GP Espanha F1: Como a Ferrari perdeu um pódio

Por a 14 Maio 2018 20:08

Por José Manuel Costa

Dificilmente a Ferrari teria um fim de semana tranquilo em Barcelona. Mas o que aconteceu estava muito longe daquilo que seria admissível e a reunião de hoje em Maranello deve ter sido de cortar à faca.

Depois dos testes de pré-temporada, a casa de Maranello estava com mais dúvidas que certezas sobre o desempenho do SF71H na pista catalã. As condições foram adversas e apesar de ter saído do traçado espanhol com os melhores tempos, a Ferrari sabia, perfeitamente, que essas cifras foram obtidas em condições muito especiais. Contas feitas no final desses testes ao desempenho, global, da Ferrari, a radiografia não era a mais agradável para os comandados de Maurizio Arrivabene.

Naturalmente que as dúvidas que assaltavam os italianos se transformaram em trabalho redobrado e o Ferrrai SF71H surgiu no início do campeonato em grande forma e demandou Barcelona na liderança do campeonato de equipas, perdendo o de pilotos pela infantilidade de Vettel em Baku. Porém, percebia-se que a Ferrari precisa de algo mais e que a chegada à Europa não seria fácil, até porque foi evidente uma menor inspiração de Lewis Hamilton e a contribuição da estratégia e da deusa da sorte em algumas provas.

Apesar de Hamilton lutar “com um carro cuja traseira estava demasiado nervosa”, o piloto da Mercedes ficou com a “pole-position”, bloqueando a Mercedes a primeira linha com um brilhante desempenho de Valteri Bottas. A RedBull percebeu que não tinha andamento para lutar pela primeira posição, mas podia ter uma palavra a dizer caso os homens da frente optassem por duas paragens. Nessa eventualidade, a equipa de Christian Horner teria chances de lutar pelo pódio e, até, pela vitória. Ficou com a terceira fila da grelha com Verstappen na frente de Ricciardo.

A Ferrari teve de deitar mão dos pneus macios para conseguir, pelo menos, a segunda fila da grelha, já que os supermacios não funcionaram e os dois pilotos da casa de Fiorano cometeram erros nas suas voltas lançadas.

Para a corrida, todos saíram com pneus macios e acreditava-se que todos iriam fazer, apenas, uma paragem. Porém, ficava no ar a possibilidade de Mercedes e Ferrari poderem fazer duas viagens ao “pit lane” porque o ritmo de corrida de ambas estava bem acima do delta de paragem nas boxes (22 segundos) e não havia a certeza que os médios aguentassem mais de meia corrida. Aliás, na Ferrari sabia-se que a frente do SF71H estava a carregar em demasia o pneu da frente do lado esquerdo e o pneu médio não ia aguentar, pelo que uma só paragem era uma estratégia descartada.

No arranque, Vettel conseguiu colocar um grãozinho de areia na estratégia da Mercedes ao arrancar melhor que Bottas, colocando-se a seu lado e passando-o no final da primeira curva. Mas o ataque ao primeiro lugar conheceu um intervalo pela idiotice de Romain Grosjean que espalhou a confusão e os destroços pela pista, fazendo sair Bernd Maylander e o Mercedes AMG GT para a pista para permitir a limpeza da pista.

O recomeço da corrida deu-se à volta seis e logo ali ficou sentenciada a corrida: Hamilton esperou, esperou e no local mais difícil, a chicane antes da reta da meta, estava Vettel a entrar nela quando o britânico saiu disparado e erigiu um muro superior a 1,4 segundos. E nas dez voltas seguintes, deu um verdadeiro recital ao impor um ritmo que ‘oferecia’ 0,645s por volta a Vettel.

Com um défice de 8,2 segundos para Hamilton, a Ferrari deixou toda a gente de boca aberta ao chamar à box o piloto alemão do SF71H na volta 18 para montar pneus médios. Na altura, Bottas estava a ganhar tempo a Vettel e rodava a menos de 1,5 segundos do alemão. O que se passou pela cabeça dos italianos para esta paragem ainda na madrugada da corrida?

Desconhecendo qual o nível de desgaste dos pneus macios dos Mercedes, a Ferrari assumiu que um andamento tão forte como o de Hamilton e de Bottas, levaria ao desgaste prematuro dos pneus Pirelli. Assim sendo e tendo escutado, por diversas vezes, o engenheiro de Bottas falar-lhe do delta de paragem nas boxes, a Ferrari convenceu-se que iria haver duas paragens para todos, já que para eles isso seria quase uma inevitabilidade.

Ainda por cima, a Mercedes deu a Bottas mais um par de voltas antes de o mandar parar, igualmente, cedo, na esperança de conseguir passar o Ferrari na paragem. A tática da Mercedes ruiu parcialmente quando uma roda traseira não quis sair rapidamente e o finlandês perdeu 1,5 segundos, ficando atrás de Vettel. Perante tudo isto, a ideia das suas paragens não era descabida, confortando a Ferrari pela decisão tomada.

A verdade é que nada correu bem à Ferrari. Kimi Raikkonen ficou em pista mantendo a estratégia de fazer mais de meia corrida com os macios e só depois trocar para médios, mas a eletrónica do Ferrari não quis ajudar o finlandês e este foi forçado a abandonar uma corrida onde iria, facilmente, ao pódio, numa altura em que estava a 17 segundos de Hamilton.

Depois, Lewis Hamilton parou seis voltas depois de Bottas (oito depois de Vettel) e ficou com uma confortável vantagem. Finamente, os RedBull (que só pararam à volta 33 (Ricciardo) e 34 (Verstappen) tinham uma janela de oportunidade para tentar uma vitória em Espanha, pois a sua estratégia era fazer apenas uma paragem.

Completado o ciclo de paragens, o andamento dos Mercedes continuava muito vivo e com o passar das voltas, cedo se percebeu que a equipa de Toto Wolff não iria fazer duas paragens, exibindo uma capacidade de aproveitar os pneus macios desconhecida até Barcelona.

Porém, os menos, 0,5 cm de altura na banda de rolamento dos Pirelli e, sobretudo, as temperaturas baixas que se fizeram sentir em Montmelo, energizaram a Mercedes e Hamilton mostrou-se como habitualmente, construindo uma vantagem que o deixava ao abrigo de toda e qualquer estratégia. De tal forma que chegou mesmo a ter vantagem suficiente para uma segunda paragem, caso fosse necessária.

Tudo piorou para a Ferrari quando Esteban Ocon (Force India) fez sair um “Virtual Safety Car”. Incapaz de fazer 49 voltas com os pneus médios (os Mercedes fizeram 47 voltas com Bottas e 41 com Hamilton) porque o Ferrari castigava, muito, o pneu da frente do lado esquerdo, Sebastien Vettel entrou nas boxes para colocar outro jogo de pneus médios pois já não havia pneus macios novos para montar. A paragem tão serôdia do alemão cobrava agora a fatura.

Fugia assim o segundo lugar, mas, também, o pódio em favor de Max Verstappen que com pneus muito mais velhos que os de Vettel, conseguiu sem grande dificuldade controlar o alemão e reclamar o degrau mais baixo do pódio.

Foi um final de corrida dramático para a Ferrari, pois perdeu a liderança do Mundial de Construtores e viu Lewis Hamilton reforçar o primeiro lugar no Mundial de Pilotos.

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