GP Espanha F1: Verstappen num mundo à parte

Por a 5 Junho 2023 17:40

Desde a sexta-feira do Grande Prémio de Espanha que a vitória de Max Verstappen parecia uma inevitabilidade, centrando-se o interesse do fim-de-semana em verificar como estaria o equilíbrio de forças atrás da Red Bull, depois das evoluções apresentadas pela Mercedes e Ferrari.

O Circuit de Barcelona – Catalunya assentava como uma luva ao RB18 Honda, com longas curvas de média velocidade seguidas de rectas, beneficiando a eficácia aerodinâmica do monolugar de Milton Keynes.

No entanto, desde o início do fim-de-semana pareceu que apenas Verstappen conseguia explanar o potencial do carro de bandeira austríaca, tendo Sergio Pérez sentido algumas dificuldades, tendo mesmo revelado que tinha de mudar o seu estilo de pilotagem para poder aproveitar as características do RB18 Honda.

No entanto, na qualificação, enquanto o seu colega de equipa conseguia uma pole-position sem dificuldades, o mexicano, saía de pista durante a Q2, numa pista que tinha alguns pontos húmidos devido a uma chuvada que caiu antes do início da acção, o que foi determinante para que não fosse além do décimo primeiro posto da grelha de partida.

Pelo segundo fim-de-semana consecutivo, Pérez condicionava o seu resultado na corrida com um erro na qualificação e, se em Barcelona seria possível pontuar, lutar pela vitória com o seu colega de equipa passava a ser uma miragem, em condições normais.

O neerlandês acabava por ficar com Carlos Sainz ao seu lado, que com o seu Ferrari já com o novo pacote aerodinâmico, conseguia o segundo posto na tabela de tempos, ainda que a quase meio segundo de Verstappen.

Apesar da primeira linha, os homens da ‘Scuderia’ sabiam que os seus reais adversários estavam atrás e não à frente, com Lewis Hamilton a ser grande ameaça ao espanhol, apesar de Lando Norris ter colocado, surpreendentemente, o seu McLaren no terceiro posto à frente do heptacampeão mundial, que subiu a quarto com a penalização de Pierre Gasly.

Charles Leclerc e George Russell tinha uma tarde difícil, com o monegasco a ficar em penúltimo, queixando-se do comportamento do seu monolugar nas curvas para esquerda. O inglês nunca conseguiu aquecer os pneus convenientemente e não ia além de décimo segundo, atrás de Pérez.

A Aston Martin ficava longe do esperado, com Lance Stroll a ser o seu melhor representante, sexto registo, ao passo que Fernando Alonso teve uma saída de pista na curva de acesso à recta da meta, que se negoceia a mais de 250 km/h e, apesar de ter evitado bater, danificou o fundo do seu monolugar, o que lhe custou cerca de 0,8s por volta, tendo a equipa conseguido reparar parcialmente do AMR23 para o espanhol perder apenas 0,4s por volta na Q3. No final, o bicampeão mundial de Fórmula 1 era nono, subindo a oitavo com a penalização de Gasly.

Neste cenário, a vitória de Verstappen era quase um facto consumado até porque a chuva que estava prevista para a hora da corrida, nunca se materializou.

O único momento em que o piloto da Red Bull sentiu alguma pressão foi no arranque, uma vez que com pneus médios no seu monolugar, ficou exposto a Sainz, que escolhia macios.

No entanto, Verstappen, quando viu o Ferrari ao seu lado esquerdo, deixou a travagem para o último momento, deixando o espanhol sem espaço para consumar a ultrapassagem.

O neerlandês seguiu então para um triunfo incontestado, liderando todas as voltas e assinando a volta mais rápida, o que juntou à pole-position e ao melhor tempo em todas as sessões de treinos-livres.

Dificilmente Verstappen poderia expressar de uma forma mais veemente o seu domínio, conquistando a sua quinta vitória da temporada e abrindo para cinquenta e três pontos a sua vantagem para Sergio Pérez, quarto na corrida, no Campeonato de Pilotos.

A luta pelo segundo lugar seria bastante diferente, com Carlos Sainz a seguir o piloto da Red Bull, levando Lance Stroll no seu encalço, que tinha no seu escape Lewis Hamilton, ao passo que Norris, com um toque no Mercedes, caia para último devido a danos na sua asa dianteira.

O canadiano não tinha andamento para o piloto da Ferrari, nem para o heptacampeão mundial, tendo este suplantado o piloto da Aston Martin, na oitava volta, para passar a perseguir o espanhol, que estava a 1,8s.

O piloto da Mercedes aproximou-se paulatinamente do seu adversário, entrando Sainz na boxe na décima quinta volta, quando já tinha o inglês na sua traseira, para responder ao possível ‘undercut’ de Stroll, que parara na volta anterior e foi aqui que a prova do espanhol começou a andar para trás.

Numa pista em que o ‘undercut’ é poderoso, o piloto da Ferrari nunca conseguiu explorar convenientemente os pneus médios que montou para substituir os macios, ganhando apenas dois segundos a Hamilton, que ficou em pista mais dez voltas, três e meio a Russell, que parou onze voltas depois, e a Pérez, que trocou de pneus treze voltas depois.

Com pneus em pior estado que os seus adversários, Sainz era uma presa fácil para os seus perseguidores, que o foram suplantado sem que o recruta da Ferrari nada pudesse fazer.

Uma vez mais, as limitações do SF-23 no uso dos pneus comprometiam o resultado da equipa, consubstanciado pelas dificuldades de Leclerc recuperar desde a via das boxes, terminando em décimo primeiro encostado ao escape de Gasly.

Por seu lado, a Mercedes tinha o seu melhor fim-de-semana do ano, com os seus dois pilotos no pódio e, sobretudo com um ritmo forte, que lhe permitiu bater os pilotos da Aston Martin e da Ferrari e, ainda, impedir a recuperação de Pérez.

Em Espanha ficou evidente que o Red Bull, nas mãos de Verstappen, é ainda uma máquina inalcançável, mas a Mercedes poderá ter encontrado o caminho da recuperação, ao passo que a Aston Martin pareceu perdida em Barcelona e a Ferrari continua sem perceber como evitar a oscilação da competitividade do seu monolugar entre a qualificação e a corrida.

Foto: David Ramos/Getty Images/Red Bull Content Pool

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jo22101626
jo22101626
10 meses atrás

Verstappen está neste momento e com o carro que tem imbatível, sendo que a corrida de ontem pareceu uma formalidade para ele. Nunca fui apreciador do holandês, talvez pelo seu início em que sempre fez o que quis sem grandes penalizações, mas também sei reconhecer que provavelmente quando acabar a carreira é perfeitamente possível que seja estatisticamente o melhor de sempre.

Scirocco
Scirocco
10 meses atrás

RB19 e não 18 como o Jornalista escreveu. Quanto á vitória de Max foi mais uma vez indiscutível. Quando um grande piloto e um grande carro se encontram…

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