Entrevista a ‘Mex’ Santos: “É hilariante guiar um carro destes, não dá para explicar”

Por a 14 Fevereiro 2020 15:45

Por José Luís Abreu

FOTOS ZOOM Motorsport/António Silva

‘Mex’ Machado Santos é um nome que dispensa apresentações no panorama dos ralis nacionais e no Rali Serras de Fafe/Felgueiras vai guiar um carro que é idolatrado pelos fãs dos ralis, um Porsche 911 GT3, que já testou em Fafe. Pouco mais de uma década depois de ter trazido um Porsche 911 GT3 ao Campeonato Nacional de Ralis, agora o desafio são os ralis de terra: “Tudo começou num convite de Sergio Vallejo, que me desafiou a regressar, mas os objetivos passam apenas pela diversão pessoal e o entretenimento do público, deixando o resultado desportivo para segundo plano”.

Com Luís Sá a seu lado “esta será uma oportunidade única para o público de ver um carro tão emblemático como o Porsche 911 GT3 a fazer um rali de terra em Portugal, onde as suas características de elevada potência, tração traseira e som inebriante, proporcionarão sensações inesquecíveis a quem o vir passar na estrada”. Mex Machado Santos já realizou o primeiro contacto com o carro, e aí aproveitámos para falar um pouco com ele: “Vamos trabalhar com o público, vamos divertir-nos e o público vai gostar imenso, vamos tentar dar espetáculo e andar o mais atravessado possível” começou por dizer: “A ideia já vem desde o ano passado. Desde essa altura que em vez do Bentley, queria trazer o Porsche, mas como o Sergio Vallejo e o Diego (Vallejo) o tinham feito em Espanha, achei que era melhor fazer o projeto do Bentley. Contudo, tive alguns problemas pessoais, de saúde, não o pude fazer da maneira que queria, mas falei com um amigo meu, o Fernando Silva, que ficou com o Bentley, e o Sergio, o Diego fizeram-me agora o convite para vir a Fafe e agradeço, por isso, à Vallejo Racing por me terem convidado e especialmente neste Rali de Fafe.

Juntamente com o Fernando Silva vamos fazer muita divulgação. Iremos fazer uma ação com o Bombeiros Voluntários a nível nacional, fazer co-drives para os bombeiros em Fafe, ou nos ralis a que formos, o Fernando Silva no asfalto vai guiar o Bentley, e eu na terra vou guiar um ou dois ralis com o Porsche. Vamos fazer co-drives para os Bombeiros, porque não nos podemos lembrar deles só quando há um acidente ou incêndios e ficamos todos em pânico. É preciso que todos nós como sociedade unirmo-nos mais” começou por dizer Mex, que quis pensar ‘fora da caixa’: “Sinceramente não é a projeção mediática que me está a motivar nisto. Tudo foi pensado. O carro é verde em homenagem ao Américo Nunes, pedimos para ter o #77, que infelizmente foi a idade com que o meu pai faleceu, vamos fazer co-drives com algumas pessoas que já tiveram problemas na vida como depressão, como eu também já tive, e isto são problemas da sociedade que nós devemos alertar. Nós começámos este projeto e estamos a tentar ir a todos os detalhes. O Américo Nunes, o Vellejo, os meus pais, acho que as pessoas quando virem a assistência vão perceber um bocadinho mais do que eu falo, é uma forma de ajudar pessoas que me ajudaram durante a vida, profissional, pessoal ou destes projetos de corrida, mas não é um projeto de corrida mediático, não é isso que se pretende aqui. É mesmo diversão, divertir o público e que as pessoas venham aos ralis e que percebam que isto é muito mais do que ralis, muito mais do que ganhar, ou perder”, explicando depois o como surgiu a ideia e qual é o objetivo por trás deste projeto: “Acho que se pode fazer muito mais com carros diferentes, com carros mais baratos, e tem que haver este dinamismo, porque as pessoas estão a ver 20 carros iguais, competição pura. Porque é que alguém não pega numa carrinha Volvo, por exemplo e a traz para os ralis. Acho que as coisas têm que ser diferentes, eu não gosto de ser comum, há quem diga que sou louco, não tenho problemas com isso, quero fazer diferente quero que as pessoas percebam que isto é diversão. Por exemplo a nossa assistência vai ter o Bentley quem quiser entra no carro, tira fotos, vamos ter simuladores de ralis, é para as pessoas. Não é para nós. É tão divertido, é tão hilariante guiar um carro, destes, não dá para explicar. Não interessa se um Peugeot 208 faz melhor 30 ou 40 segundos, acho que ganhei três anos de vida, com este teste ao Porsche. Portanto, vai ser muito divertido.”

União faz a força

Como se sabe, Mex Machado Santos foi candidato às últimas eleições da FPAK, e por isso, depois de ter passado por várias eras dos ralis em Portugal, pedimos-lhe que nos desse a sua apreciação sobre o que lhe parecem estes últimos anos da modalidade e o que acha que se podia fazer para aproveitar o bom momento e torná-lo ainda melhor: “Eu acho que a federação está de parabéns pelo retorno que tem dado, acho é que as pessoas precisam de falar mais entre eles e unir forças. O ano passado em Fafe eu tive o trabalho de ir verificar todos os carros, todas as fotografias, eu estive no rali, mais de 97% dos pilotos não tem um patrocínio do jornal local, da rádio local, ou duma revista de automóveis, isto diz tudo.

Os pilotos não se podem queixar da falta de retorno, quando eles não fazem por si. Eles que me desculpem, mas isto é a realidade. A federação faz muito trabalho. Ainda bem que perdi as eleições da FPAK, porque sinceramente acho que a FPAK está a fazer um bom trabalho, eu entreguei o projeto todo ao Ni Amorim, tudo o que tinha. Disse que se precisasse de alguma coisa para fazer… acho que estão a fazer um trabalho excelente. Deixem as pessoas trabalhar e unam-se a eles, não falem mal por falar. Sejam todos unânimes e tragam coisas novas. Acho que é isso que falta ao desporto automóvel”, concluiu.

Vallejo Racing

Sergio e Diego Vallejo tornaram possível esta vinda do seu Porsche 911 GT3 ao Rali Serras de Fafe, e o mais velho dos irmãos explica porquê: “Tínhamos vontade que este carro competisse em Portugal e pela amizade que temos com o Mex, que também já correu de Porsche, falei com ele pois sempre pensei ser a melhor pessoa para fazer isto. Com este carro não vamos à procura de fazer tempos porque a tração é somente às rodas traseiras, é impossível competir com os tração total, e até é difícil com os tração dianteira, mas é um carro muito divertido de guiar e para o público vai ser fascinante, até pelo barulho. É outro tipo de carro” disse.

Já para Diego Vallejo: “É um sonho para nós andar com um Porsche 911 na terra. Quando éramos crianças era o carro que gostávamos, pelo barulho que faz, pela forma espetacular de passar, recordo-me de ver o carro oficial da Rothmans Porsche nos ralis e depois no Dakar, é um prazer, sempre”, disse.

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