Eleições FPAK: Clubes críticos perante federação

Por a 5 Junho 2013 14:56

As eleições da FPAK estão quase à porta, sendo esta uma altura crucial para ambos candidatos à nova direção. Quisemos saber o que pensam os clubes da atual situação do desporto automóvel em Portugal e da situação em que se encontra a FPAK

Numa altura em que os dois candidatos que, publicamente, já assumiram a sua posição na corrida à presidência da FPAK se desdobram em contactos com os clubes associados da federação – naquilo que se poderia considerar como pré-campanha –, queremos dar a conhecer um pouco melhor como funciona um ato eleitoral para escolha de uma nova direção e respetivo presidente. Quem vota nas eleições da federação são os clubes associados e as associações filiadas. Estes são representados pelos seus delegados, que podem ser mais que um por associado. No que toca especificamente aos clubes, o número de delegados a que cada um tem direito está inerente ao número de provas que organiza anualmente, assim como a importância que estas têm, sendo que eventos de Automobilismo ou Karting inscritos em calendários internacionais carregam naturalmente um peso superior. Atualmente, ao todo são 94 os delegados (que representam 44 clubes e cinco associações filiadas), sendo que cada um só pode representar uma entidade, e apenas têm direito a um voto. O voto tem de ser presencial, ou seja, não é permitido o voto por correspondência nem por representação. Os clubes associados que têm maior número de delegados são o Clube Automóvel do Minho (5 delegados), a Associação dos Comissários de Desportos Motorizados do Estoril (4) e Clube Aventura do Minho, Demoporto e Grupo Desportivo e Comercial, todos com três.

Quanto às associações filiadas, há que contar com a Associação Portuguesa de Comissários Desportivos de Automobilismo e Karting (6), a Associação Portuguesa de Pilotos Automóvel (4), a Associação Nacional de Praticantes de Automobilismo e Karting (4), a Associação Nacional de Pilotos de Automóveis Clássicos (4) e a Associação Madeirense de Automobilismo e Karting (1).

Quisemos saber o que estes clubes têm a dizer sobre a atual situação da FPAK, ouvindo não só os que maior número de delegados detêm como os mais carismáticos. Na próxima semana tentaremos dar a voz às associações filiadas. Há uma certa linha de concordância nas resposta…

No momento em que se decide os destinos da federação, e consequentemente do desporto automóvel nacional, o que vos preocupa no que diz respeito à atual situação financeira da FPAK e à sua política desportiva?

Carlos Barbosa (ACP Motorsport)

“A situação financeira da FPAK é dramática. A sua vida futura depende de quem tiver capacidade para a enfrentar e capacidade de resolução, quer junto dos clubes quer junto da banca. Com uma estrutura enorme para o que faz, vai ter de ser obviamente redimensionada, e ficarem apenas os necessários. Com este ‘arrumar de casa’, obviamente que os salários vão baixa e drasticamente, e os clubes terão de pagar menos, assim como os pilotos, nas suas licenças. Este é apenas um exemplo. Na política desportiva tem de começar por saber o que é possível fazer para abranger o maior número de praticantes. Quer a nível de provas, quer a nível de categorias. É fundamental de uma vez por todas que acabem e sejam altamente punidas as provas piratas e quem as organiza. Não pode haver concorrência desleal aos clubes que pagam as suas licenças, etc. Os clubes todos juntos têm de se sentar a uma mesa e discutirem o que podem fazer, o que querem fazer e com que meios o podem fazer”.

Fernando Batista (Targa Clube)

“Pelo conhecimento dado aos sócios desde a semana passada no tocante às contas da FPAK, a nossa preocupação é grande, motivo pelo que entendemos ser por si só uma tarefa de enorme responsabilidade para os futuros dirigentes. Como a atual situação financeira da FPAK é tão grave, é nosso entendimento dar prioridade absoluta para a obtenção das condições mínimas na parte financeira de forma assegurar a continuidade da FPAK, sendo que o mais importante nesta fase é garantir a realização dos diversos campeonatos que se organizam no âmbito dos desportos motorizados em 2014.

