GP da Rússia de F1: Verstappen ‘safo’ pela chuva

Por a 27 Setembro 2021 16:44

O Grande Prémio da Rússia ficou marcado por diversas penalizações que enviaram inúmeros protagonistas para o fundo da grelha de partida, o que criava um novo motivo de interesse para a prova de Sochi e nesta corrida foi Max Verstappen o grande vencedor graças a uma aposta no momento certo.

Foram quatro os pilotos que montaram para o evento russo novos componentes das respetivas unidades de potência e ultrapassaram o número máximo permitido pelo regulamento, o que os atirou para um arranque das últimas posições.

Ainda antes do fim-de-semana ter o seu início, a Ferrari anunciava que Charles Leclerc montaria o novo sistema híbrido do construtor de Maranello, que tinha como grande novidade baterias de uma nova tecnologia, o que permitia desenvolver quase mais dez cavalos potência ao V6 turbo híbrido e uma melhor gestão da energia.

Mas havia também a possibilidade de a Red Bull introduzir uma quarta unidade de potência no carro de Max Verstappen, que tinha ficado com a sua terceira força motriz da Honda seriamente danificada no acidente que protagonizou com Lewis Hamilton na primeira volta de Silverstone, obrigando-o a, mais tarde ou mais cedo, a ter de incorrer numa penalização. Com a penalização de três lugares na grelha devido ao incidente que protagonizou em Monza com o seu rival na luta pelo título, a jogada estratégica era evidente, o que acabou por se concretizar.

Chegou a circular a ideia de que a Mercedes poderia montar uma nova unidade de potência para o piloto inglês, uma vez que este deverá também precisar de um V6 turbo híbrido extra e poderia haver vantagens estratégicas para o heptacampeão mundial.

Num circuito em que os carros Brackley tinham uma clara vantagem face ao Red Bull, arrancar do fundo da grelha de partida, juntamente com Verstappen, poder-lhe-ia garantir um melhor resultado, recuperando pontos na luta pelo título, e ter uma unidade de potência fresca, ficando em igualdade de circunstâncias com o seu rival. Esta teoria ganha força com a má qualificação de Hamilton.

Foi, portanto, com grande surpresa que na manhã de domingo a Mercedes revelou que Valtteri Bottas montaria o seu quinto motor de combustão interna, MGU-H e turbocompressor.

Rapidamente surgiram teorias que apontavam para uma penalização estratégica de modo que o finlandês pudesse prejudicar a prova de Verstappen, ideia que assentava no facto de este ter recorrido a uma quarta unidade de potência no Grande Prémio de Itália, há apenas duas semanas.

No entanto, logo na qualificação era conhecido que Nicholas Latifi era obrigado a montar nova unidade de potência devido a uma fuga pneumática no V6 turbo híbrido da marca de Estugarda, um problema que tinha já apoquentado George Russell no Grande Prémio da Áustria.

Na verdade, a unidade de potência da Mercedes tem apresentado diversos problemas de fiabilidade, Hamilton viu ceder uma em Zandvoort, e a equipa da marca alemã tinha dúvidas quanto à confiabilidade do V6 turbo híbrido montado no monolugar de Bottas.

Para a corrida de domingo, Max Verstappen arrancava do último lugar, tendo à sua frente Charles Leclerc, Nicholas Latifi, Antonio Giovinazzi, que fora penalizado com três lugares na grelha de partida por ter trocado a caixa de velocidades, e Valtteri Bottas.

Tanto o holandês, como o monegasco ou o finlandês esperavam aproveitar a competitividade dos respectivos carros para ganharem muitos lugares num circuito em que as ultrapassagens não são difíceis e num dia em que a chuva poderia ser um fator, e foi.

O primeiro momento era o arranque e com uma longa aceleração até à primeira travagem, na aproximação à Curva 2, um bom cone de aspiração poderia ser determinante para ganhar muitos lugares.

Neste exercício, o mais bem-sucedido foi Leclerc, que com uma boa reação aos semáforos, encontrou um bom vácuo e, na saída da Curva 2, era já o décimo quarto. O piloto da Ferrari, com agressividade e arrojamento, ganhava ainda mais duas posições ao longo da primeira volta, colocando-se no encalço de Sebastian Vettel, que era décimo primeiro.

Max Verstappen, na luta pelo título, adotou uma postura mais conservadora e segura, evitando de todas as formas um toque que pudesse significar comprometer a sua corrida, mas ainda assim, no final da primeira volta era décimo sétimo, o que significava um ganho de três posições relativamente ao seu lugar na grelha de partida.

Já Valtteri Bottas, deixou patinar a rodas em demasia na segunda fase do arranque, e rapidamente viu passar o Ferrari de Leclerc que nem uma bala. Ainda assim, na saída da Curva 2 o finlandês estava atrás do monegasco. No entanto, enquanto o jovem da “Scuderia” ganhou mais dois lugares ao longo da primeira volta, o piloto da Mercedes mostrava-se pouco incisivo e não conseguia subir mais nenhuma posição, suplantando apenas Giovinazzi.

