De pequenino se torce… o volante!

Por a 30 Agosto 2011 11:32

Todos nós, em pequenos, sonhamos ser pilotos de automóveis e desde cedo usamos os mais variados objetos para simular um volante e testar a nossa perícia num qualquer troço de ralis imaginário, carregado de curvas e contracurvas. No entanto, num país como Portugal onde o desporto-rei é o futebol, estes sonhos cedo se desvanecem pois a única hipótese de um jovem vingar por cá no desporto é ser repescado numa qualquer escolinha de futebol…

Com mentalidades diametralmente opostas, os nórdicos cedo começam a tomar o gosto ao volante, quanto mais não seja numa qualquer velharia que estava parada lá por casa. Depois disso, escalões de formação bem definidos, permitem uma evolução constante e gradual da condução dos jovens pupilos, com os resultados que todos conhecem. Em Portugal, sem uma verdadeira escola de aprendizagem nos automóveis, a única alternativa para os jovens candidatos a pilotos passava pelos diversos campeonatos de karting que proliferam pelo país fora. No entanto, o investimento necessário para correr com sucesso nos pequenos monolugares não é muitas vezes proporcional ao seu tamanho, o que deixava de fora muitos valores a braços com dificuldades do tão proclamado ‘paitrocínio’.

E é neste contexto e, portanto em boa hora, que surgiu o Troféu de Iniciação de Ralicross. Por um lado, como um projeto que procura impor-se como uma escola de excelência de custos controlado para os futuros campeões e, por outro, dando a oportunidade de fazer o primeiro estágio em pistas de terra e onde, por consequência, as condições de aderência são inferiores e o aprumo da condução se torna mais exigente.

Performances adequadas

Criado pela FPAK em 2010, o Troféu de Iniciação de Ralicross surgiu pela persistente necessidade de criar um escalão de aprendizagem para os jovens, podendo nele participar os adolescentes que tenham idade compreendida entre os 13 e 15 anos, mesmo, obviamente, sem carta de condução. Neste segundo ano no ativo, o Troféu volta a acompanhar o Campeonato de Portugal de Ralicross nas suas cinco provas, com deslocações a Montalegre (três vezes), Castelo Branco e Sever do Vouga, e segue a base da sua regulamentação com provas compostas por treinos cronometrados, três corridas de qualificação e uma Final. Tempo mais do que suficiente para os ‘jovens lobos’ perceberem realmente se nasceram para correr ou para… jogar Playstation no sofá lá de casa!

Sendo uma competição que pretende, sobretudo, fazer o lançamento de jovens valores, a opção por limitar as performances dos carros foi inteligente. Com carros de cilindrada inferior os 1400 cm3, o Troféu Iniciação cumpre as verdadeiras funções de pedagógicas para a qual foi criada (já que as prestações dos carros adequa-se perfeitamente ao nível de experiência demonstrado pelos pilotos), sem que tenham sido descurados todos os mais elementares pormenores de segurança, em tudo idênticos aos restantes veículos que acompanham a competição durante as jornadas do Ralicross.

E depois do troféu?

Sem escalões de formação bem definidos, ambicionar a uma carreira como piloto em Portugal é uma tarefa hercúlea. Se a histórica escola do karting ou este novo Troféu abrem a porta da competição aos mais jovens, há depois um enorme déficite de possíveis alternativas para dar continuidade a uma carreira sustentada. A opção lógica para quem abrace este troféu passa pela continuidade nas pistas de Off-Road, quer seja no Autocross, no Ralicross ou mesmo no Crosscar, pois trata-se de um ambiente muito controlado onde os mais jovens podem evoluir em grande segurança e onde todas as variáveis são facilmente mensuráveis. No entanto, como a transição para o grupo dos seniores se pode tornar demasiado ‘brusca’, uma nova classe dos 15 aos 18 anos poderia ser a solução…e valeria a pena pensar na sua criação para que este bem nascido projeto da FPAK pudesse juntar à ‘cabeça’, o ‘tronco’ e os ‘membros’ que ainda lhe faltam.

Quanto custa?

Qualquer forma de desporto automóvel tem sempre custos associados que, inevitavelmente, fazem parte da equação quando se pondera a participação em qualquer disciplina. No entanto, os moldes em que foi estruturado o Troféu de Iniciação permitem custos de participação relativamente baixos, com a média do orçamento por prova a não ultrapassar os 500€, já com a inscrição de 75€.

Há ainda que contar com o custo de aquisição da ‘máquina’, entre os 3000 e os 5000 euros, ou optar por um potencial aluguer, sempre na casa dos 1000 euros com tudo incluído. Com um leque de opções variado, têm sido os Toyota Starlet que mais têm vingado, muito por culpa da sua reconhecida fiabilidade, mas os mais competitivos Peugeot 106 ou Citröen AX prometem ainda ter uma palavra a dizer.

