Miguel Campos: “Ainda estou em condições de ganhar ralis e se tiver apoios para o próximo ano gostava de montar um projecto”

Por a 7 Agosto 2014 19:49

Miguel Campos regressou no passado fim de semana à competição, após mais de um ano de ausência, trazendo consigo um dos novos Peugeot 208 T16, da categoria R5, que tem vindo a receber máquinas cada vez mais competitivas. As coisas só não correram na perfeição porque uma arreliadora avaria num dos cabos ou ficha eléctrica tornou a vida do piloto de Famalicão complicada, pois o motor passou a falhar, com a consequente perca de tempo. Só com uma grande demonstração de tenacidade e competência é que Miguel Campos e Victor Calado superaram todas as dificuldades sentidas durante boa parte do Rali Vinho da Madeira para terminarem a prova na quarta posição. À partida para o derradeiro dia do Rali Vinho da Madeira, a dupla partiu com uma desvantagem maior do que a perdida na estrada, fruto de uma penalização no último parque de assistência. Nem assim desmoralizou e arrancou à procura do melhor lugar na classificação geral…

AutoSport: Que balanço fazes desta participação no Rali da Madeira?

Miguel Campos: “Apesar das contrariedades que sentimos, o balanço deste regresso aos ralis é bastante positivo. Assumimos sempre que queríamos lutar pelos primeiros lugares da classificação e assim o fizemos. Em circunstâncias normais, tínhamos conseguido concluir esta participação no pódio. Mesmo assim, saímos satisfeitos com a nossa prestação”

Miguel Campos: “Ainda estou em condições de ganhar ralis e se tiver apoios para o próximo ano gostava de montar um projecto”

AS: Afinal, qual foi o problema que tanto te incomodou na Madeira?

MC: “Foi difícil mas descobrimos qual foi o problema. Voltando um pouco atrás, fui Itália onde andei 5 km no carro para afinar a bacquet, e dar uma volta com o carro. Já na Madeira, fiz 25 km num teste, o carro estava impecável, no shakedown nas duas primeiras passagens, novamente impecável, mas à terceira começou a falhar um pouco e na última a falhar muito. O carro ficava a trabalhar em três cilindros e não andava, pois até começar a desenvolver, demorava. A equipa tentou ver se conseguia encontrar a avaria, fichas, cablagens, mas sabíamos que era um problema eléctrico. A equipa mandou vir nova cablagem, mas depois ficámos com um problema. O parque de assistência era de 45 minutos e por isso era arriscado fazer aquela operação, pois só fichas eram 26, algumas atrás do turbo, outras do tablier, era complicado até porque a equipa ainda não conhece bem o carro, que é novo, e, por isso, não sabe ainda bem onde elas estão. Trocar as fichas todas era arriscado, podia correr mal, e se isso acontecesse era o abandono. Disse-lhes para não fazerem nada, preferia não arriscar mas eles tentaram apertar as fichas e houve uma que não ficou bem encaixada. Quando vou a sair do parque o carro ficou em três cilindros, só que ainda pior, pois ficou ‘encharcado’. Como resultado penalizei nove minutos, foi um pesadelo pois perdi 1m50s e fiquei logo arrumado na classificação, estava a 20 segundos, fiquei a mais de dois minutos. Perdi logo a vontade, já nem me apetecia continuar…

AS: Mesmo com problemas andaste sempre nos primeiros lugares…

MC: “O carro é bom, tinha um grande equilíbrio, e estou convencido que sem o carro a falhar teria feito logo o melhor tempo no shakedown. O Bruno ganhou-me um décimo, o Zé Pedro três décimos, mas sem os meus problemas iria tirar no mínimo sete ou oito décimas e isso deixou-me com água na boca e otimista para o rali, e a prova disso e que houve 2 ou 3 troços que o carro falhou menos um bocadinho e fiz logo os mesmos tempos deles. O carro bastou não falhar que eu estava lá. Vi que podia ter lutado pela vitória, não consegui fazê-lo, mas o carro mostrou ter um grande potencial. O motor não é um WRC mas é um carro bastante agradável e o conjunto em si é bastante bom…”

AS: Como se pode comparar o teu antigo Peugeot 206 WRC com este novo Peugeot 208 T16. É engraçado fazer um paralelo entre estas duas eras de carros de ralis, embora não sendo a mesma categoria…

