Gonçalo Henriques: toda a história contada em talento, resiliência e pódios: “parado não vai ficar, no limite, com a Domingos Sport a lutar pelo título…”
Num momento em que Gonçalo Henriques está nas bocas do mundo após conquistar mais um pódio em duelo direto com os ‘velhos lobos’ dos ralis nacionais, importa destacar o papel fundamental de Ricardo Domingos e da Domingos Sport no seu percurso inicial – antes chegar à Hyundai – uma parceria que possibilitou ao jovem crescer. É essa a história que vamos contar...

Num tempo em que o nome de Gonçalo Henriques ecoa nas bocas do mundo, embalado por mais uma façanha quase inacreditável nos ralis nacionais, há uma equipa e um homem que merecem holofotes pelo papel crucial na construção deste percurso improvável.
O jovem piloto de Vila Nova de Poiares, que agora começa a ser ‘cliente’ nos pódios e em batalhas frontais com os lendários ‘velhos lobos’ do asfalto e da terra, conta no seu currículo dois momentos de estreia que já são página dourada: pódio com o Hyundai i20 N Rally2 em pisos de terra, no Algarve, e novo pódio nos imprevisíveis pisos de asfalto do Rali Vidreiro. Ambos conquistados no exigente Campeonato de Portugal de Ralis, ambos celebrados em duelos diretos com grandes nomes – aqueles que há duas décadas desenham o mapa das vitórias portuguesas.

Hoje em dia, temos que agradecer à Hyundai e à FPAK pela coragem na aposta, que já está a dar frutos, mas nada disto teria sido possível sem a visão de Ricardo Domingos e o espírito incansável da Domingos Sport, que souberam acreditar, investir e, acima de tudo, elevar Gonçalo à altura dos grandes.
Depois do Rali do Algarve, vimos ressoar as palavras de Ricardo Domingos – aquelas que se escrevem com emoção verdadeira: “Tanto havia a dizer sobre o que foram os últimos dois anos. Afirmei vezes sem conta que era o melhor piloto nacional, que era o melhor talento dos últimos 15, 20 anos. Hoje fez-se história… e o tempo deu-me razão. Parabéns Gonçalo Henriques, estou tão, mas tão orgulhoso. Como já te disse, o céu é o limite.”
Conversámos um pouco na ressaca desses dias intensos, há uns meses no Algarve; o tempo passou, o tempo voou, e eis que Gonçalo Henriques voltou a brilhar. Desta vez, porém, o AutoSport e Ricardo Domingos não deixaram palavras ‘penduradas’ – a conversa continuou, sempre movida pela certeza de que os sonhos só fazem sentido se forem vividos ao lado de quem acredita que o impossível… pode mesmo acontecer.

O caminho das pedras…
O caminho de um talento raro começa quase sempre por estradas secundárias, longe das luzes encadeantes dos favoritos. Mas há histórias que desafiam o mapa dos ralis e desenham um novo percurso – como a de Gonçalo Henriques. Um nome há uns tempos, quase secreto, moldado entre motores e sonhos, revelado pelos olhos atentos de Ricardo Domingos e da sua Domingos Sport.
Herdeiro de um humilde Clio Williams, feito na oficina do pai, Gonçalo era já uma promessa que se insinuava no pódio, discreto mas veloz, a enfrentar monstros de quatro rodas motrizes com a audácia dos que não conhecem limites. A persistência construiu-se entre desistências e avarias, mas também entre sinais inconfundíveis de talento puro, que só os verdadeiros apaixonados pelo desporto conseguem distinguir no meio da poeira e adrenalina.
Não faltaram puxões de orelhas, conversas duras e momentos em que tudo parecia perdido – já lá vamos à história contada na primeira pessoa – mas na escola Domingos Sport aprendeu-se que os campeões não se forjam apenas com cronómetro – constroem-se com resiliência, humildade e, acima de tudo, paixão. Gonçalo Henriques cresceu à sombra de conselhos, quase em silêncio, até explodir para resultados que pareciam impossíveis.
E foi assim, com ralis memoráveis, vitórias improváveis e derrotas que só ensinaram a afinar o caráter, que Gonçalo foi subindo degraus, derrubando barreiras e mudando mentalidades. Por dois anos consecutivos – e com um orçamento modesto, feito de engenho e muita vontade –, sagrou-se campeão nacional das duas rodas motrizes, um feito que desafiou a lógica dos grandes nomes, orgulhando todos os que acreditaram nele.

Mas este jovem não é só feito de resultados: é um diamante lapidado pela dedicação de uma equipa que lhe soube dar asas e pela sua humildade rara, que inspira todos em volta. Chegou aos carros de sonho, caminhou ao lado dos melhores e, diante das maiores expectativas e das portas que pareciam fechar-se, manteve o olhar focado na estrada. O futuro de Gonçalo Henriques está aberto – preparado para outros voos, pronto para levar o nome de Portugal ainda mais longe, se lhe derem a oportunidade que merece.
Que fique registado: já poucos duvidam que com tudo o que fez em 2025, ajudado agora pelo Team Hyundai Portugal, pela Sports & You e pela FPAK, que nasceu um dos maiores talentos dos últimos vinte anos nos ralis portugueses. Mas a história que vai ser contada pela boca de um dos mentores, Ricardo Domingos, é tudo o que ficou para trás, e como se construiu o caminho que a todos levou até aqui.
