Rali de Portugal: Faltam 34 dias – Orgulho no passado

Por a 17 Fevereiro 2011 06:37

As origens do Rali de Portugal remontam a 1961, mesmo se foi só em 1967 que a prova ganhou o imprescindível cunho internacional. Seis anos depois, sempre pelas mãos de César Torres, foi integrada no Mundial, onde permaneceria até 2001, por cinco vezes conquistando o título de “Melhor Rali do Mundo”. Depois de um período de transição, o ACP decidiu tentar de novo, candidatando a presente edição ao próximo Campeonato do Mundo. Fases distintas, felizmente com mais glórias que fracassos, mas que traçaram a história da mais importante prova de estrada realizada em Portugal.

Os primórdios (1961/1972)

O Rali de Portugal começou a ir para a estrada em 1961, pela mão do seu grande impulsionador e primeiro director, Alfredo César Torres. Tratou-se na altura de uma prova organizada para o Grupo Cultural e Desportivo da TAP, mas que três anos depois já contava com a presença dos melhores pilotos nacionais. Sempre muito duro e difícil, rapidamente se estabeleceu como um evento muito bem organizado, incluindo, desde a sua primeira edição, uma componente mista que conferia ao rali um carácter muito especial.

Dessa forma, a participação das equipas de fábrica passou de esporádica a permanente, sobretudo quando passou a integrar o Campeonato da Europa de Ralis, em 1970. Foi também um momento de viragem das provas de estrada a nível internacional, com os troços cronometrados a assumirem um peso cada vez maior no resultado final. Em 1972, em preparação para a entrada no Mundial, o rali sofreu alterações profundas, nomeadamente com a introdução de 31 especiais cronometradas, num aumento superior a 50 por cento. O Autódromo do Estoril foi pela primeira vez utilizado nesta edição em duas provas especiais, sendo a última delas o mítico slalom que durante vários anos encerrou a prova.

Fulgor do Mundial (1973/2001)

Em 1973, o Rali de Portugal integrou pela primeira vez o Mundial da especialidade, com César Torres a montar a prova em apenas seis meses. Um ano depois, a prova esteve para não se realizar devido à crise do petróleo, mas a Venezuela acabaria por oferecer a gasolina à FIA, salvando a prova portuguesa.

Em 1975, o rali viu a sua nomenclatura alterada com a entrada do Instituto do Vinho do Porto como principal patrocinador, apenas retomando a sua designação inicial em 1994, com o regresso da transportadora aérea nacional. Pelo meio, a mais triste edição de todas, em 1986, com o brutal acidente de Joaquim Santos na famosa curva da água do troço da Lagoa Azul, que viria a resultar na morte de três espectadores. Este acidente levaria à anulação da ronda de Sintra e ao abandono em bloco das equipas de fábrica, marcando também o primeiro de uma série negra de acontecimentos que culminaria com a proibição dos carros de Grupo B.

Devido à rotatividade das provas, a edição de 1996 não contou para o Mundial nem com nenhuma equipa de fábrica, pelo que Rui Madeira não teve grande dificuldade em tornar-se no quarto português a vencer à geral. Em 1997 regressou ao Mundial, mas viu pela última vez César Torres tomar as rédeas da prova… não sem antes deixar pensada e definida a edição do ano seguinte.

Durante 18 anos, o Rali de Portugal marcou um novo estilo, colocando-se entre as mais prestigiadas provas de todo o calendário, por cinco vezes conquistando o título de “Melhor Rali do Mundo” e, em 2000, o prémio de “Melhor Rali do Ano”, quando tudo fazia ainda prever uma nova e próspera vida para a nossa maior prova de estrada. Contudo, o verdadeiro dilúvio que se abateu em Portugal na edição de 2001 precipitou o fim do sonho e a FIA decidiu, no final desse ano, pela sua exclusão do Mundial.

A terceira era (2002/2009)

Apenas com estatuto nacional, o Rali de Portugal entrou inevitavelmente em curva descendente a partir de 2002, ao mesmo tempo que se mudou de “armas e bagagens” para a zona de Macedo de Cavaleiros, permitindo a Didier Auriol uma das suas raras conquistas. Mas nem o esforço do ACP em conseguir um bom cartaz internacional, nomeadamente com alguns dos nomes que fizeram história no passado, evitou que fosse progressivamente perdendo terreno para outros ralis, com menor tradição mas com outro peso político e económico junto da FIA. E assim, num ápice, tornou-se um mero reflexo do glorioso passado deixado por César Torres.

Mas em 2004 abriu-se um novo capítulo, com a promessa de organizar um novo Rali de Portugal, agora no Algarve, pela actual Direcção do ACP, liderada por Carlos Barbosa. Menos de um ano volvido, já se sonhava com o Mundial de Ralis, e em 2007, o sonho tornou-se realidade. Inicialmente a reentrada apanhou uma fase que a FIA decidira rodar os eventos do WRC, pelo que em 2008 o ACP aproveitou a existência do IRC (a exemplo de muitas outras provas que fizeram história no WRC, como é o caso sintomático do Rali de Monte Carlo) para fazer disputar uma prova em tudo semelhante à do Mundial no que a troços diz respeito, mas a contar para o IRC.

Em 2009 o regresso ao convívio dos grandes, e pelos vistos para ficar por muitos e bons anos. O calendário de 2010 está ‘fechado’ e conta com a prova portuguesa que regressa a Março, isto depois do ACP ter rubricado um acordo de longa duração com a North One, a nova promotora do WRC. Tendo em conta o que se passou em 2007 e 2009, o rali, em termos organizativos é pouco menos que perfeito para as actuais exigências do WRC. Se o público continuar a contribuir, dificilmente voltarão a existir argumentos para a saída…

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1967-1979

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1980-1983

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1984-1985

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1986

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1987

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1988

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1989

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1990

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FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1992

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FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1996

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1997

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1998

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 1999

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 2000

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 2001

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 2007

FOTOGALERIA: Rali de Portugal 2009

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