Numa fase seguinte, então sim, estudar e alterar a política desportiva, tema que consta no programa dos candidatos até agora conhecidos.

António Lima (MCE)

“O estado preocupante das finanças da FPAK é algo que já esperado por muitos clubes, sobretudo daqueles que em determinado momento tentaram mudar o rumo da FPAK. A ser verdade o que se refere no Comunicado da FPAK, impõe-se perguntar aos clubes e associações que perante tantas evidências, perante as reservas dos ROC, perante factos concretos sobre irregularidades que lhes foram apresentados na última AG de aprovação de contas, dirigida de forma sinistra pelo vice-presidente da AG e que votaram a favor ou se abstiveram na aprovação de contas, se não se sentem co-responsáveis do estado desastroso em que hoje se encontra a FPAK. A direção do MCE vai pedir uma cópia da auditoria e solicitar à atual direção da FPAK um relatório sobre as contas entre a FPAK e cada um dos clubes seus associados. É absolutamente fundamental não apenas saber para que rúbricas contabilísticas foram feitos pagamentos e recebimentos, mas também a conta corrente da FPAK nos últimos anos em termos de pagamentos e recebimentos com cada um dos clubes seus associados. Só existindo um claro e objetivo conhecimento da situação da FPAK se poderá elaborar um plano realista que permita a reorganização da FPAK num período de 3 a 4 anos e uma reformulação da sua organização interna.

No que toca à política desportiva, a primeira reação será perguntar se havia efetivamente uma política desportiva, ou se na realidade esta não era apenas um processo mais ou menos elaborado para garantir a perpetuação dos cargos na FPAK. A política desportiva foi a de não atribuir, nem distribuir as provas pelos clubes interessados, mas dar a exclusividade nos campeonatos nacionais e internacionais da responsabilidade da FPAK a uma única entidade. Acreditamos que outros clubes sentiram na pele a falta de seriedade na gestão da política desportiva da FPAK e acreditamos sinceramente que situações de compadrio como as que se viveram no passado nunca se voltarão a repetir.”

José Manuel Afonso (Clube Automóvel do Algarve)

“Há muito que a situação financeira da FPAK é preocupante. Não é um problema recente como alguns dos intervenientes, que sempre se mantiveram calados, e que só após a morte do presidente tiveram coragem de se manifestar publicamente, querem fazer crer.

Numa altura em que, para a maioria dos clubes organizadores, a única fonte de receita são as inscrições, é difícil prever como será possível sanear financeiramente a FPAK. As receitas da federação provêm das elevadas taxas de inscrição das provas, pagas pelos clubes e das licenças desportivas dos concorrentes. Não é admissível que a FPAK continue a praticar o nível de vencimentos aos seus funcionários, muito acima da média do que é considerado um bom vencimento para o desempenho da função. A FPAK continua a manter 15 funcionários, ainda que mudando o estatuto a 4 deles, de empregados para consultores. Numa época em que impreterivelmente terão que baixar as taxas de inscrição e o valor das licenças desportivas, não será fácil recuperar as contas sem proceder a uma grande re-estruturação no número e vencimento dos funcionários. É importante recordar a crítica da ACOR , no ultimo ano sobre este tema, em que pela primeira vez um relatório de contas (de 2011) não passou em Assembleia Geral, e foram os mesmos clubes que se abstiveram no orçamento para 2013.

Quanto à política desportiva, é algo não existiu nos últimos anos, que assentou numa direção que não acompanhou os eventos desportivos e que mantinha como fachada comissões que nunca conseguiram produzir absolutamente nada relevante. Esperemos que a direção que vier a ser eleita siga um caminho totalmente diferente, composta por elementos que façam algo mais do que ‘figura de corpo presente’. Equipa essa que vá as provas, que ouça os organizadores, concorrentes e outros intervenientes, e não se limite a traduzir, nalguns casos mal, a regulamentação emanada pela FIA.”