As próximas – longas linhas – são o resultado de cerca de uma hora de conversa, em que Ricardo Domingos, líder da Domingos Sport conta toda a história de como Gonçalo Henriques chegou ao momento em que saiu da Domingos Sport no final de 2024, para dar entrada no Hyundai Júnior Team FPAK, onde tem brilhando este ano…

Os primórdios da carreira, palavras de Ricardo Domingos
“Começando do início, em 2022, nós tínhamos visto já que o Gonçalo era rápido, já tinha dado, nas vistas por uma ou outra vez, lembro-me de um rali (Albergaria dos Doze) com um Clio ele no ao final do primeiro dia estar em terceiro da geral contra diversos quatro rodas motrizes, salvo erro naquele ano estavam sete, oito, até 10 carros, quatro rodas motrizes e o Gonçalo com um Clio Williams, um carro feito, feito em casa, preparado lá por ele e pelo pai, lá na oficina que deles, um carro que já era do tempo com o que o pai do Gonçalo corria nos ralis regionais, na década de 2000, com esse carro estava em terceiro da geral, contra nomes sonantes, corria o Rui Madeira e o Armando Carvalho, que eram os dois primeiros da Geral e o Gonçalo em terceiro.
Depois no dia a seguir acaba por desistir com uma avaria, aliás, o Gonçalo, os ralis que ele fez inicialmente, teve muitas desistências, mais desistências do que ralis que terminava. E talvez por isso também nunca me tivesse chamado muito muita atenção, porque eu sou sincero, os pilotos que nunca acabam ralis, os pilotos que não são consistentes, que são rápidos aqui e ali só os espaços e que não conseguem ser consistentes nunca me despertaram muita curiosidade.
Mas a verdade é que houve uma pessoa que me foi chamando a atenção, é pá olha o Gonçalo, o miúdo é bastante rápido e, entretanto, efetivamente começamos a olhar de outra forma, a olhar e perceber e estar atentos àquilo que o Gonçalo ia fazendo.

Depois, em 2022, eu tive aqui o Acácio Arinto que representava a Kumho em Portugal.
E ele já me tinha dito: “Eh pá veja lá o que é possível fazer para ajudar o miúdo. O Gonçalo é bastante rápido, era o miúdo que era bom para estar na Domingos Sport, era um miúdo que você conseguia fazer algo, se calhar ele merecia uma oportunidade. E foi-se proporcionando, o Gonçalo fazer um rali com 208 R2. E na altura através disso houve aqui alguma pressão.
Nós proporcionamos as condições para isso, fizemos um preço que lhe permitisse fazer esse rali. O Peugeot 208 R2 com que ele fez o rali era do Armando Carvalho. O Armando Carvalho fez um preço bom para o aluguer do carro. Entre as despesas da prova de assistência também, tivemos aqui uma atenção para que isso proporcionasse.
E em 2022 faz o primeiro rali connosco com o Peugeot 208 R2 com o António Santos, como navegador no Rali de Mortágua, que contava naquela época para o Campeonato Promo de Ralis e para o CPR duas rodas de motrizes e Peugeot Rally Cup Ibérica.
E o Gonçalo, nesse rali faz um quarto lugar à geral no Promo, no meio dos 4×4, é o primeiro de duas rodas de motrizes e a contar para o Campeonato Portugal de Ralis, salvo erro, ele fazia quarto lugar à geral também e ficava à frente de todos os outros 208 R2 que estavam em prova, mas destacado, contra pilotos já tinham mais experiência com estes carros.
Um rali que ele diz que não se conseguiu divertir, porque andou sempre a 60-70% daquilo que podia andar, o navegador também nunca o deixou esticar muito mais do que isso, e entretanto e as coisas ficaram por ali, mas percebeu-se claramente logo ali que o Gonçalo era um piloto bastante talentoso e ficamos com ele debaixo do olho e tentar perceber o que é que ia ser o futuro e o que podíamos fazer.”

A entrada no FPAK Júnior Team
Nesse mesmo ano e quando a FPAK fez o FPAK Junior Team, endereça-nos também um convite para ingressarmos como equipa no FPAK Junior Team.
E naquela altura, a federação tinha colocado como limite a idade de 23 anos, 23 anos feitos no ano do troféu em 2022 e lembro-me na altura de me ligar ao Nuno Jorge para a Domingos Sport estar presente.
E eu disse: “OK, eu aceito, mas a minha condição é que o piloto que eu tenho faz 24 anos este ano.
Tem 23, mas faz 24 anos este ano. Entretanto, deixa-me ver e tal, porque eu já tive aqui outra equipa com a mesma situação e eu digo-te alguma coisa. Entretanto, liga-me uma hora, umas horas depois, a confirmar que sim, que era possível que a federação ia alterar o regulamento e que os pilotos podiam ter 25 anos feitos nesse mesmo ano. Passou de 23 para 25, eu automaticamente disse-lhe que sim, que estava dentro.
Escolhemos o Gonçalo, falei com o com o pai do Gonçalo, mostrou-se logo bastante entusiasmado com a situação e pronto, e agradeceu. Nós, entretanto, começamos logo aí a trabalhar com o Gonçalo.
Os preparativos para o FPAK Júnior Team
Nessa altura, lembro-me, nesse ano recebemos o carro, fomos a última equipa a receber o carro ali numa semana antes, sim, uma semana antes, eu fui buscar o carro na sexta-feira antes da prova, que era Castelo Branco, prepararmos o carro, o Gonçalo veio cá, fizemos ali um pequeno teste com o carro. Castelo Branco não começou, não começou muito bem. O Gonçalo, ganhou uma classificativa só, nunca se conseguiu bater com o primeiro, com o vencedor dessa prova. Nessa prova eram seis carros, só acabou um classificado, só quem ganhou é que acabou, mas com todo mérito, porque efetivamente foi o piloto mais rápido. O Rafael Cunha acabou o rali, e foi sempre mais rápido.
