Grandes patrocinadores: E em Portugal, ‘flashes’ de outros tempos

Por a 20 Março 2024 12:22

Em Portugal, também existiram patrocinadores intimamente ligados ao automobilismo. Isto é, nomes e imagens, decorações, que ainda hoje lembramos com saudade e que ficaram associadas a determinado piloto.

O primeiro ‘flash’ que surge, assim de repente, é a Diabolique [Motorsport]. Aquela que é considerada como a mais emblemática equipa que militou nos ralis nacionais – com os Ford Escort RS1800, Joaquim Santos (que estreou a Diabolique no Rota do Sol, em 1981, no Escort RS matrícula BT-56-16) foi campeão nacional em 1982, 1983 e 1984 e vice-campeão em 1985, 1988 e em 1990 [nestes dois últimos anos com um Ford Sierra RS Cosworth], ficando ainda ligada ao poderoso e trágico Ford RS200 de Grupo B, em 1986 – era o veículo publicitário a um produto que ainda não tinha sido criado, quando a equipa nasceu: um perfume com o nome Diabolique.

Seja como for, até ser desativada, após a temporada de 1990, a estrutura liderada pelo doutor Miguel Oliveira – que foi o navegador de Joaquim Santos – tornou-se na maior e mais organizada equipa de ralis, estando por trás de iniciativas como ‘Onde Está o Ás?’, do Troféu Toyota Starlet e do regresso da Fórmula Ford a Portugal, tudo isto na década de 80. Hoje, é a nossa melhor memória.

Mas há mais, no nosso baú de memórias. Lembro-me do Team Lopes Correia e dos Opel 1204 S e Porsche 911 com o ‘capot’, tejadilho e laterais tapadas com cobertores (era uma indústria têxtil de Selho São Jorge, Guimarães, que faliu pouco depois), que os pilotos tinham que retirar quando chovia e os carros, por causa disso, ficavam mais pesados. Entre os pilotos, recordamos Joaquim Santos [que até fez o Troféu MINI com um carro desta equipa] e Joaquim Moutinho.

E já que estamos em maré de recordações, lembro duas que se passaram comigo. A primeira, foi quando, ainda adolescente, não descansei enquanto não consegui comprar uma camisa de ganga, azul, da marca Choice – tudo, por causa dos Ford Escort RS Mk II, pilotados por Giovanni Salvi e que eram apoiados pela Choice, cujas camisas era usadas pelos cantores de ‘charme’ da altura, como o Gabriel Cardoso ou Marco Paulo…

A outra, passou-se quando, em 1988, a equipa Duriforte, o nome da empresa de construções da família Bica apresentou, algures em Palmela, o projeto de Carlos Boca parta a temporada de 1988. Era um Lancia Delta pintado como se fosse um maço de cigarros da SG – e foi nele que fiz um curto percurso fechado ao trânsito, com o Carlos Bica ao volante, que depois passei para o jornal ‘Motor’ sob o título ‘A 140 à hora, de gravata!’ Mais tarde, a SG patrocinou os Peugeot 306 Maxi com que Adruzilo Lopes correu no nacional de Ralis em 1999 e o 206 WRC em 2000 e 2001 [foi Campeão Nacional absoluto em 1997 e 1998, mas com as cores da Clarion].

Agora, é tempo de vocês recordarem. Damos os lamirés: Triple Marfel [confecções, de Felgueiras. As suas camisas ficaram célebres, bem como a marca, em ralis durante a década de 70]; Rosa Negra [uma das marcas da Triple Marfel]; Gianfranco [têxteis, da família Rodrigues – o Carlos correu durante anos com Ford Sierra RS Cosworth e foi com um Sierra Saphire a Macau, em 1994. A equipa chamava-se mesmo Gianfranco Team]; Lois [marca de roupa desportiva. Santinho Mendes correu durante anos com esse patrocínio nos seus Nissan]; Traffic [Sportswear: o velho autocarro vermelho de um andar foi uma das primeiras ‘motor home’ dos ‘paddock’ nacionais e era ‘gerido’ por Artur Lemos (que antes usou um Toyota Starlet vermelho com o branco da Traffic, que tinha também o piloto Jorge Ortigão), então Relações Pública da Traffic, na década de 80]; Brut 33 [perfumes, no BMW 635 CSI de Manuel Fernandes]; Carglass [patrocinador pessoal de Ni Amorim durante muitos anos]; Poligrupo [a primeira empresa de crédito pessoal, BMW M3 de PêQêPê, na década de 80]; Ton sur Ton [perfumes, Alfa Romeo Alfetta GTV6 de Pedro Meireles, no ETCC, anos 80]; Rodam [concessionário da Ford, em Campanhã e que José Miguel celebrizou nos ralis, na década de 80]; Fagor [fogões, também utilizado por José Miguel nos seus Ford Sierra Cosworth]; Auto Impala [os ‘stand’ de venda de automóveis de Mário Silva e que ele usou para nome da sua equipa, durante mais de três décadas]; Fundador [fábrica de calçado, cujo nome apareceu no Volvo 240 Turbo de António Rodrigues, nos finais dos anos 80]; Miura [marca de roupas, que deu origem a uma das mais famosas equipas nacionais, o Team Miura, que fez correr, por exemplo, Joaquim Moutinho, em 1981, num Opel Kadett GT/E]; Maconde [confeções de Vila do Conde, já extinta e que apoiou diversos pilotos (Rufino Fontes num Porsche foi um deles), mas também muitas edições do Circuito de Vila do Conde, nas décadas de 70 e 80]; Ponto Verde [roupas, apoiou Jorge Petiz (Porsche 935 K2) e António Barros (Porsche Aurora), nos anos 80]; Giannone [roupas, principal patrocinador de… Robert Giannone e do seu Porsche negro]; Cabanelas [a empresa de camionagem da família com o mesmo nome, de Vila Real, que apoiou Sidónio enquanto ele correu com os BMW 528i em 1983 e 1984, antes de ser morto por uma bomba comunista, em janeiro de 1985]; Autosil [baterias, apoiou Pedro Sena durante quase uma década, nos Ford Escort RS2000 e Peugeot 205 GTi, a partir de 1981].

E podíamos ficar aqui o resto da tarde a recordar nomes – que a lista nunca ficaria completa. Decerto que, depois disto, a sua memória ficou em ebulição – e que muito desses nomes, que agora esquecemos, irão vir ao de cima. Ficam para uma próxima!

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