Com qualquer um deles a recorrer aos pneus duros da Pirelli para o início da corrida, esperava-se primeiros “stints” bastante longos para que, quando os pilotos a seu redor parassem para deixar as borrachas médias, pudessem realizar um “overcut” aos que tivessem monolugares menos performantes e ter uma ponta final de corrida forte, com os pneumáticos marcados a amarelo.

Mas ainda antes de fatores estratégicos entrarem na equação, enquanto Leclerc ficava bloqueado num “comboio de DRS”, com a traseira do Aston Martin de Vettel à sua frente, Verstappen ia ganhando posições e, logo na sexta volta, não teve qualquer dificuldade em suplantar Bottas.

Se por acaso a Mercedes tivesse obrigado o finlandês a uma penalização para dificultar a vida ao holandês, o seu plano caía por terra logo no início da prova, com uma ultrapassagem em que o piloto de Nastola mostrou-se pouco agressivo na defesa…

GirÕ

O jovem da Red Bull rapidamente chegou ao escape do Ferrari de Leclerc, beneficiando da simpatia de Pierre Gasly, que abriu a porta ao candidato ao título, subindo para o décimo terceiro lugar.

Porém, o monegasco estava determinado em ultrapassar Vettel e na nona volta lançou um forte ataque aos seu ex-colega de equipa, tendo os dois pilotos rodado lado a lado ao longo de inúmeras curvas.

O alemão não estava disposto a perder o lugar para o piloto que acabou com a sua carreira na Scuderia e defendeu-se estoicamente, o que acabou por deixar Leclerc exposto a Verstappen quando o seu ataque não se concretizou na subida de posição.

O holandês não se fez rogado e ultrapassou o jovem da Ferrari, subindo a décimo segundo, ao passo que Bottas continuava em décimo quinto.

Na sexta-feira, o único dia em que as equipas puderam rodar com a pista seca, a granulação do pneu dianteiro – esquerdo foi um problema e na corrida alguns pilotos começaram a sentir dificuldades com este efeito, o que promoveu uma primeira romaria às boxes.

Com estas primeiras paragens, Verstappen e Leclerc subiam a sexto e sétimo, respectivamente, separados por um segundo e meio, ao passo que Bottas, com o carro mais performante em pista, era décimo, tendo ainda entre si e os seus compinchas da recuperação Vettel e Gasly, que tinha também pneus duros, o que não augurava nada de bom para o homem da Mercedes.

Na vigésima quinta volta, fruto de tempo que Lewis Hamilton perdera na traseira de George Russell e Daniel Ricciardo, Verstappen estava a entrar na zona de ‘undercut’ do inglês, que rodava no segundo posto, com uma vantagem de seis segundos para o seu rival na luta pelo título. Parar mais cedo era uma vantagem grande em Sochi e ao montar pneus médios contra duros do inglês e o potencial ganho do holandês era ainda maior.

Os homens da Red Bull começavam a equacionar essa a possibilidade, mas os responsáveis da Mercedes anteciparam-se ligeiramente, e chamaram o inglês na vigésima volta, sendo seguido de imediato pelo holandês.

Era o momento em que Verstappen mais perto estava de Hamilton, mas ao sair atrás de Ricciardo e de Russell via a sua prova comprometida e sem capacidade para seguir no encalço do piloto da Mercedes que desapareceu do seu horizonte.

Bottas parava na vigésima oitava volta, mas não era um verdadeiro factor na corrida, já Leclerc, mantinha vivos os pneus duros com que arrancara e com a nova evolução da unidade de potência da Ferrari e parava apenas na trigésima quinta volta.

O monegasco caía para décimo terceiro, mas com pneus médios nove voltas mais frescos que os de Verstappen poderia ser uma ameaça.

O Leclerc foi ganhando posições e aproximando-se do holandês, ao passo que este perdia um lugar para Fernando Alonso.

O espanhol a arrancar de sexto, mas com uma estratégia semelhante à do piloto da Ferrari, não teve dificuldades em suplantar o piloto da Red Bull e construía uma vantagem confortável para este.

Leclerc parecia uma ameaça séria para Verstappen, mas na ponta final da corrida, a chuva voltava a Sochi, molhando o circuito. A questão era saber se, a seis voltas do final, faria sentido parar nas boxes para montar intermédios.

Verstappen decidiu parar, na quadragésima oitava volta, ao passo que Leclerc e Alonso, apostavam em manter-se com slicks.

Esta acabou por ser opção errada, uma vez que a chuva se intensificou, e isso foi determinante para que Verstappen garantisse um segundo lugar improvável, ao passo que Alonso, que tinha o pódio no bolso (apenas atrás de Norris e de Hamilton), caía para o sexto lugar final.

Leclerc, por seu lado, numa excelente corrida em que ficou demonstrada a evolução que representa o novo sistema híbrido da Ferrari, caía inapelavelmente na classificação ao ser o último a entrar nas boxes, vendo a bandeira de xadrez em décimo quinto.

Bottas, por seu turno, apesar de uma corrida anónima e sem brilho aos comandos do carro mais competitivo em Sochi, apostava nos pneus intermédios no momento certo e terminou em quinto.

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