O Gonçalo nessa prova capotou no penúltimo troço, quando nós já tínhamos dado indicação para o Gonçalo manter a segunda posição, que era importante era acabar. E o Gonçalo acabou por capotar. Até nem foi um exagero, foi mais um erro de tirar notas, tanto culpa dele como do navegador. Eh, e entretanto, disse: “OK, pronto, ja está perdido, não é assim que devia ter terminado. Vamos, vamos para o próximo.
A primeira ‘borrada’
Vamos com o Gonçalo para o Rali da Água em Chaves. E o Gonçalo entra para a primeira classificativa, ganha 11 segundos ao adversário, que era o Rafael Cunha.
Ganha-lhe 11 segundos e na classificativa a seguir perde 27. Eu lembro-me, eu lembro-me na altura, de o Adruzilo me ligar a perguntar, o que é que tinha acontecido e eu disse: “Não faço ideia, estou a tentar perceber ainda”.
Eu ligo para o navegador e o navegador diz-me: “Calma, calma, que isto tudo controlado, pá eu chateei-me imenso, nessa altura, chateei-me mesmo, mesmo imenso. Eh, e disse-lhes, Deus queira que este troço que vocês foram a brincar, que não vá fazer falta no final. Começaram ao ataque, ganharam praticamente as classificativas todas até o final do rali.
E ficaram em segundo, a 2.3s do primeiro, o Rafael Cunha. Eu vim embora do rali sem os cumprimentar, sem me despedir deles. Fiquei extremamente chateado e a seguir essa prova tivemos uma conversa muito, muito, muito séria, em que eu pus os pontos no ‘iii’, que ou estávamos ali todos para o mesmo, e todos para levar o objetivo até ao final e todos para lutar por aquilo que tanto ambicionamos que era a prova, pelo menos eu era aquilo que queria ganhar, ganhar o troféu. Queria ganhar, não estávamos ali para brincar e estava-me a parecer que o Gonçalo estava a levar aquilo demasiado na brincadeira.
Um forte ‘puxão de orelhas’…
O Gonçalo naquela altura, me lembro no ano 2022, o navegador dizia-me vezes em conta: “É, pá, tu tens que ter alguma atenção porque ele tem medo de ti, ele tem muito respeito, parece que tem medo até de falar contigo”.
E, efetivamente era ali um bocado rígido com ele, quase como um pai, como um filho e, quando era a parte de educação, porque o Gonçalo não levava as coisas a sério como tinha que levar.
e eu disse-lhe: “Olha, isto para mim acabou, eu não acredito mais que tu consigas ganhar, porque realmente já vi que andas aqui a brincar, um bocado com aquele intuito de criar ali uma revolta dentro dele e provar que que efetivamente era o contrário. E isso veio mesmo a acontecer.
O triunfo no FPAK Júnior Team
O Gonçalo depois ganha Vouzela, com tempos absolutamente extraordinários a fazer tempos nas duas rodas motrizes à frente carros muito mais performantes e melhores e fazer melhores tempos nas duas rodas motrizes não é para todos. Vamos para a Marinha Grande, o Gonçalo ganha também e o Rafael Cunha tem um azar, mas o Gonçalo de qualquer forma já era líder nessa altura. O Gonçalo ganhou o rali, ganhou o Rali Vidreiro.
E depois vamos para Viana do Castelo onde o Gonçalo tinha de ganhar o rali e ganhar salvo erro, todas as classificativas exceto duas, ele podia não ganhar duas classificativas.
O Gonçalo em Viana do Castelo ganha todas as classificativas, exceto uma, só não ganha a última, porque efetivamente já foram descontraídos e era importante chegar ao fim.
Ao Gonçalo, efetivamente fez bem levar aquele puxão de orelhas que lhe dei, que lhe fui dando durante o ano. E o navegador ajudou bastante, o Tony.
O Tony foi peça fundamental no crescimento do Gonçalo, até porque também era uma pessoa que de quem ele tem muito respeito, de quem ele é muito próximo e isso para mim foi fundamental. E pronto, estava ali efetivamente um piloto que merecia e que mereceu ser o verdadeiro vencedor do troféu, não desfazendo o Rafael Cunha, que também foi um adversário à altura, mas o Gonçalo efetivamente foi superior e viu-se a partir de um determinado momento, pelo menos da segunda prova para a frente, Gonçalo foi sempre muito mais rápido.

Brilhar em Vieira do Minho
Depois tínhamos o prémio da Federação. Tínhamos o prémio da Federação para 2023, que era andar com um Clio Rally5, no Campeonato Júnior de Ralis. Vieira do Minho era a primeira prova, o Gonçalo vai fazer com o Clio com o Rally5 Vieira do Minho.
Lembro-me nesse ano até nevava, nas classificativas de Vieira do Minho. E, estava cá o Greensmith a fazer o rali também, o Adruzilo, também fez esse rali. E o fica em segundo do Promo atrás do Adruzilo.
