Monza: o templo da velocidade celebra 75 Anos de Fórmula 1 com arte e emoção

Por a 4 Setembro 2025 08:28

Uma edição histórica: Grande Prémio de Itália de Fórmula 1 de 2025

O Autódromo Nacional de Monza, palco de inesquecíveis batalhas e sinfonia de motores, prepara-se para uma edição ainda mais especial do Grande Prémio de Itália. Este ano, o icónico circuito acolhe, pela 75.ª vez, uma corrida do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, um feito sem precedentes na história da prova rainha do desporto motorizado. Este marco sublinha a ligação indissociável entre Monza e a Fórmula 1, consolidando o seu legado como o “Templo da Velocidade”.

Para a Pirelli, parceira global de pneus da modalidade, este fim de semana assinala o culminar das celebrações pela sua participação em 500 Grandes Prémios, um feito alcançado em Zandvoort no domingo passado.

À semelhança do que aconteceu nos Países Baixos, os vinte monolugares em pista e todos os pneus slick exibirão um logótipo especial, apresentado em Londres a 18 de fevereiro, no âmbito das comemorações dos 75 anos da Fórmula 1. Poucas horas antes do início da corrida, pilotos e elementos das equipas juntar-se-ão à administração de topo da F1, da FIA e da Pirelli para uma fotografia comemorativa, eternizando este momento histórico.

Troféu “Chimera”: Arte e Velocidade Unem-se no Pódio

O Formula 1 Pirelli Gran Premio D’italia 2025, designação oficial da corrida de Monza, realiza-se a cerca de 20 quilómetros da sede da Pirelli, e o pódio de domingo refletirá esta ligação especial. Os três primeiros classificados usarão um boné exclusivo, parte da coleção 2025 produzida pela Pirelli Design, com o contributo criativo do designer Denis Dekovic. O “Monza Podium Cap”, com o seu azul-celeste evocando o céu italiano sobre o “Templo da Velocidade” e o logótipo dos 500 Grandes Prémios, já se encontra disponível na plataforma de comércio eletrónico dedicada da Pirelli.

Além disso, os três pilotos e o representante da equipa vencedora erguerão um troféu singular, denominado “Chimera”. O nome foi atribuído por Nico Vascellari, artista italiano responsável pela quinta edição do projeto desenvolvido pela Pirelli e pela Pirelli HangarBicocca. Desde 2021, um artista italiano é incumbido de criar o troféu da corrida italiana, integrando a expressão artística contemporânea no universo da Fórmula 1.

O tema da mitologia e da velocidade, já explorado com “Tifone” em 2022, prossegue este ano com “Chimera”. A enigmática escultura de Vascellari representa o movimento das três criaturas mais rápidas no ar, na água e em terra: o falcão-peregrino, o peixe-agulha e a chita (guepardo).

As suas características aerodinâmicas individuais fundem-se para criar uma criatura fantástica, evocando evolução, metamorfose e mudança. Os troféus são fabricados em alumínio, material leve também utilizado na construção dos carros de Fórmula 1, através de um processo que combina artesanato tradicional com técnicas altamente inovadoras, como a impressão 3D e a fundição por cera perdida.

“A referência ao mundo animal neste troféu decorre da natural fascinação humana, um sentimento instintivo que ultrapassa e expande os nossos limites de velocidade, voo e resistência”, explica Vascellari. “Os animais são uma fonte inesgotável de inspiração. Quando concebi o troféu, pensei no momento em que o piloto o ergue acima da cabeça: um gesto simbólico para elevar o mundo animal e a natureza acima de nós, numa tentativa de restaurar o equilíbrio. É também uma celebração da capacidade da natureza ser fonte de inspiração.”

O troféu “Chimera” será revelado em Monza durante a sessão Pirelli Tyres Talk, exclusiva para os meios de comunicação, na box 7 do Pirelli Hot Laps garage, amanhã, sexta-feira, dia 5 de setembro, imediatamente após a primeira sessão de treinos livres de Fórmula 1. Para além do artista, estarão presentes Aldo Costa, Chief Technical Officer da Dallara Automobili, e Mario Isola, Diretor de Motorsport da Pirelli.

