte anos depois de Marcus Gronholm a Finlândia voltou a ter um Campeão do Mundo de Ralis. Kalle Rovanperä, com Jonne Halttunen a seu lado no Toyota GR Yaris Rally1, asseguraram o título a duas provas do fim com o piloto a tornar-se no mais jovem de sempre a chegar ao título: 22 anos e… um dia: “Finalmente conseguimos concretizar. Um grande obrigado à equipa que construiu um carro tão rápido e fiável para esta temporada. Foi uma longa pausa desde que a Finlândia teve um campeão mundial. Estou realmente orgulhoso da equipa, de mim próprio e, claro, do Jonne”, disse Rovanpera.

Rali da catalunha: 55ª de Sébastien Ogier

Sébastien Ogier chegou às 55 vitórias na sua carreira do WRC, a primeira com Benjamin Veillas e com o Toyota Yaris GR Rally1: “Estou realmente contente. É difícil explicar, mas senti-me em sintonia com o carro e podia fazer o que queria com ele. Além disso, também me senti bastante relaxado. Cedo vi logo que tínhamos uma boa oportunidade de lutar pela vitória. Sabia que a velocidade estava lá, estou muito satisfeito pelo título da Toyota.” disse Ogier.

Rali da Catalunha: Enni Mälkönen, navegadora de Sami Pajari, fez história nos 50 anos do WRC

O título de pilotos do WRC3 esteve em disputa, mas o de navegadores, nem por isso, já estava resolvido antes do Rali da Catalunha: Enni Mälkönen, navegadora de Sami Pajari, tornou-se a primeira mulher a ganhar um título Mundial de Ralis, e fez história, ao consegui-lo. Nenhuma mulher tinha conseguido tal proeza em cinco décadas de WRC: “É um sonho tornado realidade. Há dez anos isto era apenas um sonho, mas aqui estamos nós agora. Espero servir de inspiração para as jovens raparigas”, disse Mälkönen.

Rali do Japão: Hyundai i20N Rally1 de Dani Sordo ardeu

Dani Sordo e Candido Carrera viram o seu Hyundai i20 N Rally1 ser totalmente consumido pelas chamas. Tudo sucedeu na PE2, a dupla espanhola teve tempo de sair do carro antes que as chamas crescessem muito, ainda tentaram apagar o princípio de incêndio com os seus extintores e os de Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1), mas a partir de determinado momento foi impossível travar as chamas: “Cheirava a gasolina no carro. Era muito difícil respirar. Os meus olhos estavam a lacrimejar.”, foi um enorme susto, mas tudo acabou sem mazelas físicas.

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