Entrevista a Gil Antunes: “O carro dá um conforto de condução e estabilidade brutal”

Por a 19 Março 2020 17:05

Por José Luís Abreu

FOTOS Rui Reis Photo

Gil Antunes e Diogo Correia já testaram a nova máquina com que vão competir no Campeonato de Portugal de Ralis, o Dacia Sandero R4. Aproveitámos a oportunidade para saber como foi e falar do futuro.

Gil Antunes e Diogo Correia apresentaram na passada semana o seu novo Dacia Sandero R4, um modelo que é uma novidade absoluta quase a nível mundial. Depois de terem sido campeões das duas rodas motrizes no CPR e de se terem estreado com um carro de tração total no passado Rali das Camélias – um Hyundai i20 R5 – eis que agora é a vez de arrancar para o novo projeto, com o Dacia Sandero R4 a ser produto da mais recente regulamentação da FIA, os R4 KIT. A dupla aruilense já testou a sua nova máquina e depois contou-nos como foi.

Gil Antunes, era este o momento certo para dar o salto?

“Ficámos muito contentes com a conquista do campeonato nacional em 2019 nas duas rodas motrizes, era o que nos faltava, uma vez que ganhámos todos os regionais de norte a sul do país, Open de Portugal de Ralis e troféu Modelstand. Sermos campeões foi uma alavanca para a subida de categoria, uma vez que passámos a sentir-nos prontos para atacar os ‘tubarões’ das 4 rodas motrizes ao volante do Dacia Sandero R4.”

Que objetivos tens para 2020?

“Começámos 2020 com entusiasmo e ao volante de um carro mais potente, com tração às 4 rodas, mais exigente de conduzir e que vai requerer alguma aprendizagem. O nosso objetivo passa por explorar o carro, aprender e quem sabe chegar ao Top 5 à geral no campeonato, ou andarmos próximos do Top 5. Na categoria queremos dar o nosso melhor, de forma a conseguirmos andar na frente, nas provas em que existam inscritos para a classe deste R4.“

Porquê a escolha do Dacia Sandero R4?

“Esta categoria onde se insere o nosso R4 é o primeiro passo para quem pretende ingressar na classe das 4 rodas motrizes, pois permite um orçamento mais reduzido do que seria necessário para um R5. Escolhemos o Dacia Sandero, devido à ligação que temos com a Renault, mas também por ser um projeto pioneiro e único no mundo, que nos dará certamente mais algum destaque mediático, benéfico para o nosso percurso e também para os nossos patrocinadores que tornam este sonho possível.”

Para isso contas com a Domingos Sport Competição?

“Competir, dar o nosso melhor dentro de cada especial e tentar chegar ao lugar mais alto do pódio é muito importante. Contudo, se não tivermos uma boa assistência e se não ajudarmos aqueles que mais precisam, de nada serve dar tudo dentro dos troços, por isso, vamos colaborar com a Domingos Sport Competição, e acrescento também que pretendemos continuar a ajudar as crianças da Fundação do Gil.“

Começaste a tua carreira nos ralis com uma marca que deu muito à modalidade, a Opel, mas que caiu no esquecimento, e depois estiveste cinco anos com a Renault, que é uma das marcas mais importantes do mundo automóvel, agora a Dacia, com um projeto absolutamente inédito. Como chegaste até aqui?

“Cheguei aqui a fazer um percurso passando por todos os campeonatos regionais que há em Portugal nas rodas motrizes com Opel Astra, que é o meu carro, o carro que guardo com muita estima. De resto, fomos evoluindo gradualmente, passámos por outras marcas (ndr, Peugeot), no Troféu Modelstand, no Open de Ralis, onde venci as duas rodas motrizes, cheguei ao Campeonato Nacional de Renault, onde também venci as duas rodas motrizes. Estivemos dois anos no Troféu Ibérico da Renault, onde andámos sempre nos lugares de pódio, e agora chegamos aqui e damos o passo mais lógico. Temos uma ligação ao Grupo e à marca Renault, e chegamos a esta viatura que que é realmente inédita. Quatro rodas motrizes! É um projeto inédito do mundo inteiro dos ralis e é gratificante para nós estar aqui…”

Explica-nos resumidamente o que é o carro, a base, o Kit, o motor suspensões e para as pessoas terem uma ideia, compara-o com um R5…

“O carro, basicamente o chassis e suspensões é muito idêntico R5. A caixa de velocidades e o diferencial são iguais às dos R5.

