Team Hyundai Portugal e o balanço da temporada: “além de trazer competitividade, trouxemos mais gente para os ralis”

Por a 4 Novembro 2023 18:25

O Team Hyundai Portugal terminou com sucesso o seu sexto ano de presença no Campeonato de Portugal de Ralis, alcançando o seu segundo título de pilotos, por intermédios de Ricardo Teodósio, numa temporada muito competitiva em que a Hyundai acabou por vencer seis das oito provas do campeonato, mas devido a tudo o que se passou, com o desaparecimento de Craig Breen, e a vinda de Kris Meeke, acabando por ser Ricardo Teodósio a assegurar o título, depois de quatro duplas chegarem ao Rali Vidreiro/Centro de Portugal/Marinha Grande na luta pelo título nacional.

Falámos com Ricardo Lopes, Diretor de Operações da Hyundai Portugal, que fez o balanço da temporada, explicou o impacto que a sua participação nos ralis está a fazer na marca, do retorno mediático, do que a FPAK e os organizadores ainda precisam de fazer no CPR para que a competição mantenha o ritmo de crescimento que tem tido. Por fim, garantiu que a decisão da Hyundai ficar ou não nos ralis será tomada brevemente.

A temporada de 2023 teve coisas muito boas para e uma coisa muito muito má para a Hyundai. Que balanço faz da época e de algum modo, destes seis anos de Team Hyundai Portugal no CPR?

“Antes ainda do balanço, começo por marcar esse momento muito difícil que sucedeu este com o desaparecimento do Craig Breen. Foi alguém que aderiu rapidamente ao nosso projeto, criamos uma ligação em pouquíssimo tempo, uma ligação muito forte e portanto não deixo de frisar isso e nós dedicamos a conquista do campeonato à sua memória, é uma perda irreparável, mas que marca sem dúvida o ano para nós porque foi realmente alguém que aceitou o desafio. Vinha com entusiasmo, enquadrou-se muito bem na nossa equipa, e assim totalmente fora do tempo acontece uma situação destas. Não queria deixar de referir isso porque foi uma situação muito difícil para nós”.

Olhando para o para o projeto de ralis nestes 6 anos, tem sido um pilar importante da nossa da nossa comunicação, tem sido um pilar de crescimento em termos comunicacionais, importante para a marca, trazer toda esta emoção. A marca começou em 2014 ao mais alto nível, no WRC, entretanto também lançou a sub-marca N, temos os nossos modelos desportivos, o I20N , o I30N e sem dúvida que esse caráter de emoção que hoje é reconhecido pelos nossos clientes trouxe realmente à marca um público diferente, um público também mais jovem, tem sido importante e os ralis têm alicerçado isso para nós, portanto estes seis anos de investimento no CPR, falando aqui especificamente de Portugal tem-nos ajudado na curva de crescimento que temos feito com a marca, e no reforço da presença da marca no mercado nacional.”

Como é que medem esse interesse? Com os carros N, tenho a certeza que as pessoas se tornam mais próximas dos ralis, ou as que já gostam dos ralis, ligam uma coisa à outra, isso percebe-se perfeitamente já vem de longa data com muitas marcas que o foram fazendo. Como é que é que vocês sentem isso, talvez pelo contacto com as pessoas…

“Sentimos pelos contatos pelos números que acompanhamos, nós olhamos para os reports da Cision, para o impacto que temos nos Media e vemos a evolução que temos feito ao longo dos anos, seja como marca em geral seja especificamente no Motorsport. Correntemente no top do Motorsport, obviamente também por causa do WRC internacional mas também concorre para a nossa força interna e a amplificação que fazemos isso aqui, vemos os nossos canais ano após ano temos que temos crescido, este ano então, tivemos um grande crescimento nos nossos canais de Social Media e canais específicos do Team Hyundai Portugal, e portanto, no fundo, sabemos estamos a impactar muitas pessoas, muitos fãs dos ralis, sabemos que os ralis em Portugal ainda tem espaço, acreditamos nisso, e felizmente também vemos isso na estrada e a verdade é que os nossos canais que nós ao longo dos anos fomos desenvolvendo, temos uma App do Team Hyundai Portugal, onde os nossos fãs podem ter acesso às classificativas, acompanhar em tempo real o que é o nosso Team, e portanto através de todos esses canais nós percebemos e medimos esse impacto e depois a sentimos que somos reconhecidos por todas as pessoas, entre as que gostam mais ou menos de ralis, as pessoa sabem que a Hyundai é uma marca que tem uma equipa de ralis, associam-nos aos ralis.

No fundo é o resultado de um trabalho já de seis anos, nós sabemos que estas coisas na área da comunicação demoram anos a ser trabalhadas, mas nós temos feito esse trabalho com alguma consistência”.

