GP de França de Fórmula 1: Erro de Leclerc rouba vitória à Ferrari?

Por a 25 Julho 2022 18:45

Esperava-se um duelo intenso entre a Ferrari e a Red Bull e Charles Leclerc e Max Verstappen no Grande Prémio de França, mas o monegasco cometeu um erro não forçado quando liderava, deixando o caminho aberto para que o Campeão Mundial conquistasse a sua sétima vitória da temporada.

Depois de dois triunfos da Scuderia a prova de Paul Ricard seria o grande desafio para se perceber se a equipa de Maranello conseguiria manter o seu ascendente e a sua senda vitoriosa.

Se em Silverstone problemas para a Red Bull tinham deixado a formação italiana numa posição mais confortável, em Spielberg tinha sido a superioridade técnica do F1-75 a submeter o RB18 ao seu poderia.

Mas o traçado francês exigia um conjunto de competências muito diferentes das do austríaco, colocando o ónus no desgaste dos pneus dianteiros, ao contrário do que sucedia na pista do Grande Prémio anterior.

Estas características pendiam mais para o carro de Milton Keynes que para o de Maranello e a forma como esta abordaria a prova poderia ser determinante para o desfecho do fim-de-semana.

O calor que se fez sentir em Paul Ricard ao longo de todo o fim-de-semana, com o asfalto a rondar inúmeras vezes os 60ºC, prometia exacerbar as dificuldades em gerir as borrachas da Pirelli.

Como tem sido habitual, as duas equipas enfrentaram os desafios de forma completamente diferente, aproveitando as características dos respectivos carros – a Ferrari apostava num monolugar com mais apoio aerodinâmico para proteger os pneus do desgaste, ao passo que a Red Bull investia numa máquina com menos ‘downforce’, tentando contrariar o sobreaquecimento das borrachas e, ao mesmo tempo, garantir maior velocidade de ponta.

Em qualificação, Verstappen e Leclerc estavam muito próximos quanto performance, mas com ligeira vantagem para o monegasco, que conquistou a pole-position por três décimos de segundo, devendo dois deles a Carlos Sainz que, com uma penalização por ter montado a sua quarta unidade de potência foi atirado para o final da grelha de partida, rebocou o seu colega de equipa desde a Chicane da recta Mistral até a Le Beausset.

Apesar da vitória na primeira batalha, Leclerc tinha de se ver com dois Red Bull, o que poderia deixá-lo em desvantagem estratégica face ao seu adversário.

No entanto, esse temor do lado de Maranello rapidamente se esfumou no arranque, com Sérgio Pérez a perder um lugar para Lewis Hamilton, deixando os dois principais candidatos ao título nas duas primeiras posições, com vantagem para o “poleman”, que evidenciavam um ritmo inalcançável para os seus perseguidores – na quinta volta, o heptacampeão mundial já estava a cinco segundos dos dois da frente sem que o mexicano o conseguisse passar.

Era cada vez mais claro que a vitória seria alvo do jogo entre Leclerc e Verstappen, tal o ritmo que ambos imprimiam, com o holandês a permanecer na zona de DRS do Ferrari ao longo das doze primeiras voltas.

Do lado do holandês, sem conseguir suplantar o monegasco, o objectivo era que líder colocasse demasiado energia nos pneus dianteiros, sobretudo na dantesca Le Beausset, degradando-os termicamente, ao passo que da parte do recruta da Ferrari o desiderato era que o desgaste provocado por andar na esteia do seu carro criasse problemas de pneus ao homem da Red Bull.

Acabou por ser o holandês o primeiro a encontrar dificuldades, começando a perder terreno para o monegasco, roçando a diferença entre os dois o par de segundos, quando estavam completadas quinze passagens pela linha de meta.

Temendo que o seu piloto ficasse fora da zona de “undercut” de Leclerc, a Red Bull chamou o seu piloto às boxes na décima sexta volta.

A Ferrari tinha agora de tomar a decisão de, ou responder à Red Bull e manter o seu piloto na liderança, ou permanecer fiel à sua estratégia e ceder a posição à sua rival, esperando depois ter vantagem de pneus para recuperar o comando.

