GP do Brasil de F1 memoráveis: Emoção até à última curva em 2008

Por a 11 Novembro 2016 20:10

O GP do Brasil teve o final mais incrível da história. A três voltas do fim Hamilton tinha o título no bolso, mas um erro na 69ª volta fê-lo cair para a sexta posição, com Massa a passar para a frente do Mundial. Só que o aumento da chuva tramou Glock (o único piloto da frente que não trocou para pneus de chuva no final) e claro, Massa, pois Hamilton recuperou a quinta posição na última curva para se sagrar o mais jovem Campeão da história

Que final emocionante! E que contraste de emoções para Felipe Massa. O brasileiro fez tudo o que tinha a fazer em Interlagos, dominando a corrida a partir da “pole”, sem nunca forçar o andamento, pois tinha claramente uma vantagem sobre todo o plantel. A prova disso mesmo foi que Vettel e Alonso andaram sempre relativamente perto de Massa, mas quando este teve de acelerar um pouco mais, antes do segundo reabastecimento, fê-lo de forma determinada, marcando a volta mais rápida da corrida para assegurar que Vettel não o passaria. Com o piloto alemão numa estratégia mais agressiva, Massa nem se preocupou com a recuperação do piloto da Toro Rosso mas não perdeu a liderança em nenhum momento, triunfando com autoridade.

Em Interlagos, como se esperava, a Ferrari teve o melhor carro do plantel e fez tudo bem – com Raikkonen de reserva à espera do que pudesse acontecer com Hamilton – mas não foi no Brasil que Massa perdeu o Mundial. Grande decepção Naturalmente decepcionado, o brasileiro explicou a mistura de emoções que viveu nos últimos momentos da corrida: «Sabia o que estava a passar-se atrás de mim e quando cruzei a meta disseram- me que o Lewis estava em sexto lugar. Estava á espera duma confirmação das boas notícias, mas quando cheguei ao final do Retão o meu engenheiro disse-me que o Glock tinha sido passado, o Hamilton recueprarar o quinto lugar e nem tenho palavras para vos dizer

o turbilhão de emoções que senti naqueles momentos. Não temos nada que reprovar à forma como trabalhámos este fim-de-semana, pois fizemos tudo bem. A equipa esteve perfeita e fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para chegar aos dois títulos. Infelizmente o de pilotos escapou-nos, mas Deus faz as coisas por alguma razão e só tenho de aceitar isto e aprender com tudo o que aconteceu. Dou os parabéns ao Lewis, pois ele também fez um excelente campeonato, merece ser Campeão. Sei ganhar e sei perder, e só posso estar satisfeito por ter ganho

aqui, agradecer o apoio do público que foi fantástico e tentar de novo em 2009.»

16º título de construtores A vitória de Felipe Massa junto com o terceiro lugar de Kimi Raikkonen deu à Ferrari pontos mais do que suficientes para celebrar em Interlagos o seu 16º titulo de construtores, em 41 anos desta competição, o que dá bem uma ideia da consistência da Scuderia ao longo destes anos. Com Massa tranquilo na frente, Kimi Raikkonen fez o seu papel até ao segundo reabastecimento, mantendo um andamento conservador para nunca estar muito longe de Hamilton, que o seguia a uma distancia prudente. Quando o inglês chegou ao quarto lugar, depois do terceiro reabastecimento de Vettel, Raikkonen teve liberdade para atacar, apanhando Alonso com relativa facilidade. A chegada da chuva nas últimas voltas impediu o finlandês de atacar o segundo lugar, pois todo o cuidado era pouco e Hamilton estava em dificuldades mais atrás, pelo que o terceiro lugar foi o melhor que lhe foi permitido conseguir, mas foi suficiente para superar Kubica e subir ao terceiro posto no Mundial.

