Recorde os quatro últimos Ralis Serras de Fafe

Por a 14 Fevereiro 2018 17:16

Pedro Meireles venceu duas dos últimos quatro Rali Serras de Fafe, um rali que tem ‘devolvido’ grandes disputas, e que tem terminado, em algumas vezes, com um vencedor diferente daquele que a prova foi ‘dizendo.

Em 2014, Pedro Meireles alcançou a sua primeira vitória no Campeonato Nacional de Ralis numa prova discutida até ao último quilómetro com o estónio Martin Kangur. No ano seguinte, era a vez de Ricardo Moura conquistar a sua primeira vitória no Rali Serras de Fafe, num rali equilibrado, com Miguel Campos, João Barros e José Pedro Fontes a andar bastante bem.

Em 2016, avarias mecânicas afastaram da luta vários protagonistas, sendo Zé Pedro Fontes a vencer e por fim, o ano passado, novo triunfo de Pedro Meireles depois de novo azar de Ricardo Moura. Recorde como foram os quatro últimos Serras de Fafe.

Rali Serras de Fafe 2017: Triunfo de Pedro Meireles

Pedro Meireles venceu o Rali Serras de Fafe depois de um azar de Ricardo Moura. Mas por tudo o que o piloto do Skoda fez neste rali, a vitória também lhe fica muito bem…

Não faltou quase nada no Rali Serras de Fafe! As melhores estradas do mundo para a prática de ralis, o melhor público do mundo – 99.9% para sermos mais precisos – muitos e bons carros, equilíbrio nas várias categorias em compita, e só faltou mesmo que as diversas lutas pelos lugares de destaque se estendessem até ao fim do rali. Não aconteceu, mas enquanto houve equilíbrio, a luta, foi ‘da boa’. Ah! E faltou também que alguns espectadores tivessem feito melhor ficar em casa, porque insistem em comportamentos que um dia lhes poderão causar muitos dissabores. E não é por falta de aviso.

O que se passou em Montim 1 poderia ter sido complicado, mas felizmente nada de grave se passou. Exceção feita a esse pormenor, a prova correu sobre rodas, embora existam pilotos a criticar o facto de haver tantos troços seguidos sem assistência. Por exemplo, Ricardo Moura alega que seis troços sem assistência é demais, e bastava uma pequena passagem pelas ‘boxes’ a meio da manhã para que o seu carro não ficasse pelo caminho com uma rótula da suspensão partida. Na verdade, percebe-se que os ralis devam ter o maior ritmo possível, mas por outro lado também achamos que uma curta assistência talvez não estendesse demasiado o rali, e todos ficariam a ganhar com isso.

Em termos desportivos, Paulo Meireles e Mário Castro abriram a época a vencer ao levarem o Skoda Fabia R5 a um saboroso triunfo, isto depois deles próprios terem tido um problema que aparentemente os teria afastado da luta pelo triunfo. Na fase inicial da prova, Pedro Meireles e Ricardo Moura entregaram-se a uma luta muito interessante, e apesar do açoriano ter estado desde a primeira especial sempre na frente do rali, a verdade é que até à PE3, Moura e Meireles estavam apenas separados por 1,7s. Só que na PE4 o piloto do Skoda vê soltar-se um tubo do intercooler, que o fez perder 28.3s, caindo com isso para o terceiro lugar da geral, trás de José Pedro Fontes que nessa altura já estava a 20.90s do líder. A partir daí, Moura deixava de ter necessidade de andar a fundo. Contudo, também ele teve um pequeno contratempo com as luzes de longo alcance do seu Fiesta R5, que se desligavam e na noite de Fafe perdeu alguns segundos à conta disso. Entretanto, Meireles já tinha voltado a passar Fontes, mas sem recuperar tempo a Moura que chegou ao final do primeiro dia de prova com 31.3s de avanço.

