Piloto e dinamizador

Frank Lyons, de 57 anos, empresário britânico de mineração de superfície, tem sentido, como poucos, a recessão. Mas, é dos que vão à luta, com a mesma garra com que pilota um McLaren M26, seja nas ruas do Mónaco como nas da Boavista, ou no traçado do AIA, que adora. Seja como diretor do HSCC ou dos Masters, do seu amigo e cliente Ron Maidon, já que Frank constrói campos de golf que são a semente da fortuna de Ron.

Sábado no paddock meio-vazio (ou meio-cheio – à escolha) que me deu pena, sobretudo por esse maravilhoso povo nortenho que sabe – como poucos – apreciar os automóveis, ‘bati um longo papo’ com Frank. Bem mais para além das temporadas anuais na Europa que os pilotos/donos dos antípodas, sobretudo neozelandeses, fazem com os seus F5000 com que dominam o panorama da velocidade histórica naquelas paragens. Lembram-se dos Fórmula 5000, que nos anos setenta enchiam de emoção os circuitos ingleses com o ronco dos seus V8 americanos? Esses mesmos, que nas próximas semanas estão em digressão por Brands Hatch e Oulton Park. Mas, enfrentando as restrições sonoras daquelas pistas e os preços que a Sports Vision cobra. Além das condições atmosféricas britânicas. Frank vai trazer os F5000 ao Algarve proximamente. É só achar a oportunidade para todos.

E, a crise, Frank? “É nestas fases que se fazem melhores negócios com carros clássicos – são o melhor investimento, rentável e seguro.” E, os históricos não estão a envelhecer? Os donos/pilotos, claro. Fazendo temer pela sua renovação? “Depende das categorias e dos dirigentes. Há interesses instalados e é preciso combatê-los para se fazer essa renovação.   Há muitos jovens para quem os clássicos têm um apelo especial, até porque isso lhes aviva a história que ouviram. Mas há que lhes dar oportunidades e não os excluir por quaisquer meios só porque normalmente são mais competitivos. Essa mentalidade tem de ser combatida, bem como a das réplicas falsas – cópias ilegais, até com duplicação de matrículas. Esse saneamento tem de ser feito nos históricos, com urgência. Mas, os tais interesses e lobbies…”

No meio do paddock da Boavista, do VIP Village, de muitas conversas e encontros, este foi essencial. Voltarei com mais observações e gente com histórias que valem a pena. 

Francisco Santos