Rali Sprint: a moda que veio para ficar

Por a 6 Fevereiro 2014 19:28

Custos mais baixos para pilotos e organizadores, espectáculo garantido perto das localidades são apenas alguns dos principais atrativos de uma nova realidade que está a despertar nos ralis nacionais: os Rali Sprint. E até a FPAK já começou a olhar para estas competições com outros olhos como prova a criação da ‘Sprint 2014 Master’

“Não há nada assim em Espanha”, as palavras eram de um piloto espanhol no último CAM Rali Festival, uma das últimas das cerca de 20 provas de Rali Sprint realizadas o ano passado em Portugal e que serviram de exemplo para atestar a popularidade que este tipo de competição está a ganhar no nosso país. ‘Fazer muito… com pouco’ parece ser o lema que norteia este novo conceito de provas, nascido há meia dúzia de anos e que, em termos latos, foi buscar a sua inspiração às Superespeciais dos ralis e que, bem vistas as coisas, não é muito diferente do que eram os Regionais de Ralis quando nasceram no final dos anos 90.

Um percurso desenhado num centro populacional, de curta distância, homologado pela entidade federativa (para que possa obedecer aos requisitos de segurança) e capaz de concentrar muito público são elementos primários para estes ‘mini-ralis, a que, em 2014, a FPAK pretende dar um cunho mais sério. E não se trata apenas de captar mais licenças desportivas para os cofres da entidade federativa. Com a criação da ‘Sprint 2014 Master’, a ideia passou a ser ‘”uniformizar o conceito de Rali Sprint que estava cada vez mais lato com os clubes organizadores a optarem por formatos dispares e confusos. Em termos práticos, em 2013 assistiu-se a uma variedade grande de Ralis Sprint com diferentes caraterísticas. Isso fazia com que a fronteira entre os Rali Sprint e os ralis do Regional, de pouca quilometragem, muitas vezes se confundisse”, começa por explicar Joaquim Capelo, atual diretor da FPAK e responsável pela ‘pasta’ dos ralis nacionais. Prosseguindo, o mesmo responsável adianta que “foi neste contexto que definimos regras para os Rali Sprint de 2014 e promoveremos a ‘Sprint 2014 Master’, uma espécie de Challenge que ficará como terceira divisão dos ralis, abaixo dos Campeonato Nacional de Ralis e dos Campeonatos de Ralis Norte, Centro e Sul”.

Novas regras

Rali Sprint: a moda que veio para ficar

Mas quais serão então essas regras? A mais importante é que a baliza a quilometragem do percurso. Os clubes que quiserem organizar um Rali Sprint terão que optar por um formato de prova que não exceda os 25 km de extensão e quatro Provas Especiais (que, individualmente, não poderão exceder os 5 km). Contudo, a prova não poderá ter mais do que duas classificativas diferentes, podendo as mesmas serem repetidas, no mesmo sentido ou em sentido inverso. E como, apesar de tudo, continua a não existir um critério 100 por centro rígido para este tipo de prova, é possível que, em 2014, se assistam a diferentes tipos de Rali Sprint com provas disputadas em verdadeiras superespeciais, circuitos ou até dentro de ralis de regularidade. A única certeza é que o ‘Sprint 2014 Master’ não terá a validade de um verdadeiro campeonato onde existirá um campeão no final do ano. Capelo explica que “a ideia da FPAK foi, neste primeiro ano, avaliar o conceito do Rai Sprint para, se resultar como pensamos que vai resultar, degenerar num verdadeiro campeonato em 2015 que será, em princípio, dividido por zonas”. Por isso, este ano vamos atribuir pontos (1º 50; 2º 40; 3º 35… 9º 5) aos primeiros classificados de cada prova mas, no final do ano, não haverá um campeão. No fundo, os pontos servirão apenas de motivação extra porque ninguém gosta de correr a feijões”.

De momento, a entidade federativa ainda está a preparar o calendário do ‘Sprint 2014 Masters’ que não se sabe ainda quantas provas terá mas que tem já um valor mínimo de taxa de inscrição recomendado. Serão 120 € + IVA + Seguro, o que significa que a participação de qualquer concorrente nunca será aceite por menos de 180 €.

Relativamente ao tipo de veículo que poderá participar, a abrangência é enorme e pode-se dizer que praticamente qualquer carro que cumpra com os indispensáveis mecanismos de segurança homologados, independentemente de ter uma ficha de homologação ou não, poderá tomar parte ativa na competição. Depois e para que haja classificações mais justas, a FPAK pretende agrupar as viaturas por categorias dos diversos campeonatos onde poderiam, teoricamente, ser englobados.

Afinal, a heterogeneidade de veículos será sempre um dos maiores trunfos dos Ralis Sprint que são vistos pelos municípios como uma possibilidade impar de divulgação do seu nome, são vistos por muitos organizadores como a ‘galinha dos ovos de ouro’ que ajuda a minimizar as dificuldades financeiras anuais, são vistos por muitos pilotos como uma oportunidade única para participarem em provas de competição automóvel e, finalmente, são vistos pelo público em geral como um espectáculo que merece ser visto. Parecem, por tudo isto, existir mais vantagens do que desvantagens na proliferação deste tipo de ralis que estão a começar a explorar e saber tirar partido de um conceito que a Velocidade tenta já explorar há algum tempo com o nascimento dos circuitos citadinos: “se o público não vai às pistas então as pistas que venham ao público”. Chegou a hora dos ralis fazerem o mesmo… Filipe Pinto Mesquita

