Ford ‘confirma’ Latvala para 2010

Contudo, e apesar de ter admitido que já não sabia muito bem como ajudar Latvala, Wilson insistiu que não existe qualquer plano para despedir o finlandês: “Não há qualquer dúvida. Em primeiro lugar espero que a Ford esteja no Mundial de 2010, e se assim for ele faz parte dos nossos planos. Não tem sido um ano fácil para o Jari-Matti e o que sucedeu na Polónia foi o erro mais crasso que cometeu na sua carreira e também o maior que já vi em ralis. Mas a verdade é que investimos seriamente nele, e por isso temos de trabalhar juntos, que é o que estamos a fazer. Ele tem tido ajuda de especialistas fora do carro, pois a condução dele não é um problema, longe disso, mas sim o aspecto psicológico, onde está a demorar um pouco mais do que pensávamos para o ‘ter’ onde queríamos. Se virmos bem, a sua perfomance até aquele erro estúpido foi fantástica. Os últimos três ralis foram bons para ele e só o erro final estragou tudo, por isso até ao Rali da Finlândia teremos de ir ao fundo da questão com ele.”, referiu Wilson.

Já o António Variações dizia que “quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga”, e é bem verdade. Latvala tem uma velocidade incrível, mas é capaz do melhor e do pior, e como foi o caso da Polónia, devido a uma quebra de concentração, que estragou o bom trabalho de três dias.

A importância da concentração

Para que se perceba a importância da concentração no desporto automóvel, Pat Symonds, recordou ao AutoSport um episódio que viveu no GP dos EUA de 1984 em Dallas, com Ayrton Senna: “Em Dallas o Ayrton, como quase toda a gente, bateu no muro durante a corrida, mas quando chegou às boxes estava incrédulo. Disse-lhe que tinha sido um erro normal, mas ele insistiu que não tinha feito erro nenhum e garantiu-me: “Fiz a trajectória habitual, mas o muro não estava no seu lugar e toquei-lhe!” Ri-me, claro, mas ele estava muito sério e tanto insistiu comigo e com os outros técnicos, que no final da corrida fomos ao ponto onde ele tinha batido, pois era a única forma dele nos deixar em paz.”

Quando chegou lá, Symonds nem queria acreditar no que via: “Bom, o muro tinha-se mesmo mexido… Quer dizer, era visível que alguém tinha batido no bloco de betão anterior, o que deslocara o ponto em que o Ayrton bateu em menos de um centímetro, mas foi o suficiente para ele lhe tocar. A partir desse dia, acreditei sempre nele quando me disse que não tinha errado!”.

Este episódio reflecte bem a questão da importância da concentração – neste caso junte-se a precisão milimétrica – obviamente, salvaguardadas as devidas distâncias, pois Ayrton Senna foi um dos melhores pilotos de F1 de sempre e Jari-Matti Latvala é somente um ‘aspirante’ a grande piloto.