Richard Millener: “Novos ralis têm que acrescentar valor ao WRC ou então não vale a pena”

Falámos no parque de assistência do Rali da Alemanha em Bostalsee com Richard Millener, o diretor do Departamento de Clientes da M-Sport, e braço-direito de Malcolm Wilson, relativamente ao calendário do WRC de 2018, e a exemplo dos diretores de quem já publicámos as opiniões, também ele entende que deve haver novos provas, mas não a qualquer preço: “Eu acho que há oportunidades para ter novos ralis, mas estes precisam de ser cuidadosamente selecionados. É importante lá ir mas pelas razões corretas, não apenas mudar por mudar. Há algo de errado com o campeonato? Provavelmente não. A competição está equilibrada, as lutas são boas, 90% dos eventos são bons, há alguns problemas com a segurança, em alguns eventos, mas isso é algo que pode acontecer em todos. Sim, podemos olhar e precisamos olhar para outros eventos, porque novos eventos significam novas pessoas, novos patrocinadores, novos concorrentes, novas oportunidades, novas formas de fazer as coisas. Ao mesmo tempo, não devemos ir apenas porque se abriu uma hipótese” começou por dizer Millener, que no caso da M-Sport, que está ligada a uma marca mas não o é, não sente tanta necessidade como as outras de ir aqui ou ali:

“Eu acho que nada se destaca em algum sítio a que tenhamos que ir e para onde formos deverão ser países que façam sentido em termos de vendas de automóveis para todos os fabricantes, deve ser um rali com boas instalações nas proximidades, ou como alternativa, que faça imenso sentido lá ir por outra qualquer razão. Por fim, serem logisticamente sensíveis. Se quiserem ir mais para fora da Europa, tudo bem, mas os eventos precisam ser ligados de alguma forma para que os custos logísticos sejam sensíveis pois este não é um campeonato barato. Queremos atrair mais pessoas, mas precisamos de maneiras sensatas de fazer isso. Seria bem vindo irmos para qualquer um dos novos destinos que se falam, desde que sejam positivos para o campeonato mas nunca termos outra situação como a da China, em que se fez um grande barulho com isso, mas acabámos por não ir e muita gente perdeu dinheiro”.

Há 20 ou 30 anos, havia um sistema muito bom de ralis candidatos, quando os eventos faziam provas pré-campeonato, por vezes mais do que uma vez para ver se resolviam todos os seus problemas, mas agora parece que o Promotor do WRC fica feliz em entrar repentinamente num novo território. Será uma política segura? “Eu acho que os eventos que se falam, para ser justo, acho que eles (FIA e Promotor) têm que verificá-los bem. O meu único comentário é: Um evento candidato é uma coisa, um evento candidato com potencial de WRC é uma coisa diferente. Então, o que precisamos são eventos candidatos, mas é preciso ter em mente que se não estiver ao nível que precisa, tem de ser capaz de aumentar esse nível e, se não puder, espera outro ano, ou então nada feito. Novos ralis têm que acrescentar valor ao WRC ou então não vale a pena. Todos têm direito a uma oportunidade justa e não deve haver um monopólio em que existam lugares garantidos no calendário. Devemos estar num ponto em que os novos eventos têm que lutar para ter lá as equipas, terem apoios para as financiar para lá irem, ajudar com os custos logísticos e ajudar a atrair mais equipas para o desporto, mas ao mesmo tempo, criar bons eventos para o WRC. Se esses novos eventos puderem trazer algo melhor para o WRC, façam favor…”.

Martin Holmes