Pedro Matos Chaves: “FPAK só soube definir, anunciar e cancelar o calendário do Campeonato Nacional de Karting”

Morreu depois de 43 edições ininterruptas, sem que a justificação possa assentar na conjuntura macro-económica e no suposto mercenarismo dos preparadores, como apressou-se a dizer o presidente da FPAK.

Morreu por culpa da escandalosa passividade e total incompetência dos dirigentes da FPAK, que não sabem, não se preocupam e até duvido que gostem da modalidade…

 Morreu porque não se legislou no interesse dos pilotos, mas sim no dos clubes e nada se fez para contrariar a escalada de custos.  Morreu porque o presidente da FPAK afirma que a “sua” federação é de clubes e não de pilotos. Ou seja, uma “Liga de Clubes” agarrada à cadeira do poder, que coloca a política à frente dos interesses do desporto e parece cega com a chegada das eleições. Morreu porque a única coisa que fez pelo campeonato foi definir o calendário, anunciar o calendário e cancelar o calendário. 

Morreu e uma geração de pilotos vai ser marcada por um imenso vazio, porque um título de campeão tem muito mais significado que a vitória num troféu, por muito prestigiado que seja.

Morreu o Campeonato Nacional de Karting, sim. Os pleonasmos não são inocentes. Assumo a minha indignação e revolta, certamente idêntica à de todos aos que como eu sentem, vivem e nutrem paixão pelo automobilismo. Afinal, o karting é a sua essência e basta olhar para as grelhas de partida das disciplinas de monolugares ou turismos… 

É chegada a hora de assumir as responsabilidades e não arranjar bodes expiatórios. O futuro deve ser encarado com seriedade, pragmatismo e, acima de tudo, com medidas que sirvam apenas – e reforço o apenas – os interesses do automobilismo nacional e do karting, em particular.

Exige-se o regresso das categorias de iniciação com material monomarca; restrições ao uso indiscriminado de material; uma estrutura de calendário assente em troféus regionais e um campeonato nacional com o máximo de três provas; organizações profissionais, com critérios uniformizados; inscrições mais acessíveis e algum esforço para promover a modalidade. 

Esta época, duas competições promovidas  por privados reunem mais de 160 pilotos, ou seja: o karting na vertente de competição está bem vivo! O que o presidente da FPAK não consegue justificar é porque motivo estes projectos são tão pouco afectados pela crise e pelo suposto mercenarismo dos preparadores…

Há uma semana foi o “Nacional” de karting, mas os ralis, o todo-o-terreno e a velocidade parecem seguir o mesmo caminho, enquanto para os lados da FPAK o comportamento é idêntico ao das avestruzes… 

Pedro Matos Chaves