Reviravolta

O rali parecia estar resolvido, e isso ficou reforçado quando Moura venceu as duas primeiras especiais do último dia de prova, colocando a diferença para o segundo em 42.30s, mas tal como já tinha sucedido nos dois anos anteriores, um novo golpe de teatro, o açoriano voltou a desistir quando liderava, desta feita com um rótula da suspensão a ceder numa ligação. Muito azar para um piloto que não merecia este desfecho, e que pode ter determinado negativamente seu futuro na competição.

Quanto a Meireles, ficou a três troços do fim sozinho na frente, com 18.4s de avanço para um José Pedro Fontes que nesta prova não esteve nos seus melhores dias: “O resultado foi melhor que a exibição. Não estivemos ao nível do ano passado, reconheço isso, não sei porquê mas foi isso que aconteceu. O carro não deu nenhum problema, a não ser o furo que tivemos na última classificativa”, confessou o Campeão em título que terminou em segundo atrás de Meireles.

Outro dos pilotos que poderia ter animado mais a prova mas que não o fez foi João Barros, que voltou a ter azar em Fafe. Depois do ano passado ter tido problemas logo no primeiro dia, desta feita o azar ‘espalhou-se’ ao longo dos dois dias de prova. O motor nunca esteve a 100 por cento, e a equipa teve dificuldades de perceber porquê: “Foi uma prova muito complicada para mim. O resultado acabou por ser melhor que a exibição pois nunca consegui ter o carro como queria. Tivemos inúmeros problemas e o pódio acaba por ser um prémio mais para a combatividade do que para o andamento” disse João Barros.

Grande quarto lugar de Paulo Meireles, que chegou mesmo a fazer dois terceiros lugares em troços, numa altura em que toda a gente estava em prova sem problemas. O irmão do vencedor do rali, não guiava há um ano, agarrou no Skoda e ‘bora lá’ divertir-me. Houve quem nos tenha dito, “pensava que era o Meireles, quando o vi”. E era, mas o mais velho. Excelente exibição e uma grande mais valia para a prova.

Para que se perceba a quantidade de incidentes neste rali, o quinto classificado foi Ricardo Teodósio, o vencedor do Grupo N (ler em separado). Joaquim Alves desistiu no primeiro dia depois de um susto com um princípio de incêndio no Ford Fiesta R5 devido a um problema no motor. Elias Barros capotou no primeiro dia, depois de deixar o carro ir à berma numa travagem, mas este catapultou e o piloto já não o ‘agarrou’. O espanhol Pepe Lopez, que era um dos candidatos assumidos a vencer, bateu no salto de Montim, e ao aterrar danificou o radiador. Grande rapidez do ‘protegido’ de Carlos Sainz, mas ainda muita inexperiência do jovem de 21 anos, que num local em que todos travaram muito, o espanhol, voou para aterrar de bico. Regressou no dia seguinte até perceber que os danos não tinham sido totalmente reparados. Miguel Nunes, na sua primeira experiência em Fafe, depois de duas vindas a Mortágua, também não teve muita sorte, já que abandonou duas vezes, a primeira em Montim 3, com um princípio de incêndio e a segunda já perto do final do rali. Carlos Vieira também não terminou o rali, e depois de dois furos, acabou por ver o DS3 R5 ‘desligar-se’.

Manuel Castro também teve uma estreia muito complicada com o Hyundai i20 R5, já que andou de candeias às avessas com as afinações do carro e só por uma vez surgiu em lugares de destaque, no Confurco 2. Foi muito cuidadoso, para acumular quilómetros, mas acabou por abandonar na última especial.

Grande Mesquita

Quem realizou um rali fabuloso foi Hugo Mesquita que não precisou muito para andar bem com o Skoda Fabia S2000. Sem experiência de quatro rodas motrizes, divertiu-se à grande, e mostrou que a indústria do calçado pode esperar. Terminou em sexto.

