Artur Lemos: “Quase tudo terá que mudar”

Por a 20 Maio 2013 18:26

Ainda antes da abertura oficial do período de apresentação de candidaturas às eleições da FPAK, Artur Lemos divulgou publicamente a sua intenção de concorrer. Ao AutoSport, falou dos principais objetivos da sua lista e o que pretende corrigir face ao passado. Esta é a primeira das diversas entrevistas que o AutoSport pretende levar a cabo de forma a acompanhar o processo de sucessão de Luiz Pinto de Freitas, e na próxima quarta-feira, na edição semanal do AutoSport, é a vez de Manuel Mello Breyner dizer de sua justiça, e explicar que apesar de ter pertencido à Direção presidida por Luiz Pinto de Freitas, se demarca dessa gestão, explica por que se manteve e as açõesque tomou para evitar que a FPAK caísse. Entretanto, aqui fica a entrevista de Artur Lemos na íntegra.

Porque decidiu candidatar-se?

Candidato-me por muitas razões mas, na base da minha decisão, está a enorme paixão que sinto pelo desporto automóvel desde miúdo. Ao longo dos últimos anos, foram várias as vezes que me senti impulsionado a contribuir de uma forma mais activa em prol deste desporto, candidatando-me à liderança da FPAK, mas sempre achei que não era ainda o momento ideal.

Agora, penso que chegou esse momento, que curiosamente é o pior momento do desporto automóvel em Portugal, onde se torna premente uma contribuição ainda mais activa por parte de todos aqueles que são verdadeiramente apaixonados por este desporto e que têm algo para dar. Acho mesmo obrigatório colocar ao serviço da FPAK todas as competências e capacidades que fui integrando ao longo de mais de 40 anos de dedicação ao automobilismo. De facto, já lá vão mais de 40 anos de dedicação à “causa”, seja como fotógrafo, jornalista, director de equipa, piloto, co-piloto de treinos, relações públicas, promotor, organizador, patrocinador, dinamizador, membro de comissões e outros cargos que eventualmente me possa estar a esquecer, isto falando exclusivamente da área desportiva. Na área Automóvel, ocupei diversos cargos de relevo em marcas de automóveis, tendo ao serviço das mesmas implementado diversas Fórmulas e Troféus desportivos. Conheço este desporto desde vários ângulos e perspectivas, e isso permite-me entender os vários pontos de vista na equação, desde os pilotos, aos promotores passando pelos clubes. Para além disso, e graças à minha postura ao longo dos anos, consegui construir uma imagem credível neste meio, que penso ir de encontro aquilo que a FPAK precisa neste momento.

Qual a sua análise sobre o atual estado do desporto automóvel em Portugal?

O desporto automóvel em Portugal está muito ferido. Sem credibilidade, sem visibilidade, sem rumo, sem visão, desactualizado e completamente desadaptado da situação económica difícil que se vive em Portugal. Quando se fala em desporto automóvel português, convirá não esquecer que ao contrário do que se passa cá dentro, estamos em alta relativamente ao que se passa lá fora. Temos um excelente leque de pilotos a elevar bem alto a bandeira portuguesa, de uma forma que acho nunca ter acontecido.

O que acha que deve mudar a curto prazo e quais as medidas que implementará caso seja eleito?

Sem pretender passar uma imagem de radicalismo, atrevo-me a afirmar que quase tudo terá que mudar. Acho que chegou a altura certa para colocar um ponto final num determinado período e arrancar para uma nova corrida, MUDAR A TRAJETÓRIA e PILOTAR O FUTURO de forma a que as vitórias voltem a aparecer e que tal seja motivo de orgulho e notícia para todos os amantes do desporto automóvel. Caso eu e a equipa que lidero seja eleita, terei 4 anos para dar um novo rumo ao desporto automóvel português, ou pelo menos, a implementar grande parte das ideias que tivemos, temos e teremos. Claro está, que todas essas ideias serão alvo de cuidada análise pela parte de toda a equipa, das Comissões que serão criadas para o efeito e dos diversos intervenientes no desporto automóvel português.

Quais as vossas metas prioritárias no curto, médio e longo prazo?

Serão os Clubes e Associações sócios da FPAK os primeiros a saber das nossas ideias e quais as respectivas prioridades. Temos tudo pronto e definido depois de afincadamente termos trabalhado ao longo dos últimos 15 dias, os dias que passaram desde a nossa decisão de avançar com a nossa candidatura. O primeiro passo será garantidamente arregaçar as mangas, arrumar a casa, e dedicar-nos de alma e coração à recuperação da FPAK. A médio prazo, esperamos ver os primeiros resultados positivos da estratégia definida e recuperar a credibilidade, qualidade e visibilidade do desporto automóvel a nível nacional e internacional. A longo prazo, sonhamos com a realidade de um pódio em que, no lugar mais alto estará um Portugal orgulhoso do desporto automóvel que voltou às luzes da ribalta em todos os aspectos. Nesse dia, será altura de abrir o champagne.

Os pilotos terão ‘voto na matéria’ nas decisões ou definições de estratégia da FPAK?

Sem pilotos, sem equipas, sem organizações, sem promotores e sem patrocinadores, a FPAK não tem razão de existir, pois deixarão de existir os principais e fundamentais atores deste enorme “circo”. Resumindo, deixará de haver corridas. Teremos garantidamente uma relação bem próxima com todos os envolvidos. O desporto automóvel português não é nem nunca será pertença da FPAK, mas sim de todos aqueles que nele participam. Numa visão integradora e receptiva, dando espaço e escutando todos os intervenientes.

É possível fazer crescer a participação nas provas por parte dos pilotos?

