Entrevista a Armindo Araújo: “Acho que fomos justos vencedores”

Por a 24 Dezembro 2020 08:48

Armindo Araújo e Luís Ramalho são os novos Campeões de Portugal de Ralis, o seu segundo título juntos em três anos após o regresso do agora hexacampeão. Venceu metade das provas do campeonato e provou que a mudança de projeto que levou a cabo foi um sucesso a todos os níveis.

Quando o AutoSport entrevistou Armindo Araújo no início de 2016, numa altura que cumpria o quarto ano de ausência das competições, sentimos nele que há muito tinha atirado para trás das costas o que passou em 2012, mas que também já não era tão categórico quanto a um possível regresso aos ralis. Quando o questionámos se ponderaria fazer o campeonato nacional, ficou claro que só voltaria a correr num bom projeto, para lutar pelos lugares da frente, e quando lhe lembrámos que muita gente o gostava de ver novamente na estrada, disse que ficava contente, orgulhoso, mas que achava que isso não iria ser possível. Pois bem, enganou-se. E ainda bem! Exatamente dois anos depois estava a apresentar na Cidadela de Cascais o seu projeto com o Team Hyundai Portugal, e nestes últimos três anos, em 22 ralis do CPR, obteve oito vitórias e dois títulos.

Após dois anos a correr pelo importador da Hyundai em Portugal, decidiu mudar, juntou-se à The Racing Factory, à Skoda, MEO e Galp, e deu sequência à sua carreira noutro projeto vencedor.

AutoSport: Armindo, novamente Campeão de Portugal de Ralis. É o teu sexto título absoluto, o segundo em três anos. A este juntam-se também vários títulos nos agrupamentos, e claro, os dois títulos mundiais de Grupo N. Como te sentes com este título?

Armindo Araújo: Sinto-me feliz por ter atingido os objetivos que tinha. Era uma equipa nova, um desafio enorme e a mudança que fiz de projeto foi arrojada. Saí de uma marca e fui para um projeto privado. A equipa para onde fui, a The Racing Factory, era uma equipa muito jovem. Tudo era novo, mas eu achei que era altura de mudar e seguir um novo desafio.

Conseguimos vencer. É o meu sexto título, com a quarta marca diferente também, o que é importante. É a vitória também de todos os elementos da minha equipa, que me acompanham há muitos anos e que têm lutado para que estes resultados apareçam. A The Racing Factory foi uma peça fundamental, e poder dar esta vitória no ano de estreia, foi importante. Foi um ano em que atingimos os nossos objetivos, um ano atípico, difícil, mas que fomos sempre dando a volta às dificuldades e conseguimos colocar na estrada um bom campeonato, que, felizmente, saímos vencedores.

És o piloto mais vitorioso dos ralis em Portugal. No começo, há 20 anos, imaginavas chegar a este nível?

Não, nunca pensei poder vencer os campeonatos que venci e estar onde estou hoje, ainda com potencial para poder vencer mais alguma coisa, assim espero. Recordo-me que sempre fui  uma pessoa muito competitiva. Desde tenra idade que sonhei ser piloto. Primeiro, piloto de motos e depois fiz a passagem para os automóveis. Tentei dar sempre o meu máximo, empenhar-me em todos os projetos. O meu empenho no nacional é o mesmo que no mundial. É o máximo que posso dar, e fazer. Tentei sempre estar ao lado das pessoas certas, dos projetos certos, das marcas certas e tentei sempre ter a maior seriedade possível com todos as empresas e pessoas que me apoiaram nesta minha carreira. Felizmente isto foi possível por todas essas pessoas e empresas estarem ao meu lado e acreditarem em mim. Estes títulos não são só meus, são de muitas pessoas e de muitas empresas que investiram para atingir estes objetivos…

Que balanço fazes da temporada?

O balanço é positivo porque conseguimos fazer o campeonato nacional. Este é um ano diferente, atípico. Todos sabemos que a Covid-19 afetou todos os quadrantes da sociedade a nível nacional e internacional. Houve imensas dificuldades para colocarmos as provas na estrada. Foi difícil comunicar, foi difícil fazer aquilo que queríamos fazer com este projeto desportivo. Mas, focando-nos na parte desportiva, penso que tivemos uma boa preparação da época em terra, depois entramos fortes no Rali de Fafe, onde vencemos de forma categórica. Depois, tivemos a paragem devido à Covid-19, onde estivemos vários meses parados. Mesmo aí, estive sempre em contacto com toda a equipa técnica e estivemos sempre a conversar e a tentar perceber o que poderíamos melhorar e mudar no carro.