Miguel Barbosa até andou bem, entre o quarto e quinto lugar, mas no segundo dia cometeu um erro que o levou a perder muito tempo “Por um lado estou contente porque sinto que evolui a minha pilotagem, e a verdade é que o resultado é pior que a exibição. No segundo dia o motor começar a deitar fumo e isso desconcentrou-me, e batemos” disse o piloto do Skoda que se mostrou este ano um piloto bem diferente do que há um ano se estreou na mesma prova. Naturalmente! Diogo Salvi acusou o ritmo de tanto tempo sem ralis, e andou por posições que já não são habituais nele. Por exemplo, o ano passado foi sexto em Fafe… Vítor Ribeiro, segundo no Grupo N e Pedro Antunes, vencedor das duas rodas motrizes encerraram o top 10.

Caiu o pano sobre o Rali Serras de Fafe, um bom arranque para o CNR, mas há a preocupação face a demasiados projetos em ‘stand by’, que podem ser fundamentais para a competitividade.

Como habitual, foram aos milhares os espectadores nas serras de Fafe, e quanto à Demoporto, só falta apertar melhor com as zonas mais críticas de segurança. De resto, o rali é quase perfeito…

Classificação

1 Pedro Meireles/Mário Castro Skoda Fabia R5 1:30:49.10

2 José P. Fontes/Inês Ponte Citroen DS3 R5 a 0:59.20

3 João Barros/Jorge Henriques Ford Fiesta R5 a 1:14.00

4 Paulo Meireles/Marcos Gonçalves Skoda Fabia R5 a 1:45.60

5 Ricardo Teodósio/José Texeira Mitsubishi Lancer EVO X a 4:49.90 (1ºGR.N)

6 Hugo Mesquita/Valter Cardoso Skoda Fabia S2000 a 5:23.70

7 Miguel Barbosa/Miguel Ramalho Skoda Fabia R5 a 6:18.20

8 Diogo Salvi/Carlos Magalhães Skoda Fabia R5 a 8:01.40

9 Vitor Ribeiro/Pedro Alves Mitsubishi EVO IX a 8:38.80 (2ºGR.N)

10 Pedro Antunes/João Leones Peugeot 208 R2 a 10:17.20

11 Gustavo Espinel/Yeray Eugenio Ford Fiesta R5 a 10:46.80

12 Gil Antunes/Diogo Correia Renault Clio RS R3T a 11:59.10

13 Miguel Carvalho/Paulo Lopes Citroen C2 R2 MAX a 12:42.90

14 Pedro Sá/Jorge Antunes Mitsubishi Lancer EVO IX a 14:31.20 (3ºGR.N)

15 José Vieira/Hugo Rodrigues Mitsubishi EVO IX a 14:34.10 (4ºGR.N)

16 Ruben Moura/Luis Sá Renault Clio R3 a 16:20.30

17 Emanuel Silva/Gabriel Cunha Citroen C2 R2 MAX a 21:35.70

18 José Machado/Rui Filipe Opel Adam a 27:22.50

19 Daniel Nunes/Rui Raimundo Peugeot 208 R2 a 34:17.20

20 Joana Barbosa/Sofia Mouta Ford Fiesta R2 a 37:00.80

21 Paulo Moreira/Marco Macedo Peugeot 208 R2 a 47:37.30

Rali Serras de Fafe 2016: Vitória de José Pedro Fontes

As expetativas estavam altas para este início de Nacional de Ralis 2016 e apesar das contingências da prova terem determinado que a luta que teve lugar durante a primeira metade do rali não fosse até ao fim, a verdade é que, caso os projetos dos pilotos mais competitivos que marcaram presença em Fafe resolvam permanecer na competição, esta tem tudo para fazer juz ao muito que se falou dela nas semanas anteriores à prova. Catorze R5 estiveram à partida do Rallye Serras de Fafe, nem todos, como já se sabia, teriam condições para lutar pelos primeiros lugares, mas só a fiabilidade impediu que pudesse ter existido em Fafe um rali completamente épico, pois qualquer um dos pilotos que terminaram nos três primeiros lugares, e Ricardo Moura, tinham andamento para discutir o rali.

Não foi assim que aconteceu, na realidade, mas ficou a certeza que podemos ver vários pilotos a lutar pelos lugares da frente, caso se confirme a sua permanência na competição.

