Miguel Oliveira: “Comecei a gritar para que ninguém me ultrapassasse…”

Por a 2 Junho 2015 16:31

Miguel Oliveira tornou-se no primeiro piloto português a vencer uma prova do Mundial de Velocidade nas duas rodas, na categoria Moto3, num triunfo histórico, o primeiro para Portugal, na sequência de uma corrida fabulosa em que nada nem ninguém poderia, desta feita, impedir o piloto luso de triunfar. Um dia que nem ele, nem os adeptos portugueses vão esquecer…

Como é a sensação de obter a tua primeira vitória no Mundial, depois de tanto esforço?

“A verdade é que eu sentia a pressão de vencer pela primeira vez e livrar-me dela é uma grande satisfação. Estou muito feliz. Isso vai dar-me muita confiança para as próximas corridas. Mas temos que continuar a trabalhar e continuar a melhorar o desenvolvimento da nossa moto. Nunca é o suficiente pois devemos dar passos em frente. Agora temos que aproveitar o momento, e aproveito para quero agradecer a toda a equipa, à KTM, Red Bull e a todos os patrocinadores. À família e a todos os que me apoiaram ao longo destes anos, também.”

Dois dias depois da corrida, o que reténs? Será que a estratégia utilizada de surgires em primeiro da última curva foi algo estudado antes do início da corrida?

“Não, pelo contrário. Foi improvisado da minha parte. Na grelha, disse ao Jordi [Gallardo], o meu chefe de equipa, que não queria ser o primeiro na última curva. Mas, no fim, observando a passagem nas diversas voltas, pensei que era a melhor solução e assim foi. Se surgisse em segundo ou terceiro na última curva, poderia ter perdido e ao ser primeiro sei que arrisquei um ‘photo finish’ ou só ir ao pódio, mas sabia que teria sempre um prémio..”

Primeiro estiveste num segundo grupo, depois lideraste a corrida várias voltas, e no início da última volta eras quarto, foi difícil gerir todas estas situações?

“Foi uma corrida muito dura desde o início. Nas primeiras voltas, rodava no segundo grupo e vi que podiam fugir-me quaisquer opções de pódio. Conseguimos chegar à frente da corrida e naquele momento percebi que tinha ritmo, então assumi-me. Sabia que não poderia fugir, mas notei que na segunda metade do circuito era mais rápido e no quarto setor poderia alcançar o necessário para cruzar a linha de meta em primeiro e com margem. No entanto, quando no início da última volta eu era quarto, pensei que estava errado ao ter liderado tantas voltas, e que me tinha desgastado demasiado. Mas depois da primeira curva mudei o chip e fui com tudo. Tentei passar os três pilotos que tinha à minha frente e atirei-me. Estou muito contente.”

Como foi a tua última passagem pela reta da meta?

“Não tive tempo de pensar muito. Foi uma grande explosão de alegria e uma ou outra lágrima, porquê não dizê-lo, mesmo que ninguém o tenha visto. O que me deixou marcado foi a saída da última curva ter visto a bandeira de xadrez. Começei a gritar que ninguém me passaria. Como se gritando me desse mais velocidade (risos). Espero que esta não seja a última vitória e que desta forma cresça o interesse pelas motos em Portugal”.

Durante o fim de semana e com tudo o que se passou nas várias sessões, alguma vez pensaste que esta corrida resultaria no teu primeiro triunfo?

“A verdade é que esta não era uma daquelas corridas em que para ti é claro que te poderias impor. Em Mugello, os pilotos italianos sempre estão muito fortes e naturalmente, dão tudo o que têm. Mas por sorte enganei-me e fiz um grande corrida. Os treinos livres correram bem, mas já não tive as mesmas sensações na qualificação, onde fui 11º. De qualquer modo sabia que estávamos fortes no quarto setor e demonstrámos isso”.

Sentiste-te melhor na corrida do que nos treinos livres?

“Penso que na corrida ficou demonstrado quem tinha melhor ritmo e quem estava mais cómodo ao longo de todo o circuito. Sabemos que há pilotos que só fazem uma volta rápida, que lhes serve para estar na frente da tabela de tempos mas não para a corrida. Esta categoria é assim e já estamos habituados a isso. Poderia ter acontecido qualquer coisa pois era um grupo muito grande, mas correu-nos bem…”

Mugello 2015 é a tua melhor corrida de sempre?

“Sim, sem dúvida alguma. Tenho feito grandes recuperações, outros pódios, mas esta corrida foi muito dura, muito suada e nós merecemos a vitória”.

Seguramente não foi o início de temporada que esperavas. Como pensas que irá correr o resto do Campeonato do Mundo?

“É certo que demorámos seis corridas para chegar à vitória mas merecemos. Trabalhámos muito para a conseguir e a partir de agora, creio que quando somar pontos e ficar no pódio posso dar saltos importantes. É o que temos que fazer, concentrar-nos corrida a corrida, não pensar mais além e fazer o melhor possível. E tentar ganhar sempre que possa.”

Dizes que demoraste seis corridas para chegar à vitória, e as temporadas anteriores?

“Este ano começou a contar praticamente do zero. Sabia que tinha equipa para ganhar e moto para fazê-lo e por isso esta temporada começou uma nova aventura no Mundial. Sem esquecer os anos anteriores, porque aprendi muito, esta é uma nova etapa.”

O que pensas de ser o primeiro português da história a conseguir uma vitória no Mundial de Velocidade no Motociclismo?

“Domingo foi um dia histórico para Portugal, sim. É uma grande satisfação ter obtido a minha primeira vitória e também a primeira do meu país. Espero que os meus adeptos tenham desfrutado da corrida e se sintam felizes, porque sem eles nada disto teria sido possível. Todos merecemos esta vitória!”

Achas que este triunfo servirá para que passes a ter mais adeptos em Portugal?

“No meu país não há muita tradição deste desporto, não é como Espanha ou Itália, por exemplo. Não foi nada fácil, espero que esta não seja a primeira e a última, espero poder somar muitas mais, que cresça o número de adeptos das motos em Portugal e que se aposte neste desporto para que hajam mais pilotos. Pela minha parte estou a trabalhar também na base, de onde espero que saiam frutos (ndr, projeto Oliveira Mini Moto GP Cup)”.

A quem dedicas esta vitória?

“Á equipa, à KTM, à Red Bull, a todos os patrocinadores, à família, a todos os meus adeptos, mas em especial ao meu pai. Sei o que ele trabalhou para que eu tenha chegado onde estou e posso garantir que não foi nada fácil. Creio que este é o melhor presente que lhe pode dar…”

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