Os compostos Pirelli: estratégias e desafios no asfalto de Monza

Para esta edição, não há alterações nos compostos de pneus em relação ao ano passado, quando a pista foi reasfaltada. Foram novamente selecionados o C3 (Médio), o C4 (Macio) e o C5 (Supermacio). Doze meses depois, a superfície da pista degradou-se, mas é pouco provável que isso tenha um efeito significativo no leque de estratégias possíveis. Neste circuito, os monolugares utilizam a configuração aerodinâmica de menor carga da temporada, visando minimizar o arrasto.

As escolhas mais populares para a corrida deverão ser o C3 (Médio) e o C4 (Macio). Prevê-se que o nível de granulação seja inferior ao do ano passado, uma vez que a pista já se encontra mais estabilizada. O tempo perdido nas boxes para uma troca de pneus é dos mais longos da temporada, o que levará as equipas a tentar prolongar ao máximo cada stint, controlando a degradação, com o objetivo de realizar apenas uma paragem.

Ultrapassar em Monza é difícil, sobretudo devido à reduzida eficácia do DRS, dado que os carros correm com níveis mínimos de carga aerodinâmica. Este fator também favorece a estratégia de uma única paragem. Contudo, a temperatura pode ter o efeito contrário: o mês de setembro na Lombardia pode, por vezes, assemelhar-se ainda ao auge do verão. Tal pode acelerar a degradação dos pneus, tornando a estratégia de duas paragens mais competitiva.

O Grande Prémio de Itália em 2024: estratégias e desempenho

No ano de 2024, catorze pilotos optaram por iniciar a corrida com o C3 (Médio), enquanto os restantes seguiram uma abordagem mais conservadora com o C2 (Duro). Lance Stroll efetuou três paragens, e os outros 18 pilotos que terminaram a corrida dividiram-se quase de forma equilibrada entre estratégias de uma e duas paragens. Os três pilotos do pódio começaram todos com o composto C4 (Macio). O vencedor, Charles Leclerc, mudou para pneus Duros na 15.ª volta e manteve-se até à bandeira de xadrez sem mais trocas. A dupla da McLaren, Oscar Piastri e Lando Norris, segundo e terceiro classificados, respetivamente, pararam uma segunda vez para montar outro jogo de C2 (Duros). O já referido Stroll deveria ter feito uma estratégia de duas paragens, mas acabou por realizar uma terceira paragem para montar C4 (Macio), numa tentativa de garantir o ponto atribuído à volta mais rápida da corrida.

A granulação foi o fator determinante na escolha das estratégias, pois foi bastante significativa nos primeiros stints, antes de desaparecer nas fases mais avançadas. Isto permitiu que os pilotos que optaram por uma única paragem conseguissem prolongar a utilização dos pneus sem pagar um preço demasiado elevado em termos de performance.

A pista de Monza: um desafio de velocidade e técnica

A pista de Monza detém o recorde da maior velocidade média em corrida, cortesia de Michael Schumacher num Ferrari, com 247,586 km/h em 2003, bem como a maior velocidade média numa volta de qualificação, de 264,362 km/h, estabelecida por Lewis Hamilton ao volante de um Mercedes em 2020. No ano passado, a pole position foi para Lando Norris, com uma velocidade média de 263 km/h. É fácil compreender, portanto, porque este local é universalmente conhecido como o “Templo da Velocidade”.

A pista de 5,793 quilómetros possui 11 curvas e os pilotos passam 80% da volta a fundo, com os carros a utilizar o nível de carga aerodinâmica mais baixo da temporada, com o objetivo de reduzir o arrasto ao mínimo. Neste contexto, a estabilidade em travagem e a tração à saída das curvas são cruciais, especialmente nas chicanes como a Prima Variante e a Variante Ascari, onde os pilotos precisam de reduzir a velocidade muito rapidamente. Forças laterais entram em jogo nas curvas mais rápidas, como a Biassono e a lendária Parabolica, agora rebatizada em homenagem a Michele Alboreto.

Após ter sido completamente reasfaltada em 2024, este ano Monza concentrou-se em melhorias nas áreas públicas. Quatro mil lugares foram adicionados para espetadores nas áreas de visualização geral, sem lugares atribuídos em bancada, enquanto a área de hospitality acima das boxes também aumentou de capacidade. Devido a estas alterações, o centro de imprensa foi realocado para uma estrutura temporária de dois andares, com capacidade para 400 pessoas, ao lado das antigas boxes.