MC: “O 206 WRC tinha muito mais potência e era mais bruto. Em termos de potência não podemos compará-los. Este carro tem a potência de um S2000, melhorada com um ‘turbozinho’ que nos facilita a vida nas curvas mais apertadas, pois o turbo ajuda a relançar, e não temos que andar tanto no ‘grito’ como os S2000, pois a potência chega mais cedo e torna-se mais fácil de guiar que um S2000, porque o turbo dá um bocado de confiança pois não precisamos de andar ‘pendurados’ e em termos de equilíbrio de chassis entre este e o WRC não há diferenças, pois estes carros de hoje em dia já estão ao nível dos WRC de antigamente. Curvam e travam da mesma forma. Este trava até demais, dá mesmo para travar no limite e fazer gato sapato ‘daquilo’. Em termos de equilíbrio, está muito bom.

AS: Depois de tanto tempo parado, consegues chegar e andar nos lugares da frente…

MC: “Eu costumo adaptar-me bem aos carros. Até estava com algum receio, pois há algum tempo que não corria, fiz o Rali Serras de Fafe do ano passado num Grupo N e por isso não foi fácil pegar num carro como peguei, fazendo apenas 25 km, onde nem deu para me adaptar aos travões, não deu para fazer mais para não estragar o carro pois tínhamos o rali logo a seguir e de facto adaptei-me bem, comecei logo no shakedown a testar e vou ser sincero: até eu fiquei surpreendido por ter feito aqueles tempos pois pensava que ia andar mais atrás, pois todos eles têm muito ritmo, o Bruno tem feito umas provas, o Zé Pedro está sempre a correr o Bernardo idem, e eu não, estou aqui no meu mundo empresarial que é um bocadinho diferente, pois correr é só no ginásio! Mas vi que ainda estou em condições de ganhar ralis e se eu tiver apoios para o próximo ano gostava de montar um projecto…

AS: como está essa situação?

MC: “A ida à Madeira também serviu para isso. Quis vir a esta prova com este carro para ver como estava o meu nível competitivo e vi que ainda estou competitivo para vencer e se conseguir montar um projeto, queria ver se voltava para lutar pelos primeiros lugares, e é esse o objetivo pois sinto que ainda estou bem. Naturalmente podemos fazer as provas internacionais, o Rali de Portugal, Açores, Madeira, mas mais do que isso, correr lá foram penso que não é possível.”

AS: Com que carro estás a pensar fazê-lo?

MC: “Quis vir à Madeira fazer quilómetros, experimentar o carro, e pretendi algo diferente do Ford, que já todos sabemos, ser fiável. Quis experimentar outro, e particularmente gosto muito do Peugeot. Estamos a trabalhar num projeto e depende dos patrocinadores. Se concretizar o projeto será com um R5, mas estou aberto a qualquer situação, depende um dos patrocinadores, dos seus interesses. Já sabemos que o Ford é bastante robusto, o Peugeot mostrou ser muito fiável, pois tirando esta questão da instalação elétrica que a Peugeot já tem conhecimento e certamente vai resolver com grande facilidade, tirando esse pequeno pormenor que pode acontecer, não tive o mais pequeno problema, não se soltou um parafuso. Penso que este carro vai ser muito bom…”

AS: Um Campeonato nacional de Ralis competitivo seduz-te?

MC: “Gostava de entrar num CNR mas com vários pilotos, para dar ‘pica’, como está agora, comigo lá. Não gosto de ganhar sem adversários. Prefiro perder um rali mas perder para um piloto que andou bem, pois o interessante é haver competição e poder andar sempre a um bom ritmo. Uma vez ganha um, outra vez outro, isso entusiasma. Esta vinda à Madeira também serviu para isso, pois tinha como objetivo saber até que ponto mantinha a concentração, ver como estava a minha preparação física, o ritmo em prova que não tinha. Foram três dias de corrida, fisicamente estive impecável, não me fui abaixo fisicamente, foi tudo impecável, e só mesmo a cablagem é que nos ‘chateou a cabeça’…”

Miguel Campos: “Ainda estou em condições de ganhar ralis e se tiver apoios para o próximo ano gostava de montar um projecto”

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