Alguém contraria a Volkswagen no WRC?

Por a 21 Janeiro 2015 09:43

A grande questão que se colocou no início do Mundial de Ralis do ano passado tinha a ver com a existência, ou não de uma equipa que conseguisse contrariar a Volkswagen no WRC, e a resposta em 2014 foi não. Este ano, a mesma dúvida se coloca, pois mesmo contando com uma evolução da Hyundai, no seu segundo ano de WRC, a Citroen e Ford não parecem em condições de bater o pé à Volkswagen.

Só que da teoria à prática vai sempre uma distância grande, e não seria a primeira vez que existiriam surpresas. A participação de Sébastien Loeb no Rali de Monte Carlo vai adiar um pouco as respostas certas para este Mundial, a imprevisibilidade do Rali de Monte Carlo e a neve da Suécia também, pelo que só lá mais para a frente surgirão as certezas.

Logicamente, a Vokswagen parte como favorita para defender o seu reinado no Mundial de Ralis. Desde que, em 2013, reentrou em cena no Mundial de Ralis, a Volkswagen Motorsport ganhou 22 ralis dos 26 disputados. A estatística de sucesso da equipa liderada por Jost Capito é o trunfo psicológico suficientemente forte para que as restantes três equipas oficiais presentes no Mundial de Ralis, em 2015, revejam os seus objetivos em baixa. Citroën Racing, M-Sport e Hyundai Motorsport falam de vitórias ao longo do ano… mas não de títulos no final dos 13 ralis que a FIA calendarizou para a competição.

Realismo? Falta de ambição? Tentativa de jogar com o factor surpresa? Não faltam teorias, mas o certo é que a equipa VW entra em campo com o ego cheio e com razões objetivas para o ter. Mantendo a sua tripla de pilotos – Sébastien Ogier, Jari-Matti Latvala e Andreas Mikkelsen – a marca alemã parece ter assinado um pacto com a competitividade e ao investir na evolução daquele que já era considerado o melhor carro de todo o plantel, o Polo R WRC, também reforçou os alicerces dos títulos que vai a jogo defender. Mas será tudo isto suficiente para passar à concorrência novo atestado de superioridade? Em condições normais, colocar-se-iam muitos euros em cima da mesa e dir-se-ia que sim. Mas ninguém sabe, neste momento, até que ponto as novas regras impostas pela FIA em 2015 jogarão a favor da superioridade até agora demonstrada pela VW ou, pelo contrário, ajudarão a Citroën, M-Sport ou Hyundai a diluir a diferença que as separa da rival germânica. Se é certo que tecnicamente será difícil que o DS3, o Fiesta e o i20 dêem um passo de gigante que lhes permita inverter a ‘mesa de jogo’, o facto de, a partir de agora, estar interdito o acesso aos tempos intermédios nos troços, de dentro dos carros, poderá ajudar a equilibrar as coisas. Essa pelo menos foi a intenção da FIA ao avançar com esta medida. Mas também é verdade que, neste novo contexto do Mundial de Ralis, gerir o cronómetro passa a ser praticamente impossível, o que é o mesmo dizer que em caso de dúvida a ordem passa a ser para atacar e não para ‘levantar o pé’ e aí, já se sabe, os riscos de saída de estrada aumentam exponencialmente, havendo pilotos que, com esse tipo de pressão sobre os ombros, são muito mais propensos a errar do que outros! E poderá ser aí que se decida o título de 2015, senão nas Marcas, pelo menos no que toca ao cetro de Pilotos.

Interessante também poderá ser perceber até que ponto a imaginação das equipas pode ser posta à prova com esta inovadora medida que ‘cegará’ os pilotos. Talvez a dureza das penalizações – que podem ir até à exclusão – possa não compensar o risco mas que ‘ponha o dedo no ar’ aquela que não perdeu algum tempo a pensar num qualquer dissimulado esquema para passar a informação dos tempos para dentro dos carros, a partir do exterior, mesmo que a razão a tenha feito depois abandonar a ideia.

