“Sem visibilidade a tradição do WRC não sobrevive”

Por a 6 Fevereiro 2014 13:48

A responsabilidade Olivier Ciesla é grande. O ‘patrão’ da empresa que reúne a Sportsman Media e a Red Bull, responsáveis pela promoção do WRC, aponta o caminho do futuro ao mesmo tempo que espera duplicar a família de fãs dos ralis.

AutoSport: Quais são as suas competências e onde terminam?

Oliver Ciesla: O nosso principal negócio é estar no WRC, nos próximos anos, discutir a estratégia com a FIA, organizadores e construtores. Estamos cada vez mais envolvidos, já estamos a proporcionar maior visibilidade ao JWRC, tal como ao WRC2 e WRC3. Estamos a apoiar todas as actividades que a FIA está a desenvolver para trazer mais mulheres a este desporto e também tentar conseguir um calendário onde o campeonato vá a continentes onde os ralis não são ainda tão populares como na Europa.

AS: O acordo com a FIA tem apenas a ver com a promoção da disciplina ou também implica envolvimento na mudança de estrutura dos ralis?

“Sem visibilidade a tradição do WRC não sobrevive”

OC: Ambas estão interligadas. Uma não pode avançar sem a outra. Se, por exemplo, proporcionarmos televisão em direto, isso deve ser feito na altura certa e no troço certo. Teremos que acautelar as situações desportivas e perceber se ainda existe algo em jogo. Quando lançarmos a televisão em direto os pilotos devem ainda estar a lutar pela vitória e é preciso que haja uma cerimónia de vitória, etc, etc. Por isso é impossível discutir um, sem pensar no outro ou mudar regras.

AS: Se assim é, dará também o seu contributo para mudar o formato do WRC, mas isso envolve também envolver-se na alteração do calendário?

OC: Estamos a discutir isso, nesta altura. Temos estado a ouvir pessoas com muita experiência. As decisões do calendário não serão tomadas antes de agosto pelo que não estamos sob pressão para mudar as coisas rapidamente. É um processo contínuo com todos os envolvidos, mas sempre com o objectivo de aumentar as emoções nas provas.

AS: Os ralis são populares, tradicionais e os fãs gostam deles, mas estão preocupados com a mudança. Que aspectos gostaria, efectivamente, de mudar?

OC: Não temos em mente mudar as regras e toda a tradição dos ralis. A tarefa é mais usar os pontos fortes deste desporto e transportá-los para os novos media. Mas senão fizermos nada e deixarmos este desporto ficar como está, ninguém o descobrirá, nem teremos novos adeptos. Assim, temos que encontrar um misto de coisas que permitam manter os aspetos tradicionais e a sua força, mantendo os seus pontos fortes e o que há de positivo, mas olhar com atenção para os novos meios de comunicação. Perder os aspetos tradicionais não pode ser o preço a pagar por ganharmos mais visibilidade nos media. Mas, ao mesmo tempo e, por outro lado, sem visibilidade nos media, os aspectos tradicionais do WRC não sobrevivem.

AS: Então como é que vai resolver esse problema?

OC: É preciso oferecer algo que seja mais interessante do que os conteúdos apresentados pelos media noutros desportos. Caso contrário, não existirão conteúdos suficientemente bons para televisão ou para um canal próprio. Os conteúdos deverão ser de tal maneira emocionantes que façam com que as pessoas os queiram ver novamente. Os ralis podem fazer tudo isto. Proporciona grandes imagens, é duro e competitivo em termos desportivos, tem pilotos fantásticos, passa por sítios fantásticos que não são vistos em mais nenhum desporto em todo o globo, sendo, portanto, únicos.

“Sem visibilidade a tradição do WRC não sobrevive”

O que temos que fazer é organizá-lo de forma a que os media possam tirar partido dele. E é isso que estamos a fazer neste momento. Desejamos dar uma exposição maior aos ralis produzindo mais imagens ao vivo. Há, hoje em dia, inúmeros canais dedicados a desporto, sedentos de fazer transmissões ao vivo excitantes. Os ralis podem fazer parte desses objectivos. É preciso interagir com as pessoas onde elas estão. Não queremos apenas chegar às pessoas que ficam em frente à televisão, a dada altura. Os media estão-se a transformar a toda a hora. Nos próximos três, seis e 10 anos, haverá mais mudanças. Isto significa que estamos a reestruturar o modo como estamos a fazer a abordagem digital. Os ralis podem ser transportados pela internet através de jogos de vídeo ou serviços de telemóvel. Mas não o estamos apenas a preparar através das possibilidades técnicas oferecidas, mas também desenvolvendo conteúdos específicos para plataformas paralelas que possam potenciar os trunfos da televisão. A Sportsman e a Red Bull têm desenvolvido estas ideias e sentem-se muito optimistas com os investimentos feitos, com os quais se espera chegue, no futuro, aos 100 milhões de pessoas em cada rali!

AS: Tem prazos para concretizar esses objetivos?

OC: Temos prazos de três anos para concretizar os objetivos pelo que no final de 2016 queremos duplicar o número de espectadores e ver os ralis pela televisão, internet e telemóveis.

AS: Uma das preocupações para os fãs é o facto de saberem que é a Red Bull que está por detrás do projecto promotor do WRC. A Red Bull tem uma reputação onde leva tudo ao extremo…

OC: Não, é preciso ser muito claro nesse assunto. A Red Bull é apenas uma accionista desta empresa que ficou responsável pela promoção. Ponto final. A Red Bull não tem envolvimento nas operações diárias que fazemos. Não se pode comparar a filosofia e estratégia de marketing que a Red Bull aplica noutros desportos com o que estamos a fazer.

AS: Acha que a televisão é o primeiro caminho para atingir as coisas que planeou? Acho que pensa assim.

OC: A TV é e continua a ser uma importante plataforma para dar a conhecer os ralis às pessoas. Uma das nossas prioridades é oferecer histórias atractivas e formatos atractivos para quem os transmite e para quem quer mostrar mais ralis e em tempo adequado. Hoje há muitos países onde o consumo de TV estagnou, particularmente na Europa, e há outros países onde o consumo de vídeos por telefone ou computadores subiu substancialmente, excedendo até o consumo de TV. Achamos que os ralis são um desporto particularmente interessante para essas plataformas, adicionadas à tv. Isto oferece-nos uma oportunidade de crescer na internet, nos telemóveis e nos jogos de vídeo e, em particular, nas redes sociais que são também um tópico importante na nossa agenda de trabalho e que nos dão a possibilidade de alcançar muitas pessoas no futuro.

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