Depois, quando entramos em Castelo Branco, numa mudança de piso, o início do asfalto, entrámos a vencer. Foi muito bom e mostrámos estar fortes em asfalto e terra. Depois, decidimos ir ao Rali da Calheta fazer uma preparação para o Vinho da Madeira. Talvez aí tenha sido o ponto mais negativo da época. Mostrámos um bom andamento, estávamos a liderar a ‘armada’ do continente, mas demos um toque no último troço, revelando-se esse um grande problema para a prova seguinte.

Além da desistência, fui obrigado a trocar de carro para o Vinho Madeira. Depois o carro do Vinho Madeira não estava com as mesmas especificações e tivemos um rali abaixo do nosso nível competitivo. Depois, tivemos de alterar tudo no carro que estava preparado para nos apresentarmos em Chaves. Em Chaves, no Rali do Alto Tâmega, atrasámos-nos no primeiro dia com uma travagem mal calculada, o que me obrigou a atravessar uma chicane, obrigando-me a ir à volta, perdendo assim tempo. Quando estava a recuperar, no dia seguinte, furei e acabei o troço furado. Acabo a 10 ou 11 segundos atrás do primeiro classificado. No Vidreiro tivemos o problema da prova ser parada devido à tragédia que aconteceu. Por acaso, enquanto houve prova voltei a furar, infelizmente. Foi uma fase negra perante aquilo que podíamos fazer.

Felizmente, na prova seguinte, o Rali terras d’ Aboboreira, uma prova de terra novamente, nós conseguimos demonstrar a nossa velocidade, fizemos uma grande prova, e vencemos. Ficámos líderes e dá-se a decisão do Algarve não ser feito, e vencemos o campeonato.

Mas, convém relembrar que vencemos o campeonato com as regras iniciais do campeonato, ou seja, todos já sabiam que isto poderia acontecer.

Fomos a única equipa que venceu provas de terra e asfalto. Fomos a equipa que mais troços venceu no campeonato, ou seja, a equipa que mais pontos tinha para estar na frente do campeonato. Portanto, acho que fomos justos vencedores.

Qual foi o momento chave da tua vitória?

As duas provas de terra foram sem dúvida momentos chave para a vitória. Foram vitórias folgadas, que nos deram muitos pontos de PowerStage, etc. Isso foram pontos importantes para depois colmatar os problemas que tivemos com os furos e o toque na Madeira. Acho que o nosso potencial podia ter sido demonstrado duma forma ainda mais forte. Mas, infelizmente isso não aconteceu. Espero demonstrar no futuro.

Logo no início do ano, no Rali Serras de Fafe, tu venceste com grande margem. No fim, estavas extremamente contente. Já te vi ganhar muitas vezes no passado e ali parecias estar ainda mais. Porquê? Percebeste que tinhas feito as escolhas certas?

Sem dúvida. A minha decisão de sair de uma marca e montar um projeto privado poderia ser arriscar em demasia. Eu sabia o risco que estava a tomar ao fazer isso, mas precisava de ter outra liberdade de ação para gerir o meu projeto desportivo. Eu queria ter outra intervenção no projeto, a nível de comunicação, a nível técnico e de outras escolhas internas, porque acho que tinha outra forma de pensar e de levá-lo com maior sucesso.

Consegui uma boa parceria com a The Racing Factory. Eles abriram as portas para me receber de uma forma fantástica. Com essa parceria e com o que eu idealizava para o meu projeto desportivo acho que conseguimos mostrar que essa decisão era a correta. Quando dizes que no Rali de Fafe, vencemos como vencemos, é mesmo aquela ‘cereja no topo do bolo’. É realmente o que eu pensava, sendo a decisão que tomei a melhor decisão, mas o risco estava lá.

O teu regresso deu-se em 2018, depois de cinco anos fora dos ralis. Em três anos és campeão por duas vezes. Já pensaste que o que aconteceu em 2012, se tens continuado nos ralis, achas que isso pode ter-te roubado uma melhor carreira internacional?

