GP França F1: O contexto de um erro importante

Por a 24 Julho 2022 20:55

Uma vez mais, a Ferrari mostrou competitividade capaz de lhe vencer a corrida, mas, novamente, contrariedades levaram a que terminasse o Grande Prémio de França fora do pódio, desta feita devido a um erro de Charles Leclerc que, no entanto, não pode ser isolado de um contexto maior.

A prova desta tarde seria sempre difícil para o monegasco e para a Scuderia, apesar de arrancar da pole-position, uma vez que a gestão de pneus e a velocidade de ponta superior da Red Bull, que tinha dois carros para contrariar estrategicamente a sua rival, poderiam ser determinantes para que o titular do monolugar de dorsal número dezasseis fosse batido, até porque não tinha o apoio de Carlos Sainz, que arrancava de décimo nono por ter montado a sua quarta unidade de potência da temporada.

Porém, depois de um bom arranque, Leclerc absorveu a pressão de Max Verstappen que rodou no DRS do Ferrari F1-75 durante as primeiras doze voltas.

Apenas por uma vez o holandês teve uma verdadeira oportunidade de atacar a liderança, mas o monegasco repeliu-o com autoridade, mantendo o comando, e começando a partir da décima terceira volta a cavar paulatinamente uma vantagem para o seu perseguidor, que chegou a roçar os dois segundos.

Leclerc tinha gerido melhor os pneus médios que Verstappen, que abusou deles na esteia do Ferrari, tendo a Red Bull reagido ao recear que o seu piloto ficasse fora da zona de undercut.

A Scuderia e o seu piloto tinham obrigado os seus adversários a comprometer a sua estratégia e, muito embora houvesse ainda muita corrida pela frente, estavam em posição de poder vencer o Grande Prémio de França.

Porém, na tentativa de perder o mínimo possível para Verstappen, que tinha já pneus duros frescos, beneficiando de um “undercut” que valia um segundo por volta, na abordagem à exigente Le Beausset, o Ferrari número dezasseis entrava em pião imobilizando-se contra as barreiras de pneus – terminava assim a corrida de Leclerc, quando realizava a décima oitava volta.

Numa primeira fase acreditou-se que teria sido um problema no acelerador a causar a saída de pista, mas posteriormente, o monegasco assumia estoicamente que o erro fora seu.

Pela segunda vez este ano, Leclerc errava custando-lhe pontos que podem ser determinantes para o desfecho do Campeonato de Pilotos, onde agora Verstappen tem uma vantagem de sessenta e três pontos – o correspondente a duas vitórias, um quarto lugar e uma volta mais rápida, uma ingreme montanha que o monegasco terá de escalar, caso queira se sagrar Campeão Mundial este ano.

Um erro, é um erro e não há como fugir dele, e Leclerc não o fez, mas este despiste do piloto da Ferrari tem um pano de fundo que não é negligenciável.

O jovem de vinte e quatro anos chegava a Paul Ricard a trinta e oito pontos, uma desvantagem cavada devido a problemas de fiabilidade, a falhas estratégicas e, já agora, a um erro seu em Imola, que lhe custou sete pontos.

Esta era já uma desvantagem considerável que exigia que batesse consistentemente o seu adversário nas contas do título.

Paul Ricard era considerado um circuito para a Red Bull, mas ao longo do fim-de-semana gaulês a Ferrari conseguiu dividir competitivamente o evento, tendo a possibilidade real de vencer a décima segunda ronda da temporada.

Porém, para isso que acontecesse, toda a prestação da equipa de Maranello e do seu piloto teria de ser irrepreensível, e a instabilidade criada pelos problemas que se verificaram desde o Grande Prémio de Espanha poderão ter tido um peso significativo na forma como Leclerc abordou esta corrida, tentando a todo o custo vencer a prova deste domingo.

Como se tem verificado este ano, qualquer exagero nas curvas de alta velocidade tem um alto preço e Leclerc percebeu isso em primeira mão, ao ir para lá dos limites numa das curvas mais exigentes do traçado gaulês sob um intenso calor e com pneus que estavam já a chegar ao limite.

Leclerc, hoje, perdeu, no mínimo, dezoito pontos e, potencialmente, vinte e cinco, mas o seu erro não pode ser deslocado do contexto que hoje a Ferrari vive e chegar aos títulos deste ano ficou agora mais difícil para o lado da equipa transalpina, mas este é o momento de a equipa apoiar o seu piloto e juntos apresentarem-se ainda mais fortes no próximo Grande Prémio, que se realiza já no próximo fim-de-semana em Hungaroring. É nestes momentos que se veem as grandes equipas e os grandes pilotos.

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