Os casos mais notórios são o de Miguel Campos, que marcou presença em Fafe e logo lutou ela vitória, e também o de Ricardo Moura, que há muito diz poder optar por um projeto Europeu ao invés do ‘Nacional’, caso os seus patrocinadores assim o determinem. Se ficarem, vai haver tanta emoção na luta pelas vitórias quanto a que existiu nas primeiras quatro especiais desta prova.

Com o abandono de Ricardo Moura na manha de sábado e com o atraso de Miguel Campos fruto da falha da direção assistida do seu Skoda Fabia R5, perderam-se dois pilotos que muito poderiam animar a luta pelo triunfo. Envolvidos nessa luta ficaram José Pedro Fontes e Pedro Meireles, que chegaram a estar separados por apenas 4.6s, a três troços do fim do rali, depois duma boa reação do piloto do Skoda. Mas Fontes reagiu e decidiu o rumo da prova.

Este, tirando um erro que cometeu no arranque do rali, que o fez perder 12 segundos, realizou um rali imaculado e fez o suficiente para merecer o triunfo. Pedro Meireles entrou mal no rali, nunca tinha rodado com o Fabia R5 nas condições de piso que encontrou, muita chuva, e alguma lama, e por isso foi cauteloso, demasiado, perdendo algum contacto com o trio da frente.

Quando ganhou confiança, fez o seu trabalho, recuperou tempo para Fontes e reentrou na luta pelos primeiros lugares, vendo ao mesmo tempo sair de cena Moura e Campos atrasar-se. De repente, estava na luta pela vitória, chegou ao meio do dia a 8.1s de Fontes, recuperou até ao 4.6s, mas não deu para mais.

Miguel Campos foi um dos heróis do rali e era bom que conseguisse realizar todo o campeonato, pois se o fizer já se percebeu ter armas para lutar na frente. Liderou a prova assim que teve o carro como queria, e só a direção assistida do Skoda o derrotou.

Curioso para quem não corria há tanto tempo.

Aqui é conveniente fazer um parêntesis para referir que Ricardo Moura mostrou enquanto andou que estava em Fafe para ganhar. Teve azar, e agora resta saber se continua. Se ficar de fora, é uma pena, pois faz muita falta a esta competição.

Carlos Martins estreou-se com o DS3 R5 e foi quarto, mostrando uma evolução segura ao longo da prova, não cometendo erros, assegurando um resultado acima das suas expetativas. Outro estreante foi Miguel Barbosa, que tem tudo para aprender nos ralis. O que fez foi bem feito, não cometeu erros e está já a acumular experiência, num caminho que tem claramente traçado na sua mente.

Diogo Salvi foi sexto, um resultado normal para o carro que guia. Sétimo lugar para Joaquim Alves, que nesta prova decidiu experimentar o Ford Fiesta R5, e esteve bem, revelando que se adaptou bem, dizendo mesmo que o Fiesta é mais fácil de pilotar. Manuel Castro trocou o Mitsubishi pelo Skoda, carro que recebeu à última da hora. Portanto o rali foi um teste, mas ainda assim já mostrou alguma adaptação, embora se note que está longe de tratar o carro por tu.

Elias Barros teve alguns problemas e daí não ter conseguido melhor que o nono posto, imediatamente na frente do vencedor das 2WD, Diogo Gago.

Fernando Peres estava um pouco desiludido com a sua prova, pensava poder andar mais à frente, mas já percebeu que o ritmo é elevado. Contudo, mostrou vontade de lá chegar. A idade já pesa, mas a classe não tem idade! Vai certamente mostrar mais durante o campeonato.

Nota final para os abandonos de Ricardo Teodósio, que fez duas curvas até ter problemas com os travões do seu Fiesta. João Barros andou bem na primeira especial, teve uma ligeira saída na segunda, e abandonou logo a seguir com problemas no diferencial do Fiesta.