Isto agora é os ‘ses’. Vale o que vale. O que é certo é que em 2012 aconteceu o que aconteceu com o projeto Mini. Um projeto que caminhava num sentido onde eu não me revia minimamente. Não me revendo naquela política, não aceitar esse tipo de posição no desporto, comuniquei aos meus patrocinadores o que se estava a passar. Em conjunto, decidimos que não era o nosso caminho. É mais do que sabido os problemas que houve com a Mini e a Motorsport Itália, portanto são águas passadas.

Abandonamos o projeto e vamos ser honestos, naquela altura não havia condições para eu entrar noutra equipa do WRC. Não tinha condições financeiras para ter um projeto, fazendo aquilo que estava a fazer na altura. Eu quando não acredito num projeto, não acredito que vou ter sucesso, ou seja, também não consigo vender aos meus parceiros. Prefiro estar parado do que estar num projeto onde não acredito que possa vencer.

Estive estes anos parado e quando surgiu uma ideia de construir algo que fosse para ganhar, aí sim, a forma de estar foi outra, a motivação foi outra. Até a forma de vender o projeto aos meus patrocinadores foi outra. É logo outro querer e acreditar. Eles voltaram todos e eu tive o prazer de lhes dar a vitória logo no ano de regresso.

Apesar de haver equipas em Portugal bem mais antigas e experientes do que a The Racing Factory, tu apostaste neles e as coisas correram de forma perfeita…

São uma equipa jovem, mas uma equipa com enorme potencial. Uma equipa humilde que quer aprender e está a aprender. Como disse há pouco, abriram as portas para o nosso projeto e a minha estrutura privada fazer o seu projeto. Esta mentalidade foi muito importante. A minha equipa privada tem as suas ideias de como desenvolver um projeto de ralis. A The Racing Factory tinha a sua estrutura e nós com essa união, de uma estrutura altamente profissional, motivada e ambiciosa, com a minha estrutura pessoal, críamos uma equipa vencedora e demonstrámos no terreno. Não foi como eu queria, porque acho que podíamos ter feito mais, mas veremos no futuro.

A sensação de fora é a de que não te faltou absolutamente nada em termos de condições para lutar. O jantar com o Aloísio [Monteiro] (ndr, a primeira conversa, entre ambos) deve ter-te caído mesmo bem. As coisas foram perfeitas a partir daí…

Como disse, a The Racing Factory tem uma abertura enorme para compreender o que é tentar lutar por um campeonato desta envergadura. Portanto, o Aloísio teve sempre a maior abertura para nos dar as melhores condições para vencer e eu tenho parceiros de longa data que me puderam apoiar para eu ter este projeto. O que eu quero dizer é que nem só a The Racing Factory, nem só o Aloísio, nem só o Armindo, nem só a equipa do Armindo consegue estes resultados e este sucesso.

Isto é montado com muitas peças, todas unidas no sentido certo. Eu tenho de ter os meus parceiros bem alinhados com o meu projeto desportivo, com eles a acreditarem que eu sou a equipa e o piloto para eles promoverem no desporto automóvel. Depois, tenho de ter a capacidade para escolher a melhor equipa técnica, para eu ter uma base técnica forte e coesa, para poder atacar bem o campeonato, que neste caso foi a The Racing Factory e toda a sua estrutura. Depois, tenho uma equipa privada onde tenho as pessoas da minha confiança, que me tratam da comunicação e até da parte técnica. Eu tenho um técnico, o Rui Soares, que trabalha comigo há vários anos e acompanha-me em todos os projetos. Nós temos uma equipa muito alargada, mas cada um sabe o que tem de fazer. Quando temos boas peças juntas, o resultado é sempre positivo e vencedor.

Por acaso queria falar sobre o Rui Soares, que já está há muito tempo contigo. Quem está por dentro percebe o que ele ajuda. Nós, normalmente, olhamos só para quem está dentro do carro e isso está muito longe da realidade. Queres falar um pouco sobre a tua equipa? E depois do Rui, porque acho que ele poderá ter sido uma grande mais valia, devido à sua experiência e onde trabalha no WRC…

Claro que sim. Queria dar aos parabéns primeiro ao Luís Ramalho, neste meu regresso ao desporto. Antigamente estava com o irmão dele, o Miguel.