Uma coisa que eu sempre me fui apercebendo ao longo do tempo é que não são somente os resultados o mais importante, para que as pessoas se liguem ou desliguem, pois se calhar a maioria das pessoas dá valor a outras coisas. Sentem isso?

“Sentimos, e se calhar somos uma boa prova disso. Nós entrámos nos ralis para ganhar mas também o nosso lema sempre foi os ralis pelos ralis, nós entramos para contribuir para o espetáculo a acreditamos que ajudamos a tornar o espetáculo cada vez mais fortalecido, com capacidade de cada vez ter maior atração de pessoas, pois só assim é que acreditamos que vamos ter mais atração e naturalmente, que é para depois termos mais retorno.

E a verdade é essa, nós ao longo dos anos, além de ter sempre equipas fortes e competitivas, apostamos acima de tudo em ter um modelo, um projeto para cada temporada, um projeto forte, para ganhar mas um projeto também impactante em termos comunicacionais, seja na forma como nós ativamos nos parques de assistência, mas também na forma como nós próprios acompanhamos, como levamos sempre para os ralis convidados nossos, clientes, a nossa rede local de concessionários e de contactos estão sempre no fundo a ativar connosco, e só assim é que entendemos que faz sentido este projeto, aproveitar todas as oportunidades de comunicação e para isso também é importante que seja um grande espetáculo que é o que todos queremos, e esperar também que isso aconteça por parte das organizações, de quem promove e de quem organiza os espetáculos. Que também consigam promover esses momentos, também consigam tornar possíveis esses momentos de ativação de marca, digamos assim”.

A verdade é que vocês ganharam logo no primeiro ano em que vieram, como disseram na altura, vinham para os ralis pelos ralis e a verdade é que foi uma grande pedrada no charco, basicamente foi chegar ver e vencer. Depois estiveram quase sempre na luta pelos títulos, com o Bruno Magalhães, vários anos seguidos, e agora chegam a este título neste ano, curiosamente, depois de terem apostado em pilotos estrangeiros, acaba por ser o português, Ricardo Teodósio, a vencer e a verdade é que a Hyundai venceu seis dos oito ralis do ano…

“São os ralis, é o risco de apostar, no desporto, nas modalidades e uma modalidade tão competitiva como os ralis e o nosso campeonato, isso é reconhecidamente dito, temos uns dos campeonatos mais competitivos da Europa, é-me dito por pessoas internacionais ligadas ao meio, bastante ligadas, com responsabilidades e que me dizem que realmente temos um dos campeonatos mais competitivos da Europa um dos melhores pelotões da Europa, quer em termos de parque automóvel quer em termos de pilotos, temos na verdade um campeonato que na parte desportiva é muito competitivo e portanto, não se ganha sempre, tivemos quase a ganhar algumas vezes e finalmente este ano também, com muita emoção e mais uma vez o campeonato foi muito competitivo com quatro ainda potenciais candidatos ao título, foi uma vitória bem saborosa para nós e para o Ricardo Teodósio, e muito bem merecida, para o Ricardo Teodósio que no ano passado tinha tido alguns azares.

Foi um bom fecho de ano para nós, depois da infelicidade que tivemos com o Craig (Breen).

Outra coisa que senti foi que a vossa chegada acabou por puxar muitos pelas outras equipas. Toda a gente se reforçou imenso, há vários exemplos a vários níveis, vocês disseram que vinham para valorizar o campeonato e acabaram por fazer com que as outras equipas também reforçassem as suas estruturas e tudo isso fez com que o nível do campeonato se elevasse. Concorda com isto?

“Tendo a concordar, eu não conhecia bem a realidade anterior mas tendo a concordar pelo que esse era também o nosso objetivo, o nosso objetivo sempre passou por valorizar o desporto atrair mais pessoas para o desporto. Isso sim, é que vai garantir cada vez mais que vamos ter cada vez mais impacto e isso vai trazer o retorno para nós.

Como fazemos também noutras áreas, noutros territórios de investimento em termos de comunicação temos que apostar em territórios que sejam fortes, impactantes, para que o retorno do investimento fortíssimo que fazemos, que é um grande investimento que fazemos, é um grande investimento que fazemos no desporto automóvel, nomeadamente no Campeonato de Portugal de Ralis, tenha retorno e só terá retorno se o campeonato for forte, se nós aproveitamos todos os momentos de ativação para também contribuir para que esse espetáculo forte e contribuir também tudo o que seja a para lá do campeonato nós estivemos na Taça de Portugal de Ralis, estivemos numa série de outros eventos também associados ao ralis, sempre que podemos tentamos associar e temos condições para o fazer, e que faça sentido para nós, também tentamos no fundo promover a modalidade e isso reforça a nossa imagem, acima de tudo faz-nos alcançar mais público que é o que todos queremos na prática. Temos é que ter um bom espetáculo, competitivo, que tenha cada vez mais mais público e a verdade é que nós vamos aos ralis e vemos as pessoas, também vemos gente nova, vemos crianças, continua a ser um desporto que tem seguidores em diversas faixas etárias, tem é que ser um desporto que consiga chegar a essas pessoas o que nem sempre é fácil nos ralis, e portanto a promoção é fundamental.”

