Jacques Villeneuve: “Há duas coisas que odeio no mundo moderno na F1…”

Em entrevista a RTVF, televisão belga, Jacques Villeneuve, que perdeu o pai, Gilles Villeneuve, num acidente na F1, apontou duas situações que lhe causam perplexidade na atual Fórmula 1. Como se calcula, a trágica morte do piloto de Fórmula 2, Anthoine Hubert, causou muita emoção no paddock de Spa-Francorchamps, pois felizmente as pessoas não estão nada habituadas a lidar com este tipo de situações e o ex-Campeão do Mundo de F1, Jacques Villeneuve, é de opinião há dois detalhes que não ajudam em nada que haja mais segurança: “Esta morte dói. É mais chocante hoje, do que no passado, quando este tipo de acidentes eram comuns. O efeito é muito diferente no paddock, especialmente porque muito poucas pessoas passaram pela era perigosa do desporto motorizado”, começou por dizer Villeneuve, apontando duas situações, que na sua opinião afetam a segurança dos pilotos:

“Há duas coisas que odeio no mundo moderno na F1. Primeiro que tudo, os simuladores. Em vez de testar, os pilotos fazem uma semana de simuladores. Quando chegam ao circuito, portam-se como se estivessem no simulador. Não há mais o stress ou adrenalina como havia antigamente, já não existe tanto esta perceção de risco e perigo.

Para mim, o segundo problema são as escapatórias em asfalto. Os pilotos dizem a si próprios que há asfalto, pelo que podemos correr mais riscos.

Ao contrário do que sucederia se as escapatórias fosse de gravilha ou areia, e o asfalto não permite que o carro desacelere tão rapidamente após um incidente, e cria aos pilotos uma falsa sensação de segurança”, disse Villeneuve.

Desde há uns anos para cá, preferiu-se dotar os circuitos de escapatórias de asfalto de modo a não ver abandonar tantos pilotos, que antigamente, saíam de pista e ali ficavam. Hoje, com o asfalto, regressam quase na certa.

Por outro lado, os simuladores. Sendo excelentes ferramentas de trabalho, que cada vez se correlacionam melhor com o que se passa em pista, poupam muito dinheiro às equipas em testes, mas o que diz Villeneuve relativamente a isto tem parte de verdade. Um piloto pode evoluir muito no simulador, devido a passar lá horas, dias, semanas, a fio, mas este nunca há-de simular o ‘medo’. Não é possível. Quando nos sentamos lá sabemos à partida que nada nos vai acontecer, mas talvez seja um exagero de Villeneuve quando deixa no ar a hipótese dos pilotos não terem consciência dos perigos por treinarem tanto no simulador.