À semelhança do que aconteceu em Spielberg, os estrategas da Scuderia não seguiram a sua rival, mantendo o seu plano e Leclerc deveria manter-se em pista entre mais seis a dez voltas, dependendo de como os pneus médios da Pirelli reagissem e, até então estavam a aguentar bem, apesar do pneumático dianteiro / esquerdo do Ferrari número dezasseis apresentar um anel de bolhas ao longo do ombro interno.

Nesta altura, a diferença entre os pneus duros de Verstappen e os marcados a amarelo de Leclerc valia cerca de um segundo por volta a favor do homem da Red Bull e o monegasco estava a dar tudo para reduzir essa desvantagem de modo que não ficasse demasiado longe do seu adversário quando realizasse a sua paragem nas boxes.

Esperava-se, uma vez mais, um duelo entre os dois pilotos que se têm vindo a destacar ao longo da temporada com luta em pista. Porém, quando realizava a décima oitava volta, Leclerc, na entrada da Le Beausset, viu a traseira do seu Ferrari escapar-lhe, indo de encontro às barreiras de protecção, terminando aí a sua corrida.

Sem Leclerc no seu caminho, Verstappen caminhou confortavelmente para a sua sétima vitória da temporada, abrindo uma impressionante vantagem de sessenta e três pontos para o monegasco nas contas do Campeonato de Pilotos.

Uma vez mais, um erro do lado da formação de Maranello roubava a possibilidade de um triunfo, tendo desta vez sido o piloto a cometer uma falha pessoal não forçada.

O monegasco perdeu um segundo lugar seguro, quanto à vitória, não seria fácil, mas não seria impossível, até porque a Ferrari, caso o seu piloto não tivesse velocidade de ponta para suplantar Verstappen, tinha a elasticidade estratégica de comutar a prova deste para uma estratégia de duas paragens, uma vez que tinha mais um jogo de pneus médios novos.

Seria o replicar daquilo que Verstappen o ano passado fez a Hamilton, mas desta vez com o holandês a ser o caçador e Leclerc o caçador.

No entanto, tudo isto não passa de um exercício académico e, uma vez mais, a Ferrari e o monegasco viram a possibilidade de lutar pela vitória escorregar por entre os dedos.

Os grandes beneficiados foram os pilotos da Mercedes, que acompanharam Verstappen na subida ao pódio com Hamilton à frente de Russell, beneficiando de um fim-de-semana em que Pérez esteve muito aquém do que era esperado.

Sainz recuperou desde décimo nono até quinto, assinando ainda a volta mais rápida, tendo chegado a rodar em terceiro, quando a Ferrari o chamou às boxes por considerar que os médios que o espanhol montara na décima oitava volta não teriam borracha suficiente para que pudesse chegar ao fim.

MOMENTO

Despiste de Leclerc

Até à saída de pista do monegasco a corrida poderia pender tanto para este como para Verstappen, havendo a perspectiva de mais um duelo em pista entre dois. Quando Leclerc errou em Le Beausset, o holandês ficou com caminho livre para o seu sétimo triunfo da temporada, não sendo ameaçado por nenhum dos seus perseguidores.

FIGURA

Carlos Sainz

O espanhol arrancou da décima nona posição da grelha de partida, depois de ter montado a sua quarta unidade de potência da temporada, mas realizou uma boa recuperação até quinto. Sainz foi beneficiado pelo despiste do seu colega de equipa, que proporcionou uma situação de Safety-Car, mas teve de ganhar posições em pista, tendo mesmo ultrapassado Russell e Pérez. Posições que teve de ceder quando realizou a sua segunda paragem nas boxes.

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Pitão
Pitão
1 ano atrás

Last edited 1 ano atrás by Carlos Soares
Pitão
Pitão
1 ano atrás

Isto dos se isto, se aquilo vale de pouco, nada mesmo, mas o que se viu foi o Max com DRS durante 12 voltas e nunca ameaçou seriamente o Leclerc, acho até que terá sido estratégia do Leclerc ou da Ferrari manter o Max no Drs para forçar o desgaste permaturo dos pneus, ao contrário de outras corridas, por isso penso que o Ferrari teria andamento para controlar a corrida e vencer,…mas isso é se, se, se….

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