Toleman TG184 (1984): O carro que quase ganhou com Ayrton Senna

Por a 29 Janeiro 2023 12:25

O Toleman TG184 foi o terceiro chassis feito pela equipa dos irmãos Ted e Bob Toleman, que tinham uma empresa de camionagem e eram mais voltados para as coisas da motonáutica. Pilotado por Ayrton Senna, então um estreante, quase ganhou no Mónaco. Só por isso, encontrou o seu lugar na História da F1.

Tal como os seus antecessores, o Toleman G184 foi desenhado por Rory Byrne – nascido na capital de África do Sul, Pretória, em 10 de Janeiro de 1944 e que já estava com a equipa desde os seus tempos na F2 – agora acompanhado por Pat Symonds, inglês nascido a 11 de Junho de 1953 – então jovens projetistas ainda no início das suas bem sucedidas carreiras na F1. Tal como Ayrton Senna, afinal…

O TG184 estreou-se no GP de França de 1984, que era a quarta prova do Campeonato do Mundo de F1, pelas mãos de Senna e do venezuelano Johnny Cecotto, então na sua segunda temporada na F1. Embora sob os mesmos conceitos (incluindo a dupla asa traseira, que o tornava esteticamente u pouco “esquisito”…) era na realidade bastante mais competitivo que o seu antecessor, o TG183 B – por sua vez uma ligeira evolução do TG183 (ver caixa).

O TG184 tinha o mesmo motor Hart 415T do chassis anterior, mas agora com mais potência, atingindo cerca de 608 cv. Mesmo assim, era inferior à concorrência e, além disso, a Toleman não tinha acesso aos mesmo pneus Michelin que as McLaren ou a Williams tendo que se contentar com misturas de 1983. A primeira vez em que isso não aconteceu – no Mónaco, porque já não existiam pneus de chuva do antigos e a Michelin teve que fornecer pneus recentes e iguais aos das outras equipas – o TG184, pilotado por Senna, classificou-se em 2º lugar.

Na verdade, o TG184 era um carro pouco mais que mediano, mas foi o suficiente para Senna dar nas vistas e mostrar ao Mundo todo o seu talento. O brasileiro, que saiu da equipa, de forma intempestiva, no final do ano, assinou mais dois pódios, em Silverstone e no Estoril – e foi mesmo o único piloto que soube retirar e explorar do TG184 o escasso valor que tinha em termos competitivos.

Mas o TG184 revelou-se também um chassis frágil. Nos treinos para o GP da Grã-Bretanha em Silverstone, Johnny Cecotto despistou-se e bateu de frente nos “rails” O monocoque não aguentou e partiu-se em dois, deixando o venezuelano com as pernas destruídas em pleno asfalto. Nunca mais regressou à F1. Semanas depois, em Hockenheim, foi a vez de Senna experimentar os mesmos calafrios, quando se soltou a asa traseira numa das grandes retas que existiam então da pista alemã, quando seguia a mais de 250 km/h e o piloto perdeu totalmente o controlo do carro, que fez vários piões e se foi desfazendo ao longo dos “rails”. Felizmente, Senna saiu ileso – mas profundamente chocado com o que viu e sentiu.

O que foi a Toleman?

O Toleman Group – hoje com ramificações em todo o Mundo, desde o Brasil à Ásia – é uma grande empresa de transporte de mercadorias, em camiões, que foi fundada por Edward Toleman, em 1926 com o propósito de transportar os carros da Ford que eram feitos na fábrica de Old Trafford,perto de Manchester. Dois anos mais tarde, a empresa mudou-se para Dagenham, uma cidadezinha dos arredores de Londres, que ficava mais perto da sede da Ford – até finalmente ir para Brentwood, onde hoje está ainda. Nos anos 50, Albert, filho de Edward, tomou as rédeas da companhia mas, quando morreu em 1966, ao leme ficaram o seu filho mais velho Ted, como CEO e Bob, como diretor executivo.

O envolvimento dos Toleman no desporto motorizado começou ainda nos anos 50, com Albert a participar em ralis, no início da década, antes de usar um Dellows em corridas de “sport”. Juntamente com Jeff Jeffries, venceu o campeonato TEAC em 1954 e 1955, que se disputava nos arredores de Londres e estavam para participar no Monte Carlo, quando Albert ficou doente.

Mais tarde, nos aos 60, os irmãos Ted e Bob mostraram interesse em corridas de motonáutica – que mantiveram durante algum tempo Enquanto se associavam, em 1968, a um jovem visionário chamado Alex Hawkridge, então com 23 anos (23/09/1945), faziam também corridas de “sport” e de “fórmulas”. Bob Toleman acabou por morrer em 1976, numa corrida de Fórmula Ford, em Snetterton, aos 30 anos.

Agora sozinho com Alex a liderar a arte técnica, Ted decidiu começar a construir, quase sem apoios chassis para monolugares de categorias de promoção, fundando para isso a Toleman Motorsport. Em 1977, participaram de forma quase anónima no campeonato britânico de FF 2000 e, em 1978, compraram um March de F2 para Rad Dougall correr na série britânica desta categoria.No ano seguinte,Hawkridge contratou Rory Byrne, que era projetista na Royale, mas a equipa continuou a usar chassis de outras marcas em 1979, no caso feitos pela Ralt e com motores de Brian Hart. Nesse ano, Brian Henton juntou-se a Dougall e acabou por ser vice-Campeão da Europa de F2, com duas vitórias (Mugello e Misano). Em 1980, sagrou-se campeão, com mas três vitórias, pilotando o primeiro chassis com onome Toleman – os TG280/TG280 B.

Em Novembro desse ano, a Toleman anunciou que iria subir à F1 em 1981. Chegou-se a discutir com a Lancia o desenvolvimento de um motor turbo, mas a opção recaiu num motor derivado do bloco Hart de F2, numa altura em que a F1 começava a ser dominada pelos turbo.

A estreia foi no GP de San Marino, a 3 de Maio, mas o Town TG181 era um mau chassis e ainda por cima submotorizado e com muita falta de potência. Nesse ano, Henton apenas se qualificou para o GP de Itália, sendo 10º e Derek Warwick somente alinhou no último GP, no Ceasars Palace, abandonando. O ano seguinte, 1982, não foi muito melhor, embora então fosse mais fácil a Warwick e Teo Fabi(que substituiu Henton) passarem das qualificações, apesar de terem desistido em mais de 80% das corridas.

Na verdade, apenas em 1983 e 1984 (neste ano, com Ayrton Senna), a Toleman deu nas vistas na F1. Foram os anos de ouro, com um total de 26 pontos e três pódios (com Senna, em 1984).O último ano da Toleman na F1 foi em 1985, com Fabi e Piercarlo Ghinzani. Deixou a F1 a 3 de Novembro, no GP da Austrália, após um total de 70 GP, dos quais 57 efetivamente disputados.

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