Os sete magníficos

Hugo Lopes: jovem mas com ambição

Até agora o único que conseguiu quebrar a hegemonia de vitórias de Rafael Lobato, Hugo Lopes estreou-se apenas este ano no Troféu, mas tem vindo a subir rapidamente de forma. Natural de Viseu, Lopes ambiciona do alto dos seus 14 anos uma carreira nos automóveis, pelo menos tão profícua como a do seu herói Colin McRae. Para além dos automóveis, não passa sem a sua dose de terror no pequeno ecrã ou sem uma mais descontraída partida de bilhar… Para já, o próximo passo será dado na mais competitiva Divisão 2 do nacional de Ralicross onde espera ingressar depois de concluída a passagem pelo Troféu.

Bernardo Maia: o 1º campeão

Vencedor da primeira temporada do Troféu de Iniciação (2010), Bernardo Maia conta com 14 anos e é natural de São Pedro do Sul. Confesso amante dos automóveis, dedica todo o seu tempo ao ‘vício’ da velocidade, tendo por ídolo aquele que é considerado por muitos como o melhor de sempre: Ayrton Senna. Embora ainda com alguma margem de progressão no troféu, Bernardo sonha já com a passagem para o meio dos veteranos, seja na Taça de Ralicross, no campeonato de Montanha ou ainda nos irrequietos bólides do Crosscar.

Ivo Martins: o benjamim do grupo

É, de longe, o mais jovem do lote de pilotos que este ano abraçou o troféu, somando apenas uns singelos 13 anos! Apesar do ar tímido e da fisionomia franzina, Ivo é praticante de karaté e embora apenas este ano se tenha estreado ao volante, já mostrou que tem futuro nos automóveis. Apaixonado pelo Ralicross, ambiciona no futuro uma carreira no Europeu ao lado do seu ídolo, o americano Tanner Foust.

Pedro Ribeiro: filho de peixe sabe…pilotar

Costuma-se dizer que ‘quem sai aos seus não degenera’… e Pedro Ribeiro não engana! Filho do piloto de Autocross Olavo Ribeiro, Pedro desde cedo convive com a competição, sendo por isso natural este seu ingresso no Troféu de Iniciação. Residente em Rio Tinto, conta já com 15 anos e com 2 anos de experiência no karting, sendo dos primeiros a confirmar a presença no Troféu. No futuro, uma carreira além fronteiras deverá ser o passo a seguir, com a Divisão 2 do Europeu de Ralicross a ser uma forte possibilidade.

Pedro Pereira: paixão pelos automóveis

Amante incondicional de tudo o que diga respeito a automóveis, Pedro Pereira repete este ano a experiência no Troféu depois de cinco temporadas de karting no Troféu de Baltar. Ao contrário da maioria dos jovens, abomina o futebol, preferindo umas tardes de treino de condução num qualquer (bom) simulador. Elogiando a personalidade de Ayrton Senna e o poderio do mestre Sebastian Loeb, destaca ainda alguém que muito contribuiu para a sua formação, o seu mentor, Adruzilo Lopes. Desejando manter-se em competição, o Off-Road ou o Desafio Único deverão ser os próximos passos na carreira.

Mariana Lima: corridas no feminino

Seguindo o exemplo das mais experientes Ana Matos e Cátia Sirgado, a jovem Mariana Lima ingressou este ano no Ralicross, dando seguimento à tradição familiar iniciada pelo seu pai, António Lima, veterano das corridas de Off-Road. Com uma paixão ímpar pelos automóveis e admiradora confessa do português Armindo Araújo, deixou a dança para abraçar este projeto, sendo colaboradora assídua na preparação do seu carro. Estando na idade limite para militar no Troféu, a próxima etapa na carreira deverá passar pela Taça de Ralicross.

Rafael Lobato: o mais experiente

Não sendo dos mais velhos do grupo, Rafael Lobato é aquele que até ao momento tem capitalizado melhores resultados nas provas do Troféu, aliando à rapidez  a consistência. Com escola no karting em Baltar, tal como Pedro Pereira, é desde há um ano a esta parte assíduo nos simuladores de corridas de automóveis, a eles dedicando grande parte dos seus tempos livres. Talvez por isso o seu grande ídolo seja o inglês Lewis Hamilton, conhecido na sua juventude por explorar ao máximo o simulador da McLaren… Numa conjetura onde apenas o imediato é certo, Rafael não tem de momento perspetiva definidas sobre a continuidade da sua carreira nos automóveis.

Luís Pedro Tavares

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