A única diferença que tem, e aí sim, o carro é inferior a um R5, é na potência do motor. Este Dacia (ndr, e todos os Kit FIA R4) tem cerca de 30 a 35 cv a menos que o motor de um R5 dos atuais. Aí sim, distinguem-se um pouco uns dos outros”.

Depois de terem feito o primeiro teste, estás entusiasmado com o carro?

“Estamos muito entusiasmados! Estamos cheios de vontade, o carro dá um conforto de condução e estabilidade brutal.

Tinha feito um rali com um R5 (ndr, Hyundai i20 R5 no Rali das Camélias de 2019) em asfalto e agora testámos em piso de terra e de facto este carro em termos de estabilidade, o curvar, suspensão, não vejo muita diferença para o R5, é fabuloso…”

Qual te parece ser o ponto forte do carro?

“O ponto forte, olhando a nível competitivo é o chassis e a suspensão. E ao nível mediático, o facto de ser um projeto inédito a nível mundial. Um Dacia nos Ralis é algo absolutamente inédito e tem um grande potencial em termos de retorno mediático”.

Parece-te mais ou menos complexo em termos de afinações, o que já sabes a esse nível?

O carro é bastante complexo, à mínima alteração de afinação que se faça, sentimos sempre diferenças. Requer bastante trabalho, bastantes quilómetros até conseguimos encontrar uma boa afinação e para já nós temos, efetivamente, poucos quilómetros feitos com o carro, porque só agora começámos. Vamos tentar aproveitar este interregno forçado para para poder fazer o máximo de quilómetros possíveis e tirar daí o máximo de informação”.

Já testaste o carro, tendo em conta o que conheces do nosso CPR, quando tiveres completado a adaptação achas que podes andar mais ou menos onde? Top 6, melhor?

“Estou a idealizar, isto quase sem andar com o carro, sendo que para já não temos tempos termos de comparação, o nosso principal objetivo é tentar chegar no final do ano no top 5 nacional. Dessa forma, vejo-me no top 6, top 7. Vai depender das opções dos outros pilotos e como este ano o CPR tem a exclusão duas provas, provavelmente alguns pilotos podem escolher estar numas provas e não participar noutras, e aí poderá fazer toda a diferença. Top 6, Top 7, por aí, mas o que nós tencionamos e temos vontade é terminar o campeonato no Top 5”.

Com o mercado tão saturado das mesmas marcas que têm R5 achas que o Kit R4 FIA é um caminho que pode alargar a base de marcas a apoiar os ralis, como é agora o caso da Dacia?

“Há um bom potencial, e pode haver apoio de mais marcas. Há meia dúzia de anos não tínhamos qualquer marca ligada ao desporto motorizado nacional nos ralis. Ultimamente já temos duas marcas ligadas à ao Campeonato de Portugal de Ralis (ndr, a Citroën e a Hyundai, e de certo modo a Skoda e também a KIA com o Picanto GT Cup) e isto abre realmente um vasto leque de poder negociar com algumas marcas, e montar um projeto no Campeonato de Portugal de Ralis, com outras marcas.

Tens também trabalhado bem a comunicação…

“Se estamos onde estamos, só tenho a agradecer aqueles que acreditam em nós. Por isso, vamos focar-nos não só em dar o nosso melhor nos ralis, mas também em obter mais destaque para a equipa, através dos meios de comunicação social e através das nossas redes sociais, que nos aproximam do público. Vamos esforçar-nos para levar cada vez mais pessoas aos ralis, através de passatempos, co-drives e publicações, uma vez que o público é o grande responsável por esta grande ‘festa’ que são os ralis”.

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