GP do Brasil de Fórmula 1: Alonso entre o desespero e a glória
Fernando Alonso teve um fim-de-semana atribulado, no Grande Prémio de São Paulo, mas no final, com uma boa prestação e sentido de oportunidade, conquistou um importante quinto lugar, que será preponderante para a Alpine.
O espanhol mostrou competitividade ao longo de todo o fim-de-semana, parecendo ser o piloto da equipa de Enstone que lideraria a equipa em pista.
No entanto, na qualificação, com as condições da pista a mudarem bastante, devido à chuva que ia aparecendo e desaparecendo, acabou por ficar atrás do seu colega de equipa no sétimo posto, o que acabaria por ser determinante para alguns momentos menos positivos.
No arranque para a corrida sprint, Esteban Ocon manteve a sua posição face a Alonso, mas na Descida do Lago, o bicampeão de Fórmula 1 tentou ultrapassar o francês por fora, não tendo este dado espaço ao seu colega de equipa.
O Alpine número 14 saiu de traseira e, ao agarrar o carro, Alonso deu um ligeiro toque no flanco do monolugar de Ocon, fazendo-lhe um buraco.
No final da volta, ao tentar ganhar uma posição ao seu colega de equipa, o espanhol não calculou bem o movimento, promovendo um toque entre a sua asa e o pneu traseiro direito do Alpine número 31, o que danificou o componente do carro de Alonso.
Em poucos metros, a corrida dos dois pilotos ficava comprometida – Ocon ficava com um carro danificado e Alonso tinha de passar pelas boxes.
No final, o francês arrancava para o Grande Prémio de décimo sexto e o espanhol de décimo sétimo, depois de ter recuperado de último a décimo quinto, sofrendo posteriormente uma penalização de cinco segundos pelo seu contributo para o segundo toque com o seu colega de equipa.
Tudo correra mal aos pilotos da Alpine e existia um certo mau estar na equipa, depois de Alonso ter lançado alguns ataques verbais a Ocon e de ter apontado que estava desejoso de que a temporada terminasse para se poder dedicar à sua nova equipa – a Aston Martin.
No entanto, havia ainda o Grande Prémio de São Paulo por realizar e, por muito que o piloto de Oviedo possa ser, por vezes, cáustico em relação aos que o rodeiam, uma coisa é certa, dentro do carro é uma força quase impossível de suster.
A estratégia preferida pela maioria dos pilotos e equipas era a de duas paragens, mas a Alpine e Alonso, a arrancar de décimo sétimo, tinham pouco a perder e o espanhol arrancou para uma corrida de três paragens, estando sempre ao ataque.
A partida não foi brilhante, mantendo a sua posição relativa, mas ganhando dois lugares graças ao toque entre Daniel Ricciardo e Kevin Magnussen, que resultou no abandono dos dois.
No seu primeiro ‘stint’, os avanços de Alonso não foram muitos, dado que o Safety-Car espoletado pelo australiano e o dinamarquês, estendeu-se ao longo de quase seis voltas, ganhando apenas mais duas posições devido aos incidentes protagonizados por Verstappen e Leclerc.
No entanto, depois de parar para a sua primeira troca de pneus, o piloto da Alpine passou a imprimir um andamento impressionante e, num dia em que ‘undercut’ era muito forte, quando acabara a primeira ronda de paragens nas boxes, era quinto.
Com a sua segunda troca de pneus, Alonso caía para décimo quinto, mas voltava a imprimir um andamento fortíssimo e, quando a segunda ronda de paragens nas boxes terminava era novamente quinto, estavam cumpridas quarenta e oito voltas.
No entanto, o espanhol tinha ainda que realizar uma terceira paragem, o que atiraria para fora, novamente, dos dez primeiros e o obrigaria a nova recuperação.
Alonso, porém, receberia uma ajuda da parte da maior rival da sua equipa – a McLaren.
Lando Norris, na quinquagésima segunda volta, parava em pista com problemas eléctricos, o que precipitou uma situação de Safety-Car Virtual, oferecendo a possibilidade de o espanhol realizar a sua terceira paragem nas boxes sem perder muito tempo.
Três voltas depois, dada a dificuldades em arrumar o McLaren por parte dos comissários de pista, o Safety-Car entrou em ação, deixando Alonso em nono com pneus novos macios e encostado ao seu colega de equipa.
Assim que a prova foi retomada, o bicampeão mundial de Fórmula 1 lançou-se ao ataque, ultrapassando o francês, Sebastian Vettel, Valtteri Bottas e Sérgio Pérez para se guindar a quinto. O espanhol chegou mesmo a ser ameaçador para Charles Leclerc, estando muito perto de entrar na zona de DRS do piloto da Ferrari, mas sem o conseguir, terminando em quinto a 1,1s do monegasco.
Depois de um sábado muito pouco positivo, o espanhol mostrava o porquê de ser ainda considerado um dos melhores pilotos da atualidade, aproveitando da melhor forma a situação de Safety-Car Virtual e Safety-Car para potenciar um resultado que no início da corrida parecia impossível.
A Alpine, com o quinto posto do espanhol e o oitavo de Ocon, somou catorze pontos, contra zero da McLaren, dando um passo decisivo rumo ao quarto lugar no Campeonato de Construtores, dado ter agora uma vantagem de dezanove pontos.