Estavam todos os pilotos do Campeonato Nacional de duas rodas de motrizes, a testar, a treinar, a usar esse rali como prova de teste para Fafe, a primeira prova Campeonato Nacional de ralis que começava em Fafe duas semanas depois. O Gonçalo, nesse rali, cilindrou completamente a concorrência, ficou 45 segundos à frente do segundo classificado das duas rodas motrizes, um Rally5 contra o Rally4, que nada tem a ver um carro com o outro, nem em termos de performance de motor como também de suspensão, então aí é que a diferença é verdadeiramente abismal.
Ver o Gonçalo fazer isto foi algo extraordinário, impensável, no ano seguinte a ele ter ganho o FPAK Júnior Team, a partir deste rali percebi que o Gonçalo tinha algo distinto dos demais, que era um grande piloto, era um bom piloto, vamos dizer assim. Tinha realmente um talento, em 2022 não o tinha na conta que efetivamente vim a ter em 2023.”
Afinar a estratégia
“OK, vamos fazer os juniores, vamos ver o que é que o miúdo vai dar, vamos ver o que é que conseguimos fazer, mas nunca, nunca imaginei nos meus melhores sonhos aquilo que viria a acontecer.
Entretanto, a seguir quando o Gonçalo faz este rali de Vieira do Minho nestas condições, eu dou por mim a pensar, espera aí, o que é que se está aqui a passar, o que é que vamos ter de fazer aqui de diferente, vamos ter de repensar a estratégia.
Eu tinha e tenho muito boa relação com o Alfonso Salgueiro, responsável ibérico da marca Kumho, marca que representamos atualmente em Portugal, que foi peça fundamental também neste percurso do Gonçalo, a verdade é mesmo essa, tem de ser uma pessoa a quem temos de ficar eternamente gratos.
Entretanto, a nossa aposta para o CPR 2RM era o Daniel Nunes, era em quem nós apostamos e a quem a Kumho através do Alfonso Salgueiro da ASR Tyres deu uma ajuda.
Mas eu disse-lhe “tenho aqui este miúdo, que é um verdadeiro talento, eu preciso de ajuda para que o conseguisse pôr a correr em Fafe na primeira prova”, porque o Alfonso também ficou super satisfeito com aquilo que o Gonçalo tinha feito em Vieira do Minho.

O primeiro pódio nas 2RM do CPR
Na altura, ele ajudou-me com os pneus e com um valor monetário para fazer Fafe. E o Gonçalo vai fazer Fafe.
A prova fazia parte do ERC, campeonato da Europa e o Gonçalo faz terceiro no CPR 2RM, que foi obra, com um carro daqueles e nas condições duras em que estava, principalmente para as suspensões, e o Gonçalo faz terceiro nas duas rodas motrizes.
E portanto, o que foi realmente muito, muito positivo. A seguir vem o Algarve, que fazia parte dos juniores, e o Gonçalo, nessa prova estava a fazer um rali espetacular. O Gonçalo estava em segundo das duas rodas motrizes.
E tem uma saída de estrada. Tem uma ligeira saída de estrada, sem grandes danos, mas que impossibilitou voltar à estrada e desistiu nesse rali. A seguir, vamos para a Aboboreira.
O Gonçalo volta a fazer um brilharete, faz segundo nas duas rodas motrizes e ganha a Power Stage. Foi fantástico.
E a seguir vinha o Rali de Portugal e eu comecei a fazer contas, porque efetivamente as coisas não estavam a correr bem para o piloto que eu apostava para ganhar as duas rodas motrizes.
De qualquer forma vem o Rali de Portugal e eu, mais uma vez ligo ao Alfonso que através da Kumho me dá uma ajuda ainda maior que aquilo que tinham dado em Fafe, e conseguimos também com o pai dele, e com mais alguns patrocinadores, fazer com que o Gonçalo tivesse presente no Rali de Portugal.

A estreia no Rali de Portugal
No Rali de Portugal proporcionei-lhe fazer a prova de Renault Clio Rally4. Foi o primeiro contacto com ele com o Rally4. Ele na altura assustava-se com o carro, dizia que o carro era demasiado violento.
Mas mesmo assim, ele teve a maturidade para acabar um Rali de Portugal onde contava só o primeiro dia para o CPR2RM. Mas mesmo assim, acabou o Rali de Portugal em segundo nas duas rodas de motrizes e ganhou a Power Stage.
Terminada a fase de terra, olho para dentro da equipa e digo que tenho aqui a possibilidade de alguém poder lutar pelo Nacional das 2RM, não quem eu esperava, mas efetivamente as coisas estão aqui a levar um bom caminho, estão bem encaminhadas para isto, só que de Rally5 era impossível – por muito bom piloto que se fosse – conseguir lutar com os Rally4.
Então, eu lancei o repto à Federação, falei com o Nuno Jorge e pedi-lhe que autorizassem a participação do Gonçalo num Rally4 no restante do campeonato porque queria lutar pelo CPR 2RM, eu precisava de autorização porque tínhamos um contrato referente ao Clio Rally5.
A resposta foi: “esquece que não há mais dinheiro, não podemos aumentar o prémio”. E eu disse: “Ah, mas eu não quero que vocês aumentem o prémio.
Isso é responsabilidade minha, eu só quero é que vocês efetivamente me autorizem a que o Gonçalo possa andar de Rally4″. Demoraram ali há cerca de uma semana, uma semana e pouco a dar uma resposta. A resposta felizmente quando veio foi positiva. E aquilo que me pediram foi: “Ó, pá, não me faças arrepender e que o Gonçalo, pelo menos neste rali, consiga chegar ao fim”. Vamos fazer Castelo Branco.
O capotanço do Rali de Castelo Branco…
Não houve tempo para testar. É bom que fique registado. O Gonçalo não testou, o Gonçalo não andou no carro.
