Rali do Alto Tâmega: Bruno Magalhães vence e lidera campeonato

Por a 31 Agosto 2020 13:48

A dupla Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai i20 R5) venceu o Rali do Alto Tâmega, na sequência duma boa luta com Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia R5 evo). A dois troços do fim, a diferença era de 2.8s…

O Rali do Alto Tâmega foi uma espécie de prova dos nove do Campeonato de Portugal de Ralis. Para sermos mais exatos, uma prova dos quatro… tira dois! Tudo porque se Armindo Araújo e Bruno Magalhães chegavam a Trás-os-Montes já bem destacados na frente, ainda mais ficaram com estes resultados. Ricardo Teodósio/José Teixeira (Skoda Fabia R5 Evo) e José Pedro Fontes e Inês Ponte (Citroën C3 R5), respetivamente, terceiro e quarto, têm agora um ‘Evereste’ para escalar caso queiram chegar ao título, que em condições normais vai ser decidido entre as duplas do Team Hyundai Portugal e The Racing Factory.

Com três provas pela frente – caso se confirme a troca dos Açores, já cancelado, pelo Rali Terras d’Aboboreira – o CPR ainda terá três provas, e com isso muito rali para chegar à decisão. Para já, Bruno Magalhães ganhou um ascendente de 8,69 pontos.

É sempre bom um rali novo no CPR, e nós concordamos com quem acha que todos os anos devia ser regra uma prova subir, outra ‘descer’. Percebe-se que isso cria dificuldades acrescidas aos organizadores na sua relação com possíveis patrocinadores, no caso as Câmaras Municipais, mas também os obriga a ser exigentes na montagem dos seus eventos, e isso reflete-se no terreno. A prova do CAMI passou por um momento complicado, com o acidente na PE2, houve ali falhas que não há agora tempo de analisar a fundo, mas preferimos ser pedagógicos e o que pretendemos fazer no futuro é falar com os protagonistas principais, os pilotos, para que eles nos digam o que se deve mudar no CPR, em casos como esse e em alguns outros. Felizmente, o caso não foi mais grave, e o mais importante é aprender e seguir em frente.

Voltando à parte desportiva, os quatro principais candidatos ao título chegaram a Chaves com vontade de levar água ao seu moinho mas depressa as circunstâncias começaram a separar as águas. O primeiro a ‘tremer’ foi José Pedro Fontes com o azar da qualificação, onde saiu de estrada. Reparou o carro a tempo de arrancar para a prova, mas a sua ordem na estrada foi logo o primeiro óbice. É que arrancar para a estrada em nono esteve longe do ideal, já que naturalmente, com os cortes de bermas de oito carros, apanhou a estrada bem mais suja.

Na qualificação percebeu-se que os Skoda estavam fortes, mas os troços do rali eram bem diferentes do shakedown/qualificação. E aí, com apenas seis troços, inevitavelmente, extensos para cumprir a quilometragem, significava que havia dois pilotos, Armindo Araújo e Bruno Magalhães que estão bem mais habituados a troços novos, e longos.

O primeiro a fraquejar foi Ricardo Teodósio, cedendo 4.7s em 15.06 Km, Bruno Magalhães deu de imediato um forte sinal ao que ia, mas Armindo Araújo tinha falhado uma travagem numa chicane e aí perdido alguns segundos.

Na segunda especial, o piloto do Skoda mostrou quão rápido estava e passou de imediato para a liderança, 2.3s na frente do piloto da Hyundai.

Zé Pedro Fontes, lutava mas não conseguia fazer melhor do que ficar a 11.8s, e Ricardo Teodósio perdia por completo o comboio desconcentrando-se na PE2, perdendo 25.8s em 18.72 Km… devido a um cão.

No dia seguinte, com quatro troços pela frente, Bruno Magalhães reagiu de imediato e apanhou Armindo Araújo com um carro demasiado duro para o estado dos troços. O piloto do Hyundai venceu os dois troços da manhã, o homem do Skoda perdeu algum tempo e no final da PE4 a diferença era de 2.8s favorável a Bruno Magalhães.

Apesar de ter tentado reagir, Fontes estava a 15.9s, e Teodósio já se tinha auto-excluído da luta no dia anterior. Distava 31.7s do líder.

