GP França F1: Charles Leclerc deu o primeiro passo, mas a corrida será um desafio…

Por a 23 Julho 2022 21:42

Charles Leclerc conquistou a pole-position para o Grande Prémio de França, vencendo a primeira batalha com Max Verstappen, mas amanhã, na corrida, poderá encontrar-se em desvantagem perante o holandês, que tem o seu colega de equipa para o ajudar estrategicamente.

A Ferrari foi mais forte na qualificação deste sábado, aproveitando todas as oportunidades para garantir que o seu único piloto que poderia assegurar a melhor posição da grelha de partida – Carlos Sainz estava confinado ao fundo da grelha de partida por ter montado a sua quarta unidade de potência da temporada – apesar de o cone de aspiração que o espanhol ofereceu ao seu colega de equipa na Q3 entre as curvas 9 e 11 não ter sido determinante para o resultado.

Dos mais de três décimos de segundo que separaram Leclerc de Verstappen, apenas dois, no máximo, foram graças ao “reboque” do homem do carro número cinquenta e cinco, mas isso demonstrou a importância que a Ferrari dá à pole-position para a prova de domingo.

O traçado de Paul Ricard permite as ultrapassagens com alguma facilidade, mas para que os homens da “Scuderia” tenham aspirações a vencer o Grande Prémio de França, que será marcado pela estratégia, o monegasco terá de estar no comando das operações para gerir a corrida a seu favor, num dia em que terá de se ver sozinho com dois Red Bull.

A estratégia ideal para realizar a prova gaulesa o mais depressa possível passa por uma táctica de uma paragem apenas, uma vez que uma visita às boxes custa uns massivos 24s, porém, as equipas poderão ser empurradas para duas trocas de pneus dado o muito calor que se vive em Paul Ricard e sente no asfalto deste, muito escuro e que absorve muito calor – na sexta-feira, os termómetros chegaram a marcar 59ºC na superfície da pista.

Os vinte e quatro segundos que custam uma paragem nas boxes extra poderão ser rapidamente suplantados, se a gestão de pneus for demasiado elevada, como parece que será o caso na prova que terá o seu início às 14h00, Hora de Lisboa, de domingo. E é aqui que as coisas começam a ficar interessantes.

A estratégia mais consensual passa por iniciar a corrida com pneus médios, realizar cerca de 18 voltas e depois passar para os duros, montando outro ‘set’ do mesmo tipo na segunda paragem nas boxes, mas a Ferrari poderá ter uma visão diferente.

A Red Bull, depois da qualificação, tem para cada um dos seus pilotos um jogo de pneus médios novos e dois duros novos, encaixando na estratégia mais ortodoxa, ao passo que a Scuderia, tem dois sets de borrachas médias novas e um de duras novas para Leclerc e Sainz.

Com esta opção, os pilotos da formação de Maranello poderão adotar uma estratégia que passa por realizar um primeiro ‘stint’ de médios, montar duros e terminar novamente com pneus marcados a amarelo.

Está poderá ser uma estratégia arrojada, dado que o calor poderá esforçar as borrachas, mas se Leclerc e Sainz conseguirem fazê-los funcionar sem passar pela fase de granulação, que poderá ser um problema, poderão gozar de uma vantagem de quase 0,9s por volta face aos seus rivais da Red Bull – uma diferença demasiado grande para poder ser negligenciada.

No entanto, a forma como cada um dos carros gere os pneus é agora a grande incógnita.

Paul Ricard é um circuito que exige mais do eixo dianteiro, traçados onde o F1-75 tem mais dificuldades que o RB18, mas desde Barcelona que essa limitação do carro de Maranello foi contrariada pela equipa, tendo sido os problemas de fiabilidade e os erros estratégicos da Ferrari a mascarar essa evolução, mas este ano tem sido pequenos pormenores a fazer a diferença entre as duas equipas.

As simulações de corrida de sexta-feira foram demasiado pequenas para tirar conclusões e, para além disso, no sábado de manhã a Ferrari continuou a trabalhar para a corrida, validando algumas soluções encontradas no simulador de Maranello.

Se no campo da gestão de pneus a dúvidas são muitas, no campo da estratégia a Red Bull leva vantagem.

A formação de Milton Keynes tem dois carros contra Leclerc e irá, seguramente, utilizar estratégias diametralmente opostas para os seus pilotos, adoptando para Verstappen aquela que considera ser a mais otimizada, para tentar desfeitear o seu adversário.

Num circuito em que se prevê que o ‘undercut’ será bastante potente, a Red Bull poderá atacar Leclerc com um dos seus pilotos, obrigando-o a reagir e comprometer a sua estratégia – se montar os pneus médios demasiado cedo para o seu derradeiro “stint”, poderá ficar sem borracha no final.

Com Sainz longe, a arrancar de décimo nono e tendo no horizonte o quarto lugar, só a arrancar da pole-position e com alguma margem de performance face a Verstappen, Leclerc poderá vencer em Paul Ricard – o primeiro passo foi concretizado, mas a corrida será complicada para o monegasco e Verstappen e a Red Bull estarão desejosos de colocar um ponto final na senda vitoriosa da Ferrari e quebrar a recuperação que esta tem vindo a protagonizar.

Mas seja como for, serão cinquenta e três voltas de incerteza e onde se espera uma batalha feroz pela vitória pelos suspeitos do costume.

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