Jean Ragnotti: Jeanot, o acrobata

Por a 31 Agosto 2011 12:03

Como é lógico, para um adepto, é importante saber quem foi o mais rápido, quem venceu mais vezes, mas há pelo menos um piloto, mesmo sem um grande número de vitórias ou títulos, fez as delícias dos adeptos dos ralis. Jean Ragnotti.

E sabemos, pelo menos de um adepto português que gosta de ralis devido a Jean Ragnotti. Chama-se Luís Capelas, e apaixonou-se pela modalidade no dia em que foi ver passar a caravana do Rali de Portugal…numa ligação em Lisboa. Era sábado, 14 de março de 1987 e o último troço do rali fora em Coruche. Jean Ragnotti tinha terminado a prova, com um Renault 11 turbo de duas rodas motrizes, e dado grandes dores de cabeça à poderosa Lancia. Vinha feliz da vida, e em direção ao Estoril, com um trânsito caótico vindo da segunda circular, a subir para o Monsanto, e contou ele que foi um regalo para a vista ver aquele “amarelinho” a serpentear entre o trânsito. Cada nesga, lá estava Ragnotti a “meter” o 11 Turbo, para espanto de todos. Só mesmo Ragnotti para conseguir, no meio daquela confusão, andar depressa com o 11 Turbo. Passaram Lancia, Audi, Ford, mas foi aquele Renault que suscitou a curiosidade do Luis Capelas, que daí para cá…não perdeu um Rali de Portugal que fosse.

Renault, Renault…e Renault

A verdade é que nunca um piloto foi tão fiel a uma marca. Para Jean Ragnotti, um carro de ralis só podia ser Renault. E de preferência, pequeno e endiabrado! O destino decidiu que Jean Ragnotti haveria de passar a sua vida atrás do volante. Filho de agricultores, venceu aos 13 anos uma gincana de tratores. Mal obteve a carta de condução, começou a ajudar no negócio familiar, distribuindo flores com um camião.

O fascínio pelos automóveis levou-o, em 1967, a participar em ralis com um Renault 8 Gordini. Rapidamente tomou o gosto pela competição e conseguiu o apoio da GM para disputar provas em França com um Opel Kadett de Grupo 1. Em 1970, saiu do anonimato ao vencer a sua classe no Rali Monte Carlo e nesse ano foi vice campeão francês, ficando em terceiro no campeonato da Europa.

Decidido a experimentar as vertigens da velocidade, troca em 1973 os ralis pelos circuitos e passa pelas fórmulas 3 e Renault, onde compete com René Arnoux e Didier Pironi. Em meados da década de 70, regressa aos ralis “pela mão” da Renault, com quem estabelece uma parceria que duraria mais de duas décadas.

Em 1978, Ragnotti consegue um surpreendente segundo lugar em Monte Carlo, com um R5 Alpine que chegou a “pisar os calcanhares” do potente Porsche 911 de Jean Pierre Nicolas. Dois anos mais tarde, estreia o Renault 5 Turbo com motor central e em Janeiro de 81, obtém a primeira vitória de um motor turbo no Rali Monte Carlo, beneficiando do despiste de Thérier no Turini, vítima da neve colocada por espetadores inconscientes. No ano seguinte, vence a volta a Córsega e repete o triunfo três anos depois, já com o R5 Maxi Turbo.

Na era dos Grupo A, alinha em algumas provas com o Renault 11 Turbo e já nos anos 90, é com o Clio que delicia os seus fans. Abandonou as competições após 20 anos de fiel ligação à Renault mas continua a ser convidado para algumas exibições promocionais.

É inevitável questionar as razões que levaram este génio do volante a dedicar toda a sua vida profissional a uma só marca. Afinal, se Ragnotti tivesse mostrado interesse em pilotar para outras equipas que davam cartas naquele tempo, estaríamos provavelmente na presença do primeiro francês a alcançar um título mundial. A resposta é dada pelo próprio piloto: “Porquê mudar, se são estes carros que me dão gozo? Mais do que ganhar um campeonato do mundo, prefiro ser recordado como aquele tipo porreiro que divertia toda a gente em cada curva onde passava!”

Piloto versátil

O Palmarés de Ragnotti não se resume às 3 vitórias em provas do Mundial. Em França, foi campeão de ralis em 1980 e 84 e venceu o campeonato de rallycross em 1977, ao volante de um Alpine Renault A310. Na velocidade, deu nas vistas em Le Mans e triunfou no campeonato gaulês de Superprodução em 1988, com um Renault 21 Turbo.

O Susto da Lancia

No final dos anos 80, poucas foram as vezes em que a poderosa equipa Lancia viu o seu domínio ameaçado. No Rali de Portugal de 1987, o herói dessa proeza foi Jean Ragnotti. Markku Alen liderou desde o início, mas Ragnotti, a dar espetáculo com um Renault 11 Turbo, aproximou-se do finlandês. Os pisos nortenhos demoliram o stock de amortecedores da marca italiana, que sofria para de travar o pequeno francês. De avião, chegaram novas peças de Itália, mesmo a tempo de equipar os Delta 4WD antes da decisiva ronda de Arganil. Alen acabou por vencer, mas a Lancia não ganhou para o susto…

FOTO: Paulo Marques

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