Ao longo do tempo que fomos falando com o Sérgio Ribeiro (CEO da Hyundai Portugal) ele sempre foi crítico quanto ao que os ralis deviam ter e não tinham, sentia que era preciso fazer algum trabalho por parte da federação e dos organizadores. Olhando para trás, a Hyundai está contente ou continuam a faltar algumas coisas?

“Sim, tem-se feito algum caminho mas continuam a faltar algumas coisas. Nós já não temos ralis de três dias, ralis ao domingo salvo uma ou outra exceção, mas fez algum caminho nessa área, houve redução do número de provas, os pilotos devem fazer as provas todas, também me parece parece interessante, a Powerstage, tudo isso são marcos no caminho certo, mas ainda hoje sentimos que falta esta dimensão espetáculo, nós muitas vezes não conseguimos ativar como queríamos, ou porque não há espaço, ou porque o Parque de Assistência não se coaduna com isso, ou porque é numa zona deslocada e não numa zona central, onde o público poderia e gostaria de se deslocar, para ver os carros, tomar contacto com os pilotos, portanto nessa área acho que há ainda muito a fazer.”

Quer dar algum exemplo do que tivesse visto numa ou noutra prova que gostava de ter visto extensível a outras?

“Temos alguns eventos bastante bem organizados, não queria particularizar nas provas do CPR, mas posso falar por exemplo provas extra ao Campeonato de Portugal de Ralis, em que nós estivemos, e em que nós conseguimos fazer boas áreas de espetáculo, com bancadas, com conforto, para atrair bastante público.

Nós estivemos este ano no Caramulo Motorfestival, no Leiria Sobre Rodas, e falamos de ações que atraem muita gente, e onde se consegue criar essa dinâmica de espetáculo, que também é importante, e acima de tudo para as marcas comunicarem, para vermos manchas de público e para também percebermos que estamos a impactar as pessoas.

Nós no fundo, como sempre, quisemos levar o rali às pessoas. As sessões de autógrafos muitas vezes organizadas, temos diferentes casos, de situações muito mais impactantes do que outras, o tema dos horários que muitas vezes também da passagem dos carros, temos horários de algumas Street Stages que já não fazem algum sentido, tudo isto, mesmo os horários que é um tema que ainda hoje temos, em que temos ralis a começar quase de madrugada, o carro quase não vem à assistência. É interessante ver os carros passar num troço, mas há muito público que também gosta de se deslocar à assistência, gosta de ver os carros e tomar contacto com os seus ídolos.

E isso são sempre áreas de ativação muito interessantes. Portanto era bom nessa área ter condições de ativação, e até desafios por parte das entidades organizadoras, e eu recordo-me que estamos nós muitas vezes a falar com os organizadores, a lutar por espaço, para poder ter uma exposição de carros para poder ter um simulador, ter uma área.

Não só o tema competitivo devia ser importante, o desporto, a competição, mas sem público também não adianta muito a competição. Acho que há ainda muitas hipóteses de melhoria…”

E agora como perspetiva o futuro, a Hyundai pretende ficar nos ralis até quando?

“Todos os anos reavaliamos. Como é natural numa empresa ou num negócio que temos para gerir, e portanto neste momento estamos também em avaliação, mais uma vez, tomaremos decisões nas próximas semanas, sobre a nossa decisão de continuidade ou não, e também da forma como nos apresentaremos.

A continuar será sempre de uma forma impactante, sempre posicionados para ganhar, sempre posicionados para fazer de forma diferente, impactando, lá está, este ano apresentamos-nos com com um projeto diferente, com a vinda do Craig (Breen) depois prosseguida pelo Kris (Meeke) e mais uma vez achamos que ‘mexemos’ no campeonato, mais uma vez, além de trazer competitividade, trouxemos mais gente para os ralis.

Os nossos dados dizem isso, temos crescido sempre em termos dos nossos canais digitais, tivemos também crescimento o que é impacto media, acho que para o desporto em geral também foi positivo. Portanto, estamos a pensar, como disse, é um investimento importante, é um dos pilares da nossa comunicação, e por isso tem de ser bem ponderado para decidirmos, se o fizermos vamos fazê-lo com força, e bem. Vamos tomar essa decisão agora nos próximos tempos…”

Normalmente quando falamos em receitas vencedoras, provavelmente se decidirem continuar a receita poderá ser semelhante ao que fizeram este ano, refiro-me obviamente a ter um piloto estrangeiro de nomeada?

“estamos em avaliação essa é uma área que não está fechada, estamos ainda em avaliação se vamos ter projeto e como é que vai ser, mas teremos novidades nas próximas semanas, seguramente”

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