José Paulo Fontes (Clube Sports da Madeira)

“Já todos percebemos que estamos perante uma grave situação financeira e de tesouraria e que, infelizmente, essa será a primeira e grande prioridade das listas candidatas às próximas eleições da FPAK. Por essa razão, teremos de eleger pessoas com credibilidade e conhecimentos e que estejam dispostas, a se empenharem na resolução dos graves problemas e que se façam acompanhar de pessoas com conhecimento e experiência no Desporto Automóvel, para adequarem as competições e regulamentos desportivos à realidade económica do País. A FPAK precisa de gente competente, credível, bem formada, disponível, dedicada, e empenhada somente, no futuro da Instituição e dos seus associados e no desenvolvimento do Desporto Automóvel em Portugal.

A política desportiva será condicionada pela forma como seja conseguida a recuperação financeira. É urgente e fundamental reestruturar as nossas competições e campeonatos e adequar os seus regulamentos à realidade atual, reduzir custos aos clubes e organizadores, incentivar a realização de troféus para viaturas mais económicas, motivar as marcas e procurar facilitar a participação dos pilotos. É preciso defender a manutenção das provas portuguesas nos calendários internacionais e acompanhar de perto as movimentações e alterações que vêm acontecendo a nível da FIA dos eventos internacionais que promovem e projetam a imagem de Portugal no exterior.”

Nuno Loureiro (Clube Aventura do Minho)

A atual situação financeira da FPAK, pelas informações obtidas, não é um processo de gestão, mas sim um processo de investigação criminal. Julgo que se houver uma clareza na apresentação dos resultados, um planeamento financeiro eficaz, uma forte contenção de gastos e acima de tudo respeito pelos ‘acionistas’ da FPAK que são os clubes, facilmente se consegue consolidar as contas da FPAK. É necessário haver dirigentes federativos que tenham bom senso e respeito pelos ativos financeiros na gestão de uma federação. As boas contas e a palavra são atributos essenciais à gestão atual e futura da FPAK. Além de defender verdadeiramente o Desporto Automóvel.

Quanto à política desportiva, a época do ‘desporto para ricos’ não se adequa à situação atual deste desporto nem do País. Tem de haver uma adaptação à conjuntura que atravessamos, sob pena de acabarmos de vez com este desporto que tanto amamos. Para isso sugiro o seguinte: Aplicar a regra básica de economia designada como economias de escala (Gasolina normal para todos, um único tipo de pneus, etc..); Aposta eficaz na promoção dos campeonatos em sintonia com os clubes; Ouvir verdadeiramente os pilotos e os clubes e aceitar as suas sugestões. São eles que estão no terreno, são eles os conhecedores de causa, são eles que trabalham e temos de os respeitar. A missão da FPAK é simples, apenas tem de legislar de acordo com o interesse de todos, promover a modalidade, defender o desporto automóvel e não interesses pessoais.

Barbosa Ferreira (Clube Automóvel do Minho)

“Depois de sabermos da existência de dois candidatos às futuras eleições FPAK, sabendo estes das dificuldades internas referentes à situação actual da FPAK, quer externas pela conjuntura negativa que atravessamos, e ainda dado que a atual direção da FPAK está a dar passos largos no sentido de solucionar os problemas mais prementes, as nossas preocupações dirigem-se no sentido de podermos tomar as melhores decisões na escolha dos futuros dirigentes da Federação, para que no que respeita às questões económico-financeiras se possam definir e aplicar as melhores políticas de funcionamento, que possam evitar situações semelhantes às actuais.

Para a política desportiva futura da FPAK, a nossa preocupação vai no sentido de que a FPAK possa ser um apoio aos projetos do CAM e não um estorvo. Para isso precisamos de ter uma federação forte. Mas não chega: é necessário que a futura direção tenha pessoas conhecedoras das várias vertentes e modalidades do desporto motorizado, e que não transportem para a FPAK interesses de uns em detrimento dos interesses de todos associados.”

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