Paulo Meireles foi uma boa surpresa, quem sabe não esquece, e o irmão do campeão de 2014 teve uma grande prestação até abandonar, quando era quarto, por exemplo à frente de Carlos Martins. Um grande rali! Carlos Vieira voltou a cometer um excesso, e capotou quando era sétimo.

Foi pena os abandonos de Moura e atraso de Campos, mas ficou a certeza que o CNR 2016 pode vir a ser competitivo e interessante, pois é bem diferente haver dois ou cinco pilotos a lutar pela dianteira. Há outros projetos interessantes a crescer, mas precisam de tempo para se afirmarem no panorama nacional dos ralis.

Classificação

1º José Pedro Fontes/ Inês Ponte Citroen DS3 R5 1h25m25.30s

2º Pedro Meireles/Mário Castro Skoda Fabia R5 a 9.60

3º Miguel Campos/Carlos Magalhães Skoda Fabia R5 a 1:07.20

4º Carlos Martins/Daniel Amaral Citroen DS3 R5 a 3:29.70

5º Miguel Barbosa/Miguel Ramalho Skoda Fabia R5 a 3:37.30

6º Diogo Salvi/Paulo Babo Ford Fiesta R5 a 4:32.10

7º Joaquim Alves/Luís Ramalho Ford Fiesta R5 a 4:36.70

8º Manuel Castro/Luís Costa Skoda Fabia S2000 a 7:30.80

9º Elias Barros/Ricardo Faria Ford Fiesta R5 a 8:08.00

10º Diogo Gago/Hugo Magalhães Peugeot 208 R2 a 8:30.50

11º Paulo Neto/Vitor Hugo Citroen DS3 R3T MAX a 14:07.10

12º José Barbosa/Ricardo Barbosa Mitsubishi EVO X a 15:35.50

13º Fernando Peres/J.Pedro Silva Ford Fiesta R5 a 17:25.20

14º Francisco Teixeira/João Serôdio Renault Clio a 21:22.10

15º Paulo Moreira/Marco Macedo Skoda Fabia R2 a 22:54.50

16º Marco Reis/Nuno Carvalhosa Mitsubishi EVO X a 24:12.10

17º João Costa/Paulo Marques Citroen C2 R2 a 28:28.30

18º Nelson Trindade/Roberto Santos Mitsubishi EVO IX a 34:38.10

19º João Ruivo/Emídio Magalhães Renault Clio R3 a 40:16.90

Rali Serras de Fafe 2015: Triunfo de Ricardo Moura

Ricardo Moura conquistou a sua primeira vitória no Rali Serras de Fafe, lançando para o terreno a primeira pedra daquele que poderá ser o seu quarto título no Nacional de Ralis. Mas na jornada inaugural do Nacional de Ralis, Miguel Campos, João Barros e José Pedro Fontes também ‘mostraram serviço’… Temos campeonato!

O palco para o arranque do Campeonato Nacional de Ralis não podia ser melhor escolhido. Fafe é catedral dos ralis e provou-o no último fim de semana ao oferecer aos pilotos e fãs da disciplina um ambiente ímpar apenas comparável à época dourada dos ralis nacionais em que as estruturas oficiais apoiadas nos importadores nacionais de diversas marcas coloriam o Nacional de Ralis. Classificativas carregadas de espectadores, Parque de Assistência com moldura humana capaz de envergonhar as bancadas de muitos estádios de futebol e emoções fortes na luta pela vitória – que chegou a ter quatro candidatos – terão, mais tarde ou mais cedo, que ter reflexos na aproximação ou reaproximação dos agentes que, indiretamente, suportam e dão vida à modalidade: os patrocinadores. Os que tiveram em Fafe, levaram para os seus escritórios na segunda-feira uma importante ‘lição de retorno’, percebendo que há afinal matéria mais do que suficiente para colherem os frutos da sua aposta financeira. A resposta massiva do público (onde se incluíram milhares de espanhóis) que vibrou e nem sequer se importou de respirar quilos de pó para estar mais perto da ação (por vezes, até perto demais levantando, nalguns locais, as pertinentes questões de segurança com o Vodafone Rally de Portugal à porta), ajudou, certamente, a revitalizar a imagem do Nacional de Ralis que procura ainda readquirir a projeção mediática de outrora e que volta a ganhar armas, em termos de espectáculo, para concorrer com modalidades desportivas que lhe tinham roubado protagonismo.

