GP do Canadá F1: Verstappen vence nos detalhes

Por a 20 Junho 2022 18:17

Max Verstappen venceu o Grande Prémio do Canadá e uma vez mais bateu a Ferrari num dia em que o carro da equipa italiana tinha um ligeiro ascendente sobre o monolugar da Red Bull, tendo na raiz do seu triunfo a sua fabulosa prestação na qualificação.

Depois da debacle de Baku, a “Scuderia” precisava de um bom resultado, não só para animar as hostes de Maranello, mas também para contrariar o ascendente recente da equipa de Milton Keynes e do Campeão do Mundo.

Nos treinos-livres de sexta-feira verificava-se que o neerlandês estava em grande forma, mas olhando entrelinhas era possível perceber que os Ferrari tinham um ligeiro ascendente em situação de qualificação, ao passo que em ritmo de corrida era a Red Bull que apresentava uma pequena vantagem – algo que se tem visto quase ao longo de todo o ano e uma desvantagem que os técnicos transalpinos conseguiam recuperar até domingo.

Porém, outro factor entrava na equação dos italianos – depois da falha evidente da unidade de potência de Charles Leclerc no Azerbaijão, o monegasco montava novos componentes, ultrapassando a sua alocação anual, o que o atirava para o final da grelha de partida.

Carlos Sainz ficava sozinho na luta contra os Red Bull, um cenário difícil e que obrigava a que o espanhol desse um passo em frente no seu nível competitivo de modo a ajudar a sua equipa.

Com a pista molhada na qualificação, Verstappen esteve impressionante, conquistando a pole-position, ao passo que o seu colega de equipa estava no extremo exibicional oposto, batendo na Q2, o que o deixava no décimo terceiro posto da grelha de partida.

Carlos Sainz chegou a mostrar ser ameaçador para Verstappen, mas na última curva da sua melhor volta da Q3 exagerou, perdendo muito tempo, cerca de meio segundo, o que permitiu que Fernando Alonso assegurasse o segundo lugar na grelha de partida.

Este erro acabaria por perseguir o espanhol da Ferrari ao longo de toda a corrida de domingo.

A prova de 70 voltas seria disputada com pista seca e, em condições normais, assistiríamos a um duelo entre Verstappen e Sainz, mas a presença do espanhol da Alpine entre os dois poderia ser determinante para o desfecho do Grande Prémio do Canadá, e foi.

No arranque, os três primeiros mantiveram as suas posições relativas e só na terceira volta, quando o DRS foi disponibilizado, Sainz suplantaria o seu conterrâneo, estando já a três segundos de Verstappen, o que se traduz numa perda de dois segundos em apenas três voltas.

Parece pouco, mas estes dois segundos foram determinantes ao longo de toda a restante prova, dado que era evidente que o Ferrari se mostrava ligeiramente mais rápido que o Red Bull.

Até à oitava volta recuperava, ainda que tenuemente, e quando surgiu a primeira situação de Safety-Car Virtual da tarde, causada pelos problemas de caixa de velocidades de Sérgio Pérez, estava a 2,6s do Campeão do Mundo, tendo este optado por aproveitar o momento para trocar de pneus – neste quadro uma paragem nas boxes custava menos 8 a 10s que uma paragem com bandeiras verdes. Sainz mantinha-se em pista e ascendia ao comando, tendo a Ferrari decidido fazer o contrário do líder. No entanto, era difícil que Verstappen pudesse realizar toda a prova sem voltar a passar pelas boxes, tendo agora este de atacar para se aproximar do espanhol.

A situação foi breve e, quando a prova foi retomada, o homem da Red Bull estava a 6,4s de Sainz e com Alonso pelo meio, que não criou qualquer resistência ao avanço do Campeão do Mundo, pois estava noutra corrida.

Os avanços de Verstappen face ao líder eram tímidos, e na décima oitava volta tinha ganho apenas dois segundos, apesar de ter pneus mais frescos.

Na volta seguinte era a vez de Mick Schumacher parar na Curva 8, com problemas na unidade de potência do seu Haas, o que precipitou nova situação de Safety-Car Virtual, parecendo ser o momento certo para que Sainz pudesse parar e acalentar a possibilidade de poder realizar toda a restante corrida sem voltar a passar pelas boxes.