O Gonçalo não fez 1 km com o carro antes. Nós chegamos a Castelo Branco porque tínhamos adquirido o carro há muito pouco tempo e o carro vinha com alguns defeitos que tivemos que corrigir à última da hora.
Aliás, lembro-me de nós montarmos o turbo já no rali, porque havia peças que chegaram atrasadas, e já montamos o turbo no rali. O Gonçalo não teve tempo de andar com o carro antes.
Ele, entretanto, chega à primeira classificativa e ganha nas duas rodas motrizes.
Eu ligo-lhe e pergunto-lhe: “Ó, puto, sabes o que é que estás a fazer? Ah, está descansado, está tranquilo, está tranquilo porque tá controlado. Vê lá o que fazes que eu quero que tu chegues ao final.
Atenção, não precisas de chegar aqui para ganhar.
Ele chega ao final do dia, já não em primeiro, mas ou em segundo ou em terceiro, porque estava ele, o Ricardo Sousa e o Hugo Lopes, os três separados por 2 segundos.
É assim que arranca para o segundo dia, mas na primeira PEC o Gonçalo capotou, fiquei extremamente chateado com ele…

Arrumar a casa…
Nesse dia falei com ele e com o pai dele e disse-lhes: “Quem mandava ali era eu e as ordens eram as minhas, ele tinha que fazer aquilo que eu lhe dizia, porque o pai ‘picava’ um bocado o Gonçalo e eu disse-lhes que não, desculpem, mas aqui quem manda sou eu!!
Já em 2022 tinha dito ao pai do Gonçalo, que não queria que o Gonçalo o visse nas provas, porque o Gonçalo ficava alterado quando via o pai, e ele respeitou, e naquele rali de Castelo Branco, ele percebeu efetivamente que eu estava extremamente chateado.
Nós entretanto já tínhamos feito a inscrição para o Rali da Madeira, e eu disse ao Gonçalo que ele já não ia. Eu estava tão chateado que lhes disse, “acabou já não vais porque não sabes aproveitar as oportunidades”
E pronto, aquilo passou, entretanto também já tinha esfriado a cabeça, e o Gonçalo ligou-me passado uma semana, “Eh, pá, mas a Madeira, vê lá, gostava de ir e tal”. Pronto, e a inscrição já estava feita, é verdade e o Gonçalo lá foi fazer o Rali de Vinho de Madeira.
No Rali de Vinho da Madeira, eu virei-me para ele e disse-lhe a sós, “olha puto, isto é tão simples quanto isto”. Ou acabas este rali ou acabas a tua carreira.
Tu é que sabes o que é que queres acabar. Agora, tem juízo porque eu não quero zangar-me contigo.
E entretanto, ele fez o Rali da Madeira sempre à defesa, sempre a defender-se porque realmente o Rali de Madeira no primeiro ano é difícil, e o Rali de Castelo Branco tinha corrido muito mal e era preciso olhar para os pontos e somar quilómetros de experiência com o carro.
E ele faz um quarto lugar nas duas rodas motrizes na Madeira. Sabíamos que tínhamos que trabalhar, mas o principal estava feito, que era concluir o rali.
A ajuda de Adruzilo Lopes
E chegamos a Chaves, falei com o Adruzilo, que deu uma ajuda muito importante ao Gonçalo, ajudou no teste com o Gonçalo, andou com o Gonçalo.
O Adruzilo já tinha ajudado também no ano anterior, no FPAK Junior Team, ele é daquelas pessoas a quem tem que se agradecer também pelo desenvolvimento do Gonçalo, já tinha ajudado em 2022 e ajudou-o aqui nas últimas provas em 2022 e 23.
Vamos fazer Chaves e o Gonçalo em Chaves ganha o rali nas duas rodas motrizes. Este resultado veio dar ali uma grande lufada de ar fresco e muito ânimo no campeonato. A seguir, vamos fazer o Leiria Sobre Rodas, que não tem nada a ver com o campeonato. O Gonçalo ganha também o evento. Tínhamos a moral em alta, estávamos mesmo numa espiral ascendente.
Campeão de Portugal de 2RM
E chegamos ao Rali Vidreiro, onde o Gonçalo tinha de ganhar o Rali, e ganhar a Power Stage, caso o Hugo (Lopes) ficasse em segundo.
Como o Hugo estava em terceiro, e tinha tido um problema de travões…
Estava em terceiro – mas atenção que antes isto acontecer o Gonçalo já tinha ganho 27 segundos só na primeira classificativa do dia de sábado e estava à frente do rali, claramente. Tinha o rali controlado, só faltava ganhar a Power Stage caso o Hugo ficasse em segundo.
O Hugo era terceiro e o Gonçalo ganha o rali, não precisou de ganhar a Power Stage e foi campeão nacional, foi um sonho, efetivamente foi um sonho, nunca ninguém fez isto.
Num ano de estreia nas duas rodas motrizes, andar de Rally5, andar de Clio Rally4 e praticamente sem testar os carros.
E com um orçamento muito limitado, porque o dinheiro que nós tínhamos da Federação – era impensável se nós dissermos quanto é que gastamos no ano de campeonato nacional e com os 50.000 € que a Federação deu, 50.000 € com o IVA. Atenção que a Federação nos deu para um ano e com mais uns patrocínios, mais os apoios, conseguimos fazer as provas que fizemos no Campeonato Nacional, ser campeão nacional é algo que é surreal, que se contarmos isto a alguém, as pessoas dizem, pelo menos a quem anda hoje em dia nos lugares da frente, as pessoas não acreditam e acham que é impossível.