Partindo do princípio que ninguém vai querer arriscar e ficar exposto a uma desclassificação, avaliar a performance ‘pura e dura’ de qualquer piloto, sem acesso a esta até agora essencial ferramenta de ‘navegação’ na gestão do cronómetro, será agora mais fácil. Quem realmente tiver fibra de campeão, terá uma oportunidade única de o mostrar este ano: seja, porque vai bater ‘no braço’ os adversários, seja porque vai escapar aos erros quando a eles ficar exposto. Não há dúvida que, se as jogadas por baixo da mesa não existirem, em 2015, vamos ter o Mundial mais ‘limpo’ e ‘transparente’ dos últimos anos…

Peso importante na classificação do final do ano também poderá ter outra regra, revista em 2015. O facto do líder do campeonato ter que abrir sempre a estrada nos dois primeiros dias do rali (e assumindo-se que quase sempre que isso é uma desvantagem), vai obrigar esse mesmo líder a correr atrás do prejuízo ou seja, a arriscar mais e, novamente, a ficar à mercê de mais despistes ou problemas mecânicos. Quem ganha? Aparentemente, a emoção do campeonato.

Com os dados em cima da mesa, as dúvidas subsistem, no entanto. Depois dos dois últimos títulos, Sébastien Ogier não podia partir com outro rótulo no ‘parabrisas’ do seu Polo que não o de favorito, mas Jari-Matti Latvala demonstrou o ano passado poder rivalizar na maior parte dos ralis com a rapidez do francês, faltando-lhe apenas um pouco mais de consistência que, ainda assim, deu mostras de ser substancialmente maior do que em épocas anteriores e 2015 poderá mesmo ser o seu ano. Já Andreas Mikkelsen, o terceiro piloto da equipa, não está ao abrigo de uma surpresa mas para quem não ganhou ainda qualquer rali no WRC, será difícil acreditar que em 2015 vai ganhar tantos que lhe permitirão sagrar-se campeão.

Só Loeb pode(ria) fazer a diferença

Não restam, portanto, dúvidas, que a VW parte na ‘pole position’ para o Mundial deste ano, mas há uma situação que poderá inverter tudo isto. É verdade que a Citroën já anunciou que Sébastien Loeb só vai fazer o Rali de Monte Carlo e que o recordista de títulos do WRC (nove) se vai manter concentrado no WTCC, mas se Loeb vencer o Monte Carlo, é possível que a marca do double chevron possa rever os seus planos e se Loeb regressar à arena, então os pilotos da VW poderão ter um adversário à altura em rapidez, eficácia e ‘inteligência no pé direito’, ainda para mais num ano, onde esta última característica tenderá a ser valorizada pelas novas regras já faladas. Sem Loeb, a Citroën não fica propriamente ‘descalça’ mas Kris Meeke e Mads Ostberg precisam de continuar a acumular experiência no DS3 e partem ainda à procura do seu primeiro triunfo com a marca francesa, o que, mais uma vez e enquanto isso não se verificar, terão sempre uma pressão suplementar para vencer. Por outras palavras, a menos que isso aconteça logo no início da temporada, quando os ‘Citroën boys’ acordarem poderá ser já demasiado tarde para partir em perseguição da armada VW. Em todo o caso, surpresas positivas não são de descartar…

Para a M-Sport é que a vida se afigura mais difícil. A abandono de Mikko Hirvonen implicou a saída de um ativo importante na equipa: a experiência que, por norma, se traduz na consistência de resultados. Elfyn Evans e Ott Tanak estão longe de ser ‘catedráticos’ do WRC e, por isso, tentarão compensar isso com o fator ‘rapidez’. Se resultar, Malcom Wilson cantará vitória com a contratação de dois jovens, mas se falhar, serão necessários muitos euros para a reconstrução das carroçarias dos Fiesta e, neste particular, o novo recruta da equipa, Tanak, tem um passado carregado de história.

Por fim, resta saber como estará a Hyundai no seu segundo ano de atividade com o i20 WRC. Com um novo carro que não deverá chegar às mãos de Thierry Neuville, Dani Sordo e Hayden Paddon antes do meio da época e mesmo com alguns up grades na versão 2014, não será difícil ao belga, espanhol e neo-zelandês lutarem pontualmente pelas primeiras posições e até ganharam alguns ralis, agora entrar num braço-de-ferro pelos títulos essa é já uma missão muito mais complexa.

Com as peças identificadas, resta pois começar a construir pacientemente o puzzle do WRC 2015 que antes do Rali da Argentina, a quarta prova do ano, dificilmente dará indicações muito claras do seu formato final. Que vença o melhor…

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