O meu regresso foi com o Luís. Ele tem sido uma pessoa fenomenal, em toda a sua disponibilidade e profissionalismo, para atingirmos todos estes resultados. Sem dúvida que tem sido uma peça fundamental. Depois tenho a minha equipa privada há alguns anos. Tenho o Nuno Castro que me trata da comunicação e dos regulamentos, sendo uma ponte com a Federação e os Orgãos de Comunicação Social.

O Miguel Rodrigues, que me trata das redes sociais, mas que tem feito um trabalho pormenorizado no antes, durante e depois das corridas.

Ele é o meu braço direito e esquerdo. É ele que trata de tudo o que me possa distrair da competição.

O Miguel está sempre lá, desde levar o capacete, tratar das redes sociais, ao merchandising. É ele quem supervisiona a gestão da equipa no terreno. Tenho também o Nuno Coelho que é um elemento mais recente, mas que tem feito um trabalho excelente. Eu achei que precisava de alguém que me fosse aos troços durante a noite e perceber as mudanças climatéricas que se esperam para as manhãs. É um trabalho duro, toda a noite a andar pelos troços para perceber o que vai acontecer. Ele tem feito um trabalho muito bom. E, para finalizar, temos o Rui Soares.

Ele era engenheiro do Hayden Paddon quando eu corria no Mundial, portanto era meu adversário [risos]. Já o conheço há muitos anos, mas depois, no meu regresso com a Hyundai, ele trabalhava na Hyundai Motorsport e foi o Rui a minha ponte para tudo o que fosse relacionado com a Hyundai em termos técnicos. Construímos uma excelente amizade e o Rui passou a pertencer à minha equipa em todos os projetos daí para a frente.

O Rui esteve comigo no projeto Hyundai, com a RMC em Espanha e quando eu decidi correr com o Skoda e a The Racing Factory, ele passou para este projeto, como é natural, e toma conta do meu projeto técnico relativamente ao Skoda. Trabalha em parceria com os técnicos da The Racing Factory, porque obviamente isto é um trabalho de equipa. Ele é uma peça fundamental no meu sucesso e é um engenheiro que me entende bem. Tem uma capacidade de análise muito forte e como sabemos, esteve no Campeonato do Mundo de Ralis a lutar pelo título, no Rali de Monza, e isso mostra os créditos que ele tem e eu posso usufruir disso.

Mudando um pouco de assunto, qual foi o teu adversário mais difícil destes últimos três anos?

Bem, nós temos um leque de pilotos fortes, que podemos destacar num determinado piso, num determinado ano ou numa determinada prova.

Mas, eu tenho sempre três, quatro pilotos, que nestes últimos anos têm sido muito fortes. Desde o Ricardo Teodósio, que foi campeão no ano passado, o Bruno Magalhães que tem feito uma boa época, portanto um adversário forte. O José Pedro Fontes que é um piloto com muita experiência e por isso é sempre um candidato. O Pedro Meireles que é um candidato que em algumas provas se mostra sempre forte.

Portanto, nós temos sempre quatro a cinco pilotos que podem vencer corridas, que podem vencer campeonatos. Na minha equipa não estamos focados num adversário apenas, mas sim em preparar o melhor possível. Já sabemos que há uns mais fortes em terra, outros em asfalto, outros em determinadas provas e tentámos estar atentos a isso. O objetivo é sempre lutar pela vitória, mas o foco principal é vencer campeonatos.

O Hyundai i20 R5 em 2018 e 2019 e este ano o Skoda Fabia Evo Rally2. Quando ficou claro que o teu adversário era o Bruno, já sabias que do lado do carro a vantagem era tua?

Não posso estar 100% de acordo com isso. O Hyundai é um carro muito bom. Deu-me um título e é um carro extremamente competitivo. Pode ter algumas caraterísticas diferentes do Skoda. É um carro que tem uma forma especial de ser conduzido e tem os seus pormenores. Mas, permite vencer ralis e permite lutar por campeonatos. São dois carros competitivos, da mesma classe. São carros similares. São opções que se fazem em termos de marca. Fui muito feliz quando guiei o Hyundai, da mesma forma com o Skoda.