Diamante a aguardar lapidação…
A seguir, sim, no fim de tudo isto, percebe-se que efectivamente está ali um talento nato, que está ali um talento natural, que está ali um piloto diferente que existe ali algo diferente, está ali um diamante que tem de ser lapidado e que tem tudo para voar e que tem tudo para chegar mais alto…
Entretanto eu tentei de diversas formas, esforcei-me bastante para conseguir arranjar alguns patrocínios para o Gonçalo, tivemos algumas reuniões, porque o que eu queria era pôr o Gonçalo no Campeonato da Europa de Ralis, era aí que eu achava o Gonçalo ia vingar no Campeonato Europeu de duas rodas motrizes.
E o Adruzilo tinha exatamente a mesma opinião que eu, aliás, ele disse a mim, “o Gonçalo é especial, o Gonçalo quando coloca o capacete, tem um foco diferente de todos os outros pilotos, e o Gonçalo consegue bater-se com os melhores”.
Isto era a opinião do Adruzilo, e não é fácil o Adruzilo elogiar quem quer que seja, a não ser que seja mesmo muito bom. E entretanto, eu tentei por todos os meios e não conseguimos, as respostas eram praticamente todas negativas e nós não conseguimos. Tentamos o apoio da Federação.
Tentamos de diversas maneiras, mas as coisas não foram, pronto, não foram possíveis. E víamos as coisas muito complicadas para 2024. As portas todas fechadas, as portas todas a fecharem-se.
O inconformismo: “Zé, como é que fazemos”?
E a última conversa que tive com o pai dele, “Zé, como é que fazemos”? “Ó Ricardo, se tiver de parar, para, porque eu não posso hipotecar a minha vida por causa dos ralis e por causa do Gonçalo, fazer ralis, é pá, e se parar já não é o primeiro, olha, para agora e qualquer dia logo volta outra vez, pá, porque a vida é mesmo assim.
Eu não me conformei, nunca me conformei com isso. Não! Não! Não! Eu cheguei a andar, andava aqui um bocado transtornado com isso, mas o que é que eu ia fazer?
E cheguei a um ponto de fazer um acordo com o pai do Gonçalo, como eles têm uma oficina de chapa e pintura, chegamos a acordo de nos fazerem alguns serviços e nós trocarmos aos custos dos ralis, a Kumho tornou a apoiar o Gonçalo com os pneus para o ano de 2024. O Gonçalo tinha de ser piloto Kumho na terra e no asfalto.
Os pneus são muito bons na terra, mas em asfalto e para quem anda no limite se estiverem dias quentes os pneus não estão ao nível da Michelin e da Pirelli.
E todos sabíamos isso, sabíamos nós, sabia a Kumho, sabia o Gonçalo, o risco que todos íamos íamos correr, mas não havia outra forma do Gonçalo fazer ralis em 2024…
Começo difícil de 2024, mas campeão outra vez
E foi assim que o Gonçalo arranca para 2024. Vamos fazer Fafe, o Gonçalo ganha o rali nas duas rodas motrizes, cilindra completamente a concorrência com três minutos de vantagem para o segundo.
A seguir vem o Algarve, o Gonçalo estava na frente quando tem um problema mecânico o carro parte o autoblocante. Vamos para a Aboboreira, um rali que chovia muito e efectivamente nessas condições o Peugeot consegue ter melhor tração e melhores capacidades do que o Renault, naquelas condições o Hugo estava à frente do Gonçalo, com todo o mérito claro, mas o Gonçalo na última classificativa, na Power Stage, dá um toque numa pedra que está no meio da classificativa, mesmo no meio do trilho, e parte uma rótula da suspensão, e acabou o rali ali, vimos as coisas um bocado difíceis naquele momento.
Entretanto, vamos para o Rali de Portugal, que o Gonçalo ganhou, esteve em luta com o Hugo, mas o Gonçalo estava destacado quando o Hugo desistiu, venceu facilmente o rali.
Chegamos a Castelo Branco, a fase de asfalto onde já não existia margem para erros. Tínhamos a consciência que iria ser mais difícil, nós queríamos ter ganho vantagem suficiente na terra não conseguimos por causa das duas desistências.
O Gonçalo em Castelo Branco estava em luta com o Hugo, que tem uma saída de estrada, e o Gonçalo ganha o rali. Vem a Madeira, o Gonçalo andou a lutar com o Hugo também, mas na Madeira devido às classificativas mais quentes e mais difíceis, o Gonçalo fica em segundo.
E depois em Chaves o mesmo resultado, segundo nas 2RM, O Gonçalo andou muito mais próximo, testamos uma nova evolução de pneus da Kumho, e o Gonçalo conseguiu andar ali a ganhar algumas classificativas e estar na luta pelo primeiro lugar, entretanto o carro teve ali um umas falhas técnicas a nível de injeção e que fazia perder alguma potência, o Gonçalo acaba por ficar em segundo.
No Vidreiro o Gonçalo para ser campeão só precisava de ficar em quarto lugar das 2RM, o tempo estava húmido, tinha chovido, e o Gonçalo não deixou créditos por mãos alheias, chegou lá e ganhou o rali nas 2RM, mostrou que estava ali para ganhar e não para controlar e ganhou o rali com todo o mérito.
