GP Hungria F1: A estratégia que permitiu a Verstappen esmagar

Por a 24 Julho 2023 16:19

Durante um dia, pareceu ser possível Max Verstappen e a Red Bull serem derrotados, mas este duo arrasou a oposição quando contava, vencendo o Grande Prémio da Hungria de uma forma esmagadora.

A formação de Milton Keynes chegava a Hungaroring com um novo pacote aerodinâmico que compreendia novos flancos, que passavam a ter uma entrada de ar para os radiadores mais estreita, o que contribuiu para uma maior eficiência aerodinâmica, e mais escavados na parte inferior, garantindo um maior fluxo de ar para a traseira, potenciando o extractor aerodinâmico.

Segundo os responsáveis da equipa, esta nova evolução permitia um ganho de dois décimos de segundo.

No entanto, até à corrida, não foi possível verificar qualquer evolução por parte do RB19, na verdade, parecia que os seus perseguidores estavam até mais próximos.

Este ano, tem-se verificado que as equipas que levam para a pista um novo pacote técnico não conseguem tirar partido dele imediatamente, levando uma corrida ou duas a optimizar todas as superfícies aerodinâmicas da sua máquina, podendo este ser um dos motivos para aparente quebra competitiva do Red Bull nas mãos de Verstappen.

Para dificultar a vida aos técnicos da equipa de Milton Keynes, a primeira sessão de treinos-livres foi disputada com a pista molhada, o que não lhe permitiu assegurar um primeiro entendimento do pacote técnico que estreava em Hungaroring.

O piloto neerlandês queixava-se do comportamento do seu monolugar, apontando um comportamento subvirador, que o impedia de alcançar o ‘apex’ das curvas, o que o obrigava a perder tempo, uma vez que não podia contar com um carro que rodava para lhe permitir acelerar o mais cedo possível, contando com o seu prodigioso controlo do carro para ganhar tempo.

Foi neste cenário que, na qualificação, Verstappen se viu batido por Lewis Hamilton que conquistou a pole-position por três milésimos de segundo.

Pela primeira vez este ano, a Red Bull e o Bicampeão Mundial pareciam verdadeiramente exposto e capazes de ser batidos na luta pela vitória na corrida.

A arrancar da segunda posição e da zona suja da pista, Verstappen parecia estar numa posição fragilizada para os primeiros momentos da prova, podendo até estar ao alcance de Lando Norris na partida e, como se vira em Silverstone, passar o McLaren não seria uma tarefa fácil no traçado sinuoso de Hungaroring.

Porém, qualquer possibilidade de Verstappen ser derrotado no Grande Prémio da Hungria foi completamente desmontada logo nos primeiros metros de corrida, com um arranque perfeito do neerlandês contra uma boa reação aos semáforos de Hamilton, mas com uma segunda fase do arranque menos boa deste.

O piloto da Red Bull conseguiu meter-se entre Mercedes e o muro das boxes, apesar do inglês ter deixado muito pouco espaço, e a partir de então, o comando estava decididamente nas mãos de Verstappen, que ao alargar a trajectória na primeira curva, obrigava o seu rival a perder velocidade, cedendo posições aos dois McLaren, liderados por Oscar Piastri.

Nas primeiras seis voltas, a esperança de haver luta pela primeira posição ainda se manteve, com o jovem australiano a conseguir manter-se a menos de dois segundos do líder, mas a partir de então, o piloto da formação de Woking passava a perder entre três a cinco décimos de segundo por volta e, na décima segunda, já estava a quase cinco segundos e a distância subia para mais de oito quando entrou nas boxes para realizar a sua primeira paragem nas boxes.

No segundo ‘stint’, com Norris a assumir a perseguição a Verstappen, a diferença subiu para vinte segundos e, no final da corrida, com o neerlandês a gerir o andamento, a diferença entre ele, que obteve a sua nona vitória da temporada e a décima segunda consecutiva da Red Bull, o inglês da McLaren cifrava-se em 33,7s.

Foi uma das prestações mais dominantes da temporada, mostrando-se o RB19 nas mãos de Verstappen tão esmagador como no início da época, tendo a equipa de Milton Keynes destruído os avanços que a oposição fizera nos últimos meses na guerra do desenvolvimento.

As esperanças dadas pela qualificação, afinal, apenas foram fomentadas devido à estratégia da Red Bull.

Sabendo que o traçado de Hungaroring sobreaquece os pneus traseiros, os técnicos da formação e Milton Keynes conceberam uma afinação que permitisse proteger os pneumáticos posteriores, o que deu a Verstappen um carro muito subvirador na qualificação, quando a performance máxima é imperativa.

No entanto, o ‘set-up’ gizado pela Red Bull, em corrida, mantinha os pneus traseiros na janela correcta do funcionamento, dando a Verstappen, e a Pérez, a possibilidade rodarem num ritmo inalcançável para os seus adversários sem que sentissem degradação termal nos Pirelli.

Mesmo que Verstappen não tivesse subido a primeiro logo na primeira curva, dificilmente alguém o poderia impedir de vencer, potenciado por um carro bem afinado e por um novo pacote técnico que deu os resultados esperado.

A superioridade técnica do RB19, sobretudo nas mãos de Verstappen, permite à Red Bull abordar estrategicamente o fim-de-semana de uma forma que está vedada às restantes equipas e, talvez, em Hungaroring se tenha verificado a expressão máxima desse facto – enquanto as suas principais adversárias tinham de jogar no máximo numa boa posição na grelha de partida num circuito onde as ultrapassagens não são fáceis, a formação e Milton Keynes pôde sacrificar ligeiramente a qualificação, sabendo que teria um carro muito superior em corrida.

O Grande Prémio da Hungria foi a prova cabal de que, só em circunstâncias muito especiais, Verstappen e a Red Bull poderão ser batidos este ano.

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