Michael Schumacher: Três anos…

 

Cumprem-se hoje três anos do grave acidente de esqui de Michael Schumacher, facto que o atirou para uma longa recuperação das graves lesões sofridas na cabeça. Quando se cumpriram “1000 dias de sofrimento”, em setembro, recordámos uma entrevista que lhe fizemos há uns anos CLIQUE AQUI  mas hoje, vamos recordar os seus melhores momentos, basicamente, a passagem pela Ferrari…

 

 

 

Em 2006, Michael Schumacher anunciava ao mundo aquela que seria a sua primeira retirada da Fórmula 1. Apesar de ter regressado ao desporto pela mão da Mercedes, o piloto alemão nunca mais voltaria a correr pela equipa italiana, deixando para trás um legado difícil de ignorar por qualquer adepto da casa italiana

 

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Foram dez anos. De conquistas, alegrias, alguns dissabores, momentos controversos e muitos, muitos títulos. Quando Michael Schumacher se juntou à Ferrari, em 1996, a ‘Scuderia’ vivia o maior período de ‘seca’ da sua história, enquanto o alemão era um bicampeão do mundo, com 16 vitórias conquistadas em quatro anos e meio de enorme sucesso (e mais alguma polémica) com a Benetton de Flavio Briatore.

Jean Todt viu nele as características certas para iniciar a recuperação dos italianos: personalidade vincada, liderança, conhecimento técnico, interesse, trabalho e entrega. Mas também compostura e uma rapidez incrível que o tornavam num ativo valiosíssimo aos 26 anos. Schumacher, por outro lado, tinha a oportunidade de se juntar ao nome mais desejado da Fórmula 1, assinando pelo caminho um contrato milionário de 30 milhões de dólares por ano, fruto da sua idade e estatuto de bicampeão, que deu início ao império que acabou por construir. E ainda o desafio perfeito: devolver a Ferrari ao lugar que o seu palmarés exigia com a ajuda de Ross Brawn, diretor técnico, e Rory Byrne, designer-chefe – os homens que tinham influenciado os seus títulos na Benetton.

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GRANDES ALEGRIAS

A memória prega-nos algumas partidas, mas o desafio era efetivamente desmedido. Nos cinco anos anteriores à sua chegada, entre 1991 e 1995, a Ferrari havia registado apenas dois triunfos – um em 1994, com Gerhard Berger, no GP da Alemanha, e outro em 1995, no GP do Canadá, naquele que seria o primeiro e único triunfo da carreira de Jean Alesi. Além da mudança da dupla de pilotos – Schumacher e Eddie Irvine, vindo da Jordan, juntaram-se à ‘Scuderia’, enquanto Berger e Alesi prolongaram a parceria na Benetton –, uma das primeiras decisões do novo corpo técnico foi deixar de parte o tradicional V12, cuja sonoridade ainda hoje é inesquecível, mas que do ponto de vista da eficiência de combustível e do peso há muito que tinha perdido a sua competitividade para os mais modernos e pequenos V10. Aproveitando também as alterações no regulamento, com a cilindrada dos motores a descer de 3500 para 3000 cc, a Ferrari cortou em definitivo com o passado e iniciou o processo que, já em 1996, lhe traria grandes alegrias, apesar da pouca fiabilidade do F310. Nesse primeiro ano da ligação Schumacher-Todt-Brawn-Byrne, o alemão festejou três vitórias (Espanha, Bélgica e Itália), todas em condições memoráveis, com a mais importante a surgir em Monza, em frente aos ‘tifosi’ italianos. Cinco pódios contribuíram também para o 3º lugar do campeonato, apesar das seis vezes em que não chegou ao fim no decorrer da temporada. Uma reviravolta completa que prometia futuros sucessos desportivos.

 

 

No ano seguinte, em 1997, a Ferrari optou pela continuidade, correndo com uma versão B do F310. O piloto alemão voltou a justificar a opção da equipa e o salário astronómico que lhe pagavam, desta feita com cinco triunfos e três pódios em 17 corridas. Mas tal como em 1994, ano do seu primeiro título mundial, a controvérsia acompanhou-o na última corrida do ano, com o GP da Europa, em Jerez, a ser o palco de uma situação semelhante à que três anos antes sucedeu no circuito australiano de Adelaide. Schumacher partia para o desfecho do campeonato com um ponto de vantagem sobre o canadiano Jacques Villeneuve, e quando este o tentou ultrapassar na 22ª de 69 voltas, ‘Schumi’ fechou-lhe a porta, atirando o Ferrari para cima do Williams-Renault. O impacto foi forte e por muito pouco Villeneuve não desistiu, enquanto Schumacher ficou pelo caminho. Terminaria em terceiro, atrás da dupla da McLaren composta por David Coulthard e Mikka Hakkinen, com o finlandês a festejar a primeira vitória da carreira, o suficiente para garantir o título sem ajudas externas. Mas o incidente seria revisto pela FIA, resultando na desqualificação de Michael Schumacher do campeonato desse ano por conduta anti-desportiva.