Hamilton campeão por duas curvas

Lewis Hamilton tem de agradecer aos Deuses este seu primeiro título Mundial. A três curvas do final da corrida, o inglês estava em sexto lugar, depois da troca de pneus para intermédios não ter dado os resultados esperados, pois ficou ainda mais à mercê de Vettel que o passou quando o piloto da McLaren cometeu um erro, a apenas duas voltas do fim. Mas o aumento de intensidade da chuva fez com que os dois Toyota, os únicos que não tinham alinhado na paragem geral nas últimas sete voltas, tivessem mesmo de abrandar bastante. Trulli, que até estava perto do inglês, desapareceu dos seus retrovisores logo no início da volta, mas foi o abrandamento de Glock que acabou por lhe dar o ponto extra que lhe permitiu sagrar-se o mais jovem Campeão da história. O alemão estava 12,3s na frente de Vettel na entrada da última volta e 13s à frente de Hamilton, mas com o aumento da intensidade da chuva começou a perder terreno e no final do Retão já só estava 9,8s na frente do inglês. Com o miolo do circuito bastante encharcado, o alemão não teve a menor possibilidade de se defender dos seus opositores, perdendo para Vettel na saída da Junção, para ter de deixar passar Hamilton na última travagem da pista. Daí para a frente, com as duas curvas da subida a serem feitas a fundo, o inglês não teve mais nada a fazer senão manter o volante bem apontado e o pé no acelerador, para conquistar o título da forma mais incrível na história do Mundial. Nunca um título tinha sido decidido tão perto do final da última corrida, nunca ninguém tinha ganho o Mundial na última travagem e, por isso, este é um Grande Prémio que vai ficar na memória de todos.

NO FIO DA NAVALHA

Optando por uma estratégia ultra-conservadora, Hamilton e a McLaren estiveram sempre no fio da navalha, andando entre o quarto e o sétimo lugar, pelo que bastava que alguma coisa corresse minimamente mal para que o título voltasse a escapar ao jovem piloto inglês. Mantendo o quarto lugar no arranque, Hamilton foi dos últimos a trocar para pneus de seco, na 11ª volta, caindo para a sétima posição, com Fisichella e Trulli na sua frente. O pião do italiano da Toyota duas voltas mais tarde elevou-o ao sexto posto, que ainda não chegava pois Massa estava na frente e a ultrapassagem a Fisichella foi muito mais complicada do que se poderia esperar. Durante seis voltas o veterano romano defendeu de forma galharda a sua posição, aproveitando o facto do piso estar molhado fora da trajectória ideal, mas na entrada da 18ª volta a superior velocidade de ponta do McLaren foi decisiva, permitindo a Lewis Hamilton subir à quinta posição que lhe daria ao título. Daí para a frente as coisas foram-se compondo, pois Vettel até parou mais uma vez que os restantes e Hamilton defendia o quarto posto de forma tranquila até recomeçar a chover. Foi aí que a McLaren voltou a ser conservadora, mas Hamilton errou, permitiu a ultrapassagem e com os Toyota sempre com pneus para seco, só o aumento da chuva na última volta permitiu ao inglês chegar ao título. Quanto a Kovalainen, voltou a passar totalmente ao lado da corrida, não sendo de qualquer utilidade nem para a McLaren nem para Hamilton.

hamilton-2008

O Campeão mais inesperado

À chegada a São Paulo Lewis Hamilton tinha tudo a seu favor. Sete pontos de vantagem sobre Felipe Massa, com um carro muito competitivo pareciam mais do que suficientes para lhe dar o título. Quarto na grelha, com uma corrida muito conservadora Hamilton viu o título começar

escapar-lhe a cinco voltas do final quando seguiu todos os seus principais adversários para as boxes para montar pneus intermédios. Só que a Toyota optou por manter os seus dois pilotos na pista e Glock superou-o, atirando-o para a sexta posição. Só o considerável aumento da intensidade da chuva lhe permitiu alcançar e superar o alemão na última travagem do Mundial, dando-lhe o título pela menor margem possível.

Dai que as suas emoções fossem evidentes no final da corrida: «Tinha o coração na boca e parecia que ia explodir. Não sei como pude manter a calma nas últimas voltas, não sei mesmo como o fiz. Tive mesmo muita sorte!» Pouco depois, já ligeiramente mais tranquilo, o novo Campeão do Mundo falou de forma breve aos jornalistas, parecendo incrédulo com o que acabara de lhe acontecer: «Acho que ainda não realizei bem o que se passou. Esta foi a corrida mais intensa da minha vida e o meu coração ainda está a bater de forma muito intensa. Tenho de agradecer à McLaren por me dar um carro fanástico e à minha família por ter vindo toda até aqui. Também quero agradecer a toda a gente que me apoiou

desde que comecei a correr e espero que este resultado os recompense pelos seus esforços. Não sei mesmo como não perdi a cabeça nas últimas duas voltas e acabei por ter sorte na última volta, só que o que conta é o resultado final e esse foi o que eu consegui. Mas foi uma corrida tão intensa que foi seguramente a mais dura de toda a minha vida.»

