Jacques Villeneuve ao AutoSport: “Os mecânicos da Williams disseram que me iriam buscar com uma pá”

Por a 17 Junho 2014 14:30

Aos 43 anos, Jacques Villeneuve não pára. O canadiano regressou às 500 Milhas de Indianápolis (14º lugar) mas antes disso esteve em Montalegre para iniciar a nova fase da sua carreira: o Mundial de Ralicross. Foi aí que o AutoSport falou com o antigo campeão do Mundo de Fórmula 1 sobre diferentes assuntos, desde a famosa ultrapassagem por fora a Michael Schumacher na Parabólica do Estoril em 1996, até à sua nova aventura no Ralicross.

AutoSport: Há muitos adeptos, portugueses e não só, que nunca esquecerão aquela ultrapassagem por fora na Parabólica em 1996. O que recordas desse momento?

Jacques Villeneuve: Sim, é um dos momentos da Fórmula 1 que continua gravado na minha memória. O Estoril é uma grande pista e ninguém pensava que era possível ultrapassar por fora naquela curva. Eu estava decidido a provar o contrário… Disse aos mecânicos da Williams que achava que aquela era uma curva de ultrapassagem, que iria tentar. E eles disseram-me que se eu tentasse, me iriam lá buscar… com uma pá.

A: E chegaste a falar com o Michael Schumacher sobre essa manobra?

JV: Bem, ele não ficou muito satisfeito… Ali funcionou o elemento de surpresa. Eu sabia que o Michael não poderia sair da curva a fundo porque iria apanhar um Minardi na reta. E eu optei por ir por fora porque queria surpreendê-lo. É assim que se conseguem as melhores ultrapassagens, quando conseguimos surpreender o outro piloto.

A: Convém lembrar que tu eras um rookie na Fórmula 1 nesse ano…

JV: Sim, mas aquela curva tinha um ligeiro banking curva e eu obviamente estava habituado às ovais. A experiência em ovais ajudou nessa ultrapassagem em particular.

A: Antes de vires a Montalegre, qual tinha sido a última vez que estiveste em Portugal?

JV: Não tenho bem a certeza. Acho que estive a testar no Estoril há uns dez anos…

A: O Ralicross revelou-se mais difícil do que estavas à espera?

JV: Não. Continua a ser um carro de corridas e eu já tinha feito algumas provas no gelo, que até acho mais complexo do que o Ralicross. Simplesmente não tive um bom fim-de-semana em Montalegre, apenas isso.

A: Quais sãos as tuas expectativas de evolução e de resultados no Ralicross?

JV: Não faço ideia. Neste primeiro ano quero aprender e ver como o campeonato é, como tudo funciona com a equipa… Por exemplo, nós ficámos sem o nosso engenheiro principal dez dias antes da prova de Montalegre. Ele foi para a outra equipa da Peugeot (ndr, Hansen Motorsport) e isso atrasou-nos.

A: O que achaste da pista de Montalegre?

JV: Todas as pistas de Ralicross são divertidas porque têm bastante ritmo. Esta não é excepção mas por outro lado é uma pista complexa. Não é um circuito fácil, é bastante técnico.

A: Depois da Fórmula 1 já experimentaste diversos tipos de carros e de campeonatos. Como é vir dos V8 Supercars australianos (ndr, onde Villeneuve fez seis corridas) para o Ralicross?

JV: É muito diferente, é como saltar da Fórmula 1 para a NASCAR. No Ralicross, guiar nas partes de asfalto é como guiar num circuito, não queremos andar de lado, queremos guiar como num carro de Velocidade. Quando entramos na terra, andamos mais de lado mas não é preciso fazer magia. Continuamos a ter um carro de corridas nas mãos, com quatro rodas e um volante. Consegues perceber o que se está a passar e geres essas variáveis.

A: Mas suponho que a adaptação a cada categoria demore o seu tempo, e não tens passado muito tempo no mesmo sítio…

JV: O meu objetivo é correr, independentemente do carro ou do campeonato. Eu experimentei algumas coisas que não resultaram e outras onde me diverti imenso. Isso deu-me uma enorme capacidade de adaptação. Quando deixei a Fórmula 1 estava com receio de não conseguir encontrar mais nada que me motivasse, de só conseguir retirar prazer ao guiar aqueles carros. Nos primeiros tempos foi stressante. Na Fórmula 1 estava habituado a muitas voltas, a muita velocidade e sempre no mesmo carro. Agora, posso receber uma chamada e duas semanas depois estou a descobrir um novo carro e a tentar perceber um campeonato completamente diferente. Isso para mim é entusiasmante e tem sido muito útil. Ajuda a manter-me vivo!

A: O facto de haver uma prova do Mundial no Canadá influenciou esta decisão de competires no Ralicross?

JV: A corrida no Canadá não teve nada a ver com a minha opção. Claro que torna tudo mais excitante, mais especial. Mas o campeonato em si já é excitante. O Canadá é apenas um bónus para mim. Conheço o organizador da prova, é um bom amigo meu. A ronda da NASCAR já é muito popular no país e espero que agora também seja bom para o Ralicross.

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