Entrevista Manuel Mello Breyner: A candidatura da não continuidade

Por a 29 Maio 2013 19:02

No âmbito das eleições para escolha da nova direção da FPAK, Manuel de Mello Breyner é o segundo nome a apresentar publicamente a sua candidatura com o slogan ‘Mudança com Rigor, Justiça e Transparência’. Ao AutoSport o ex-piloto respondeu a algumas perguntas difíceis e levantou o véu sobre outras questões polémicas que pairam sobre a federação. A exemplo do que fizemos com o primeiro candidato, Artur Lemos, aqui fica a entrevista a Manuel Mello Breyner.

Por que razão decidiu candidatar-se a presidente da FPAK?

Posso responder-lhe no fim da entrevista. Vai perceber porquê.

Qual a sua análise sobre o atual estado do desporto automóvel em Portugal?

O desporto automóvel em Portugal atravessa uma fase difícil e complicada, não por falta de entusiasmo dos pilotos, dos clubes organizadores e adeptos, mas sim pela inércia da sua federação e pela crise que o País atravessa, que torna

tudo ainda mais difícil. Se não veja: os pilotos não conseguem ter os apoios que pretendem para participar, os custos de organizar provas são cada vez maiores e os apoios das entidades oficiais (municípios) são cada vez menores e tudo isto leva, também, a que o interesse dos adeptos em aparecer nas provas seja menor. Claro que temos exceções, Rallye de Portugal, Baja de Todo o Terreno, Circuito da Boavista, Portalegre, Rampa da Falperra, etc.

O que acha que deve mudar a curto prazo e quais as medidas que implementará caso seja eleito?

Tem de existir uma mudança radical, de pessoas, mentalidade e atitude! O mais fácil e com resultados mais rápidos e eficazes são a mentalidade e atitude. Depois, as pessoas, e por serem pessoas é mais complicado, mas nada que não se faça. Neste período intermédio, já alterámos o horário, um pouco de mentalidade e tomámos algumas medidas de fundo, mas ainda falta muito… Aqui estão algumas das medidas que farei/estudarei caso seja eleito: alterar o logo, para a versão que apresentei na minha candidatura; alterar o site, pois além de ser informativo como o é neste momento, tem de ter a faceta de divulgar todos os resultados das competições desportivas que se disputam; no sitetem de haver um local próprio para todos os adeptos do desporto automóvel possam sugerir mudanças e alterações, no fundo para serem ouvidos; no sitehaverá um canal de comunicação com a direcção; a possibilidade de se requerer a licença totalmente on line, sem ter de obrigar a uma deslocação a federação; possibilidade de as licenças serem validas por 365 dias e não pelo ano civil (caso um piloto tire uma licença em outubro ela seja válida até ao outubro seguinte e não só até dezembro); criar uma ‘central de compras’, para que seja a FPAK a negociar com algumas entidades oficiais (PSP, GNR e Bombeiros, entre outras) de modo a poder retirar sinergias de escala e assim conseguir melhores condições e valores para os clubes , promotores e pilotos; criar um Conselho de Estratégia, composto por figuras ligadas ao Automobilismo, passado e recente, de modo a que se reúnam cerca de quatro vezes por ano e discutam projetos futuros para a federação (já em curso); incentivar e promover a iniciação ao Karting junto das escolas; voltar a ter campeonatos de iniciados de Ralis e Velocidade; interessar novamente as marcas a apostarem no desporto automóvel através de um custo muito reduzido; acordar com uma rádio nacional de grande relevância apoio ao desporto automóvel através da divulgação das provas (já em curso); promover cursos de comissários de pista e técnicos; encontrar uma formula de iniciação ao Automobilismo após o Karting; promover a aproximação da federação à Prevenção Rodoviária Portuguesa.

Quais são as suas metas prioritárias no curto, médio e longo prazo?

Se lhe for dizer tudo o que pretendo alterar, além de não ter espaço, maior parte delas poderiam parecer simples ‘promessas eleitorais’, coisa que não pretendo, por isso o mais importante e prioritário neste momento é o saneamento financeiro da instituição. Devolver à FPAK a sua credibilidade nacional e, muito importante, internacional, pois eu não conheço nenhuma empresa nem instituição que possa dizer que vai fazer isto e aquilo se financeiramente não estiver

É possível fazer crescer a participação nas provas por parte dos pilotos?

Penso que sim, mas não depende inteiramente da FPAK, pois a federação não pode ser vista como causadora de todos os problemas nem como a solução de todos os problemas! Este é um assunto que requer duas grandes reuniões, uma com os clubes e outra com os pilotos, que espero poder fazê-las logo após as eleições.Na atual conjuntura económica, a maioria dos clubes organizadores de provas atravessam grandes dificuldades.

Pretende, caso seja eleito, implementar medidas que facilitem a viabilização financeira dos clubes, como por exemplo, reduzir as taxas de organização de provas?

Sim, há que reduzir o custo de organizar as provas, sejam Ralis, Velocidade ou TT. O valor das taxas deverá ter de reduzir, mas a solução não passa só por aí. A federação pode ajudar os clubes de outras maneiras. Por exemplo, uma das queixas que temos é o custo dos agentes de autoridade (PSP e GNR) e Bombeiros, por isso pretendo criar uma espécie de central de compras, que vá junto dos organismos competentes e negoceie condições que sejam iguais e favoráveis para toda a gente. Numa fase posterior, após a situação financeira resolvida, é minha intenção a federação poder comparticipar nestas despesas.

Sabendo que de uma maneira geral os patrocinadores (de provas e de pilotos/equipas) estão pouco disponíveis para investir, qual será a vossa solução alternativa para que o desporto automóvel se desenvolva?