O rali decidiu-se na PE5, quando Armindo Araújo furou a 3 Km do fim da especial, perdendo 8.8s para o Hyundai i20 R5 líder, e aí desfizeram-se as (poucas) dúvidas que existiam quanto ao vencedor do rali: Bruno Magalhães. Infelizmente para si, Fontes ainda fez um pião e caiu para quarto atrás de Teodósio. A partir daqui a luta pelo título é a dois.

Os dois candidatos

Bruno Magalhães e Carlos Magalhães (Hyundai i 20 R5) fizeram um grande rali. Não cometeram erros, não falharam afinações e tiraram tudo o que o Hyundai tem para dar. Resumidamente, depois do triunfo na Madeira, novo triunfo em Chaves e a liderança do campeonato, por uma margem que não é confortável, mas é motivadora, e merecida pelo trabalho que têm vindo a fazer com um carro que a maioria entende ser o mais difícil dos R5.

Agora, faltam três provas para o final da competição, está tudo em aberto, numa luta que se reduziu a dois. Não em termos matemáticos, pois ainda ficam a faltar 105 pontos para distribuir, mas realisticamente, José Pedro Fontes e Inês Ponte (Citroën C3 R5) e Ricardo Teodósio/José Teixeira ficam agora com hipóteses mínimas de chegar ao título, pois precisavam imperativamente de vencer e ficaram longe do conseguir.

Armindo Araújo perdeu o rali não só devido ao futuro que sofreu na PE5, mas essencialmente porque Bruno Magalhães foi mais forte, só num troço do rali não comandou a prova, não dando grandes hipóteses ao homem da The Racing Factory. Armindo Araújo chegou líder ao fim do primeiro dia, mas Bruno Magalhães reagiu muito bem, ‘dando’ 3.4s ao piloto do Skoda. Já houve provas, Fafe e Castelo Branco, em que Armindo Araújo não deu hipóteses de reação à concorrência, mas agora em Chaves, teve em Bruno Magalhães um adversário bem mais forte. Isto diz muito do nível a que se luta hoje em dia no CPR. Agora, há três ralis pela frente para reagir. Mais uma vez, tudo aponta para um CPR com luta até ao último troço.

Adeus ao título

Ricardo Teodósio e José Teixeira (Skoda Fabia R5 Evo) têm este ano um carro melhor, mas não têm conseguido tirar o melhor partido dele. É verdade que toda a concorrência melhorou – já se esperava que assim fosse – mas em todas as provas estão a suceder detalhes que ajudaram a criar o fosso. Para tornar curta uma história longa: não têm tido andamento para fazer muito mais. E este pódio foi lisonjeiro. Três terceiros e um quarto lugar não deixam lugar a dúvidas. Este não é o ano de Ricardo Teodósio. Chegaram ao terceiro lugar, venceram a PowerStage, provavelmente só encontraram o caminho nos dois últimos troços, mas aí já era tarde.

No final do primeiro dia, já tinha o rali ‘perdido’. No troço de abertura, foi de imediato o pior dos quatro candidatos, e o que lhe aconteceu no seguinte, ‘acabou-lhe’ com o rali. Numa zona estreita, apanhou um cão na estrada, desconcentrou-se e a partir daí foi sempre a cair, terminando o troço a 25.8s. Não sabemos a exata diferença que o cão fez, mas sabemos que, olhando para trás, o algarvio está a fazer uma época bem diferente da do ano passado, e logo quando tem um carro que em teoria é bem mais eficaz. Até aqui em nenhuma prova esteve, sequer em linha para vencer uma prova. Este sim, sempre a correr atrás do prejuízo. Faltam três ralis, em termos de campeonato, despediu-se agora, que não em termos matemáticos.

A prova de José Pedro Fontes e Inês Ponte terminou com o quarto lugar final, mas a dupla do Citroën C3 R5 começou a perder este rali logo na qualificação, quando alargaram uma trajetória, o carro foi à berma, e saíram de estrada. Felizmente o carro não ficou muito danificado, mas a ordem na estrada significou a estrada bem mais suja, mas apesar de terem entrado no rali com toda a garra, ao cabo de dois troços já estavam a 11.8s dos líderes e num rali tão curto, recuperar tantos segundos é complicado e a prova que tudo tentaram, deram tudo o que tinham foi o pião na penúltima especial, onde perderam quase três dezenas de segundos e o terceiro lugar para Ricardo Teodósio.