Bicampeonato nas 2RM…
É campeão nacional pelo segundo ano consecutivo num ano dificílimo, um ano onde o Gonçalo faz um único teste em terra antes de começar o campeonato, e não muitos quilómetros, mais ou menos, 20, 30 km, não testa mais o ano inteiro em terra.
Chegamos ao asfalto, o Gonçalo fez o Rali de Castelo Branco e a Madeira sem testes, tinha feito apenas o rali de Lisboa que também ganhou nas 2RM. Fizemos um teste em Chaves com a Kumho, mas mais para testar novos compostos de pneus, que acaba também por servir de teste ao carro e não fez mais que isso.
Eu tinha prometido ao Gonçalo em 2022 que se ganhasse a FPAK Junior Team, fazia um rali de Mitsubishi.
Alitém…grande piloto!
E entretanto havia aqui o Rali Alitém em terra, e eu proporcionei ao Gonçalo fazer este rali com um 4×4, o Mitsubishi Lancer EVO IX.
O Gonçalo nunca tinha feito um rali com 4×4, fomos testar o carro, eu a conduzir e o Gonçalo ao meu lado, para lhe explicar algumas coisas na utilização do carro, o Gonçalo faz 10 km com o carro com o navegador a seu lado, o Tiago Silva na altura, que foi fazer o Alitém com ele.
Entretanto, o Gonçalo vai fazer os 10 km com o navegador e a seguir pede-me para ir com ele para tentar perceber se ele estava a fazer tudo bem, o Gonçalo arranca e à terceira curva, eu cruzo os braços e dou por mim a pensar, isto não é possível, isto não é normal…
Ninguém, quer dizer, nós trabalhamos com Mitsubishi desde 2003, passaram-nos dezenas de pilotos ao longo destes anos a andar Mitsubishi e eu pensei, eu nunca vi ninguém fazer isto com o Mitsubishi, isto não é normal, muito menos com 10 km.
Eu tenho aqui pilotos há mais de 10 anos e não andam assim, pelo menos não utilizam o carro assim, como é que ele utiliza o carro desta forma? Como é que ele tem esta capacidade? Este menino não é de todo normal, isto não é, não é normal, cada vez mais eu sentia que, e vincava a minha opinião, este era mesmo especial!!
Estava ali algo muito, muito diferente de todos os outros. E ali naquele rali foi uma prova que quase que valeu mais que um campeonato nacional. Ele ganhou o rali com dois minutos de vantagem, praticamente dois minutos de vantagem para o segundo classificado, o Carlos Fernandes, um piloto que todos conhecem e é dos mais rápidos em Portugal, vamos ser sinceros, com muitos anos de experiência de quatro rodas motrizes.
Uma surpresa…
E e a seguir, eu não ainda satisfeito, falei com a Inês, e com o pai da Inês, combinamos sem o Gonçalo saber, ele ir fazer o Rali de Águeda, que era a terra da Inês (Veiga). E pronto, ficaram bastante entusiasmados, o Gonçalo não sabia. Eu disse: “Ó Gonçalo, tu vais!” “então em que carro vou?” “vais no mesmo”. Entretanto, o Gonçalo sabe no dia antes ou no próprio dia, que eu o tinha inscrito com um e depois alterei para o Peugeot, mas ninguém sabia.
E entretanto, quando eu faço uma publicação do Peugeot, ele até comenta: “Obrigado pela novidade!” e ele vai com o 208 sem saber, sem nunca ter andado num carro daqueles”. E vai fazer o Rali de Águeda de 208 Rally4.
Fizemos ali um pequeno teste, tínhamos lá mais alguns clientes que queriam fazer um teste. Fez ali um pequeno teste, também fez à volta de 10-15 km com o carro para perceber um bocado o carro e ganhou o rali à geral.
Primeira vez com 208 Rally4, carro totalmente diferente e ganhou o rali à geral.
Sentir o carro…
E o Gonçalo, quando vamos testar, diz-me, pá, consegues-me trocar a bacquet, traz-me a bacquet do Clio, porque eu com esta bacquet não consigo sentir o carro e eu preciso da bacquet mais apertada para conseguir sentir o carro, isso é outra daquelas coisas que me deixou a pensar, ele realmente tem algo de muito, muito, muito especial.

O Hyundai Júnior Team FPAK…
Entretanto, e temos de agradecer ao Nuno Jorge, que sei que fez uma força muito grande dentro da Federação para que o Gonçalo tivesse a oportunidade que teve este ano de 2025.
Entretanto, o Gonçalo vai para piloto oficial da Hyundai. Nós sabíamos, eu sabia que o Gonçalo ia brilhar às primeiras oportunidades que tivesse com o carro.
Aliás, eu tinha feito algumas apostas, e já nem me lembrava, mas tinha feito uma aposta com um cliente meu, com o Armando Carvalho, também de Poiares, e disse-lhe: “Armando, o Gonçalo, no dia que sentar no Rally2, vai ficar à frente de todos os pilotos portugueses. Tu és maluco, se assim fosse, mais faltaria. Vamos apostar um jantar?
O que é certo é que foi das primeiras pessoas a quem eu liguei no fim de ter acabado o Rali do Algarve, e ele estava em êxtase também, também estava muito satisfeito.
Ele também foi uma das pessoas que foi que teve alguma influência no Gonçalo ter andado connosco, ser piloto da Domingos Sport. Eu tive outro amigo, outro cliente que me mandou uma mensagem e disse: “Pá, parabéns pelo que fizeste pelo Gonçalo, devo-te o jantar”.
Esse eu nem me lembrava sequer já que tinha feito essa aposta com ele.