Não obstante e para não fugir à verdade, é também preciso dizer que a prova de Fafe, organizada pela Demoporto, encerra em si atrativos peculiares como o facto das especiais serem das mais apreciadas do mundo pelo público, das mais desafiantes para os pilotos e, neste caso, de servir de primeiro barómetro à competitividade do campeonato, reforçando os níveis de ansiedade e expetativa para os fãs da disciplina. É, por isso também, que não é 100% líquido que o resto das provas do campeonato possam respirar a mesma ‘aficcion’. Mas não há dúvida que, neste caso, a casa não começou a ser construída pelo telhado…

Moura o mais eficaz

Com o Sol e a brilhar e a assumir uma quota parte importante na responsabilidade do êxito do espectáculo proporcionado, a prova acabou por viver da intensidade da luta pela vitória. É certo que, o vencedor, Ricardo Moura, não teve que suar tanto como Pedro Meireles o tinha feito no ano anterior quando bateu o estónio Martin Kangur por apenas 1,3s, mas também é verdade que os 25,3s que o separaram, no final de 12 classificativas, do regressado Miguel Campos, o segundo classificado, e o 1m20,5s que o distanciou de João Barros, que completou o pódio, não expressam os momentos de emoção competitiva vividos na arena de Fafe que só não foram maiores porque a estreia de José Pedro Fontes com o DS3 R5 no regresso oficial de uma marca ao campeonato acabou por ser afetada por um problema hidráulico, confirmando a produtividade do binómio piloto/carro.

De qualquer modo, foi já possível tirar as primeiras conclusões sobre aquilo que se pode esperar para o CNR de 2015, no plano competitivo, ficando no ar, desde já, a ideia de que poderemos ter um dos campeonatos mais competitivos dos últimos anos.

Depois de ter construído uma vitória isenta de erros e que soube estruturar e ‘soldar’ nos momentos-chave, Moura apresentou a sua ‘carta de intenções’ à conquista do título, mostrando ter a ‘cabeça limpa’ relativamente à atribulada época de 2014 e encontrando no Fiesta R5 preparado pela ARC Sport um forte aliado para sair de Fafe com a motivação em alta.

Mas também ficou provado na primeira prova do campeonato, que o tricampeão nacional não deverá ter vida fácil já que João Barros e José Pedro Fontes deixaram provas claras que estão no seu ritmo, mesmo se acabaram por não traduzir em resultados práticos essa rapidez, sobretudo, o piloto do DS3 (já que Barros foi até quem mais classificativas ganhou, juntamente com Moura) condicionado pela perda da direção assistida do carro francês em sete das 12 especiais que compunham o rali.

Quanto a Miguel Campos, a única dúvida é se poderá marcar presença em todo o campeonato pois caso o seu projeto de titularidade receba ‘luz verde’, o piloto do Peugeot 208 T16 deixou expressos em Fafe argumentos mais do que suficientes para se integrar na lista de candidatos ao títulos uma vez que o pouco tempo que teve de adaptação ao carro construído pela Peugeot Sport em pisos de terra não lhe permitiu extrair todo o sumo deste no primeiro round do Nacional. E se um erro na escolha de pneus também o colocou, numa altura decisiva, mais longe da vitória, se calhar se o rali fosse de asfalto, talvez a história final se contasse de outra maneira…

