FIA afirma que FOTA sabia da sua posição passiva nas negociações

Recorde-se que a FOTA foi ‘avisada’ ontem numa reunião com a FIA de que estão restringidos ao papel de observadores na elaboração das regras para a próxima temporada, algo que apanhou os directores das formações de surpresa, com estes a abandonarem o encontro manifestando o seu descontentamento.

Numa declaração emitida ontem, a FOTA relembrou que nada havia sido referido a esse respeito durante o encontro anterior em Paris e que, ao mostrar agora uma posição diferente, a FIA estava a colocar o futuro da modalidade em risco.

Por seu turno, a FIA emitiu hoje um comunicado, no qual afirma que as equipas conheciam o seu estado de ‘observadores’ e que a mudança das regras só seria possível com o acordo unânime das 13 equipas, tanto das dez actuais, como das três novas que se irão estrear em 2010.

“Antes da decisão da FOTA de abandonar a reunião do Grupo de Trabalho Técnico, o presidente da FIA [Max Mosley] escreveu duas vezes ao presidente da FOTA [Luca di Montezemolo] para lhe lembrar que todas as alterações ao regulamento do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 para 2010 teriam de ser sujeitas à aprovação unânime dos cinco equipas que já tinham entrada garantida para a próxima temporada de acordo com as regras tal como foram publicadas inicialmente.

“Isso deve-se ao código desportivo internacional e também porque as equipas inscritas têm um contrato com a FIA, que nem mesmo a Assembleia Geral ou o Conselho Mundial pode revogar. Qualquer pessoa com um conhecimento elementar de governação do desporto automóvel sabe disso. Imaginem a confusão se, após as equipas da FOTA terem entrado, o Conselho Mundial fosse posteriormente alterar as regras sem lhes perguntar [às novas equipas]”, pode-se ler no comunicado da FIA.

“Daqui resulta que é necessário o acordo das cinco equipas actualmente inscritas no Campeonato do Mundo de 2010 para a alteração das regras. Sugerir que a FOTA só tomou conhecimento disto durante o encontro de ontem é simplesmente falso. Então, está implícito que todos desconheciam um dos princípios básicos do desporto automóvel.

“Tal como as coisas estão, os actuais membros dos Grupos de Trabalho Técnico e Desportivo da F1 para 2010 são as equipas que entraram no Campeonato de 2010. No entanto, as oito equipas da FOTA foram convidadas para as reuniões, para que as 13 equipas pudessem acordar quanto aos regulamentos técnicos e desportivos para 2010, que seriam, então, os chamados ‘regulamentos estáveis’ num novo Pacto da Concórdia. O Grupo de Trabalho Desportivo reuniu-se de manhã nesta base e muitos progressos foram feitos. No entanto, da parte da tarde, as equipas da FOTA abandonaram o Grupo de Trabalho Técnico. Contudo, as cinco equipas inscritas foram capazes de confirmar as alterações acordadas pelo Conselho Mundial em Paris, a 24 de Junho, tal como foi anunciado ontem”, observou a FIA, lembrando que as pretensões da FOTA foram cumpridas na medida em que terá sido aprovado o final do tecto orçamental.

“A base para a concordância da FIA para abandonar o tecto orçamental foi a proposta elaborada pela equipa Williams ao longo do fim-de-semana de Silverstone, que permitiria uma redução das despesas para níveis do início da década de 1990 até ao final de 2011. Esta redução foi aprovada pela FOTA e confirmada por eles em Paris, a 24 de Junho. Este seria um contrato privado, juridicamente vinculativo envolvendo todas as equipas, mas não a FIA. A FIA confirmou, em Paris, que quando este acordo estiver em vigor, o tecto orçamental pode ser retirado dos regulamentos desportivos de 2010”.

“O acordo que a FIA alcançou com a FOTA em Paris foi para estender o Acordo da Concórdia de 1998 com algumas pequenas alterações à secção governativa. Isso teria posto em prática uma Comissão da F1 para lidar com as futuras regras ao passo que qualquer questão fundamental seria levada ao senado da FIA.

“No entanto, em 25 de Junho, em vez do acordo de 1998 com algumas pequenas alterações, a FIA recebeu 350 páginas de um novo Pacto da Concórdia. Sendo completamente impraticável envolver o Senado em tais negociações detalhadas, o contrato foi entregue aos advogados da FIA, que trabalharam incansavelmente sobre o assunto durante o fim de semana de 27-28 de Junho, e comentaram-no durante três horas numa conferência na segunda-feira, 29 de Junho. Então, as 350 páginas de 25 de Junho passaram a não ser a versão final da FOTA/FOA e surgiram elementos de uma nova versão, por partes, a 2 de Julho e 3 de Julho.

“Novamente, os advogados da FIA trabalharam durante o fim de semana de 4-5 de Julho, tal como fez o presidente da FIA Max Mosley e Vice-presidente da FIA Nick Craw. Outras observações foram concedidas numa conferencia dos advogados que durou três horas e meia na segunda-feira, 6 de Julho e novamente ontem, 8 de Julho, na sequência da difusão de novos projectos. Foram conseguidos mais progressos significativos ontem à noite noutra conferência.

“Neste momento, parece provável que um esboço final do Pacto da Concórdia de 2009 será acordado e estará pronto para assinar nos próximos dias”, concluiu o extenso comunicado.