CPR 2020: HERÓIS FORAM TODOS

Por a 17 Janeiro 2021 15:18

Armindo Araújo e Luís Ramalho foram Campeões de Portugal de Ralis em 2020, uma temporada muito afetada pela pandemia de coronavírus. Ainda assim, se fosse um combate de boxe os ralis teriam vencido aos pontos. Poucas provas, mas muita competição e um título bem entregue. Por fim, uma comunidade que foi heróica na luta contra o vírus. Equipas, clubes e federação…

Armindo Araújo e Luís Ramalho foram os campeões no mais ‘abanado’ campeonato de ralis que há memória. A pandemia de coronavírus virou muita coisa de pernas para o ar e nem sequer permitiu que o campeonato se resolvesse na estrada, com o cancelamento do Rali Casinos do Algarve. Nada que já não se soubesse desde que a meio de março, as competições desportivas pararam em todo o mundo. Os meses que se seguiram foram de incerteza, encontraram-se condições para reativar as competições, como sucedeu no início de julho, mas todos sabiam que poderia ser fogo fátuo.

Os especialistas falavam em segunda vaga no outono/inverno e ‘ela’ chegou em força impedindo que o campeonato fosse até ao fim. E mesmo assim realizaram- se seis provas, 5.25 para sermos mais precisos, devido à paragem do Rali Vidreiro na sequência da morte da jovem navegadora espanhola Laura Salvo, uma tragédia que adicionou insultos à injúria do que foi este ano de 2020. E o pior disto tudo é que estamos em termos sanitários bem pior em janeiro de 2021 do que estávamos em abril e maio de 2020. E nessa altura tudo estava parado. 2020 é efetivamente um ano para esquecer, que não em termos desportivos, pois aí tivemos a habitual boa luta e competitividade que tem havido nos últimos anos no CPR.

Um dos pontos extremamente positivos que há para retirar de 2020 é a manutenção do crescimento de quantidade e competitividade do CPR. Veja-se por exemplo, que estiveram em ‘campo’ seis campeões nacionais de ralis – Armindo Araújo (6 títulos), Bruno Magalhães (3), José Pedro Fontes (2), Ricardo Teodósio (1), Pedro Meireles (1) e Adruzilo Lopes (3). Agora imagine-se, porque podiam perfeitamente ainda estar a correr, e alguns deles bem tentam, se o plantel tivesse ainda Ricardo Moura (3 títulos), Miguel Campos (1), Bernardo Sousa (1) e Carlos Vieira (1). Nunca houve tantos pilotos campeões a disputar o CPR como tem acontecido nos últimos anos, e não há adepto que não quisesse ver, por exemplo, Adruzilo Lopes com um bom projeto R5.

É óbvio que tudo isto tem sido consequência duma economia em crescimento desde há largos anos para cá. O problema é que chegámos a 2020 e à pandemia, que ainda está para durar em 2021. Está por saber os efeitos que terá nesta disciplina. Claramente vai ter. Há que perceber é até que ponto. Para já, até este momento o que se sabe é que vão ‘cair’ duas provas do CPR 2021, Açores e Algarve. Fica depois por saber se e como a pandemia vai afetar mais a competição que está prevista arrancar em março com o Rally Serras de Fafe. Um dos pontos positivos de 2020 foi a união dos pilotos e equipas. Todos trabalharam juntos para ajudar a FPAK e Ni Amorim a colocar de pé um plano, a que chamaram de contingência, para permitir realizar ralis no meio da pandemia. Teve mais sucesso o CPR do que o WRC. Foi bem mais afetada a competição mundial do que a nacional.

OLHAR PARA O FUTURO

Outro dos pontos que se extrai de 2020 é a necessidade de perceber bem o que fazer relativamente ao futuro. Se isto era importante em condições normais, imagine-se agora com os efeitos da pandemia. Existe o risco de marcar passo, pode ser inevitável, e por isso há agora que ser o mais eficiente possível nas decisões a tomar.

Outro dos pontos importantes, é o futuro do CPR a nível de pilotos. Há um conjunto de jovens que estão a despontar, mas este número só é possível

crescer se existirem carros e competições nos níveis inferiores de acesso ao desporto. É lógico que neste particular o aparecimento da Peugeot Rally Cup

Ibérica é muito importante, como é o Challenge R2&You mais abaixo, mas é preciso uma base de pirâmide mais forte. Há que encurtar do salto até ao

CPR com degraus ‘firmes’. Como isto se faz, é mais fácil dizer que precisamos ter, do que fazer.

Por fim, nunca esquecer uma máxima: nunca nos podemos esquecer que nunca como hoje os jovens e os menos jovens que gostam de desporto têm

uma oferta incrivelmente grande de desportos e espetáculos com os quais os ralis estão em concorrência. Por isso é muito importante que os ralis se pensem sob esse pressuposto. É imperativo responder a esta pergunta: O que fazer nos ralis para ‘seduzir’ mais adeptos que os ‘concorrentes’?

Responda e atue quem souber…

BOM ANO DESPORTIVO

Independentemente do que a pandemia afetou tivemos um bom campeonato em termos desportivos. Armindo Araújo (Skoda) venceu três provas, Bruno Magalhães (Hyundai), duas, Pedro Meireles (Volkswagen), uma. A luta durou até ao fim, tudo se resolveria no Algarve, mas afi al foi o Rali Terras da Aboboreira a decidir um campeonato que até aí teve um início de ascendente de Armindo Araújo, com dois triunfos, uma forte reação de Bruno Magalhães que com dois triunfos virou as contas a seu favor, após o Rali do Alto Tâmega. Aí faltavam duas provas, Aboboreira e Algarve, mas o primeiro acabou por ser o momento decisivo do campeonato, pois Armindo Araújo venceu e esteve brilhante, enquanto Bruno Magalhães não conseguiu melhor que um quarto lugar, vendo a sua vantagem esfumar-se, passando ele a ser o perseguidor. O destino quis que tudo terminasse sem mais luta…

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