Francisco Teixeira no Rali de Portugal: uma viagem de 30 anos entre memórias e mudanças

Por a 21 Maio 2025 08:23

Francisco Teixeira celebrou a sua 11ª participação no Rali de Portugal, 30 anos após a sua estreia, recordando as mudanças e o espírito único da prova que continua a apaixoná-lo.

Francisco Teixeira regressou ao Rali de Portugal, participando pela 11ª vez, impulsionado pela sua paixão pela prova e pelo ambiente do WRC. Trinta anos após a sua estreia, em 1995, numa edição que ligava Tábua a Ponte de Lima no primeiro dia, Fafe a Viseu no segundo e Arganil a Figueiró dos Vinhos no terceiro, Teixeira testemunhou muitas mudanças. Depois de ter participado noutro rali nos anos 90 (1998), competido no Algarve em 2006, 2013 e 2014, e regressado com a mudança para o Norte em 2015, voltou a participar em 2018, 2019, 2022, 2023 e agora em 2025: “Como não temos um objetivo definido, a não ser chegar ao fim, vamos andando. No primeiro dia, cometemos algumas trapalhadas e tivemos dificuldades em perceber as pressões dos pneus. No segundo dia, as coisas equilibraram-se, e o resto foi desfrutar. Basicamente, o objetivo era evitar furos, toques e saídas de estrada, porque há quem tenha objetivos e precise de arriscar. Eu não tinha lutas com ninguém, apenas queria desfrutar do rali, não arriscar e ficar com histórias para contar, rever amigos…”, começou por dizer o piloto.

Questionado sobre os seus troços preferidos, respondeu: “Fafe e Amarante, mas também gosto dos troços do Norte, como Vieira do Minho e Cabeceiras, são todos muito fixes”. Recordando o seu primeiro Rali de Portugal em 1995, acrescentou: “Desde então, foram mais 10, já vou com 11. Tenho algumas histórias engraçadas daquela altura com o Citroën AX GTI. Lembro-me da primeira vez, quando saímos da Figueira da Foz e ganhámos a classe duas rodas motrizes e o grupo. Muitas aventuras e peripécias. Por exemplo, uma vez, estávamos aflitos para chegar à assistência e um indivíduo de mota esbarrou-se contra a traseira do nosso carro, aleijou-se e arrancou o escape. Acabámos por usar um cinto dele para segurar o escape, e ele ficou lá um bocado maltratado. Mas pronto, há várias peripécias ao longo destes anos todos”, explicou Francisco Teixeira, descrevendo a sua perspetiva do Rali de Portugal a partir das posições mais recuadas: “Uma das coisas que assistimos lá atrás, porque andamos misturados com os miúdos dos Peugeot, é ver como eles andam depressa. Vemos como levam aquilo a sério e o trabalho que têm, enquanto nós andamos mais relaxados. E depois, a falta de público faz-se sentir. Faz-nos muita falta o alento do público na estrada. Por exemplo, na super especial da Figueira da Foz, não havia ninguém. Faltou o calor humano, porque por vezes vamos nos troços e, quando vemos aquelas multidões, animamo-nos mais um bocado. Resolvemos andar mais um bocado, dá-nos aquela força que vem de fora”, disse.

Francisco Teixeira começou a disputar o Rali de Portugal numa altura em que era uma autêntica festa para os pilotos portugueses, o rali que todos queriam fazer. Para muitos, participar no Rali de Portugal era uma questão de honra, mais importante do que o campeonato. Para muitos ainda é assim, mas do lado do público, há quem só veja um rali por ano: o Rali de Portugal.

Hoje em dia, a maioria dos pilotos portugueses já não tem o mesmo sentimento em relação ao Rali de Portugal que existia há 30 ou 40 anos, quando era o ponto alto do ano. Ninguém dizia que era cansativo ou duro; era uma semana completamente diferente: “Sim, mas tudo era diferente. Havia muito mais convívio, éramos todos mais chegados, havia mais portugueses. As assistências eram feitas troço a troço, não havia tanto profissionalismo. Uma das coisas que sinto muita falta, e por isso venho só fazer o Rali de Portugal, é chegar ao final do rali e não encontrar ninguém no parque fechado. É uma enorme nostalgia, porque antigamente, no final do rali, era uma festa, as equipas juntavam-se, sentávamo-nos, era uma grande festa. Essa é uma das diferenças que vejo no ambiente. Eram outros tempos e havia muito mais dificuldades. Toda a gente tinha mais dificuldades. Era tudo à base de muito trabalho, muita dedicação, muitas equipas nacionais. Agora está tudo muito profissional.

Além disso, hoje em dia só se corre com carros feitos especialmente para correr, não são carros transformados como antigamente, como os Grupos N. Hoje são muito mais exigentes de guiar e pilotar, especialmente para quem o faz só de vez em quando. Não é que hoje em dia seja mais duro, mas é mais dispendioso. Antigamente, muita gente vinha e corria, agora não podem vir por causa dos custos de um rali destes, não têm capacidade económica. Acho que é muito mais por aí”, concluiu.

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3 comentários

  1. [email protected]

    21 Maio, 2025 at 8:43

    Pois… esses tempos já lá vão!

  2. jose melo

    21 Maio, 2025 at 10:00

    No meu último rallye de Portugal eram 50 equipas portuguesas. Agora são 10. Terminaram 5. Dos quais 3 com o propósito único e louvável de chegar ao fim, para se divertirem e aprenderem. Um para ganhar um novo troféu de veteranos e um último para ser o melhor destes todos. Juntar no fim para a festa? isso é porque os pilotos/navegadores eram amigos. Agora isso pode acontecer com um ou outro.

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