Um título discutido a quatro seria já muito positivo mas convém não esquecer o atual campeão nacional, Pedro Meireles, que em Fafe nunca se entendeu com o Skoda Fabia S2000 que os italianos da PA Racing lhe colocaram nas mãos, mas que, ao conquistar um quarto lugar, não comprometeu um resultado que poderá ainda revelar-se importante nas contas do final do ano, logo que o projeto do Skoda R5 se concretize e o carro checo se mostre competitivo para jogar de igual para igual com o Fiesta, 208 e DS3. Sim, porque, o Campeonato Nacional de Ralis arrisca-se a ser visto como uma das principais referências europeias em matéria de competitividade e diversidade de parque automóvel, o que, por certo, lhe aumentará o prestígio e a notoriedade. Filipe Pinto Mesquita

Classificação:

1º Ricardo Moura/António Costa Ford Fiesta R5 (1º RC2) 1h31m48,4s

2º Miguel Campos/Carlos Magalhães Peugeot 208 T16 a 25,3s

3º João Barros/Jorge Henriques Ford Fiesta R5 a 1m20,5s

4º Pedro Meireles/Mário Castro Skoda Fabia S2000 a 3m17,6s

5º Adruzilo Lopes/Vasco Ferreira Subaru Impreza R4 (1º RC2N) a 3m42,5s

6º Paulo Meireles/Marcos Gonçalves Ford Fiesta R5 a 4m06,4s

7º DS3 Vodafone Team/José Pedro Fontes/Miguel Ramalho Citroën DS3 R5 a 5m12,8s

8º Joaquim Alves/Pedro Alves Skoda Fabia S2000 a 7m00,2s

9º João Ruivo/António Magalhães Renault Clio R3 (1º CNR2) a 7m15,3s

10º Max Vatanen/Melinda Bauret Ford Fiesta RC4 a 7m25,0s

11º Marco Cid/Nuno Rodrigues Silva (Renault Clio S1600), a 9m13,3s; 12º RF Competições/Paulo Neto/Vítor Hugo (Citroën DS3 R3T), a 9m19,2s; 13º Teo Martin Motorsport/Pepe Lopez/Borja Rozada (Peugeot 208 R2), a 9m21,5s; 14º Miguel Carvalho/Paulo Lopes (Citroën C2 R2 Max), a 12m12,5s; 15º Francisco Teixeira/João Serôdio (Mitsubishi Lancer Evo X), a 12m33,8s; 16º ICE POL RT/Ghislain de Mevius/Johan Jalet (Ford Fiesta RC4), a 14m32,7s; 17º Inside Motor/Renato Pita/Luís Cavaleiro (Peugeot 208 R2), a 14m49,5s; 18º Monteiros Competições/Paulo Moreira/Marco Macedo (Skoda Fabia R2), a 16m01,9s; 19º Monteiros Competições/Marco Reis/Alexandre Rodrigues (Citroën C2 R2), a 24m34,9s; 20º Cristina Silva/Isabel Ramalho (Fiat 500 Abarth), a 36m18,8s.

Rali Serras de Fafe 2014: Meireles por 1,3s

Aos 40 anos, Pedro Meireles chegou à primeira vitória no Campeonato Nacional de Ralis numa prova discutida até ao último quilómetro com o estónio Martin Kangur. Jovem piloto do Fiesta S2000 ficou a apenas 1,3s do Skoda, num rali que reuniu grande expectativa e muito público em Fafe

Pedro Meireles pode ser considerado um veterano dos ralis nacionais ou não tivesse começado na modalidade em 1996, sagrando-se campeão dos Iniciados. Regressado à competição em 2004, com o projeto dos Volkswagen Polo S1600 em conjunto com o irmão Paulo Meireles, o piloto de Guimarães esteve na discussão pelos primeiros lugares do campeonato nos últimos anos, primeiro com o Mitsubishi Lancer Evo X e desde 2013 com o Skoda Fabia S2000… em ambos os casos, tendo de assistir aos triunfos do tricampeão nacional, Ricardo Moura. Foi por isso que o Rali Serras de Fafe do passado sábado foi um momento particularmente especial para Pedro Meireles, até porque a primeira prova do Campeonato Nacional de Ralis reuniu um plantel de luxo, quer ao nível dos pilotos quer nos carros em prova.