Tendo em conta o trabalho que o Bruno te deu, alguma vez pensaste. Sei o que vale aquele carro e por isso sei que o Bruno fez um excelente trabalho?

Eu sabia de antemão que tanto pelo piloto, como o carro, era um grande candidato ao título. Ia ser uma luta difícil e da minha parte só me competia ser mais forte.

Este ano os pilotos e a FPAK uniram-se para fazer os ralis em tempo de pandemia. Presumo que tenhas gostado dessa união?

Sim, foi feito quando o campeonato começou. Depois houve a paragem devido à Covid-19 e houve uma grande preocupação por parte dos pilotos de ralis em que tínhamos começado o campeonato, tínhamos os nossos compromissos com os patrocinadores e marca, assim sendo, era importante começar e terminar o campeonato de uma forma digna, com algo palpável, para entregar aos nossos parceiros.

Foi aí que nos reunimos entre pilotos e que arranjamos uma plataforma de entendimento para discutirmos com a federação as nossas dificuldades, as nossas vontades e isto foi visto de uma forma muito abrangente. Nós pilotos reunimos, pensámos o que era melhor para nós, mas sem afetar ou condicionar os clubes e a própria federação.

Apresentámos a nossa proposta à federação, sendo ela muito sensível ao que pedimos. Aí ficou decidido que haveria um número mínimo de provas para o campeonato ser elegível. Nós sabíamos que o campeonato poderia parar em algum momento. Foi até proposto podermos fazer provas em janeiro, mas alguns pilotos foram contra isso e assim ficou decidido que o campeonato terminaria sempre em 2020. Não era possível passar para 2021, sendo assim essas regras estabelecidas para não haver mudanças a ‘meio do jogo’. E quase no dia a seguir à autorização dos jogos de futebol, nós conseguimos voltar à estrada e regressar em Castelo Branco, com novas regras de segurança, de saúde, de proteção e com algumas diferenças desportivos, como o caso de não haver super-especiais, etc.

Todas estas regras foram muito importantes para o desenrolar do campeonato. Fomos quase sempre fazendo provas, houve um ou outro adiamento ou cancelamento, caso do Rali de Portugal e agora o Rali do Algarve, e conseguimos construir um campeonato digno, cumprindo um número mínimo de provas e assim sendo conseguimos validar este campeonato para nós e para os nossos parceiros. Da minha parte, consegui vencer, fico muito orgulhoso. Gostava de ter tido a prova do Algarve para fechar em luta direta a decisão pelo título. Assumo isso, mas também assumo desde sempre que os regulamentos são para ser cumpridos e se estes eram os regulamentos, nada mais há a fazer.

Agora, um exercício diferente. Neste momento tinhas o poder de mudar alguma coisa no automobilismo nacional. O que mudavas ou tentavas mudar, em termos globais?

Em termos globais, eu acho que nós nos ralis temos uma base forte para o desporto e temos uma base fraca de promoção. Temos de promover com outro nível, com outra força, com outra intensidade. É o que falta neste momento no nosso desporto. Falta trazer as televisões ao nosso desporto. Tudo aquilo que nós envolvemos neste desporto, todas as empresas, os meios, estamos mal promovidos.

Em 2021, vais continuar? Tudo igual? Alterações?

Neste momento não temos nada decidido. Ainda não sei o que vou fazer, mas a minha ideia principal é defender o meu título e tudo farei para tal.

Esperamos ver-te cá. Agora, ainda me lembro do teu filho muito pequenino nos parques de assistência. Agora mais crescido, achas que algum dia o vamos ver agarrado a um volante ou ele não está muito virado para isso?

Olha, não sei [risos]. Hoje em dia os miúdos têm tanta coisa para fazer e tantos desportos para praticar que por vezes não seguem as pisadas dos pais. O meu filho adora automóveis, motas, anda muito bem de mota, mas não sei se terá o espírito de competição e de sacrifício que o pai teve, aquilo que eu tive de abdicar para um dia ser piloto de automóveis e de motas, não sei. Mas, se puder ajudar no que quer que seja, para ele atingir um objetivo, seja do que for, vou fazer. Não o vou forçar a ser piloto de automóveis. Ele vai fazer aquilo que gostar…

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