 

 

Após esse final de época dramático, a Ferrari trouxe um novo carro de acordo com o regulamento para a temporada de 1998. Embora competitivo, o McLaren-Mercedes MP4/13 provou ser melhor do que o Ferrari F300. Mas ‘Schumi’ continuava a ganhar, acabando por vencer seis provas – três delas consecutivas. O título voltou a arrastar-se até à última corrida do ano, agora em Suzuka, no GP do Japão, mas ainda não seria desta que o piloto alemão venceria o título de pilotos com a equipa italiana. Hakkinen levou para casa a vitória e o seu primeiro campeonato, enquanto Schumi sofreu no arranque e ainda com um furo. Em 1999, novo título para Hakkinen, desta feita contra Eddie Irvine, depois de Schumacher ter sofrido o primeiro (e único) grande acidente da carreira durante o GP do Reino Unido, em Silverstone, obrigando-o a falhar sete provas ao longo da temporada (Inglaterra, Áustria, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália e o GP da Europa, em Jerez). Terminou ainda assim na quinta posição no campeonato relativo aos pilotos, com duas vitórias e quatro pódios, resultados determinantes para que a Ferrari vencesse pela primeira vez em 16 anos o título de construtores.

 

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REVIRAVOLTA

O novo milénio trouxe uma nova época de domínio e era para a Ferrari. A recuperação iniciada em 1996 com a contratação de Schumacher e o reforço da equipa técnica começava a dar os seus frutos com o primeiro título de construtores, em 1999, e uma onda de triunfos como há muito não se via. Mas o que se seguiu daí para a frente foi simplesmente inacreditável: cinco títulos consecutivos de pilotos e cinco de construtores até à retirada do piloto alemão, com um nível de domínio poucas vezes visto na história da modalidade. Em 2000, Schumacher venceu 9 das 17 corridas desse ano tornando-se finalmente campeão pela Ferrari, o primeiro piloto a consegui-lo em 21 anos desde Jody Sheckter, coroado em 1979. No ano seguinte, 2001, mais nove vitórias e o festejo de novo campeonato a quatro corridas do final da temporada, enquanto em 2002 o piloto alemão fez ainda melhor ao subir ao lugar mais alto do pódio por 11 vezes. Com as quatro vitórias de Rubens Barrichello, a dupla da Ferrari venceu 15 das 17 corridas desse ano – um feito extraordinário que exemplifica bem a sua supremacia. Mas, tal como no ano anterior, a época seria manchada pela polémica.

 

 

Novamente no GP da Áustria, a equipa voltou a pedir a ‘Rubinho’ para que deixasse passar o colega de equipa no A1-Ring. Na Ferrari, garantir o título a qualquer custo era uma prioridade. Embaraçado, Schumacher pediu a Rubens que subisse com ele ao lugar mais alto do pódio, decisão que conduziu a uma multa da FIA de um milhão de dólares e à proibição das ordens de equipa. Em 2003, novo sucesso, mas à custa da pouca fiabilidade da McLaren, com Kimi Raikkonen a perder o campeonato na última prova do ano, no Japão, por dois pontos, enquanto Schumacher superou Juan Manuel Fangio ao conquistar o seu sexto título de pilotos. E por fim 2004, num ano repleto de recordes pessoais, já que ‘Schumi’ venceu 13 das 18 provas do ano, com 12 a terem lugar nos primeiros 13 Grandes Prémios. Nos dois anos seguintes até à sua retirada, Schumacher e a Ferrari continuariam a ser competitivos (menos em 2005, quando a equipa optou por introduzir uma versão modificada do F2004, o F2004M, e depois de se ver confrontada com a falta de andamento do carro apressou a introdução do sucessor F2005). Mas a Renault e um jovem Fernando Alonso provaram ser demasiado fortes, vencendo os dois campeonatos em disputa de forma consecutiva. O grande destaque do seu último ano foi a vitória no GP de Itália, precisamente aquele em que anunciou a sua despedida da modalidade. Saíu em grande, com sete vitórias (mais seis do quem 2005) e a lutar até ao final por aquele que seria o seu oitavo título de campeão do mundo. Contas feitas, os dez anos que esteve ao serviço da Ferrari tornam-no no piloto mais representativo da história da equipa, com 72 vitórias, 44 pódios e 57 ‘poles’ em 180 corridas com o escudo do ‘Cavallino Rampante’.

 

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Cumprem-se hoje três anos do grave acidente de esqui de Michael Schumacher, facto que o atirou para uma longa recuperação das graves lesões sofridas na cabeça. Quando se cumpriram “1000 dias de sofrimento”, em setembro, recordámos uma entrevista que lhe fizemos há uns anos CLIQUE AQUI http://www.autosport.pt/formula1/f1/michael-schumacher-1000-dias-de-sofrimento/ mas hoje, vamos recordar os seus melhores momentos, basicamente, a passagem pela Ferrari…

 

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