Eu sabia! Há pilotos muito bons, sem tirar a mérito a quem quer que seja. Mas depois, há pilotos que nós vemos são especiais, e eu, nos meus 25 anos ligado aos ralis, tenho visto muitos pilotos, tenho visto pilotos bons, médios, muito bons, e vemos aqueles pilotos que são fora da caixa, que são supra-sumo, são para lado extraordinário, de outro planeta, por assim dizer. E o Gonçalo está nesse lote de pilotos!
Porque alguém que testa tão pouco, que se senta num carro pela primeira vez, entende um carro, guia um carro, não é exigente com as afinações, guia um carro mais ou menos como nós queremos.
Eu no Rali de Chaves em 2024, levo dois carros para esse teste que fiz com a Kumho, dois Clio, exatamente iguais, com afinações diferentes e disse-lhe: este é igual ao que tu andas, este é de uma maneira diferente.
E ele anda com os dois e diz-me a mim, para mim tá bom de qualquer maneira, eu adapto-me a qualquer um deles, Isto é um piloto fora do normal, isto não é um piloto normal, não é aquele piloto que anda sempre a afinação aqui, a afinação ali, não se queixa do carro, até para se queixar do carro é uma coisa que tem de estar mesmo muito mal, porque não é esse tipo de piloto. Efetivamente, o Gonçalo é especial…

“o melhor talento que temos em Portugal nos últimos 20 anos”
O Gonçalo é, na minha ótica, o melhor talento que temos em Portugal nos últimos 20 anos, a seguir ao Armindo Araújo, que foi e é ainda um grande piloto. Já passou o auge da carreira dele, mas eu acho que o Gonçalo efetivamente é o melhor talento que parece a seguir o Armindo Araújo.
O Gonçalo tem algo especial e eu tenho claro que se lhe forem dadas as oportunidades e condições que ele merece, o Gonçalo tem a capacidade de levar o nome de Portugal bem longe, e neste ponto creio que eu e todos os apaixonados dos ralis e do automobilismo em Portugal, do Motorsport, gostávamos de ver um dia um piloto nacional brilhar lá fora, brilhar ao mais alto nível, e eu sinceramente neste momento, só vejo o Gonçalo Henriques com essa capacidade.
Penso que no futuro, OK, Deus queira que sim, que apareçam mais e que venham mais, mas neste momento, com toda a honestidade, não existe outro Gonçalo Henriques em Portugal.
Para mim, Ricardo Domingos, é um orgulho e vai ser sempre um orgulho poder dizer um dia, poder contar a história de ter o Gonçalo Henriques na Hall of Fame da Domingos Sport, como efetivamente criamos, ajudamos e pusemos a caminho o melhor piloto ou um dos melhores pilotos de sempre da história dos ralis em Portugal.
Temos cá connosco, o Adruzilo Lopes, com muito orgulho, claro, mas esse já ‘estava feito’, era já um consagrado e nós aqui, trabalhamos, lutamos, esforçamos, dedicamos de uma forma incrível, em que nada me arrependo, voltava a fazer tudo exatamente da mesma maneira, o que fiz até hoje para ajudar o Gonçalo – e espero no futuro que se mais ‘Gonçalos’ aparecerem cá estejamos também para ajudar, desde que, como é óbvio, tenham a mesma humildade e a mesma forma de ser que o Gonçalo Henriques tem, porque além de grande piloto, de um talento extraordinário, tem algo inigualável também que é a sua forma de ser, a humildade que ele tem e é para mim isso que mais o enaltece e que o valoriza e para mim, pessoalmente, que é aquilo que eu mais valorizo nas pessoas é a forma de ser, a gratidão, a postura e a humildade.
E o Gonçalo, até nisso, está à frente de muitos, muitos e muitos pilotos. O Gonçalo devia servir como exemplo para muitos.
Durante o recente rali Vidreiro fui-lhe pedindo constantemente, “puto dá-me uma alegria” e deu mesmo!!!
Não me lembro, não consigo ir buscar alguém que tivesse feito algo idêntico nos ralis em Portugal, no escalão mais alto dos ralis ganhar (entre os portugueses) na primeira vez em terra e na primeira vez em asfalto, é algo realmente único.
Agora resta esperar para ver qual vai ser o futuro do Gonçalo Henriques em 2026 sendo certo que parado não vai ficar, no limite vamos ter a Domingos Sport a lutar pelo título nacional absoluto mais cedo do que o que estava previsto!!!
Aproveito a oportunidade para fazer um agradecimento especial a todos os que contribuíram para que isto fosse possível, e sem uma ordem de maior ou menor importância cá vai: Nuno Jorge; Armando Carvalho; Acácio Arinto; Alfonso Salgueiro; José Henriques; Adruzilo Lopes; António Santos e Inês Veiga.
E claro, a todos os que apoiaram de uma ou outra forma e contribuíram para que se conseguisse chegar até aqui.
FOTOS Go Agency/Hyundai; Facebook Domingos Sport e Gonçalo Henriques

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sergiomiguel7972gmail-com
20 Outubro, 2025 at 21:54
Magnífico.
Obrigado Sr. Ricardo Domingos por ter apostado neste pilotasso.
Agradecimento extensível a todos os que como referido contribuíram para o lançamento da carreira do Gonçalo Henriques.
(um aparte apenas para referir que aqueles que possam ver Henriques no meu email/nickname, não tenho qualquer parentesco com o Gonçalo, não o conheço pessoalmente, sou tão só e apenas um adepto de ralis anónimo de Sever do Vouga)