Michele Mouton fez história há 30 anos

Por a 2 Setembro 2011 13:07

O Rali de Sanremo, disputado nos princípios de Outubro de 1981, mais do que uma prova que se revelou fundamental para os anseios de Ari Vatanen (Ford Escort) e para a Talbot, que mais tarde se sagraram Campeões Mundiais, ficou nos anais da disciplina ao consagrar a vitória de Michele Mouton, a primeira mulher a conseguir triunfar num evento válido para o “Mundial” de Ralis.

Michele Mouton e Fabrizia Pons, ao volante do Audi Quattro, alcançaram um brilhante primeiro lugar, que não deixou de receber as mais elogiosas referências, tal como aconteceu pela “pena” do nosso enviado especial a Sanremo, Fernando Petronilho, director do AutoSport e que relatava assim o feito, nas páginas centrais do nosso semanário: “Apesar de este ser o terceiro triunfo da sua carreira (Rali de Espanha de 1977 e Volta a França de 1978), nenhuma vitória anterior se pode comparar a esta, obtida numa prova bastante difícil, muito dura e perante forte oposição.”

Mas, se a vitória da francesa foi histórica, pelos motivos apontados, não constituiu, propriamente, uma surpresa, dado o já reconhecido valor de Mouton, tal como o AutoSport apontava: “Mouton tem sido até agora uma verdadeira especialista em provas de asfalto, mas que se tem adaptado, de uma forma notável, aos pisos de terra, através das experiências deste ano. O primeiro sinal tinha sido já dado no Rali da Acrópole, que chegou a comandar, ainda que por pouco tempo, devido a uma série de furos e problemas técnicos que atingiram o Audi. Nos 1000 Lagos, Michele não estava no seu terreno, pois este rali será sempre um feudo dos finlandeses e, finalmente, em Sanremo venceu.”

A 23ª edição do Rali de Sanremo não começa da melhor forma para a Audi. Hannu Mikkola, o número um da equipa alemã, penaliza 15 minutos, devidos a problemas de injecção no motor do seu carro, que o obrigam a perder muito tempo na assistência e Michele Mouton desce na classificação, fruto de uma avaria na bomba de gasolina do Audi. Contudo, no final da primeira etapa e perante a surpresa de muitos observadores os “Quattro” apoderam-se do comando, com o jovem piloto italiano Michele Cinotto na frente, seguido a 32 segundos por Mouton. Hannu Mikkola recupera bastantes lugares, mas ainda está longe dos lugares cimeiros.

No início da 2ª etapa, Michelle Mouton lança-se à conquista do primeiro lugar e consegue alcançar o seu objectivo, como se depreende da reportagem do AutoSport: “O ataque de Mouton continua a surtir os seus efeitos e antes da 23ª PC a diferença entre os dois pilotos é de apenas dois segundos, para na seguinte reduzir-se à diferença mínima, acabando a francesa por se instalar no comando à 25ª PC, agora com dois segundos de vantagem.”

Logo de seguida e no calor da luta Cinotto não consegue evitar um despiste e abandona. As desistências e os percalços entre os principais contendores sucedem-se em catadupa e Michele Mouton não pára de aumentar a sua vantagem até ao final da 3ª etapa, em Siena. Contudo nem tudo são “rosas” no seio da equipa Audi e a francesa, numa toada de franco ataque, tem alguns problemas com as instruções que lhe são transmitidas pela direcção desportiva da equipa alemã no sentido de se preocupar mais em terminar o rali do que lutar pela vitória, o que a deixa bastante revoltada. Na quarta etapa entre Siena e Sanremo com oito classificativas de terra e sete de asfalto, Mouton cede oito segundos para o Porsche de Rohrl, que começa a revelar-se uma ameaça, mas o piloto alemão desiste. Quem ocupa o seu lugar é Vatanen e, aproveitando um conjunto de problemas técnicos no Audi que obrigam Mouton a perder dois minutos, o futuro Campeão Mundial lança um forte ataque à liderança e deixa tudo em suspenso para a derradeira etapa. Mas como o nosso jornal afirmava, “a 5ª  etapa foi um bom exemplo de muita parra e pouca uva.” Nos 47 km de “Ronda”, Vatanen bate numa pedra e abre a direcção do Escort e o caminho fica aberto para o triunfo de Mouton/Pons, ficando Toivonen (Talbot) em segundo lugar e “Tony” em terceiro com o Opel Ascona 400.

À chegada a Sanremo o ambiente é de festa, mas também de difícil “digestão” para alguns pilotos, como se pode perceber por estas pérolas literárias que fazem jus ao machismo e que a seguir transcrevemos: À chegada a Siena, Walter Rohrl comentava com um jornalista alemão: “Neste rali não tenho sentido grandes dificuldades em controlar os homens. Mas as mulheres…”

Toivonen, pelo seu lado, não se coibia de afirmar: “Estou muito contente. Neste rali ganhei o Troféu dos Homens”. E, finalmente, Vatanen dizia a Michele Mouton: “A andares desta forma na terra, o teu avô por certo era finlandês”. 

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