Eram, quanto a nós, os principais favoritos ao triunfo nesta prova, pelo tipo de estradas, sendo que os quatro troços tinham muitas zonas de ‘pista’ e o facto de ter passado pela velocidade poderia ajudar Fontes a um bom resultado aqui. Para além disso, se há um tipo de piso em que Fontes é mais forte, é no asfalto. Mas a realidade foi diferente, e como já dissemos, tudo começou na qualificação. Tal como Teodósio, a matemática é um ciência exata, a diferença pontual é menor do que os pontos em jogo, mas quase 50 pontos para recuperar em três provas é obra.

’Segundo pelotão’ melhora

Pedro Meireles e Mário Castro (Volkswagen Polo GTI R5) foram quintos classificados, repetindo a posição já alcançada na Madeira. Em condições normais, andam perto do top 4, mas é preciso que tudo lhes corra na perfeição para andarem mais à frente e nesta prova o melhor que fizeram foi um terceiro lugar num troço. Tendo em conta a luta à sua frente, fizeram o esperado. A cada dois troços perderam 22s para a frente do rali, e só na fase final a diferença foi um pouco menor. Contudo, há aqui um dado importante já que Meireles fez um pião no primeiro troço do segundo dia, em que só aí perdeu 13 segundos, pelo que isto prova que seu ritmo com o Polo está a melhorar.

Miguel Correia e António Costa (Skoda Fabia R5) estão cada vez mais perto do top 5 em termos de andamento, numa luta pessoal que o jovem piloto tem vindo a travar. Tem ralis melhores, outros piores, neste travou uma interessante luta com João Barros. Chegaram ao fim do primeiro dia separados por 3.2s, favoráveis ao piloto do Citroën C3 R5, passados dois troços a margem aumentou para 8.5s, mas no troço seguinte, o mais extenso da prova, passaram Barros, que não terminou o rali devido a um duplo furo. A dupla do C3 R5 fez uma boa prova, está cada vez melhor adaptada ao seu novo carro, mas o facto de fazer só alguns ralis nota-se no ritmo, especialmente quando as especiais são mais longas, pois requerem mais consistência. Nunca fizeram melhor que sexto num troço.

Peugeot 208 Rally 4 competitivos

Pedro Antunes e Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4) foram sétimos da geral e venceram a Peugeot Rally Cup Ibérica, mas isso pode ler em separado. Registamos só a forte competitividade dos Peugeot 208 Rally 4. Sete carros no top 15.

Manuel Castro e Ricardo Cunha (Skoda Fabia R5) foram oitavos da geral, mas foi devido a um pião na penúltima especial que perderam o sétimo lugar…por 0.6 segundos. Seguiu-se boa parte do contingente da Peugeot Rally Cup Ibérica.

Logicamente, nas duas rodas motrizes do CPR o triunfo foi para Pedro Antunes, 54.6s na frente de Pedro Almeida e Hugo Magalhães (Peugeot 208 Rally 4) que apanharam um susto na manhã do segundo dia e isso retirou-lhes confiança para andar mais depressa. Nesta luta particular, Ruben e Estevão Rodrigues (Peugeot 208 Rally 4) completaram o pódio.

Destaque para Daniel Berdomás e David Rivero, que realizaram uma bela estreia nos R5 (ler mais nas páginas 14/15). Ricardo Sousa e Luís Marques (Peugeot 208 R2) foram quintos dos 2WD e venceram o Challenge R2&You, 0.7s na frente de Daniel Nunes e Nuno Mota Ribeiro (Peugeot 208 R2). Adruzilo Lopes e Paulo Silva (Mitsubishi Lancer Evo IX) vencer os RC2N na frente de Fernando Teotónio e Luís Morgadinho (Mitsubishi Lancer Evo X). Gil Antunes e Diogo Correia tiveram um rali complicado com o Dacia Sandero R4, depois de um furo os ter atrasado muito. Seja como for antes disso, andaram atrás da maioria dos Peugeot 208 Rally 4. Depois do furo, limitaram-se a testar várias soluções durante os troços.

Vítor Pascoal (Porsche 911 GT3), venceu nos GT, Nuno Carreira (Subaru Impreza), fez o mesmo nos Clássicos, e Fernando Peres (Mitsubishi Lancer Evo IX), triunfou no Campeonato Norte de Ralis, foram outros dos vencedores das restantes provas englobadas neste Rali do Alto Tâmega.

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