GP EUA de F1: Ferrari erra mas beneficia

Por a 23 Outubro 2023 19:19

A Ferrari está envolvida na luta pelo segundo posto do Campeonato de Construtores com a Mercedes, e saiu de Austin mais perto da sua rival, mas o Grande Prémio do Estados Unidos da América poderia ter sido um tropeção para a ‘Scuderia’.

Com a Red Bull em dificuldades, Charles Leclerc conquistou a pole-position para o Grande Prémio e assegurou o segundo posto na grelha de partida para a corrida Sprint, mas logo no sábado ficou patente que em ritmo de corrida do SF-23 perdia eficácia, tendo o monegasco que se vergar perante Lewis Hamilton, que ficou em segundo, atrás de Max Verstappen.

O Mercedes era mais forte com tanque cheio e o McLaren, no mínimo, era uma ameaça ao carro de Maranello.

Numa pista em que os pneus traseiros sofrem bastante, um dos problemas do Ferrari, a diferença entre uma ou duas paragens era marginal, tendo a equipa dividido ‘o mal pelas aldeias’, com Leclerc assumir uma corrida com apenas uma passagem pelas boxes, ao passo que Carlos Sainz trocaria de pneus por duas vezes.

O arranque não correu da melhor forma ao monegasco, que perdeu a vantagem da pole-position para Lando Norris, que assumiu o comando.

Sendo obrigado a gerir os pneus de modo a poder realizar apenas uma paragem, Leclerc viu-se ultrapassado ainda por Lewis Hamilton e Max Verstappen durante o primeiro ‘stint’, estando a oito segundos do inglês da McLaren quando este realizou a sua primeira troca de pneus, na décima sexta volta.

No entanto, o monegasco tinha uma vantagem de quase três segundos para Sainz, que estava numa estratégia de duas trocas de pneus, e que, por isso, não tinha de gerir tanto as borrachas como o seu colega de equipa.

Este terá sido o primeiro erro estratégico da Ferrari – se queria realizar com um carro apenas uma paragem, deveria fazê-lo com o piloto menos bem classificado e permitir ao ‘poleman’ fazer uma prova de ataque.

O facto de Leclerc, mesmo com uma maior gestão de pneus, ter assegurado uma vantagem confortável para o seu colega de equipa, evidencia que deveria ter sido a ele ter uma estratégia de duas paragens e ser ele a atacar.

O segundo erro foi não ter alterado a táctica do monegasco, quando foi evidente que estava a perder demasiado tempo para realizar apenas uma paragem, e isso era já claro na vigésima volta, quando Hamilton parou e três antes da única troca de pneus do ‘ferrarista’.

A partir daí era evidente que Leclerc seria um alvo fácil para os pilotos que estavam numa estratégia de duas paragens, tendo mesmo sido passado pelo seu colega de equipa e por Sergio Pérez que, até à primeira ronda de troca de pneus estavam atrás de si.

Nas primeiras quinze voltas, Leclerc ganhou 0,18s por volta ao seu colega de equipa, o que se extrapolarmos para toda a corrida representa dez segundos. Se olharmos para a classificação, concluímos que o monegasco terminaria dez segundos à frente de Sainz, o que garantiria o terceiro lugar, à frente de Norris, isto sem levar em consideração que não teria de condicionar o seu ritmo para gerir os pneus.

É claro que esta análise em termos de resultados é meramente académica, uma vez que Leclerc seria desclassificado por ter gastado mais de dez por cento da espessura da placa de madeira do seu monolugar, mas evidencia que a Ferrari ainda comete alguns erros estratégicos com reflexos nos resultados.

A desclassificação de Hamilton, pelo mesmo motivo, acabou por permitir a subida ao pódio de Sainz, tendo a Ferrari ganho pontos à Mercedes, neste momento esta tem uma vantagem de vinte e dois, mas se a equipa de Maranello quer bater a sua rival, terá de ser mais eficaz estrategicamente.

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