A Ferrari chamou o seu piloto, mas pela primeira vez durante a tarde, os cerca de dois segundos que perdera no início da corrida atrás de Alonso desviavam Sainz da sua primeira vitória na Fórmula 1.

Quando saía das boxes, o espanhol encontrava-se novamente no escape do seu compatriota, o que não aconteceria, caso não tivesse perdido aqueles dois segundos que tinham como génese um erro na qualificação.Com a necessidade de ultrapassar o piloto da Alpine, o espanhol da Ferrari perdia mais dois segundos, o que já significava um total de quatro perdidos atrás de Alonso.

Depois de um início de “stint” cuidadoso, dando a ideia de que Sainz estava a gerir o andamento de modo a ter pneus até ao final da corrida, na vigésima sexta volta, o “ferrarista” começou a ganhar tempo de forma consistente ao líder e na quadragésima segunda volta estava a apenas 6,1s – uma recuperação de mais de três segundos.

Os problemas de Verstappen com os pneus eram evidentes e a Red Bull era obrigada a ceder o primeiro lugar para chamar o seu piloto às boxes de modo que este pudesse terminar a prova.O neerlandês regressava à pista a quase onze segundos do espanhol e agora cabia-lhe a ele recuperar e ultrapassar o Sainz, se quisesse vencer o Grande Prémio do Canadá.

Muito embora tivesse pneus duros vinte e três voltas mais novos, os ganhos de Verstappen não eram espectaculares e até à quadragésima oitava passagem pela linha de meta a diferença dos dois era de sete segundos, o que representava uma vantagem de meio segundo por volta do holandês face ao espanhol, esperando-se que os dois pudessem bater-se pelo triunfo até à bandeira de xadrez.

Mas na quadragésima nona volta, Yuki Tsunoda teria um impacto não só nas barreiras de protecção, quando ao sair das boxes foi em frente, mas também na corrida, uma vez que o despiste do japonês precipitaria a presença do Safety-Car em pista.

Percebendo que, se não reagisse, a Red Bull chamaria Verstappen às boxes, deixando o seu piloto exposto (“Abu Dhabi 2021 style”) a Ferrari tomou a iniciativa, intimando Sainz para a sua segunda troca de pneus e seria neste momento que os quatro segundos perdidos atrás de Alonso teriam o seu maior impacto.

Com uma troca de pneus em situação de Safety-Car a custarem entre oito a dez segundos, os seis de vantagem para Verstappen que o espanhol exibia eram insuficientes para manter o comando, mas sem aqueles quatro segundo que perdera com o seu conterrâneo, teria saído à frente do Campeão do Mundo.

No cenário que o espanhol tinha à sua frente, caía para segundo no escape de Max Verstappen e com pneus ligeiramente mais novos, um diferencial de seis voltas, teria de tentar desfeitear o piloto da Red Bull, sabendo de antemão que, face à superior velocidade de ponta do carro de Milton Keynes, essa não seria uma tarefa fácil.

Ao longo de dezasseis voltas, o Safety-Car regressou às boxes com quarenta e quatro passagens pela linha de meta cumpridas, Sainz tudo tentou para ultrapassar Verstappen, mas sem que este cometesse qualquer erro. Apesar da pressão exercida pelo espanhol, nunca conseguiu encontrar forma de se impor, acabando o neerlandês por triunfar pela sexta vez esta temporada, com uma vantagem de 0,993s para o seu perseguidor.

Com esta vitória, Verstappen isolou-se ainda mais no comando do Campeonato de Pilotos, detendo agora uma vantagem de quarenta e seis pontos para Sérgio Pérez, que ficou em branco, e quarenta e nove para Charles Leclerc, que conseguiu limitar os danos ao recuperar de décimo nono para quinto.

Num dia em que o Ferrari voltou a mostrar algum ascendente competitivo face ao Red Bull, foram pequenos detalhas que decidiram a vitória do Campeão do Mundo, e no caso latente a origem foi o erro de Sainz na sua melhor volta da Q3.

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