Com o coração na boca Explicando as suas dificuldades nas últimas voltas da corrida, Hamilton disse que, «os meus pneus intermádios perderam rapidamente aderência, começando a perder muitos pedaços de borracha e tudo o que eu podia fazer era tentar manter-me na pista. Não havia maneira de manter o Vettel atrás de mim e quando ele me passou fiquei com o coração na boca. Por sorte acabei por ter a oportunidade de ultrapassar o Glock mesmo na entrada da última curva e garantir o resultado que eu mais desejava. Este é um resultado extraordinário para mim e para a equipa, mas também tenho de dar os parabéns ao Felipe Massa e à Ferrari, que fizeram uma bela corrida e um campeonato muito competitivo. Hoje durante 90 por cento do tempo tive a corrida sob controlo mas nos últimos momentos o título ia-me fugindo das mãos. Foi um final de corrida muito duro, muito difícil, o mais difícil de toda a minha carreira. Toda esta temporada e este ano foi bastante difícil, mas nada se compara com o que passei nas últimas três voltas da corrida, que foram as mais duras da minha vida. Incrivelmente duras! Não podia atacar mais, porque os pneus não tinham aderência, mas felizmente consegui passei o Timo na última curva e quando o consegui sabia que tinha garantido o título. Foi um sentimento fantástico que nem sei descrever em palavras.»

Glock foi decisivo

À Chegada a Interlagos Timo Glock não podia sonhar que iria ser ele o homem que decidiria o título de pilotos deste ano. Na corrida, com o piso molhado, Glock começou logo a ganhar posições nas primeiras voltas e chegou rapidamente às posições pontuáveis, apesar de ter arrancado com tanque cheio, mas beneficiando do facto de ter trocado para pneus de piso seco logo na oitava volta. Rodando muito perto de Hamilton até àquela que deveria ter sido a última paragem, o alemão perdeu o contacto com o novo Campeão do Mundo devido a um reabastecimento anormalmente longo que o fez regressar à pista atrás de pilotos mais lentos, como Rosberg e Button. O tempo perdido até estes pararem foi decisivo para perder o contacto com Hamilton, mas quando começou a chuviscar a Toyota foi a única equipa que decidiu manter os seus dois pilotos com pneus para piso seco, o que fez com que Glock ascendesse ao quarto lugar e Trulli ao sétimo posto. A estratégia estava a dar certo até à entrada da última volta, quando a chuva aumentou de intensidade e nem um nem o outro puderam fazer melhor do que perder 20s para os seus rivais. Isso fez com que Glock fosse superado por Vettel e Hamilton nas últimas curvas, entregando o título ao inglês.

Classificação

1 2 Felipe MASSA Ferrari Ferrari 71 1h 34m 11.435s ( 194.866 km/h ) 10

2 5 Fernando ALONSO Renault Renault 71 1h 34m 24.733s ( +13.298s ) 8

3 1 Kimi RAIKKONEN Ferrari Ferrari 71 1h 34m 27.670s ( +16.235s ) 6

4 15 Sebastian VETTEL Toro Rosso Ferrari 71 1h 34m 49.446s ( +38.011s ) 5

5 22 Lewis HAMILTON McLaren Mercedes 71 1h 34m 50.342s ( +38.907s ) 4

6 12 Timo GLOCK Toyota Toyota 71 1h 34m 55.803s ( +44.368s ) 3

7 23 Heikki KOVALAINEN McLaren Mercedes 71 1h 35m 06.509s ( +55.074s ) 2

8 11 Jarno TRULLI Toyota Toyota 71 1h 35m 19.898s ( +1m 08.463s ) 1

9 10 Mark WEBBER Red Bull Renault 71 1h 35m 31.101s ( +1m 19.666s )

10 3 Nick HEIDFELD BMW Sauber BMW 70

11 4 Robert KUBICA BMW Sauber BMW 70

12 7 Nico ROSBERG Williams Toyota 70

13 16 Jenson BUTTON Honda Honda 70

14 14 Sébastien BOURDAIS Toro Rosso Ferrari 70

15 17 Rubens BARRICHELLO Honda Honda 70

16 20 Adrian SUTIL Force India Ferrari 69

17 8 Kazuki NAKAJIMA Williams Toyota 69

18 21 Giancarlo FISICHELLA Force India Ferrari 69

ab 6 Nelsinho PIQUET Renault Renault 0 Acidente

ab 9 David COULTHARD Red Bull Renault 0 Acidente

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2 Comentários
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malhaxuxas
malhaxuxas
7 anos atrás

Épico. Precisamos de mais emoção deste género

Kimi Iceman
Kimi Iceman
7 anos atrás

Foi uma corrida totalmente maluca… era uma altura em que a F1 ainda valia à pena.

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