GP de Abu Dhabi de F1: Títulos ao correr do pano… desde 2021 que não!

Por a 23 Novembro 2023 10:45

O próximo GP de F1, em Abu Dhabi, vai ser o último desta temporada. Mas não vai ser, como foi em 2021, e não só, palco da decisão do nome de quem irá ser o Campeão do Mundo, pois esse é conhecido há muito: Max Verstappen. Recordar 2021 é quase inútil, pois está tão fresco na memória coletiva, depois de ter tido tanto impacto na F1, mas a verdade é que Abu Dhabi já nos deu várias decisões de título de F1. Recorde as anteriores decisões do título em Abu Dhabi…

2010 – O primeiro triunfo de Vettel

ANTES – 1. Alonso, 246 pts; 2. Webber, 238; 3. Vettel, 231; 4. Hamilton, 222

DEPOIS – 1. Vettel, 256 pts; 2. Alonso, 252; 3. Webber, 242; 4. Hamilton, 240

Uma das temporadas mais disputadas da história recente chegou a um confronto a quatro em 2010. Cinco pilotos venceram corridas durante o ano e cinco pilotos tiveram períodos no topo do campeonato. Fernando Alonso (Ferrari), era o favorito, liderando com oito pontos de vantagem sobre Mark Webber (Red Bull). O australiano era o centro das atenções da Scuderia – mas isso viria a assombrá-lo. Foi o colega de equipa de Webber, Sebastian Vettel, que conquistou a pole e liderou desde o início, com Lewis Hamilton (McLaren), em segundo, e Alonso a cair um lugar para quarto, mesmo à frente de Webber. Até aqui tudo bem para o espanhol. No entanto, a corrida iria mudar no primeiro conjunto de paragens.

Webber parou mais cedo e a Ferrari reagiu, trazendo Alonso também. Enquanto Vettel e Hamilton continuavam a ser mais rápidos apesar de estarem com pneus gastos, Alonso e Webber – ainda juntos na pista – viram-se encurralados atrás de Vitaly Petrov, da Renault, que parou cedo.

A batalha, que durou até a bandeira quadriculada, acabaria com as esperanças de título de Alonso. Preso atrás do russo, o homem da Ferrari foi apenas sétimo no final – o suficiente para o manter à frente de Webber, mas não do triunfante Vettel. Nascia um novo campeão – o mais jovem da história do desporto.

2014 – Hamilton vs Rosberg, Parte 1

ANTES – 1. Hamilton, 334 pts; 2. Rosberg, 317

DEPOIS – 1. Hamilton, 384 pts; 2. Rosberg, 317

Com a Mercedes a ser claramente a equipa dominante sob os novos regulamentos da F1, o título tornou-se uma corrida de dois ‘cavalos’ cada vez mais disputada entre os colegas de equipa Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Gradualmente, as cintilantes batalhas iniciais transformaram-se em algo mais, com o ponto de viragem a chegar na Bélgica, quando os dois colidiram enquanto disputavam a liderança – custando a ambos a hipótese de vitória. Hamilton estava agora 29 pontos atrás, mas depois de conversas claras no ar, era um homem numa missão, perseguindo Rosberg em Itália e nos EUA para levar a vantagem para a final de Abu Dhabi – e como se as coisas não estivessem suficientemente tensas, havia a pequena questão dos pontos a dobrar na última ronda da época…

Tudo estava em jogo: Hamilton precisava de terminar entre os dois primeiros para garantir o título, mas Rosberg aumentou a pressão ao conquistar a pole. O britânico ripostou de imediato, passando para a frente no arranque, mas Rosberg acompanhou-o constantemente durante as primeiras 22 voltas – e depois deu-se o desastre. O ERS do alemão falhou, e ele começou a cair para baixo na ordem, com as suas esperanças de título destruídas. O alemão mostrou a sua classe lutando até ao fim, cruzando a linha em 14º – e depois felicitando o seu companheiro de equipa triunfante, que era agora um bicampeão mundial.

Em 2014 as coisas já estariam resolvidas, caso a pontuação no Abu Dhabi não valesse a dobrar. E, assim, Lewis Hamilton estaria já na ressaca dos festejos do seu segundo título de Campeão. Claro, também, que esta era uma situação fabricada, artificial – mas vale o que vale, pois as regras eram assim e assim tiveram que ser respeitadas.

Na realidade, mesmo sendo sempre criticável a intrusão de outros poderes na esfera da F1 e do verdadeiro espírito do desporto, ninguém deve esquecer duas coisas. A primeira, é que a F1 é um negócio – hoje em dia, um enorme negócio, como nunca o foi antes. A segunda é que esta medida – pontos em dobro no último GP – não pode ser mais criticada do que a medida de deitar pontos (ou provas…) fora, hoje praticada em tantas modalidades do automobilismo desportivo e que também já foi utilizada na F1 (desde 1950 e 1980 e entre 1985 e 1990). E, na altura, não me lembro de ter sido criticada tão acerbamente por ninguém, como esta já foi… E era tão injusta como esta! E, claro está, da mesma forma artificial…

Afinal, se uma temporada tem ‘X’ GP, não tinha justificação nenhuma que todos eles não contasse para a decisão do título! E quem melhor que Graham Hill e Alain Prost se poderão queixar dessas regras, pois foi graças a elas que não foram campeões do Mundo, em 1964 e 1988 (e não John Surtees e Ayrton Senna), respetivamente?

2016 – Abu Dhabi

Abu Dhabi determinou o resultado da tensa luta pelo campeonato do mundo, com os companheiros de equipa da Mercedes, Nico Rosberg e Lewis Hamilton, separados por 12 pontos.

Foi um ano de avanços e recuos. De recuperações incríveis, azares mecânicos e resultados desportivos que levaram os pilotos da Mercedes ao limite, do ponto de vista psicológico. Uma temporada em que Hamilton chegou a ter 43 pontos de desvantagem para o seu colega de equipa, depois de este vencer, de forma consecutiva, as quatro primeiras provas do calendário. E em que o piloto inglês deu azo a uma ‘remontada’ digna dos melhores contos de fadas, transformando, no início de agosto, um cenário preocupante num comando de 19 pontos.

A seguir foi a vez de Rosberg brilhar novamente, vencendo nos Grandes Prémios da Bélgica, Itália e Singapura de forma consecutiva. Duas corridas depois, a desistência de Hamilton na Malásia parecia ter entregado, em definitivo, o primeiro campeonato da carreira do alemão, que voltou a estabelecer a diferença em 33 pontos. Mas eis que um novo surto vitorioso do colega na Mercedes foi adiando esse sonho.

Chegámos à última corrida do ano, em Abu Dhabi, com tudo por decidir. Mas com Rosberg na dianteira, graças aos 12 pontos que separavam os escudeiros dos ‘Flechas Prateadas’. No momento decisivo, o alemão fez a corrida calma que lhe competia, e que no fundo marcou este fim de época. Qualificou-se em segundo, conseguiu manter a posição no arranque e não cometeu qualquer erro para emular o pai e tornar-se no segundo filho de um antigo campeão do mundo (Damon Hill foi o primeiro, repetindo o feito de Graham) a sagrar-se ‘rei’ da Fórmula 1.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas AutoSport Histórico
últimas Autosport
autosport-historico
últimas Automais
autosport-historico
Ativar notificações? Sim Não, obrigado