O Diretor do Dakar é o único navegador que fez 5 Km de táxi no Rali de Portugal: Pedro de Almeida

Por a 13 Janeiro 2024 15:09

Como já sucede há uns anos, o Diretor da prova do Rali Dakar é um um português, Pedro de Almeida nome bem conhecido do Motorsport mundial, pois foi Diretor do Vodafone Rally de Portugal durante largos anos, e é seguramente das personagens mais categorizadas e conhecedoras das regras e regulamentos a nível Mundial. Foi, como se sabe, navegador de grandes pilotos de ralis em Portugal como Mário Silva, Giovanni Salvi, Carlos Torres ou Francisco Romãozinho, por exemplo, entre outros.

Trabalhou com o ACP no Rali de Portugal ainda nos anos 90, como Responsável pela Segurança, foi posteriormente Diretor do Rali de Portugal até 2018, momento em que passou a pasta a Horácio Rodrigues.

‘Emigrou’ para o Qatar, onde trabalhou com a federação local no desenvolvimento do motorsport, e como diretor de eventos, e sendo membro da Comissão de Todo o Terreno da FIA, foi com naturalidade que David Castera o chamou para Diretor do Rali Dakar, cargo que já cumpre há há uns anos.

E não só, já que será o Diretor de Prova de todos os eventos do recém criado Mundial de Todo o Terreno. É um orgulho para Portugal ter como Diretor de Prova tão importante um nome como Pedro de Almeida.

E tendo em conta o seu passado como navegador, tem sempre muitas histórias para contar.

Recordamos uma delas…

Esta história passou-se no ano de 1978. Nesse ano, corria com o Carlos Torres, com o Ford Escort de Grupo 1 feito pelo David Sutton e que foi tão famosos que, ainda hoje, se fosse possível perguntar ao Martin Holmes, ele saberia dizer a sua matrícula [UHM 736 S]. Era um carro com um grande palmarés, tinha ganho várias vezes o Grupo 1 no Mundial [WRC] e, em Portugal, foi Campeão Nacional. Nesse Rali de Portugal, chegámos à noite de Sintra como melhores portugueses e na frente do Grupo 1.

Então, o carro, que nunca deu qualquer problema ao longo da prova, começou de repente a falhar. Parava em plenos troços e, depois, recomeçava, sem razão nenhuma a trabalhar. Mesmo no final da prova, depois do troço de Sintra, a seguir ao final da Rampa da Pena, fazia-se um gancho à esquerda e subia-se para Seteais. Então, o carro decidiu parar aí. Saí, para ir avisar os que vinham atrás, pois a estrada era muito estreita e estava uma noite muito escura. Foi nesse momento que o Ford voltou a pegar e o Carlos arrancou, subida acima.

Surpreendido, fui andando atrás dele, mas quando cheguei ao final da subida, não estava lá carro nenhum! Simplesmente, o Carlos, que era um homem colérico, impulsivo, tinha arrancado e foi a fundo até à nossa assistência, que era em Colares. Então, sem saber o que fazer, sentei-me numa pedra à beira da estrada, à espera… nem eu sei bem de quê. Uns minutos depois, o primeiro carro que apareceu foi um táxi – mandei-o parar e fui de táxi até Colares. Devo ter sido o único navegador que fez cinco quilómetros de táxi no Rali de Portugal! Quanto à avaria, descobriu-se depois que era o depósito de gasolina que, por ter já muito uso, começou a ficar com a espuma interior solta e era ela que, de vez em quando, entupia as tubagens, fazendo o motor deixar de funcionar”, recordou Pedro de Almeida, ex-Diretor do Rali de Portugal.

Pedro de Almeida (3 de março de 1951)

1974 – Rali Internacional TAP (c./João Nabais) – Morris Marina 1.8 TC Coupé – 29º

1976 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Giovanni Salvi) – Ford Escort RS 2000 – 7º (3º Português)

1977 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Giovanni Salvi) – Ford Escort RS 2000 – 8º (2º Português/1º Gr.1)

1978 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Carlos Torres) – Ford Escort RS 2000 – 8º (1º Português/1º Gr.1)

1979 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Carlos Torres) – Ford Escort RS 2000 – 5º (1º Português/1º Gr.1/3)

1981 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Mário Silva) – Ford Escort RS 2000 – 12º (5º Português/3º Gr.1/3)

1983 – Rali de Portugal – Vinho do Porto (c./Francisco Romãozinho) – Citroën Visa – Abandono

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2 Comentários
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lemans1969
lemans1969
3 anos atrás

Recordo-me de ler, na altura, que perante esta situação, o Carlos Torres – grande piloto mas com um temperamento difícil – quando chegava às assistências, vinha de cabeça perdida pois via a hipótese de perder não só a sua posição na geral como ser o melhor piloto português, e ‘disparava’ em tudo o que era gente pois nem os mecânicos do David Sutton davam com o problema e, por conseguinte, não resolviam a avaria. Foi preciso chegar à assistência o Joaquim Nicodemos, conhecido no meio como o ‘paizinho’, que gostava de deambular pelas assistências para ver como paravam as modas,… Ler mais »

joaolima
joaolima
Reply to  lemans1969
1 ano atrás

Grandes histórias, obrigado pela partilha 😀

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