Dificilmente poderia ter havido melhor palco para um rali que juntou três S2000, três dos novos R5 e os habituais Subaru e Mitsubishi do agrupamento de Produção. Se juntarmos a isto a presença de dois campeões nacionais absolutos (e um terceiro, Bernardo Sousa, ao volante de um Fiesta RRC como Carro 0) e o regresso de Rui Madeira para celebrar os seus 25 anos de carreira, é fácil perceber por que a prova da Demoporto era uma das mais aguardadas dos últimos anos. Só que Ricardo Moura tratou logo de mostrar que o cenário de 2014 não será assim tão diferente do de 2013, com o açoriano a entrar ao ataque e a impor o mesmo ritmo que tantos ‘estragos’ fez entre a concorrência num passado recente. Apesar de ser o primeiro na estrada e não ter trilhos nas especiais como referência, Moura ganhou os quatro primeiros troços (acumulando meio ponto extra por cada um, segundo as novas regras) e só foi batido no quinto por Meireles. Isto significava que o Fabia S2000 de Moura iria partir para a secção da tarde com 10 segundos de vantagem sobre o congénere de Meireles, tendo o Fiesta R5 de Rui Madeira no terceiro lugar mas já a 44 segundos.

O momento do rali

E foi então que aconteceu aquilo que poucos esperavam: na segunda passagem pelos 14,02 km de Luílhas (PE6), Moura embateu numa pedra no meio que estava no meio dos trilhos e com isso partiu o cárter do Skoda, que perdeu todo o óleo do motor e obrigou o líder a abandonar. Meireles passou naturalmente para a frente mas o estónio Martin Kangur também começou a ‘abrir’ o livro. O jovem piloto, que tinha vindo a Portugal para se habituar ao Fiesta S2000, iniciou uma série de quatro vitórias em classificativas, subindo de quarto para segundo e colocando a vitória de Meireles em risco pois arrancou para o último troço a 9,5s do Skoda (começou a tarde a 35,5s). Kangur voltou a ser o mais rápido e ficou a escassos 1,3s do vencedor, uma das mais margens mais reduzidas da história do CNR, começada em 1956.

Sem ritmo para os três pilotos mais rápidos do rali – Moura, Kangur e Meireles -, Rui Madeira compensou esse handicap com a sua habitual consistência naquela que era a prova de estreia com o Ford Fiesta R5 (tinha apenas feito um pequeno teste poucos dias antes). Madeira não cometeu erros e também foi recuperando tempo a Meireles na fase em que este já tentava gerir a vantagem, com o antigo vencedor da Taça FIA de Grupo N a terminar a 19,9s do primeiro mas subindo ao pódio neste seu regresso aos ralis.

A luta entre os Subaru de José Pedro Fontes e Adruzilo Lopes também prometia mas o piloto do Porto ficou de fora na PE4, com o turbo partido, e Adruzilo não tinha carro nem pneus (demasiado duros) para imiscuir o Impreza R4 entre os S2000 e R5 nos pisos algo degradados. Assim, o antigo campeão nacional teve de contentar-se com o quarto lugar final, a quase três minutos do vencedor, esperando agora reduzir essa diferença no asfalto de Guimarães, onde no ano passado chegou a discutir a vitória absoluta. Diogo Salvi estreava o Fiesta R5 preparado pela ARC e preocupou-se sobretudo em chegar ao final e ir descobrindo um carro bastante mais competitivo e exigente do que o Mitsubishi que usou no Open nas últimas épocas. Atrás de Salvi terminou Ricardo Teodósio, que teve uma prova atribulada devido a um pião na primeira especial, um toque na segunda que danificou a suspensão dianteira do Lancer Evo IX, uma penalização de 1m40s por ter excedido o tempo na assistência e uma situação bizarra quando ficou sem gasolina na zona reabastecimento porque o seu bidão tinha sido usado por outro concorrente. Em suma, um regresso demasiado problemático para um piloto que contava discutir a vitória na Produção (grupo RC2N). O Rali de Guimarães será a segunda prova do Campeonato Nacional de Ralis, a 8 e 9 de março.

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