Para voltar a ter os patrocinadores interessados em investir no desporto automóvel temos de tornar o desporto automóvel interessante e atraente para eles, o que de momento não está a ser conseguido. Há que voltar a ter o público nas pistas e nos Ralis e, para tal, temos de ter corridas com grelhas cheias e Ralis bem estruturados e com muitos participantes. Há que ouvir clubes e pilotos para que se vá de encontro às suas sugestões. Tenho um projeto para de novo envolver as marcas e os importadores no desporto automóvel.

Os promotores são vistos como uma ferramenta essencial ao desenvolvimento do Automobilismo. Que importância lhes dará caso seja eleito?

Claro que são importantes e por isso quero reunir com eles para em conjunto estudarmos a melhor maneira de ter grelhas maiores e mais público. A FPAK tem de uma vez por todas de estar de mãos dadas com clubes, pilotos e promotores e não de costas viradas ou numa situação de ditadura, como até aqui.

A sua candidatura levou em consideração a real situação financeira da FPAK, e persistirá após a publicação das contas de 2012 e resultado de auditorias efetuadas?

É uma boa pergunta, pois aguardo com ansiedade e curiosidade o fecho de contas e o resultado da auditoria, que, lembro (e é importante que seja do conhecimento geral), foi pedida por mim! Depois volto a avaliar a situação, pois só quero avançar se sentir que tenho as condições reunidas para levar a bom porto o meu projeto. Lembro que avancei com a minha candidatura após ter a garantia de apoio de uma instituição financeira.

Sendo vice-presidente e membro da atual direção, considera que a sua candidatura é a da continuidade?

Não, e deixe-me explicar-lhe porquê. Ser membro da direção daquela federação era mais uma figura de proa que outra coisa. Em qualquer empresa ou instituição ser da direção implica que se esteja envolvido nas decisões tomadas e que sejamos ouvidos. Na FPAK, nada disto acontecia, o que nos era apresentado à mesa para ser decidido, praticamente já estava decidido! Aliás, ao longo do ano de 2012, muitos dos elementos da direção pediram a demissão, pois sentiam que não estavam lá a fazer nada. E agora, se calhar, deve estar a pensar: “então se era assim por que é que também não se demitiu?”. Finalmente, vou poder explicar a muita gente porque não me demiti. Em 2010 a FPAK passou por um aperto financeiro muito grande e teve de se endividar junto a uma instituição bancária; esse empréstimo só foi concedido com o meu aval e nessa altura eu disse ao presidente que iria ficar até ao fim do empréstimo (dezembro de 2012) para ter a certeza que era cumprido e que não iria ter problemas, o que realmente aconteceu, pois tudo foi pago a tempo e horas. Agora espero que percebam que, apesar de não concordar com muita coisa que se passava, tinha de ficar até fim de 2012.

E como vice-presidente não tinha poder para ir mais longe?

Acabei de lhe responder na pergunta anterior, mas deixe-me responder em relação à situação de vice-presidente. Em março/abril de 2012, fui convidado para o lugar de ‘vice’ e aceitei, mas avisei o presidente de que iria começar a ver o que se passava com os gastos elevados e injustificados da federação. Por alturas de junho, grande parte dos membros da Direção receberam avisos de penhora devido a dívidas ao Estado por parte da federação, o que foi resolvido na altura, mas que originou mais demissões (lembro que o meu aval ainda estava a funcionar). Comecei, então, a fazer uma oposição cerrada a vencimentos e custos elevadíssimos de outsourcinge alguns resultados apareceram, fruto dessa pressão. Em outubro, aquando da aprovação do orçamento de 2013, fiz uma enorme oposição, mas o orçamento passou e então decidi pedir uma auditoria às contas.

Os elementos da sua direção, caso seja eleito, passarão a trabalhar a tempo inteiro na FPAK?

O meu projeto prevê um director geral a tempo inteiro e mais duas pessoas em regime de part time. Toda a restante direção continuará sem remuneração. Deixe-me dizer-lhe que a direção, enquanto eu lá estive, nunca foi remunerada, nem eu como ‘vice’.

E serão divulgados aos associados o discriminativo dos vencimentos?

Claro. Então onde estaria a ‘Transparência’ que falo no meu slogan?

É verdade que avançou com garantias pessoais para amenizar as dificuldades financeiras da FPAK?

Sim, como lhe disse, em 2010, que terminaram em 2012 e mais recentemente no final de 2012, que termina no final de 2014. Posso dizer-lhe que se o não fizesse a federação poderia ter fechado.

Por que razão considera que a sua candidatura deve vencer as eleições?

Considero o meu projeto bom, com credibilidade e acompanhado de uma equipa de bons profissionais que me dão a maior confiança. Todos estamos embebidos do mesmo espírito, ‘Mudança com Rigor’ nas contas, ‘Justiça’ nas decisões e ‘Transparência’ no funcionamento.

Propõe-se alterar os estatutos da FPAK em algum ponto, nomeadamente na componente relativa ao método eleitoral?

Sim, em vários pontos, principalmente no que diz respeito à figura do presidente, que tem um poder total e que pretendo alterar, pois é mau e assustador para qualquer instituição funcionar com tanto poder concentrado numa só figura. Também o método encontrado para a atribuição de votos aos clubes e associações não me parece o mais correto. Há que verificar a veracidade de determinadas associações e dar mais peso à associação de pilotos. Em relação à pergunta porque me decidi candidatar, penso que ao longo de todas as questões foi respondida…

BERNARDO GONZALEZ e PEDRO CORRÊA MENDES

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