Segurança tem que melhorar

Apesar de não ser uma afirmação objectivamente comprovável, a proliferação de Ralis Sprint tem tido, entre muitos outros factores, uma relação direta com alguns facilitismos numa questão que nunca pode ser menosprezada no desporto automóvel: a segurança. Se muitos dos clubes organizadores deste tipo de prova tratam um Rali Sprint com o mesmo nível de exigência em termos de segurança que o fazem para as restantes provas que organizam como um rali do CPR ou do antigo Open, outros há que, devido à sua menor experiência ou condição financeira, deixam graves falhas de segurança à vista, colocando pilotos e, sobretudo, os espectadores a correrem riscos desnecessários… e tudo sobre o olhar passivo da entidade federativa. Num ano em que a aposta da FPAK nos Ralis Sprint será maior, será, portanto, imprescindível apertar a vigilância às questões de segurança. Algo que, de resto, a ACOR (Associação de Clubes Organizadores de Ralis) defende, conforme dá conta o seu presidente Nuno Jorge: “em 2013 alguns Ralis Sprint foram permitidos carros sem os elementares órgãos de segurança, portanto, viaturas sem roll bar, cintos de quatro apoios, etc. Isso não devia ser permitido. Por outro lado, poucas devem ter sido as provas que tiveram um responsável da FPAK no local, o que significa que mesmo que a prova tivesse sido aprovada pela Federação, depois não houve ninguém a verificar se ela correspondia aos pressupostos apresentados no ‘papel’”. Num desporto, já de si, potencialmente perigoso, todos os esforços para minimizar os riscos de acidentes são poucos pelo que caberá também aqui à FPAK olhar com outros olhos para a questão da segurança.

Custos são apenas 5 por cento de uma prova do Nacional

Devido à sua menor extensão, os custos quer para pilotos, quer para os organizadores, são muito menos pesados num Rali Sprint do que numa prova do principal campeonato de ralis nacional. Miguel Barbosa, por exemplo, que disputou todos os ralis do CPR este ano mas também alinhou (e venceu) o Rali Sprint de Famalicão refere que, “num Mitsubishi Lancer Evo IX igual ao meu para fazer o Rali Sprint de Famalicão gastaria se não me tivesse sido oferecida a inscrição à volta de 650 €, contabilizando a gasolina e os pneus usados, enquanto para um rali ‘normal’ do Nacional em asfalto gasto aproximadamente 17 000 €“. Por outras palavras e avaliar por estes números, os custos de um Rali Sprint são quase 96 por cento a menos do que o valor global estimado para se fazer uma prova do Nacional de Ralis!

O preço das inscrições é o primeiro sintoma de que há um mundo de diferenças a separar os dois tipos de provas pois, em 2013, enquanto nos Rali Sprint as taxas raramente ultrapassavam os 150 €, no CPR rondavam os 900/1000 €!

Ao nível das organizações, a poupança também é enorme já que como adverte Carlos Cruz da Demoporto “só em termos de policiamento são necessários muito menos meios operacionais, tal como em termos de meios humanos e logísticos da organização propriamente dita. Basta dizer que o Rali Serras de Fafe, prova do CNR, envolve, pelo menos 100 pessoas e os Rali Sprint podem fazer-se com três pessoas no secretariado, oito nos controlos e mais quatro no Parque de Assistência. No máximo, dificilmente esse número ultrapassa as 20 pessoas”. No fundo, é como dizer que para um clube os custos operacionais “são cerca de 5 por cento dos custos com uma prova do Nacional de Ralis”, remata o mesmo dirigente.

Podem os Rali Sprint canibalizar os ralis?

E se os Ralis Sprint são já um caso de sucesso não deixam também de levantar muitas questões. Para além das relacionadas com a segurança, é urgente perceber se com o seu êxito não podem ou não estão mesmo já a canibalizar os ralis propriamente ditos. De que forma? Roubando-lhes mercado ou seja, pilotos e patrocinadores que se sentem atraídos pelos seus menores custos, menores óbices regulamentares à participação das suas viaturas e superior exposição aos adeptos ou simplesmente ao comum transeunte que, sem qualquer ligação ao mundo do desporto motorizado, vê a prova passar-lhe à porta de casa. As opiniões divergem mas em grande parte parece inclinar-se para o lado de que o perigo de canibalização não existe simplesmente porque “os Rally Sprint têm o seu próprio mercado de pilotos que dificilmente alarga os seus horizontes para ralis dos principais campeonatos nacionais, seja pelo maior investimento económico ou de tempo que estes exigem”, defende, Carlos Cruz, da Demoporto que, em 2013, realizou dois Ralis Sprint (Montelongo e Cidade de Fafe) e que só conseguiu cativar um dos pilotos que participou nos dois Rali Sprint para a sua prova do Campeonato Nacional de Ralis (Rali Serras de Fafe). A mesma opinião também expressa Joaquim Capelo, diretor da FPAK, que atenta que “os concorrentes dos verdadeiros campeonatos como o Nacional de Ralis, Ralis Norte, Ralis Centro e Ralis Sul não deixam de ir às suas provas para irem aos Ralis Sprint pois não só estão a pensar num campeonato específico, como não se contentam em disputar apenas um ou dois troços devido ao seu ritmo competitivo superior. O que pode acontecer é que, pontualmente, participem num Rali Sprint ou porque este é organizado na sua localidade ou porque querem testar qualquer coisa no carro e numa prova deste género é mais barato fazê-lo em totais condições de segurança”.

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