Apesar da forte crise económica que atravessamos em Portugal, acredito que, reformulando algumas áreas específicas, estarão criadas as condições para o número de praticantes aumentar. Muitos pilotos anseiam por tirar os carros da garagem, desde que se reúnam certas condições que sabemos quais são e como mudá-las. Aproximar este desporto do público é um grande objectivo e um necessário motor de arranque para mudar muita coisa a este nível.

Qual a situação atual dos clubes organizadores na conjuntura económica em que vivemos, e como poderão ajudar a um maior desenvolvimento do automobilismo?

Na actual conjuntura económica, penso que será muito difícil poder afirmar que a situação é boa mas, essa pergunta terá que ser respondida pelos próprios clubes.

Quanto a ajudar o desenvolvimento, é por demais evidente que sim. Apenas terão que haver novas regras e um maior apoio da entidade federativa principalmente no que toca às questões promocionais.

Sabendo que de uma maneira geral os patrocinadores (de provas e de pilotos/equipas) estão pouco disponíveis para investir, qual será a vossa solução alternativa, para que o desporto automóvel se desenvolva?

Sem investimento torna-se difícil haver desenvolvimento. Qualquer leigo na matéria é consciente disso. Mais grave se torna o quadro se juntarmos a situação actual do país e a situação financeira da FPAK. Há que ser criativo e ter as pessoas certas nos lugares certos para que surjam as alternativas que depois desenvolveremos, estudaremos e implementaremos.

Acredita que Portugal possa conseguir trazer mais provas internacionais? Quais? Em que modalidades?

Acredito que Portugal continue a ser um país atraente para provas internacionais. Acho que neste momento não nos podemos propriamente queixar do número de provas portuguesas que já existem nos calendários da FIA e devemos continuar a estimular e a inovar neste capítulo.

As provas internacionais que existem são reconhecidas como das melhor organizadas do mundo e queremos que assim continuem.

A sua candidatura levou em consideração a real situação financeira da FPAK, e persistirá após a publicação das contas de 2012 e resultado de auditorias efetuadas?

A minha candidatura, em conjunto com o Luis Caramelo e o Mário Feio levou essencialmente em consideração que o nosso Desporto de eleição precisa de ajuda. Precisa de um “refresh” geral, precisa de uma NOVA TRAJETÓRIA e precisa de PILOTAR O FUTURO com novas técnicas de condução. Essa é a realidade que enfrentamos, numa Federação que está em situação bastante difícil. Se não tivéssemos tomado esta decisão, estaríamos a pactuar com uma situação de “deixa andar” ou “mais do mesmo” conforme lhe queiram chamar. E, o resultado a curto prazo seria garantidamente o encerramento do desporto automóvel em Portugal, o que não é de todo desejável. A candidatura terminará no dia em que a nova lista for eleita.

Conhece a realidade dos números de exploração e o passivo da FPAK e acredita que a mesma é viável e recuperável?

Tudo é viável e tudo é recuperável. Apenas é preciso Acreditar e Trabalhar com honestidade, transparência, dedicação e contar com a colaboração de todos. Chegou a altura de envolver democraticamente todos os que participam neste desporto de uma forma pró-activa e plena de dinamismo e criatividade.

Os três elementos que compõem, para já, a sua lista passarão a trabalhar a tempo inteiro na FPAK?

Só assim tem lógica a nossa candidatura. Estamos os três disponíveis para, em full-time, liderar a total e faseada renovação deste desporto.

A nova direção será remunerada?

Os três pilares base da candidatura trabalharão em full-time para a Federação, só assim faria lógica. Como qualquer trabalho a tempo inteiro, será com certeza remunerado segundo normas e valores razoáveis e aceitáveis. Seremos nós a trabalhar pela FPAK e não a FPAK a trabalhar para nós, isso seguramente!

A sua lista irá divulgar aos associados o discriminativo dos vencimentos?

A nossa lista será transparente em todas as suas decisões e atitudes. Mal era se fossem adoptados os erros do passado.

A sua lista considera-se em condições para requerer os necessários financiamentos para a recuperação da FPAK?

A minha lista encontra-se em situação de trabalhar para a revitalização da FPAK.

O Artur Lemos se for eleito vai aceitar substituir as garantias financeiras pessoais que se sabe terem sido prestadas pela atual direção?

O Artur Lemos em conjunto com a sua equipa, está disposto e motivado para trabalhar em prol do desporto automóvel nacional, com toda a dedicação, paixão e profissionalismo que sempre foram sua característica.

A FPAK, no caso de eu ser eleito, honrará todas as suas obrigações. Será ponto de honra resgatar a FPAK desta difícil situação, criada pelo actual e anteriores corpos sociais.

Não me considero nenhum mecenas, nem pretendo que a FPAK seja uma fundação patrocinada por mim, mas sim uma federação auto-sustentável.

Porque razão considera que a sua candidatura deve vencer as eleições?

Por todas as razões acima expostas, pela paixão, pela dedicação, pela transparência, pela honestidade, pela competência e pelo apoio das centenas de pessoas e entidades que não votam mas que manifestam a todo o minuto a sua vontade de que os destinos do desporto que amam, seja por nós gerido. Chegou a altura de romper com os erros do passado e PILOTAR O FUTURO de uma forma integradora, onde todos possam ter voz, recuperando a paixão que este desporto desperta junto do público.

Propõe-se alterar os estatutos da FPAK em algum ponto, nomeadamente na componente relativa ao método eleitoral?

Está prevista pela nossa candidatura a lógica e fundamental Revisão dos Estatutos. Temos que nos actualizar urgentemente.

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