A arte da travagem em Monza

A travagem exigida para a primeira chicane em Monza é uma das mais severas do calendário da Fórmula 1. De acordo com dados da Brembo, os carros chegam ao ponto de travagem a cerca de 337 km/h e são sujeitos a uma desaceleração instantânea de aproximadamente 5G, abrandando para 89 km/h. Ao pressionar fortemente o pedal, o piloto aciona as pinças que agarram os discos de carbono. A energia cinética gerada é rapidamente convertida em calor, que também é transmitido aos pneus. O eixo dianteiro é o que sofre maior stress durante a travagem, pois lida com a maior desaceleração.

A área onde o pneu encontra a pista, conhecida como “mancha de contacto”, é reduzida em tamanho pelo ângulo de camber das rodas, ocorrendo, por isso, compressão que pode causar um achatamento temporário do perfil do pneu. Isto aumenta o desgaste e pode torná-lo mais propenso ao bloqueio.

O bloqueio ocorre quando o pneu deixa de girar e arrasta-se pela pista. Isto cria um “ponto plano” na banda de rodagem, fazendo com que o pneu deixe de ser redondo. Consequentemente, há uma perda de aderência que faz com que o carro alargue a trajetória nas curvas. O piloto vira o volante para a curva, mas o carro continua em linha reta, um fenómeno conhecido como subviragem. A ocorrência de subviragem aumenta consideravelmente quando as rodas bloqueiam, pois os pneus deslizam pela superfície e deixam de gerar forças laterais suficientes para virar eficientemente.

Monza em números: um legado de vitórias e títulos

Este é o 75.º ano em que Monza acolhe o Grande Prémio de Itália como uma ronda do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. Embora este seja, na realidade, o 76.º Grande Prémio de Itália — já que em 1980 a corrida se realizou em Imola —, Monza lidera a lista de circuitos que receberam mais Grandes Prémios, à frente do Mónaco e de Silverstone.

Dois dos maiores nomes da história da modalidade, Michael Schumacher e Lewis Hamilton, partilham não apenas o topo da tabela de títulos mundiais, mas também o estatuto de pilotos mais bem-sucedidos em Monza, com cinco vitórias cada. Ambos somam ainda oito presenças no pódio, sendo que o britânico detém também o maior número de pole positions, com sete.

Com vinte vitórias, a Ferrari é a equipa mais vitoriosa, quase um terço de todas as corridas disputadas em Itália. Lidera igualmente nas estatísticas de pole positions (23) e de pódios (72). A McLaren surge em segundo lugar em todas estas listas, com 11 vitórias, 12 pole positions e 31 pódios.

Outro dado “italiano” curioso sobre Monza é que foi o palco da única vitória de um motor Ferrari montado num carro que não foi construído em Maranello. Aconteceu em 2008, quando Sebastian Vettel alcançou uma das vitórias mais inesperadas da história da Fórmula 1 ao volante de um Toro Rosso. Curiosamente, doze anos mais tarde, a equipa de Faenza voltou a surpreender, já sob o nome AlphaTauri, vencendo novamente em Monza com Pierre Gasly ao volante.

O Grande Prémio de Itália decidiu o desfecho do campeonato do mundo de pilotos em 11 ocasiões: 1950, 1956, 1961, 1963, 1966, 1969, 1972, 1973, 1975, 1978 e 1979. Para Jackie Stewart, isso aconteceu por duas vezes, tendo o escocês conquistado o título em 1969 e 1973. A história de Monza é, portanto, um livro aberto de conquistas e momentos decisivos que moldaram a Fórmula 1.

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI

1 comentários

  1. Canam

    4 Setembro, 2025 at 10:51

    Basicamente é o único circuito verdadeiramente rápido que resta na F1 ( mesmo assim está cheio de chicanes há décadas). Nesta pista ter o melhor chassis conta pouco. Daí poderem haver surpresas. A Ferrari ,( o Leclerc), talvez tenha possibilidades de ganhar o 1º GP do ano em casa. O Mclaren é um carro bom em todo o lado e serão ainda favoritos, mas menos que noutros lados. O Vestappen terá igualmente uma boa chance de ganhar. O Russell idem. Por ser numa pista muito rápida é uma prova diferente das outras.

Deixe aqui o seu comentário

últimas FÓRMULA 1
últimas Autosport
formula1
últimas Automais
formula1
Ativar notificações? Sim Não, obrigado